Sete: Vamos para a montanha!

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No dia de seu nascimento eu estava lá, em pé, ao lado da mesa de cirurgia, acompanhei cada segundo de seu nascimento. Quando o médico obstetra começou a cortar a barriga de Rubi eu já filmava acompanhando tudo desde o princípio. Vi-o cortar as três camadas de pele, rasgar a bolsa e puxá-la para fora, que com um choro começou a experimentar a vida.

Ela nasceu saudável, com três quilos e trezentos gramas e quarenta e nove centímetros.

— Quer cortar o cordão, pai? — perguntou-me o médico obstetra.

— Posso? — retruquei imediatamente.

— Claro! Venha cá — disse o médico...

Ela era linda! Apaixonei-me desde a primeira vez que a vi.

Fui o primeiro a carregá-la, o primeiro a dar mamadeira, o primeiro a dar banho, o primeiro a trocar-lhe as fraldas, o primeiro a vê-la sorrir, o primeiro a acalmar seu choro...

Enfim, ela era meu tesouro. Na verdade, o único.

Havíamos dormido por todo o resto do dia e quase à noite por completa.

Levantamos e o primeiro sol ainda não havia se posto no céu, mas logo estaria lá.

— Filha, o que acha de conhecermos um pouco mais de Belácia? — sugeri animado para uma boa caminhada.

— Vamos pai! Na verdade eu estava pensando exatamente isso! Posso chamar os outros também? — perguntou Isabela contente.

— Claro que pode. Diga-lhes que vamos sair assim que o sol nascer — instruí-a.

— Ok! — retrucou Isabela, correndo avisar os outros.

Enquanto Isabela foi, deixando-me sozinho por alguns minutos, resolvi pegar aquele outro ovo misterioso e vê-lo com mais tempo. O ovo era de talvez quatorze centímetros, amarelo com finas listras pretas no sentido vertical. Enquanto manuseava o ovo em minhas mãos, uma voz por trás de mim disse:

— Outro ovo?

A voz era de Elgie.

Escondi o ovo rapidamente debaixo de uma espuma que usávamos como travesseiro e disse com um sorriso forçado:

— Ovo? Que ovo?

Ela veio até mim, agachou no chão, apoiando suas mãos em minhas pernas, e disse com um sorriso meigo:

— Mostre-me o ovo.

Fiquei um tanto sem graça, olhei para a espuma e então desencobri o ovo. Ela o pegou e o olhou duas vezes por completo.

— Nunca vi esse tipo de ovo, não sei a qual espécie ele pertence — disse intrigada. — Que estranho... Novas criaturas descobertas em nossa Belácia, talvez? — supôs Elgie.

— Não sei Elgie, você acha que Gairo saberia? — perguntei curioso.

— Acredito que não. Guarde-o bem. Vamos buscar informações sobre ele — disse Elgie pensativa.

— Tudo bem — respondi prontamente.

Guardei o ovo dentro de minha mochila e peguei minha adaga, pondo-a em minha cintura.

— Vamos, pai! O sol já nasceu e estamos todos te esperando! — disse Isabela radiante.

— Estou indo, filha. Elgie? Você vem? — perguntei.

— Não, podem ir, vou ficar por aqui, tenho coisas a fazer — disse ela com uma piscada de olho.

— Tudo bem. Como queira — respeitei.

ASAN QUO, GUARDIÕES REAIS: TERTÚLIAWhere stories live. Discover now