UM PRÍNCIPE NADA ENCANTADO

By ReSouzah

52.5K 5.1K 8.5K

COMÉDIA ROMÂNTICA ⸻⸻ Bella disse poucas e boas para um cara arrogante, rude, lindo de matar e achou que nunca... More

NOTA ♛
①⓪
①①
①②
①③
①④
①⑤
①⑥
①⑦
①⑧
①⑨
②⓪
②①
②②
②③
②④
②⑤
②⑥
②⑦
②⑧
②⑨
③⓪
③①
③②
③③
③④
③⑤
③⑥
③⑦
③⑧
③⑨
④⓪
④①
④②
④③
④④
④⑤
④⑥
④⑦
④⑧
④⑨
⑤⓪
⑤①
⑤②
⑤③
⑤④
⑤⑤
⑤⑥
⑤⑦
⑤⑧
⑤⑨
⑥⓪
⑥①
⑥②
⑥③
⑥④
⑥⑤
⑥⑥
⑥⑦
⑥⑧
⑥⑨
⑦⓪
⑦①
⑦②
⑦③
⑦④
⑦⑤
⑦⑥
⑦⑦
⑦⑧
⑦⑨
⑧⓪
⑧①
⑧②
⑧③
⑧④
⑧⑤
⑧⑦
⑧⑧

⑧⑥

452 44 63
By ReSouzah


☆✼★

。☆✼★━━━━━━━━━━━━★✼☆。



Eu não conversei com Theo no dia seguinte sobre a conversa que tive com o pai dele.

Também não falei nada no dia depois do dia seguinte.

Na verdade o aniversário dele chegou e passou e eu não mencionei minha conversa com o Rei William.

Eu não senti que Theo e eu precisávamos ter aquela conversa, não ainda.

Depois de conversar com o Rei eu fiquei um bom tempo pensando sobre tudo o que ele disse e eu não podia negar que ele tinha boas intenções, ao modo dele é claro, mas talvez ele não estivesse tão próximo assim do filho nos últimos tempos pra entender que talvez Theo tenha mudado definitivamente e não apenas por um tempo como o Rei William sugeriu.

Ao menos era nisso que eu queria acreditar. Então decidi que aquele assunto só teria mesmo alguma importância se meu relacionamento com Theo se tornasse mais sério algum dia.

O mês de Julho chegou trazendo um friozinho que não impediu Noah de dar uma de suas festas em sua casa, mas não na piscina por motivos óbvios.

Não era exatamente uma festa, estava mais pra um jantar para os amigos mais próximos e além de Theo e eu, Charlotte e Félix, Lisandro, Camille e Lúcia também estavam lá.

Charlotte, Félix, Theo e eu fomos dar uma volta nos arredores da mansão de Noah depois do jantar e o convidamos pra ir junto, mas ele se recusou, ficou reclamando e dizendo que não havia nada mais humilhante do que fazer papel de vela andando sozinho e solteiro entre os casais de amigos e ficou na casa com as meninas e com Lisandro.

Enquanto andávamos pelo jardim nós quatro estávamos conversando e nos divertindo ao lembrarmos de algumas coisas e em certo ponto Félix e Charlotte acabaram seguindo por outro caminho e Theo e eu continuamos andando sozinhos de mãos dadas.

— O que você acha sobre casamento? — Theo me perguntou na lata e eu fiquei agradecida por não estar bebendo nada porque com certeza teria engasgado. Eu imaginei que aquele assunto acabaria surgindo mais cedo ou mais tarde, só não imaginei que seria tão cedo.

— Casamento? — Eu olhei pra ele e depois na direção de Charlotte e Félix que seguiam bem mais à frente. Eles estavam tão felizes. Charlotte me disse que ela estava gostando muito da vida de casada, apesar das discussões ocasionais que tinha com Félix o que era completamente normal já que eram duas pessoas se adaptando a viver juntas pro resto da vida.

— Sim, casamento. — Theo continuou. — Tipo casamento... comigo.

Eu virei a cabeça pra ele tão rápido que Theo olhou pra mim e franziu as sobrancelhas.

Meu coração, como sempre, começou a bater bem mais rápido enquanto minha mente viajava imaginando que ele iria me pedir em casamento ali mesmo, mas isso era impossível, nós estávamos juntos apenas há pouco mais de três meses, é claro que isso não ia rolar e que eu estava exagerando.

— Casamento... com você?

— Obviamente. — Theo falou agora sem olhar pra mim e pelo medo como ele limpou o suor na testa apesar do frio que fazia aquela noite deu pra ver que ele parecia um pouco nervoso. — É algo em que comecei a pensar ultimamente. Você tem? Quer dizer, você tem pensado sobre isso?

Que pergunta. É claro que aquilo tinha cruzado minha mente algumas vezes.

Muitas pra falar a verdade e como poderia não passar por minha cabeça quando todo mundo estava sempre fazendo perguntas e me fazendo pensar como seria se Theo e eu acabássemos nos casando e eu também fantasiava sobre isso o tempo todo, imaginava como seria acordar ao lado dele todos os dias, passar muito mais tempo com ele, fazer coisas de casados, aquilo era o meu grande sonho, sempre foi, portanto era praticamente impossível escapar do assunto.

— É, já passou por minha cabeça uma vez ou outra.

