Hero of The Story - Tradução

By r_zoldyck1

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Talvez o destino não quisesse que Hermione Granger fugisse. Talvez o destino quisesse que Hermione Granger mu... More

Introdução
Sinopse
Main Cast
Aesthetics
Playlist
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Epílogo
Extra 1
Extra 2
Extra 3
Extra 4

Capítulo 51

202 17 0
By r_zoldyck1

LI

A maré é forte, mas sempre recua

(East by Sleeping at Last)

~*~

25 de dezembro de 1980

Hermione observou divertida como os pais de James e Anya arrulhavam para o pequeno Harry de cinco meses.

Ela achava isso hilário e adorável ao mesmo tempo como eles eram reduzidos a poças de emoções pegajosas toda vez que ela trazia Harry para a Mansão Potter. Anya, como sempre, foi adorável com Harry, mas Hermione podia sentir que as palavras e ações de sua mãe em relação a Harry eram mais doces do que como ela tinha sido com ela e Peter. Euphemia, a imagem perfeita de uma socialite puro sangue na maior parte do tempo, era reduzida a uma bagunça de risos toda vez que Harry rolava no chão acarpetado, gorgolejando sons felizes e incoerentes que derretiam o coração de Euphemia. Fleamont era terrivelmente turbulento, sempre inventando uma desculpa para erguer Harry no ar apenas para que ele pudesse arrancar uma risadinha suave do garoto saudável e inteligente.

Era verdade, como um bebê muda a dinâmica de uma família. Os avós foram, sem dúvida, mais doces com os netos, deixando seus próprios filhos se perguntando por que, em nome de Merlin, eles não foram assim durante a juventude.

Mas ela realmente não podia culpar os avós. Harry estava crescendo continuamente e se tornando um menino brilhante e feliz. Ele já havia descoberto as maravilhas de rolar em qualquer superfície plana em que estava deitado, arrancando risadas deliciadas dos adultos toda vez que rolava com sucesso no tapete. Harry começou a ficar mais enérgico também, e apesar de irritar seus pais muito cansados, Hermione estava feliz por ele estar saudável. Harry ainda não tinha falado sua primeira palavra, entretanto, e James fazia questão de sempre dizer 'papai' toda vez que estivesse por perto, esperando contra todas as esperanças que fosse a primeira coisa que escapasse da boca minúscula de Harry.

A presença de Harry havia tornado este mundo um lugar um pouco melhor para todos. Mas, apesar disso, Hermione às vezes ainda era atormentada com a profecia sobre seu filho. Havia noites em que ela pressionava um Harry adormecido com ternura contra o peito, com lágrimas escorrendo por seus cabelos negros bagunçados. James a pegou naquele estado várias vezes, mas o marido dela foi um grande conforto, reunindo sua pequena família em seus braços até que as lágrimas de Hermione diminuíssem.

Hermione respirou fundo, estremecendo, e expulsou aqueles pensamentos ridículos. Afinal, era Natal, e sua família não merecia sua melancolia hoje. Ela focou toda sua atenção em um Harry risonho, gorgolejando enquanto Fleamont fazia caretas ridículas para fazê-lo rir mais.

— Está tudo bem, querida?

Seus olhos azuis encontraram os preocupados de sua mãe, forçando-a a levantar os cantos dos lábios em um sorriso passável.

— Estou bem, mãe, — ela aplacou. — Só um pouco cansada. Harry acordou várias vezes na noite passada, então não dormi o suficiente.

Uma risada estrondosa escapou dos lábios de Fleamont.

— Eu soube desde o primeiro momento que vi o cabelo infame de Potter que ele seria uma ameaça como seu pai, — disse ele, levantando Harry no ar para tirar risadas alegres de sua boca.

— Nós também não dormimos o suficiente quando James nasceu, — Euphemia acrescentou, seus olhos afetuosos enquanto ela se lembrava da juventude de James. — Ele se esforçou ao máximo para acordar todo mundo à noite, quando ele se sentia desconfortável.

