ASAN QUO, GUARDIÕES REAIS: TE...

By mitch_prieto

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Rick seguia uma vida monótona trabalhando em uma empresa convencional após sua separação conjugal, quando fat... More

Nota do Autor
Um: Uma Mensagem do Além
Dois: Estamos Ficando Sem Tempo!
Três: Let's Rollets
Quatro: Antigo Futuro?!
Cinco: Viemos da Terra
Sete: Vamos para a montanha!
Oito: Tatô, Tatô?
Nove: O que há em Trezerg, Glenzer?
Dez: Anza, o desalmado.
Onze: Arkeris terum trarfyka
Doze: Danton e Naara
Treze: O planeta Hoag
Quatorze: O exílio de Otiron
Quinze: Martague, Martagos
Dezesseis: Estrag sa urgh, deden cotrun
Dezessete: Está feito
Dezoito: É Zalek!

Seis: O Kancarô

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By mitch_prieto

No jardim andamos calmamente e paramos junto a um banco de madeira vermelha, muito bonito, com forma de animais esculpidos nele, como tessínios, túllos e madrícos, iguais aos outros bancos.

Os túllos lembravam cachorros pelo seu comportamento, mas na aparência eram animais pequenos de aproximadamente quinze centímetros, com apenas duas pernas, cauda curta, pele castanha clara com manchas beges pelo corpo, sem pelos, com duas asas bem pequenas no lugar dos braços; cobertas por penas e a cabeça era muito parecida com a de um Bicho-preguiça. Já os madrícos eram animais de carga com quatro patas iguais às de urso e unhas grossas, corpo forte, dois metros de altura, andavam com as quatro patas a maior parte do tempo, como ursos, peludos da cor cinza claro, uma casca marrom grossa nas costas para suportar o peso e uma feição dócil, eram sem dúvidas muito amigáveis, mansos e trabalhadores.

Coloquei o ovo em cima do banco e nos sentamos.

— Você sabe o que tem dentro desse ovo, Rick? — perguntou-me Gairo.

— Não faço ideia senhor — respondi rapidamente —, mas gostaria de saber por que foi tão bem escondido.

Gairo sorriu e disse:

— Ele poderá ter muitas formas, isso vai depender da necessidade, ambiente e de seu humor. Ele não será apenas um amigo, mas a maior arma que podem levar de Belácia. É seu, cuide com carinho, pois por bem ou por mal ele nunca se separa do primeiro ser que ver. É praticamente indestrutível, um ser real e raríssimo, foi mantido tão bem protegido porque só obedecerá a verdadeiros guerreiros.

Olhei curioso para o ovo que era tão especial e disse:

— Gairo, fizemos isso para pagar sua ajuda. Não posso...

— Fique com ele! — Gairo me interrompeu rispidamente.

Olhei em seus olhos com deferência.

— Perdoe minha ignorância — falou olhando sinceramente para mim. Você e seus amigos farão muito por nosso povo — prosseguiu ao se virar para a bela vista da montanha — vou lhe contar... Tive um sonho dois dias antes que vocês viessem à Belácia. No sonho vi os míntacos atacarem nosso povo. Usamos todos os nossos recursos, mas por fim fomos massacrados por eles... — disse Gairo voltando seu olhar para o palácio. — O Kancarô estava em ruínas e estávamos nos dando por vencidos... Até aparecer um grupo de guerreiros com um Ezcrat, que derrotavam os míntacos, como nossos aliados... Acordei suado e muito preocupado com meu povo. Rick, esses guerreiros são vocês! — disse Gairo convencido — salve-nos de nossos inimigos e teremos uma perpétua aliança com os terráqueos.

Ouvi atentamente e pensei por um instante em tudo o que ouvira de Baboo e Joel na ida. Não me sentia preparado para tudo aquilo ainda. Toda aquela responsabilidade de líder e guerreiro... Mas, concluir aquela missão perigosa de resgatar o ovo e provar a minha força extraordinária em Belácia me convenceu de que poderíamos ajudar de alguma forma.