— Uma vez ou outra? — Ele disse meio sem graça.

— Theo, sua mão está suando. Não vai me dizer que você está nervoso. — Eu provoquei e ele deu uma risada tensa.

— Eu tenho que admitir que estou mesmo um pouco nervoso. Acho que é porque é a primeira vez que falo sobre isso com você. — Ele pausou por um momento, pigarreou, olhou ao redor, inspirou bem fundo e eu o observava pensando que ele conseguia ser fofo mesmo falando de algo tão sério. — Como eu disse antes eu tenho pensado sobre isso. Eu sempre soube que me casaria um dia, mas depois de conhecer você não consigo me imaginar casado com outra pessoa.

Theo deu um sorrisinho tímido, apertou minha mão e eu sorri porque Theodoro tímido era basicamente uma novidade.

— Aconteceu uma coisa comigo que me surpreendeu muito. Pra falar a verdade, acho que sinto isso desde o dia que te conheci, Bella.

— Uma coisa? E o que é? — Eu perguntei com um sorriso que não consegui controlar.

— Eu consigo imaginar um futuro inteiro com você, princesa e eu nunca me imaginei com mais ninguém antes. O que você acha disso?

O que eu achava? Naquele momento eu achava que meu coação ia explodir de tanta felicidade.

E também naquele momento a conversa que tive com o Rei surgiu com tudo em minha mente.

Tudo o que ele disse ficou assombrando meu subconsciente como uma voz baixinha escondida num canto escuro do meu cérebro, mas que estava sempre lá e eu sempre pensava em tudo o que falamos com muita atenção antes de guardar de volta no sótão, mas agora que aquela situação estava bem ali na minha frente achei que era a hora de tirar aquela caixa preta do fundo da gaveta.

— Theo, acho que nós sentimos a mesma coisa. Você sabe que eu te amo e também não consigo me imaginar com mais ninguém. Você também sabe que o meu maior sonho sempre foi em casar e ter uma família e eu não vou mentir, quando imagino você e eu juntos pro resto da vida isso me faz sentir tão feliz e tão animada, mas...

— Espera aí. Tem um mas? Não era pra ter um mas aí.

— São só algumas preocupações.

— Preocupações?

Theo me olhou surpreso e parecia um pouco mais nervoso, mas estava dando o seu melhor para disfarçar.

— Seu pai e eu conversamos no mês passado.

Theo parou de andar e como estava segurando minha mão eu também parei.

— Meu pai? — Theo perguntou preocupado. — Ele procurou você? Ele te ameaçou ou te insultou? Você pode me contar, Bella. Meu pai pode ser o Rei, mas não significa que ele pode fazer o que quiser com você.

— Não. — Eu me aproximei e coloquei a mão no peito dele. — Não foi esse tipo de conversa e seu pai não me ameaçou, mas sim, foi ele quem me procurou.

— E o que ele queria?

— Falar sobre o nosso relacionamento.

— Falar sobre nós dois? E por que você não me contou antes?

— Nós estávamos namorando há pouco tempo quando o Rei William me procurou e achei que não fazia sentido falar sobre o assunto conversa com você.

— Mesmo assim, eu preferia que você tivesse falado comigo.

— Não fica bravo, eu não fiz por mal. Só achei que não faria diferença.

— Ok, eu não estou bravo, só muito surpreso. Mas o que ele queria?

— Em primeiro lugar, me prometa que vai fazer de tudo pra entender e não vai pirar ou interpretar seu pai da maneira errada.

— Isso não está me cheirando bem. O que foi que ele disse, Bella?

— Nós falamos sobre o seu passado.

Ele franziu as sobrancelhas e me olhou de lado.

— Meu passado?

— É, ele queria me alertar, mas eu já sabia do seu passado e eu sei que você não é mais como era antes e sei que você é fiel a mim, mas algumas coisas que seu pai disse me fizeram pensar e me deixaram preocupada de certa forma.

— Meu pai disse que eu não sou fiel? Isso é um absurdo.

— Não, ele não disse que você é, mas que talvez você não consiga ser fiel por muito tempo por causa do seu passado, que talvez, depois de alguns anos de casado você sinta falta de viver daquela forma de novo e não resista quando as tentações aparecerem.

Theo desviou o olhar e ficou pensativo.

— Mas você não devia se preocupar com isso, Bella. — Theo soltou minha mãe e parecia um pouco irritado. — Meu pai não devia se intrometer dessa forma e insinuar coisas... eu não posso acreditar que ele disse isso pra você.

— Eu pedi pra você não ficar bravo. Theo, seu pai não falou comigo fazendo acusações sobre você, mas apontando possibilidades, você entende? Eu acho que foi a maneira que ele encontrou de mostrar que se preocupa com você e comigo também e ele até que tinha razão de certa forma.

— Você está dizendo que concorda com meu pai? Você acha que eu trairia você?

Eu me aproximei, coloquei as mãos no rosto dele e mesmo que Theo estivesse bem frustrado ele relaxou um pouco.

