Oito: Tatô, Tatô?

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Éramos loucos.

Johnson e eu vivíamos conversando sobre nossos sonhos, apoiando um ao outro, sustentando os mesmos ideais, com o mesmo objetivo: Fazer algo notável.

Ele se encontrou no mundo da tecnologia, e obteve grande reconhecimento com suas invenções eletromecânicas, depois de migrar da área de tecnologia da informação para engenheiro e inventor de equipamentos. Sua empresa ficaria muito famosa e requisitada pelo mundo todo, segundo Joel.

Um dia ele me disse:

— Para termos sucesso nesta jornada da vida temos que realizar as coisas de modo singular, único. Para fazer isso só há uma forma, dando o melhor de si, e você só consegue dar o melhor de si se amar o que faz.

Se você ainda não encontrou o que ama fazer, continue procurando, irmão...

Um silêncio tomava a nave.

Não víamos nuvens imitando animais, nem nascer ou pôr dos sóis. Não, víamos estrelas e escuridão em uma vastidão de espaço que não tinha fim.

Estava sentado na cabine e já tinha cochilado algumas vezes, mas agora bem desperto, pensava no quanto havíamos passado naquele dia. Aquelas memórias terrenas iriam perdurar para sempre em mim, pelos bons e maus momentos que me ensinaram muito, mas nossa realidade agora era outra, pois estávamos conhecendo uma história intensa de outro sistema solar, e agora fazendo parte dela. Na verdade, desse ponto em diante tudo dependeria de nós. Nossa responsabilidade era maior do que acreditávamos que poderíamos suportar, não tínhamos a certeza de que conseguiríamos, mas tínhamos a força e a vontade necessária para fazê-lo. E, sinceramente? Não sentia saudades da Terra nem daquela vida monótona. Não, nem um pouco. Sentia que havia nascido para estar ali. Aquele era meu destino.

— Alguém viu Volt? — perguntou Isabela apreensiva.

— Não o vimos há algum tempo, Isabela — respondeu Elgie sem sequer virar o pescoço para a conversa.

Isabela gritou seu nome umas três ou quatro vezes até que ouvimos o barulho de algo caindo no chão, o que levou Isabela, Léa e eu rapidamente para o cômodo de trás da cabine ver o que era, e nos deparamos com Volt inocentemente brincando com o ovo de Tatô. Todos riram descontraidamente após o súbito susto.

— Ah! Então você está aí, seu espertinho! — disse Isabela chamando atenção dele.

Voltamos para nossos assentos, e Léa não hesitou em perguntar do ovo novamente.

— O que será que tem dentro daquele ovo? Gairo disse que é o ovo de Tatô... Por quê? — perguntou Léa curiosa.

— Isso é algo que infelizmente não sei responder — disse Elgie cabisbaixa —; mas sei onde fica Taturô, o planeta lar do Senhor Tatô. Podemos passar por lá — sugeriu Elgie, pouco intrigada.

— Certo. Faremos essa breve parada em Taturô — confirmei.

Elgie continuava muito sentida pela morte de sua mãe. Sua partida de Belácia não a incomodava, ela queria de fato estar conosco, e foi por isso que seu pai, Gairo, a enviou.

— Posso lhe fazer uma pergunta, Elgie? — indagou Isabela.

— Claro, diga — replicou Elgie.

— Você não terminou a história a respeito dos Senhores criadores do medalhão Niur, e claro, entendemos por que... Correndo de uma minhoca gigante e de um desabamento! Por isso está desculpada! — disse Isabela com sarcasmo. — Mas fiquei intrigada e gostaria de saber do resto da história... O que aconteceu?

ASAN QUO, GUARDIÕES REAIS: TERTÚLIAWhere stories live. Discover now