— Senhor Gairo, não sei se parecemos com os guerreiros que irão salvar seu povo, mas pode ter certeza que lutaremos com vocês até o fim. Tem minha palavra! — disse resoluto.

— Muito bem, meu amigo! Obrigado... Devemos celebrar essa aliança! Vamos à refeição? — sugeriu Gairo.

Assenti com a cabeça e pensei que seria melhor ocultar a identidade do segundo ovo por enquanto.

Andamos para o salão onde a comida seria servida e antes que se tocassem as trombetas para que nos servíssemos, Gairo tomou a palavra:

— Povo de Belácia! Ontem comemos com hóspedes e peregrinos... Hoje — disse com força — comeremos com amigos e aliados! Subam até mim, amigos, e me acompanhem nesse banquete!

— Ahul! Ahul! Ahul! — O povo comemorava festejando.

Subimos para perto de Gairo, todos nós, orgulhosos. Sentimo-nos como heróis recém-nomeados, e embora não soubéssemos exatamente o que nos aguardava no futuro, sabíamos que aquele povo confiava em nós em todos os aspectos.

— O ovo que pegamos está morto? — Isabela perguntou à Gairo, ansiosa.

— Morto? — retrucou Gairo. — Não querida, ele não está morto, mas apenas dorme. Dentro do ovo há uma criatura, um Ezcrat, um animal muito poderoso e amoroso, se você o amar ele irá lhe amar de volta e lhe proteger.

— Nossa! Que mágico! — disse Isabela com olhos brilhosos. — E como tirar ele lá de dentro?

— Você não o tira de lá, você o ajuda a sair — explicou Gairo. — Os Ezcrats sofrem muito para botar seus ovos, e logo ao botá-los, o filhote sente a agonia da mãe, e desesperado por socorrê-la força para fora do ovo, e em aproximadamente uma hora ele vence a casca para fora.

— Se quer ajudá-lo a sair, terá de pagar o alto preço: A dor — concluiu Gairo. — Vocês têm a vantagem da cura e cicatrização física aceleradas em Belácia. Elgie me contou o que aconteceu na Selva Vermelha — disse Gairo intrigado. — De fato, vocês seriam os únicos capazes de fazê-lo.

Isabela se vira para mim e diz:

— Pai, eu quero fazê-lo! Quero ajudar o Ezcrat a nascer!

— Mas filha? Você entendeu o que o senhor Gairo acabou de te dizer? Você vai sofrer muita dor! Esse é o preço para ver o animalzinho fora do ovo — lembrei-a.

— Tudo bem, pai... Eu aceito — disse Isabela firme em sua decisão. — Como fazemos isso, senhor Gairo? — perguntou Isabela ansiosa.

— Coma primeiro, minha criança, e após a refeição te mostrarei, tudo bem? — sugeriu Gairo.

— Ok! — concordou Isabela, empolgada.

Fizemos uma boa refeição.

Faltava muito tempo até que escurecesse, já que o dia em Belácia tinha a duração de trinta e duas horas.

Saímos do salão onde fora servida a comida e fomos para uma área aberta na face sul do palácio. Uma área circular de dez metros de diâmetro, com pilares de pedra de três metros de altura que a cercavam, com o vão de dois metros entre os pilares, no chão, símbolos que desenhavam o que parecia ser um sistema solar com figuras de raios que apontavam todos para o mesmo lugar, o centro.

— O Kancarô — falou Elgie.

Gairo assentiu com a cabeça em sinal de respeito.

— Aqui foram mortos muitos traidores, culpados de crimes e prisioneiros de guerra. Isso há muito tempo, quando meu pai ainda reinava em Belácia — relatou Gairo. — O Kancarô é composto por esses pilares, ligados à nossa fonte de energia, que dá uma descarga de energia três vezes maior a que um belaciano poderia suportar. Os belacianos duravam cinco segundos ou menos até que morressem, e em mais cinco segundos seus corpos estavam completamente desintegrados. Meu pai acreditava que um belaciano condenado por desonra não merecia ser sepultado — explicou Gairo.