— Eu sei que você me ama. Eu sei mesmo, Theo. Mas vamos ser realistas e imaginar hipoteticamente que nós vamos mesmo nos casar. Um dia eu já não vou mais ser jovem. Eu vou envelhecer, ganhar rugas, as partes que você gosta em mim vão cair, vou ganhar celulites e engordar. Se nós tivermos filhos meu corpo vai mudar ainda mais e eu vou ser uma mãe e não vou mais ser a garota de vinte e três anos com toda a vitalidade e energia que tenho agora e talvez não tenha mais tanto tempo só pra você. — Eu movi as mãos para os ombros dele. — Mas uma coisa que sempre vai existir no seu caminho são as Barbies de vinte e poucos anos interessadas em você e vamos ser realistas, mesmo quando você tiver oitenta anos ainda vai ser um pedaço de mau caminho que vai atrair os olhares das menininhas e das senhoras de meia idade, eu tenho certeza.

Eu sorri, mas Theo continuou me olhando bem sério.

— E quando você se deparar com toda a energia das jovenzinhas loucas para fisgar o Príncipe, ou Rei Theodoro, e a possibilidade de novas perspectivas e até de se apaixonar de novo e sentir todas aquelas primeiras emoções, você acha que vai continuar fiel a mim? Você ainda vai me amar quando eu não for mais aquela criadinha insolente que você conheceu e por quem se apaixonou? Ainda vai me amar quando eu não for mais a Bella que você conhece hoje?

Theo me olhou chocado um instante. Se aproximou e segurou as minhas mãos.

— Não existe nada nesse mundo capaz de roubar meu amor por você, Bella. É claro que eu ainda vou te amar mesmo depois de cem anos. Você não deveria ter nenhuma dúvida disso.

Theo dizia coisas tão lindas que me distraí um instante enquanto meu coração se derretia por ele, mas no fundo eu sabia que palavras eram apenas palavras.

— Theo, eu sei que está sendo sincero, mas eu quero que realmente pense sobre isso, que realmente imagine da maneira mais realista que conseguir e não apenas agora. Eu quero que você continue pensando nisso sempre que falarmos sobre casamento. Quero que você se pergunte se realmente vai ser capaz de dizer não quando as mulheres se oferecerem pra você porque está na cara que elas vão fazer isso enquanto você existir.

Theo não disse nada, só continuou me olhando bem sério enquanto eu falava.

— E também quero que você converse com os seus pais, mas por favor, não brigue com seu pai. Ele realmente se preocupa e ele te ama muito e também quer que você seja feliz. Ele pode ser um pouco destrambelhado com o jeito de falar, mas se ele não se importasse ele não se preocuparia. É importante você ter essa conversa com ele, e com sua mãe porque eles são pessoas casadas há muito tempo, acho que podem te dizer o que casamento realmente significa antes que você se decida sobre isso. E Theo, eu também queria que você conversasse com seus avós.

Eu fiz uma pausa para respirar fundo.

— Eu já pensei muito sobre estar com você pra sempre, Theo e eu sei que isso é o que eu mais quero na vida e eu posso te assegurar que eu nunca olharia pra outro homem. Eu estou te dizendo essas coisas porque... bom, porque se um dia você me trair você vai partir o meu coração e se isso acontecer, eu garanto que você nunca mais vai me ver de novo e estou falando sério.

— Bella! — Theo acariciou meu rosto e não afastou a mão. — Eu nunca trairia você, nunca e também estou falando sério. Acredite ou não, eu nunca traí ninguém.

— Mas você nem teve um relacionamento sério antes, Theo, não havia ninguém pra trair.

Ele suspirou e segurou as minhas mãos.

— É verdade que eu nunca tive um relacionamento de verdade antes, mas o que eu devo fazer pra te provar que eu sou capaz de não trair, namorar outra pessoa pra mostrar que eu consigo ser leal?

— NÃO! — Eu disse e dei um beliscão na barriga dele. Theo riu, mas voltou a ficar sério, segurou a minha mão e deu um beijinho. — É que... eu não sei, é que eu só quero que você pense sobre isso por um tempo antes de tomar qualquer decisão, que me imagine aos sessenta anos e se ia querer estar comigo mesmo assim.

— Eu vou ter sessenta e três. — Ele disse sorrindo.

— É, mas você vai ser um desses sessentões sarados e charmosos.

— Ainda assim só vou ter olhos pra minha princesa que engorda dez quilos só de olhar pra um bolo de chocolate porque o metabolismo dela é bem lento.

Eu ri, deitei a cabeça no peito dele e Theo me abraçou.

— Você é um bobo, mas me promete que vai pensar em tudo isso?

— Eu não quero que você tenha nenhuma dúvida de que meu amor por você é pro resto da vida, Bella. Mas eu prometo, princesa.


♕ ♕ ♕


Não demorou muito pra que a notícia de que o Príncipe da Coroa estava finalmente namorando sério se espalhasse como uma epidemia pelo país.

Também não demorou pra que começassem a fuçar a vida da namorada do Príncipe.

Eu recebi centenas de telefonemas, e-mails e mensagens de todos os veículos de imprensa pedindo por uma entrevista.

É claro que eu neguei todos e eu sabia que eles estavam loucos por qualquer informação.

Pra minha sorte não havia muita coisa sobre a minha vida pra ser descoberta.

O que eles sabiam agora era de onde eu era e ainda não sabiam quem eram meus pais ou onde era a casa deles e isso era um grande alívio, mas descobriram onde eu havia estudado e quanto a isso alguns sites de fofoca zombaram bastante quando descobriram que terminei meu curso online e em uma universidade sem muita relevância entre a classe A do país.