— No momento em que vi os olhos de Harry, soube que ele seria difícil como sua mãe também, — Anya complementou com uma risada. Ao ver o olhar envergonhado de Hermione, ela continuou, — Você era um bebezinho curioso, querido. Você tentou sair do berço muitas vezes. Peter foi um menino quieto e doce quando era bebê, mas você!

— Ele está tão cheio de energia. Eu mal consigo acompanhar, — Hermione riu, olhando carinhosamente para seu filho. Harry olhou para ela e começou a abrir e fechar as mãos em sua direção enquanto soltava gemidos suaves, seu próprio sinal de querer ser abraçado por sua mãe.

Hermione caminhou até Fleamont e ergueu Harry em seus braços. Ele gorgolejou feliz e começou a agarrar seus cachos, puxando-os alegremente como um de seus brinquedos. Ela estremeceu de dor, mas deixou Harry continuar seu ataque feliz aos cabelos dela. Ela aprendeu da maneira mais difícil que, quando tentava tirar o cabelo das mãos dele, os gemidos confusos de Harry soavam alto em seu ouvido.

— Bem, você não é um colírio para os olhos?

Ela espiou por entre os cabelos emaranhados e viu James sorrindo amplamente para os dois. Seus olhos castanhos estavam iluminados com diversão, fazendo Hermione meramente rir.

— Harry é uma ameaça, — ela suspirou. Como resposta, Harry gorgolejou feliz e puxou os cachos dela com mais força. — Graças a Merlin, eu te amo muito, doce, doce menino. — Ela deu um beijo em uma de suas bochechas rechonchudas e sorriu amplamente quando Harry deu a ela um sorriso pegajoso.

James se aproximou de ambos e deu um beijo no topo da cabeça dela.

— Você já comeu, James? — Eufêmia perguntou. — Você perdeu o jantar de Natal. Vou pedir a Pokey para preparar uma refeição para você.

— Por mais que eu queira ficar, temo que terei que roubar minha esposa por algumas horas.

Havia algo no tom de sua voz que a fez franzir as sobrancelhas em preocupação. Mas um olhar para James não revelou nenhum motivo de preocupação, pois ainda havia um largo sorriso em seu rosto.

— Bem, ok, — Hermione disse, já colocando Harry em seus braços para seguir James.

Sozinhos, — disse ele com firmeza, não deixando espaço para discussão.

Com o canto dos olhos, ela viu diversão brilhante nos olhos de Fleamont.

— Espero que não recebamos notícias sobre um novo bebê tão cedo, — ele brincou.

Hermione sentiu suas bochechas ficarem vermelhas, mas James apenas riu, um sorriso atrevido surgindo em seu belo rosto.

— Harry já é um punhado, — ele apontou. — Acho que todos podemos concordar que esperaremos até que ele possa se vestir antes mesmo de falar sobre o bebê nº 2.

— Eu realmente amaria uma neta logo, no entanto, — Anya ofereceu prestativamente, enviando um sorriso deslumbrante para sua filha. Isso só fez as bochechas de Hermione ficarem mais vermelhas.

James riu mais uma vez enquanto puxava Harry dos braços de Hermione. A morena estremeceu quando Harry puxou seus cachos pela última vez antes de deixá-los ir relutantemente. Ele começou a mostrar seus habituais sinais de birra e Hermione tentou alcançá-lo novamente apenas para acalmar seus gritos. Mas James segurou firmemente a mão dela, um brilho estranho em seus olhos.

— Estaremos de volta em breve, — assegurou James, colocando Harry no colo de Eufêmia.

Hermione podia ver os olhares preocupados idênticos nos rostos de seus pais, mas James já estava puxando-a para fora da sala de estar.

— O que há de errado? — ela sibilou assim que eles estavam do lado de fora.

O sorriso agradável no rosto de James caiu e Hermione agora podia ver corretamente o quão cansado ele parecia.