— Concordo com seu pai, Gairo — falei. — Mas você não pretende colocar minha filha nesta coisa, pretende? — questionei surpreso.

— Calma, Rick, está tudo bem — disse Elgie harmoniosamente. — Ela vai sofrer, mas vai ficar bem no final.

— Isabela?! — questionou Léa preocupada.

— Está tudo bem, Léa, eu quero, confio neles... Vocês não?! — retrucou Isabela.

Ficamos um tanto sem graça.

Eles preparavam todas as coisas enquanto Isabela aguardava no centro do círculo com seu ovo. Nesse meio tempo Joel me dirigiu algumas palavras.

— Senhor, me permite? — questionou Joel, quase que pedindo licença para falar.

— Sim, Joel, por favor — falei ao lançar o olhar para Isabela.

— É sobre ela mesmo que gostaria de falar senhor. — Ele olhou da mesma forma para ela. — Sua filha será muito contente depois do que a verá passar aqui, por isso, não tente impedi-la. Isabela junto a essa criatura nos salvará de muitos perigos.

— Tudo bem, meu amigo, obrigado pelo consolo, mas ainda assim sabemos que ela vai sofrer, e não estamos acostumados com isso, entende? Ainda não vivemos essa experiência e, sinceramente, não sei se mesmo assim não me importaria — disse um pouco mais tranquilo.

— Sim, entendo perfeitamente, senhor — presumiu Joel.

Vi a preocupação no rosto de Léa que pareceu ser impossível disfarçar ou esconder.

Vimos os pilares começarem a girar.

Gairo aproximou-se de Isabela, e com gestos explicava alguns sinais, provavelmente a forma melhor de se posicionar ou como parar o processo, caso ela o desejasse.

Isabela estava no centro de um sistema usado para matar qualquer espécie de vida em alguns minutos... Como poderíamos ficar tranquilos? Era impossível.

Os pilares atingiram a velocidade suficiente para que os raios pudessem ser lançados e Gairo saiu do Kancarô. Os céus lentamente começaram a formar nuvens escuras, que até aquele momento não havíamos visto em Belácia. As nuvens escureceram todo o território do palácio de modo que os raios criados no topo dos pilares iluminavam nosso ambiente mais do que a própria luz dos dois sóis no céu.

Os raios atingiram o ovo que Isabela estava abraçando de forma brusca e rápida. Até nós nos assustamos, mas Isabela estava firme, agarrada ao ovo que começava a esquentar e ia se tornando cada vez mais vermelho, até atingir a aparência de uma brasa viva. Logo Isabela começou a sentir o calor infernal. O ovo de tão quente estava terminando de queimar seus cabelos. Isabela começou a gritar de dor enquanto soltava a respiração. Quanto mais quente ficava o ovo, mais ela o apertava em seus braços.

Segurei Léa que tentava entrar no círculo de raios, gritando:

— Não! Pare!

Ela queria correr para dentro do círculo a todo custo. Percebemos que o calor já estava queimando parte de seus braços e peito. Léa, apertando-me com toda força em seus braços, gritava com lágrimas caindo de seus olhos:

— Pare isso! Não!

Aquela menina estava com seus braços e peito ainda mais queimados, e o fogo tomava o corpo todo a este momento. Aquela roupa criada para suportar altas e baixas temperaturas já havia cedido ao calor. A menina caiu de joelhos no chão com seu corpo todo em chamas. Meus olhos derramavam lágrimas de aflição, mas não podíamos interferir no processo. A não ser que ela o desejasse.