Outros sites um pouco mais maldosos deram mais importância ao fato de que eu não tinha sangue azul. Estavam horrorizados porque o Príncipe não havia escolhido nenhuma princesa ou nobre e todos diziam que eu não passava de mais uma de suas aventuras passageiras.

Eu parei de ler as notícias e praticamente nem entrava mais em meu Instagram, que aliás eu tive de fechar depois da enxurrada de novos seguidores. Uns poucos eram só curiosos, mas a maioria era de haters com seus comentários ácidos disfarçados de elogios, e outros nem tão disfarçados assim, eram puro ódio e por mais que no começo eu não tivesse dado importância depois de um tempo toda aquela energia das trevas me afetaram pelo menos um pouco, então convenci a Princesa Camille a me dar uns dias de folga e passei alguns dias trancada no castelo.

Eu tentei disfarçar que estava chateada com tudo aquilo, mas Theo me conhecia muito bem e entrou em ação como ele sempre fazia. O resultado disso foi uma viagem de uma semana para a casa de praia dele. Noah, Charlotte e Félix também foram e foi bom ficar longe do alvoroço da imprensa por um tempo.

Quando voltamos, as coisas estavam um pouco piores, mas segui o conselho do Rei William, sim, do próprio Rei. Agora eu trocava algumas ideias com o sogrinho Real de vez em quando e ele me disse pra não dar tanta atenção ao que a imprensa estava dizendo porque eles se alimentavam do medo e da reação de suas vítimas, então eu resolvi ignorar. Ajudou muito.

No final de Agosto Theo e eu viajamos de novo, mas dessa vez sozinhos. Sem os amigos, sem ninguém da família dele e ele dispensou até mesmo os seguranças que vinham nos acompanhando nos últimos meses.

Mas não fomos para a praia ou qualquer outro lugar chique e caro, mas sim para a casa dos meus pais em São Paulo.

Theo conversou bastante com a minha família por vídeo chamada, muito mais com a minha mãe já que ela havia se tornado a fã número um do meu namorado e fiquei surpresa quando descobri que Theo e a minha mãe até trocavam mensagens de texto às vezes.

De qualquer forma, Theo e eu achamos que já era hora dele conhecer meus pais pessoalmente, sem contar que meu aniversário seria no dia primeiro de Setembro e eu estava ansiosa para passar com a minha família e Theo juntos.

Eu deitei a cabeça no ombro dele no avião e ele segurou a minha mão.

— Ainda nem acredito que estou te levando pra minha casa.

— Achei que sua casa fosse o palácio.

— Você entendeu.

— Eu sei, mas ainda é divertido te provocar. Também não acredito que estou indo conhecer seus pais pessoalmente.

— Minha mãe está louca pra te ver. Ela te acha demais.

— Eu também acho a sua mãe demais.

— E ela é.

— E o seu pai?

— Ele também é legal.

— Eu sei. Mas eu quis dizer o que ele acha de mim?

— Bom, ele é o meu pai, você sabe. Não é como se ele não gostasse de você ou não estivesse grato por tudo o que você fez por ele.

— Isso é promissor.— Theo disse sem muita convicção e olhou para fora.

— Não fica assim, você é o Príncipe encantado, se lembra? Tudo o que você tem de fazer é jogar seu charme pra cima do meu pai e conquistar o coração dele.

— É mais fácil falar do que fazer. — Theo olhou pra mim bem preocupado. — Você acha que um dia ele vai me perdoar? Se eu disser de joelhos na frente dele que aquela noite no baile eu fui um verdadeiro babaca com a filha dele e que vou me arrepender daquilo pra sempre, se eu fizer isso você acha que ele me perdoa?

— Uumm, não sei não. Você sabe, eu sou a filhinha única do papai e ele é bem protetor. O pai clássico, como você pode imaginar. Nada pessoal.

— Então está me dizendo que eu vou ter de convencer o seu pai de que eu sou um cara legal pra filha dele?

— Basicamente isso.

Theo havia planejado alugar um carro e contratar um motorista do aeroporto pra nos levar até a casa dos meus pais, mas minha mãe insistiu em nos buscar.

Theodoro era bom em se disfarçar, bastava colocar óculos escuros, jeans, camiseta e tênis que parecia apenas um cidadão comum, então ninguém nos importunou quando chegamos.

Eu neguei até a morte, mas ele disse que eu também estava disfarçada só porque eu estava usando óculos escuros enormes, bolsa sem marca, e também estava de jeans e camiseta.

Nós saímos do aeroporto e esperamos alguns minutos do lado de fora e nem precisei procurar muito. O Uno Mille dos meus pais estava estacionado um pouco mais distante, eu podia reconhecer mesmo que estivesse na lua e assim que minha mãe nos viu ela parou na nossa frente.

— É ela. — Eu disse tão animada que abracei Theo de lado e tentando me conter pra não chamar atenção e olhei pra ele. — Você já entrou em um carro desses alguma vez?

Theo olhava horrorizado para o Uno.

— Eu nem sabia que ainda existiam carros só com duas portas.

É claro que eu tive de rir. Meu Príncipe vivia em um mundinho cor de rosa do Reino de Bragança e por lá carros de duas portas é que eram contos fantásticos., no caso dele, contos de terror.

— Acho que consigo convencer meus pais a trocarem o Uno por uma das suas super máquinas, o que acha?