— Há uma razão pela qual eu perdi o jantar de Natal, — ele murmurou suavemente. Um pavor instantâneo rastejou no coração de Hermione quando James encontrou seus olhos. — Dumbledore está na Sede da Ordem. Ele quer falar conosco.

Agora que ele mencionou o líder da Ordem, o pavor de Hermione aumentou. A jornada em direção à Torre Leste foi em silêncio tenso, mas Hermione não ousou interrompê-lo, ainda tentando se preparar com qualquer notícia terrível que receberia.

Quando eles entraram na Torre Leste, Hermione ficou surpresa ao ver que Dumbledore não estava sozinho. Os Marotos estavam lá, assim como Lily e Sev. Dumbledore estava sentado em seu lugar habitual em frente ao estandarte da fênix, flanqueado por Moody e Kingsley. Seus olhos se voltaram para os Marotos mais uma vez, notando como Peter e Sirius pareciam tão cansados ​​até os ossos quanto James.

— O que está acontecendo? — ela sussurrou com medo.

Ninguém respondeu à sua pergunta. Apenas quando a impaciência de Hermione começou a levar o melhor dela, Dumbledore falou.

— Houve uma tentativa de ataque aos Longbottoms, — ele começou calmamente.

A respiração de Hermione engatou, seu pavor agora se transformando em medo.

— Tentativa? — ela conseguiu expirar.

Kingsley esboçou um pequeno sorriso e acenou com a cabeça.

— Tentativa, — ele repetiu. — Eles estão em alerta máximo desde que ouviram sobre a profecia e colocaram proteções mais complexas ao redor de sua casa. Seu conhecimento também se mostrou útil, Hermione. Na noite passada, Bellatrix Lestrange, seu marido e seu cunhado, tentaram invadir sua casa, mas sua intrusão nos alertou e fomos capazes de chegar lá na hora certa.

Ela fechou os olhos com força e respirou fundo.

— Por favor, me diga que eles foram capturados, — ela implorou.

— Eles foram, — Moody respondeu com firmeza. — Os bastardos pomposos pensaram que podiam fugir de nós.

Hermione soltou um suspiro de alívio e abriu os olhos mais uma vez.

— Os Longbottoms estão bem?

— Sim, — disse Dumbledore, mas não havia nenhum alívio em seus olhos. Seus lábios estavam franzidos em uma linha fina, seus olhos azuis sérios olhando fixamente para Hermione. — Mas todos nós decidimos que seria melhor se eles se escondessem agora que Voldemort ouviu sobre a profecia e está tomando as medidas necessárias para eliminar seus oponentes.

— Harry, — ela suspirou, o medo aumentando dez vezes.

— Você quer que a gente se esconda também, — James disse deliberadamente, seu tom de voz estranhamente tenso e tenso.

— É o melhor, rapaz, — Moody apaziguou. — Os Longbottoms já concordaram em ser colocados sob um feitiço Fidelius e todos nós também concordamos que você e sua família devem ser colocados sob um também.

— Por quanto tempo? — Lily sussurrou.

Moody a perfurou com seus olhos azuis elétricos.

— Pelo tempo que for necessário, — foi sua resposta enigmática.

Por quê? — Sirius sibilou, os olhos se estreitando em confusão. — Nós só temos uma horcrux para destruir. Por que não podemos simplesmente destruir isso, procurar aquele bastardo nojento e matá-lo de uma vez por todas?

— Excelente plano, Black, — Moody falou sarcasticamente, um sorriso de escárnio feio agora aparecendo em seu rosto. — Eu não duvido se você não sobreviver a esta maldita guerra.

Toda a cor sumiu do rosto de Sirius enquanto seus olhos cinza brilharam perigosamente. Remus o puxou para baixo quando o Auror de cabelos desgrenhados tentou se levantar e brandir sua varinha.