Os raios não paravam, já havia se passado dois minutos, mas parecia uma eternidade ver Isabela sofrendo tanto, ela gritava às vezes, soltando para fora a dor que aguentava por alguns segundos. Os símbolos agora começavam a tomar uma cor dourada por cima do vermelho vivo do ovo em brasa. Podíamos ver o sangue pingando no chão, vindo de sua barriga e braços. Seu corpo lutando para cicatrizar as feridas que ficavam cada vez mais profundas.

Raios das nuvens escuras que pairavam acima do Kancarô começaram a atingir o ovo sequencialmente, causando a desaceleração dos pilares energizados.

Sete minutos de choque em alta tensão e um calor acima de dois mil graus Celsius, foi o que Isabela teve de sofrer. Era o sacrifício exigido para que aquela criatura tão especial nascesse.

Ela largou o ovo que caiu e rolou alguns passos à sua frente. Isabela caiu logo em seguida de rosto para o chão, sem nenhum movimento ou sinal de respiração.

Corremos até ela e vimos seu corpo lentamente recuperando as partes machucadas pelo fogo, sangue ainda saindo de baixo dela junto com a fumaça e calor. Peguei-a em meus braços e seu rosto estava terminando de se reconstruir, bem como a carne de seu abdômen, que estava toda queimada de forma que víamos parte dos ossos e toda a musculatura por baixo da pele lisa queimada, e tudo se reconstruia bem lentamente.

Todos a olhando muito preocupados, apreensivos, mesmo vendo sua recuperação. Léa chorava aflita esperando que seus pulmões se enchessem de ar novamente.

— Vamos, Isabela! — disse em voz alta.

— Tome, Rick. Cubra a sua nudez com minha capa — Elgie ofertou sua capa real.

Em questão de mais três minutos seu corpo já estava todo reconstituído de forma perfeita... Foi quando senti seus pulmões se encherem de ar e voltar a funcionar. Suspiramos todos tranquilizados, Isabela estava viva, porém desacordada.

— Ela não vai acordar?! — perguntou Léa, ainda um pouco preocupada.

— Tenha calma, Léa — falei baixo —, ela está recobrando as forças. Joel? Poderia me alcançar algumas oans, por favor? — solicitei.

— Sim, imediatamente, senhor! — respondeu ele correndo para dentro do palácio.

Levamos seu corpo até a cama mais próxima e a deitamos. Ficamos com ela por mais quinze minutos até que ela abrisse os olhos lentamente.

— Nossa... Que susto! Que calor! — disse Isabela levantando assustada, abanando-se.

— Que susto?! Eu que o diga, Isabela! — disse Léa ao abraçar-lhe. — Eu poderia ter morrido também! Ainda bem que é só uma vez! — disse Léa angustiada.

Finalmente sentimos alívio, depois de uma situação tão desgastante, principalmente para nós três. Ela sempre fora uma menina forte e inteligente, mas não sabíamos o quanto, nem imaginávamos que chegasse a ponto de sofrer tanto por algo, ou alguém.

Ela havia de fato nos surpreendido naquela tarde.

Baboo lhe deu um abraço e disse:

— Parabéns, Isabela, corajosa! Você conseguiu! Você é muito, muito corajosa! Estou orgulhosa de você!

— Eu também! — ouvimos Joel que voltava correndo, parabenizando-a. — Você é muito forte, Isabela!

— Logo reconhecerá que compensou cada segundo de sofrimento — disse Gairo contente.

— Ah! É Verdade! Gairo, onde está o ovo? — perguntou Isabela, super empolgada.

— Ele está bem aqui! — mostrou Gairo o ovo na cama ao lado de Isabela.

— Temos apenas que esperar agora? — perguntou ela ansiosa.

— Isso criança... Olhe para ele agora! — disse Gairo satisfeito.

— Ele está muito quente ainda! — replicou Isabela. — Mas está lindo e parece vivo agora!

— Sim, e ele está de fato! Dentro de algumas horas você verá o que fez — disse Gairo entusiasmado. — Venham, vamos observar alguns tessínios e pensar em um nome para seu Ezcrat — sugeriu Gairo.