— Por favor, não brinca com isso, eu te imploro.

Eu ri de novo e dei um beijo no rosto dele.

Minha mãe praticamente pulou pra fora do carro, veio sorrindo com os braços abertos em minha direção e eu corri para dar um abraço nela, mas ela nem me viu, desviou de mim e foi de braços abertos e um sorriso bem largo na direção de Theodoro.

Minha própria mãe me ignorou por causa do Príncipe. Que maravilha!

— Theodoro, meu filho! Nem acredito que você está mesmo aqui. — Ela o abraçou bem apertado, Theo deu uma risada um pouco sem graça e também a abraçou.

— É muito bom te conhecer, senhora Rosa. — Ainda sendo esmagado pelo abraço da minha mãe, Theo fez contato visual comigo, sorriu e eu podia jurar que o rosto dele estava ficando vermelho, eu só não sabia se era vergonha ou falta de ar.

— Aah, nada de senhora, filho. Pode me chamar de Rosa...

Não diz o que eu acho que você vai dizer... não diz, não...

— ...ou pode me chamar de mãe, se preferir.

Ela disse.

— Sim, senhora, quer dizer, Rosa.

— Aah, muito bom, muito bom. Vamos, meninos. Vamos guardar as coisas de vocês.

Minha mãe abriu o porta malas do Uno e Theo empurrou o carrinho com as nossas malas até lá. Eu tinha levado uma mala e ele duas.

— Uau, está pensando em ficar pra sempre em minha casa, meu filho?

— Mãe, não pega no pé dele. — Eu disse rindo. — Ele é um Príncipe, ele sempre carrega a capa e a coroa na segunda mala.

— É mesmo? — Minha mãe perguntou olhando surpresa pra nós dois.

— Ótimo, sua mãe não pode pegar no meu pé, mas você sim?

— Também estou brincando, meu lindo Príncipe. — Eu dei um beijo rápido na boca dele, Theo rolou os olhos e meio desengonçado colocou as malas no carro.

— Na verdade não tem nada meu segunda mala, eu trouxe algumas lembrancinhas de Bragança pra sua família.

— Presentes? — Minha mãe disse animada e eu fiz uma careta pra ela. — Quer dizer, não precisava, filho. Só a presença de vocês dois aqui já é um grande presente pra mim.

Imagina se ela não soou nem um pouco falsa. Minha mãe era uma figura.

Ela abriu a porta do passageiro e eu ia entrando pra me sentar atrás, mas ela me segurou, chegou bem perto e sussurrou em meu ouvido.

— Filha, vai na frente comigo.

— O quê? Por que, mãe?

— Eu não vou conseguir dirigir direito com um Príncipe do meu lado.

— Que bobagem, mãe, é só o Theo.

— Eu sei, mas a motorista dentro de mim não sabe disse, você não quer que eu me distraia e provoque um acidente, quer? Já pensou se eu mato o Príncipe? Você vai na frente.

— Tá bom. — Eu disse rolando os olhos. Puxei o banco pra frente, cheguei para o lado e apontei pra que Theo entrasse e sentasse atrás. Ele ficou me olhando confuso. — Primeiro você, alteza.

— Ah... é pra eu entrar e... me sentar lá atrás?

— Ãhã.

— Certo.

Theo se remexeu desconcertado e deu um passo pra frente. Ele era bem mais alto que o teto do carro, se abaixou e quando foi entrando minha mãe deu uns tapinhas no bumbum dele, ele bateu a cabeça no teto quando estremeceu de susto, sentou todo desajeitado no banco de trás do Uno e ficou olhando desconfiado pra mim.

— Não me olhe assim. — Eu disse apontando pra minha mãe. — Não fui eu.

Ele levantou uma sobrancelha horrorizada e ficou vermelho na hora.

Será que a mãe dele nunca tinha dado uns tapinhas no bumbum dele?

Nããão, não dava pra imaginar a Rainha Vitória fazendo aquilo.

Eu e minha mãe nos olhamos dando uma risadinha.

Eu abaixei o banco da frente e ele pareceu chocado quando os joelhos dele ficaram prensados ali.

— Desculpa, eu vou puxar o banco pra frente. — Eu disse tentando não rir. Eu estava me sentindo como se estivesse sequestrando o Príncipe e se um policial passasse por ali naquele instante e olhasse para a cara do Theo ia com certeza pensar que ele estava em perigo. — É melhor colocar o cinto.

Ele olhou em volta e fez uma careta ao ver um longo cinto todo troncho e solto ao lado dele.

— Isso aqui é assim mesmo? — Ele perguntou. — Não devia estar bem preso?

— Não se preocupe, é seguro.

Theo me olhou desconfiado. Eu puxei o banco pra frente de novo, me inclinei na frente dele e sorri. Quando fiquei bem perto ele não sabia se sorria ou se continuava preocupado e ficou me olhando com aquele ar inocente, eu puxei o cinto dos dois lados e prendi pra ele.

— Melhor assim? — Eu perguntei e dei um selinho em meu Príncipe.

— Bem melhor.

Minha mãe deu uma risadinha, entrou no carro e eu me sentei ao lado dela.

