Dezesseis: Estrag sa urgh, deden cotrun

52 11 0
                                    

Relâmpagos rolavam nos céus enquanto sons de trovões arrepiavam-me e raios me intimidavam com sua força. Entre o som das gotas da chuva e os trovões, ouvia aquela conversa que afetava não só meus ouvidos, mas a alma. Ela falava de nós como se fossemos meros animais irracionais sem destino, sem propósito, sem um objetivo, apenas animais... O céu escuro sempre trazia com ele a chuva, a esperança de que o amanhã seria diferente. Esperança de que amanhã eu me sentiria melhor ou que, de algum modo aquelas palavras ofensivas, sem cuidado ou sentimentos, pudessem não me ferir novamente. Ela tinha um papel insistente e maligno de tornar nossos amanhãs sempre piores do que o ontem. Ela dilacerava a carne de um menino, mas nele crescia um homem destemido, com destinos inimagináveis e inexplorados. Mas ele era ainda, apenas um menino.

— Esse é o líder — avisou Anza.

— Ham, baixo também — comentei.

— Observe — disse Anza gerando suspense.

Aquele pequeno ser se pôs à minha frente e foi crescendo aos poucos, até ficar um pouco mais alto que eu.

— Karifá Flem al Aroguir Martágue — disse o ser estranho tentando portar-se como realeza.

— Anza, você os entende? Não entendi uma só palavra! — disse completamente perdido.

— Claro. Vamos lá — respondeu Anza gentilmente. — Ele disse: "Líder Flem de Aroguir Martágue". Ele está se apresentando... — disse Anza disfarçadamente.

— Ah! Certo! Diga que me chamo Rick, e que sou o líder do grupo — solicitei, atento desta vez.

— Certo — Anza se virou para Flem e traduziu: — Karifá Rick al'sa Asan Quo.

— O que mais devo dizer? — questionou Anza.

— Que estamos a caminho de Belácia, mas que a energia de nossa nave acabou e pousamos forçado em Martágue, e que temos oans para trocar com eles — respondi ligeiramente.

— Certo — traduziu então Anza novamente:

— Erq sa ledum al Belácia, treg sa cirae al droki teredák zií lo arken arrúm sa'lo Martágue. Êstri oans el'sa cotrûn sa'lo iíe.

— Huum... Iíe aer skrôôngue? — perguntou Flem.

— Ele perguntou se somos guerreiros — disse Anza.

— Diga a ele que sim — instruí-o.

— Arrúm! — disse Anza.

— Aaaaaah! — disse Flem diminuindo seu tamanho inesperadamente. Debaixo de sua capa saem mais dois martágos e se retiram do local. Flem pequenino e acanhado olhando para baixo, diz:

— Estrág sa uuurrrrgh, deden cotrûn.

— O que ele disse, Anza? — perguntei curioso.

— Ele disse: "Matem o monstro, então trocamos".

— Ah, que ótimo! Estamos sendo chantageados por um anão alienígena... — resmunguei me sentindo lesado.

— Devo falar isso a ele? — perguntou Anza.

— NÃO! Espere... Você sabe que monstro é esse? — perguntei.

— Não me lembro de monstros por aqui, mas nada que seja páreo para a equipe Asan Quo — respondeu Anza confiante.

— É verdade — disse com certo orgulho. — Diga a ele que faremos.

Anza assentiu com a cabeça e disse a Flem:

— Arrúm. Iíã strág sa uuurrrrgh.

— Aaaaaah! Tatrá Zênguimimi — disse Flem.

Em seguida virou-se e foi em direção à caverna para a qual todos os outros martágos haviam se dirigido.

ASAN QUO, GUARDIÕES REAIS: TERTÚLIAOn viuen les histories. Descobreix ara