— Ótima ideia, senhor Gairo! — concordou Isabela animada.

Saímos todos em direção ao mesmo jardim onde Gairo e eu havíamos conversado, pois o céu já estava limpo e bem iluminado pelos dois sóis.

Joel ofereceu uma oan à Isabela, que foi comendo contente.

Sentamos nos bancos entalhados. O processo de acordar o Ezcrat chamou a atenção dos tessínios, por isso havia muitos voando e sobrevoando o jardim, que o deixou mais belo.

— Você já sabe como pretende chamá-lo, Isabela? — perguntou Léa curiosa.

— Não, mas tenho uma ideia — respondeu Isabela.

— E quais são suas sugestões? — especulou Léa.

— Lily, Dida ou Belinha... — disse Isabela torcendo a boca.

— Sério? — retrucou Léa um tanto impressionada com as sugestões.

— Claro que não, Léa! É brincadeira! — Isabela riu. — Saberei quando vir sua aparência — Isabela dá uma piscadinha. — Vejam! Os tessínios estão todos sobrevoando o ovo! — Isabela fala contente.

— Eles sabem que logo o Ezcrat vai nascer. Eles sentem. Você deve ficar atenta! — informou Elgie.

Isabela correu até o ovo e o pegou nas mãos. O ovo estava quente ainda, mas não o suficiente para que queimasse suas mãos. Sua vontade e ansiedade em ver o Ezcrat eram tamanhas, que nem se incomodou com a temperatura.

— Guardas! — chamou Gairo. — Gostaríamos que providenciassem música alegre para essa ocasião especial, por favor — ordenou o Governador animado.

Os guardas assentiram com a cabeça e rapidamente se retiraram para atender à solicitação do Governador. Em questão de minutos vimos se formar uma pequena roda de músicos com instrumentos totalmente desconhecidos para nós, que faziam sons parecidos aos da flauta, do violino e da gaita. A música era boa e de fato alegre.

Apreensivos, aguardávamos o rachar do ovo, quando um grave som de trombeta soa três longas vezes.

Os belianos começaram a correr de um lado para o outro recolhendo as coisas que ficavam para o lado de fora das construções do palácio. Todos apavorados entravam carregando algo para dentro do salão e lá ficavam.

— A tempestade? Há décadas não tínhamos mais destas — comentou Gairo com semblante sério. — Vamos entrar, logo ela atingirá o palácio, devemos nos proteger — disse Gairo em tom alarmante.

Todos nos viramos para o palácio quando ouvimos...

— Não vou a lugar algum até esse bichinho nascer! — disse Isabela hesitando em sair do lugar.

— Isa! Temos que ir! — insistiu Léa.

— Esperem! Eu sinto ele se mexer! Ele está se mexendo! — disse Isabela surpresa. — Ele está rachando o ovo! Ele vai sair!

— Vamos lá, Ezcrat, nós temos que entrar, amigão! — murmurou Elgie receosa.

O Ezcrat finalmente rachou o ovo e todos viram aquele par de olhos, mas ele via apenas um... O de Isabela.

— Vamos, pessoal! Para dentro do salão, rápido! — disse Gairo preocupado.

Corremos todos para dentro e as portas enormes com vidraças foram fechadas. Observávamos pelas enormes janelas aquela tempestade de terra vermelha, que escurecera o céu como se fosse um pôr do sol. Muitas coisas estavam sendo levadas na tempestade, como animais, árvores, frutas, pedras, etc.

— A feiticeira da Selva Vermelha... — falou Gairo pensativo —, ela deve ter se irado com a falta do ovo e a morte de Domirah. Não se preocupem, nossos homens podem cuidar disso, como sempre fizeram, vocês têm outra missão agora — afirmou Gairo olhando para o ovo recém-rachado do Ezcrat.