— Vocês parecem aqueles casais dos filmes que eu assisto à tarde na tv. — Ela disse sorrindo e quando ligou o carro o motor engasgou, depois deu um estouro alto e Theo deu um pulo e segurou com as duas mãos em meu banco se mexendo agitado.

— O que foi isso? Scheisse! ᴹᵉʳᵈᵃ O que foi foi isso?

Dessa vez eu não segurei o riso.

Eu sabia que tudo devia ser chocante pra ele, mas havia algo sobre ver Theo tentando se adaptar ao meu mundo e era estranhamente engraçado.

Eu havia sido colocada em dezenas de situações desconfortáveis desde que fui para Bragança e ser parte do mundo dele só ficou pior depois que começamos a namorar. Eu tinha repórteres com câmeras na minha cara o tempo todo e nobres exigindo informações sobre a minha educação, meus ancestrais e minha linhagem sanguínea, pessoas policiando se eu usava o garfo certo, as palavras que eu dizia, o jeito que eu dançava, como eu ria.

Eu podia estar rindo e achando engraçado ver Theo se adaptando ao meu mundo, mas eu também estava muito agradecida porque ao menos até agora tudo com o que ele tinha de lidar era um carro velho e não com o julgamento cruel dos outros.

Minha mãe fez um milhão de perguntas para Theodoro no caminho.

Ela estava especialmente curiosa sobre como era ser da realeza e ter todos aqueles empregados e Theo respondia a tudo com muita paciência, na verdade ele estava até se divertindo com as reações dela.

Minha mãe estacionou na frente de casa eu fiquei agradecida porque a rua continuava como antes, sem muito movimento e praticamente ninguém passando por lá o que era ótimo assim não corríamos o risco de alguém reconhecer Theodoro.

Quando Theo e eu saímos do carro ele ficou olhando tudo ao redor. O bairro com casas simples e praticamente coladas uma na outra. Olhou para a nossa casinha, olhou pra mim e sorriu.

— Então foi aqui que você cresceu?

— Foi. O que achou?

— É uma casa bonita.

— Você quer dizer bem pequena, não é? Aposto que está pensando que a minha casa é menor que o seu quarto.

— Ela certamente é menor que o meu quarto, mas aposto que é muito mais aconchegante.

Ele estava sendo bonzinho o que era bem fofo pra dizer a verdade porque estava na cara que ele nunca esteve em um bairro como aquele antes e provavelmente estava tendo algum tipo de choque cultural. O que não era nada negativo, eu também senti a mesma coisa todas as vezes que me deparei com lugares caros que fui depois de começar a trabalhar no palácio.

Theo não me deixou carregar minha mala, então ele pegou a minha, que era bem menor que as dele, colocou em cima de uma de suas malas e lutou por uns minutos tentando encontrar um jeito de equilibrar e arrastar as três para dentro.

— Eu posso mesmo te ajudar. — Eu disse.

— Eu também. — Minha mãe falou quando ele quase deixou uma das malas tombar pela milésima vez.

— Que tipo de cavalheiro eu seria se deixasse as senhoras carregarem as malas?

Eu me perguntei se Theo havia carregado as próprias malas tantas vezes assim num mesmo dia antes.

Nós entramos e ele continuou observando e olhando tudo com curiosidade quando minha mãe e eu o levamos para o quarto de hóspedes, que na verdade vinha sendo o quarto de bagunça, mas quando avisei que levaria um Príncipe pra uma visita meus pais se livraram da bagunça e equiparam o melhor possível com uma cama de solteiro e um guarda roupas improvisado.

O quarto ficou menor ainda com ele lá dentro e Theo deu um giro completo parecendo procurar alguma coisa.

— Você está procurando o banheiro? — Eu perguntei tentando não rir.

— Ããn... como você sabe?

— Eu conheço você. O banheiro é comunitário e fica bem ali. — Eu apontei para a porta fechada no corredor.

— Isso quer dizer que se eu for ao banheiro no meio da noite eu posso acabar dando de cara com seu pai por lá?

— É bem provável. — Eu respondi rindo e me perguntando se ele alguma vez já esteve em uma casa comum.

Theo estava acostumado a mansões, palácios, hotéis cinco estrelas e o que quer que estivesse pensando ou sentindo ele estava sendo muito educado quanto a isso.

— Sua casa é adorável, Rosa. — Theo falou pra minha mãe. — Muito obrigado por me deixar ficar aqui.

— E onde mais você ficaria, querido? Não seja bobo. Eu estou muito feliz por você estar aqui. É uma casa muito simples para um Príncipe, mas é cheia de amor.

— Tenho certeza disso. — Theo falou, olhou pra mim e sorriu. Meu Príncipe estava se saindo bem até agora.

— Vou deixar vocês se acomodarem. Vou buscar seu pai no supermercado, ele já deve ter terminado as compras que eu pedi.

— Mãe, não precisava comprar nada. Eu mesma podia fazer isso.

— Bobagem. Vão guardar as coisas de vocês. Estou saindo então e juízo vocês dois.

Minha mãe saiu e Theo virou pra mim.

— Posso ver seu quarto? — Theo pediu.

— Você não acabou de ouvir? Ela mandou a gente ter juízo.

— Isabella, Isabella. Aposto que está aí pensando coisas. Hunf. Depois eu é que sou o pervertido.

— Você é um bobo, isso sim. Vem, meu quarto é bem atrás daquela porta ali ao lado do banheiro.

Theo olhou e franziu as sobrancelhas.

— Tão perto assim do meu quarto?

— Olha só quem está pensando coisas agora.

E ri e o puxei até lá.

Meu quarto era bem pequeno e não estava muito diferente da última vez que estive lá.

Theo começou a andar olhando cada detalhe.

Era estranho ver Theodoro naquele espaço.

Não havia sofás rebuscados, mesas de chá, nem obras de arte.

Minha cama era de solteiro, estava coberta com uma colcha bem bonitinha de flores e enfeitada com os meus bichinhos de pelúcia.

Num canto a mesinha que eu usava para estudar ainda tinha alguns cadernos e os livros de romance que eu gostava de ler. Theo pegou um deles, sorriu meneando a cabeça e me mostrou o livro. Era um romance melancólico antiguinho de um casal de adolescentes, os dois tinham câncer e um deles morreu. Acho que você também já leu essa história.

Ele se inclinou sobre a mesinha porque na frente dela havia um painel de fotos na parede.

Theo ficou olhando bem interessado.

Ele tirou uma foto do painel, ficou olhando e eu me aproximei.

— Você está linda aqui, Bella. Aonde é?

— Minha formatura do ensino médio.

— Posso ficar com ela?

— Claro. Minha mãe tem uma caixa com centenas de fotos minhas na formatura.

— Me fala sobre essas fotos. — Ele guardou a foto no bolso e apontou para o painel.

— Aquelas ali somos eu e Bia tomando sorvete sentadas na calçada da casa dela.

— Sorvete na calçada. Interessante. — Ele parou atrás de mim, me abraçou e apoiou o queixo em meu ombro.

— Bia adora sorvete. Ela me obrigava a ir com ela até a sorveteria umas três vezes por dia.

— Estou ansioso pra conhecer sua amiga.

— Acho que ela está bem mais ansiosa que você pra te conhecer, pode apostar.

A Bia havia se formado em Maio em engenharia agronômica e agora trabalhava e morava na capital, pelo menos não era muito longe da nossa cidade e ela estava sempre na casa dos pais dela.

— Ela sabia que eu gostava de você desde o começo.

— Sua amiga é muito sábia.

— Ótimo. Agora vai bajular minha amiga só porque ela é team Theo.

— Nada mais justo.

Eu continuei mostrando fotos, Theo continuou fazendo perguntas sobre todas as pessoas nas imagens e aquele foi um momento fofo entre nós dois.

— E então? O que achou? — Eu perguntei terminamos o tour em meu quarto e agora estávamos sentados de frente um pro outro em minha cama. — Agora você sabe como vivem os plebeus.

Theo pegou um ursinho pela cabeça, colocou perto do meu rosto e ficou mexendo o bichinho como se ele é que estivesse falando.

— Você não é uma plebeia. — Theo disse com uma voz ridícula. — E eu achei a sua casa agradável e aconchegante.

— Aaaww, achou mesmo, fofinho? — Eu perguntei para o ursinho e cutuquei o focinho dele.

— Bella. — Theo jogou o ursinho de volta na cama, me olhou bem sério e apontou um dedo acusatório para o brinquedo. — Você estava flertando com ele bem na minha frente?

Eu dei de ombros.

— O que você esperava? Ele está em minha cama toda noite.

— Hunf! — Theo deu um tapa e o urso foi parar do outro lado do quarto. — Estou no lugar dele de agora em diante.

— Você é engraçado. — Eu disse rindo, me levantei e ele segurou a minha mão.

— Mas eu falei sério quanto à sua casa. Eu gostei daqui. Dá pra ver você em cada canto.

— E gostou do carro também?

Theo não respondeu, só deu um sorrisinho irônico e me puxou para o colo dele. Eu me sentei e o abracei.

— Obrigado por me trazer pra casa, Bella.

— Obrigada por ter vindo, Theo.

— Só mais uma coisa.

— E o que é?

— Tem certeza de que meu quarto não tem banheiro?

Eu ouvi o carro estacionando na garagem. Isso significava que meu pai havia chegado e eu estava doida pra ver como os dois iam interagir.

Quando fomos para a sala meu pai já estava lá com a minha mãe e se levantou quando nos viu.

— Príncipe Theodoro. — Meu pai falou todo solene, bateu as mãos nas pernas e se inclinou fazendo uma reverência.

Ainda abaixado, meu pai levantou a cabeça só um pouquinho e olhou pra mim com um olho fechado.

— Eu fiz certo? — Ele perguntou, eu ri, fui até ele e o abracei. — Oi, pai.

— Oi, menina maluquinha. — Ele me deu um beijo demorado no rosto. — Senti sua falta.

— Eu senti mais. — Eu me afastei e estendi a mão para Theodoro, ele se aproximou e segurou. — Pai, esse é o Theo.

— Você é meio devagar, mesmo. Eu já conheço o Príncipe.

— Mas não pessoalmente

— É um prazer te conhecer, senhor Francisco.

— É uma honra conhecer o senhor pessoalmente, Príncipe Theodoro. — Meu pai foi se abaixando de novo, mas eu o segurei.

— Essa formalidade não é necessária, senhor. — Theo falou parecendo nervoso e ansioso e estendeu a mão, meu pai segurou e apertou, mas vi quando Theo franziu as sobrancelhas porque meu pai estava apertando demais.