Enquanto isso a tempestade soprava fora do palácio, a qual durou aproximadamente quarenta minutos, e até que ela tivesse passado ninguém se mexeu dali, nem mesmo o Ezcrat de seu ovo. Após a tempestade, iniciou-se uma pequena garoa agradável que se misturava com a poeira vermelha enquanto o sol tornava a aparecer.

— A garoa sempre cai após a tempestade — disse Elgie. — É a forma que nossa natureza tem de ajudar a limpar a sujeira, deixando-nos apenas com a parte da reconstrução.

Não havia muitos prédios danificados pela tempestade, mas havia trabalho a ser feito pelos belianos, pois o jardim de Gairo estava completamente arruinado, lamentável aos nossos olhos, e o Kancarô, todo em ruínas.

— Tudo se reconstrói — disse Gairo observando os danos da tempestade. — Ainda bem que conseguimos despertar a criatura antes que se destruísse o Kancarô.

Saímos do salão de refeições e tão logo o sol tocasse o ovo no colo de Isabela, aquela criaturinha salta e põem-se a pular em volta de Isabela.

— Olhem! Olhem! — disse Isabela eufórica. — Ele saiu!

Aquela era de fato uma criatura dócil e simpática. Ele saltou na cabeça de Isabela, procurou seu rosto, desceu para seus braços, viu novamente seu rosto, começou a fazer seu som como que ronronando para Isabela. Aquela pequena criatura do mais raro e branco pelo, com manchas pretas espalhadas por sua barriga, com pouco mais de trinta centímetros de altura, subiu no ombro de Isabela, mostrando sua cauda incrivelmente longa, diria que com um metro e oitenta centímetros, tocaria o chão mesmo do ombro dela se não estivesse curvada para cima, e na extremidade se abria em três pontas, seu corpo era completo, composto por um par de pernas, um par de braços sustentados por um pequeno tronco. Suas pequenas mãos tinham cinco dedos, distribuídos em três dedos maiores a começar pelo polegar, e dois dedos menores terminando no dedo mindinho, os pés eram definidos pelo mesmo padrão, em sua barriga um símbolo em forma oval com alguns desenhos, como que chamas ao redor do símbolo, muito bonito, desenhado exatamente onde seria o umbigo, se ele o tivesse. Seu rosto era muito amigável, com boca proporcional ao seu tamanho, bem como um pequeno nariz e orelhas proporcionais, ambos com contornos pretos, as orelhas redondas, levemente pontudas, seus olhos eram o mais próximo possível ao humano na forma, e a cor era roxo claro com pupilas pretas.

Aqueles dois se divertiam enquanto os observávamos.

— Eles construirão algo indestrutível — disse Joel convicto.

— Com certeza Joel — concordou Gairo —, dessa criatura é o mínimo que poderíamos esperar!

— Está chamando Isabela de criatura? — indagou Léa, incomodada.

Rimos todos.

— Não, Léa, me perdoe. Referia-me ao Ezcrat! — explicou-se Gairo.

— Ele vai se chamar Volt! — grita Isabela de repente.

— Belo nome! — comentou Léa.

Todos surpresos concordaram com Léa.

— Ele nasceu disso — explicou Isabela admirando-o.

Passamos o resto daquela tarde conversando sobre tudo que havíamos passado em Belácia até então.

Notei no fundo dos olhos de Gairo enquanto conversávamos que ele pressentiu algo muito ruim a caminho. Via seu temor por trás daquele olhar sereno. Gairo vendo o Kancarô destruído lembrou-se do seu sonho e disse diretamente a mim:

— Está próximo, guerreiro, vamos ficar atentos.

Assenti com a cabeça e Joel entendeu o recado.

Precisávamos descansar.

Sem aguardar o segundo sol se pôr, deitamo-nos nas agradáveis camas, depois de tudo o que havíamos passado naquele dia, merecíamos.Sabíamos que teríamos um pouco de paz, por um pouco de tempo. Mas logo seria necessário lutar novamente, e fazer o que estávamos ficando bons em fazer: Lutar e sobreviver.


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