Eu segurei a mão do meu pai e separei da mão do Theo.

— Pai, se comporta.

Mesmo com aquele começo um pouco tenso meu pai não maltratou Theodoro, na verdade ele foi amigável e educado o tempo todo.

Mas é claro que eu conhecia meu pai muito bem e sabia que ele estava observando cuidadosamente cada mínimo gesto, cada coisa que Theo dizia e cada movimento que o Príncipe fazia e meu pai escolhia as palavras que usava com ele com mais cuidado do que normalmente faria.

Não havia uma tensão sufocante no ar, mas eu conhecia meu pai e sabia que ele estava na defensiva e isso podia tornar o jantar um pouco mais desconfortável que o normal.

— Príncipe Theodoro. — Meu pai falou quando nos sentamos à mesa. — Você não vai comer?

— Ah, sim, senhor. Eu estou morrendo de fome pra falar a verdade.

Só então eu notei que meu pai e minha mãe já haviam colocado a comida nos pratos, menos eu e Theodoro e me lembrei que no palácio os pratos dele já vinham feitos assim como em todos os restaurantes que ele ia e havia sido assim a vida dele inteirinha.

O coitadinho provavelmente nunca fez o próprio prato na vida.

Eu me levantei, peguei o prato dele e ia começando a colocar a comida e servir pra ele, mas Theo segurou a minha mão, sorriu e pegou o prato.

— Pode deixar, Bella, eu faço isso.

— Tem certeza?

— Eu sou um Príncipe, não uma criança.

— Ok.

Eu me sentei e fiquei observando.

Theo se levantou e ficou olhando meio confuso para a mesa.

Ele parecia bem indeciso mesmo que só houvesse, arroz, feijão, lasanha e salada.

Eu me levantei, peguei meu prato, comecei a me servir, dei uma piscadinha pra ele e Theo começou a imitar o que eu estava fazendo.

Pelo menos meu Príncipe aprendia rápido.

Quando o jantar terminou meu pai disse que ao menos aquela noite ele não seria o escravo da minha mãe então era a minha vez de lavar a louça.

É claro que eu teria feito aquilo mesmo que ele não tivesse pedido e perguntei se Theo queria me ajudar. Eu tinha certeza de que lavar louça era outra coisa que ele nunca tinha feito e achei que seria uma experiência divertida.

— É claro. — Theo respondeu tentando não parecer sem graça.

Eu tirei a comida dos pratos, assim não ficaria completamente nojento pra ele.

Coloquei detergente na bucha e entreguei na mão dele.

Theo ficou parado olhando para o prato em uma das mãos e para a bucha na outra.

— Agora você tem que esfregar o prato com a bucha. — Eu falei didaticamente.

— Quantas vezes?

— Até o prato estar limpo. — Eu disse rindo.

Theo levou vinte minutos para lavar quatro copos, oito talheres e quatro pratos. Quase quebrou alguns, se espetou com as facas algumas vezes, mas saiu vivo.

— Até que é divertido. — Ele disse e não parecia estar brincando. Eu saberia.

Acho que acabamos de presenciar o nascimento da primeira pessoa no mundo que gostava de lavar louça.

— Acho que seu pai não foi muito com a minha cara. — Theo disse baixinho quando começamos a secar a louça.

— Não é verdade. Acho que ele só está nervoso assim como você. Ele está observando antes tirar alguma conclusão.

— Eu sinto que ele está mais para furioso. Dá pra ver no jeito como ele me olha. E por que ele ficaria nervoso?

— Não sei. Talvez por você ser um Príncipe? — Eu coloquei os pratos secos no armário.

— Muitos pais considerariam isso uma ótima qualidade em um genro.

— Eu sei, mas eu acho que... — As palavras de Theo me fizeram parar de repente. Ele disse genro? Não foi algo tão inesperado como quando ele falou sobre casamento, mas ainda me pegou desprevenida. — ...eu acho que... bom... — Eu perdi a minha linha de raciocínio. — Eu não sei.

Theo deu uma olhada para trás na direção da sala, olhou pra mim novamente e cochichou.

— Eu vou falar com ele cara a cara, de homem pra homem. — Ele levantou uma sobrancelha e deu o seu melhor sorriso sedutor. — Vou ver se consigo ganhar o coração do seu pai. Afinal eu sou conhecido como um Príncipe Encantado.


。☆✼★━━━━━━━━━━━━★✼☆。


Olha aí o seu Francisco dando trabalho 🤦🏽😆😁

Continue Reading

You'll Also Like

1.1M 92.3K 23
Quantas vezes você já ouviu a história onde a Nerd se apaixona pelo popular babaca? Peter sabia que um dia viveria seu clichê, assim como todos vive...
1.5K 156 38
Sina Deinert era uma jovem alemã de 18 anos, que adorava desenhar, no qual tinha um talento indescritível para tal; Tinha seus hobbies tais como danç...
Call me King By juliaavie

Historical Fiction

206K 20.7K 76
E se um dia você acordasse e percebesse que agora é uma lady em um reino há 300 anos e se apaixonasse pelo rei? Marie sofre um acidente e acaba volta...
3.7K 329 22
[revisando] "é singular tua forma e vergonha de pensar, o teu abraço que me enlaça devagar e enfeita todos os meus dias e horas." + || noany Noah e...