— O que Moody está tentando dizer, — Kingsley brincou enquanto lançava um olhar de desaprovação para o Auror Sênior, — é que estamos falando de Voldemort aqui. Um bastardo malvado que nos escapou por anos, reinando terror sobre o Mundo Mágico. Embora nós já sabe qual é a sua fraqueza, ele traça estratégias e tem um exército. Agora que sabe de uma profecia que pode levar à sua queda, ele seria mais rigoroso e ao mesmo tempo cuidadoso. Preferimos que não haja uma guerra prematura. acontecer com muitas vítimas antes de traçarmos um plano sólido.

— Já existe um plano? — Remus insistiu.

Kingsley franziu a testa.

— Estamos trabalhando nisso, — foi sua mera resposta.

Hermione engoliu em seco e desejou banir seu pânico crescente. O olhar de Dumbledore ainda estava grudado nela quando ele acrescentou, — Estou correto em presumir que os outros Potters de sua própria versão de futuro se esconderam também?

— Sim.

— Sob o Feitiço Fidelius? — Sirius perguntou incrédulo. O olhar de Hermione pousou brevemente nele, notando o choque pintando seu belo rosto. — Mas eles... eles- — Suas palavras morreram, seus tumultuosos olhos cinzas pesadamente fixos em James, sem dúvida pensando em um futuro com um James Potter morto. Hermione nunca disse explicitamente a seus amigos qual foi o destino de James e Lily Potter em seu próprio futuro, mas ela acreditava que todos eles haviam chegado à mesma conclusão de qualquer maneira.

— Eles foram traídos pelo Guardião do Segredo, — ela revelou suavemente, as lágrimas agora se formando em seus olhos enquanto ela se recusava a olhar para as outras pessoas dentro da sala.

A ingestão coletiva de respirações surpresa ressoou nas paredes.

— Quem? — Peter perguntou com veemência. O choque e a fúria em seu rosto eram claros e evidentes. Peter só sabia que James e Lily morreram protegendo Harry, mas não sabia como. — Quem se atreveu a traí-los?

Suas lágrimas aumentaram, incapaz de olhar nos olhos do homem que sem dúvida teria traído seus amigos se Hermione não tivesse estado ao lado dele durante toda a vida, puxando-o firmemente para o caminho reto.

— Não importa, — ela murmurou apressadamente, enxugando os olhos com as costas da mão. Ela ergueu o olhar de volta para Dumbledore, um olhar profundo e calculista em seus olhos. — Se você acha que é melhor usar o Feitiço Fidelius, então que seja.

— Quando você acha que devemos fazer isso? — Perguntou James.

— O mais rápido possível, — respondeu Kingsley. — Nós preferimos que não haja nenhuma tentativa de ataque à sua família, como o que Voldemort e seus Comensais da Morte fizeram aos Longbottoms.

— Isso só vai deixar Voldemort persistente, — Remus apontou gravemente. — Os ataques vão aumentar. Mais assassinatos serão cometidos.

Sua advertência sinistra levou todo o grupo ao silêncio.

— O pináculo está se aproximando, — disse Dumbledore gravemente. — Muito rápido, para ser honesto.

— Se você colocar o Feitiço Fidelius na minha família, — James começou firmemente, — Eu quero que você seja nosso Guardião do Segredo.

Hermione balançou a cabeça, um sorriso vazio crescendo em seu rosto.

— Dumbledore já é o Guardião do Segredo da Sede da Ordem, — ela apontou. — Ele pode lançar o feitiço, mas não pode ser nosso Guardião do Segredo também. Isso comprometerá a segurança do Quartel-General e de nosso esconderijo.

O desespero apareceu no rosto de James, claramente acreditando que eles estariam mais seguros se fosse Dumbledore que se tornasse o Guardião do Segredo. Hermione sabia que seria ideal também, porque apesar de não gostar da maneira de Dumbledore lidar com os negócios da Ordem, ele ainda era um bruxo poderoso. Ele dificilmente os trairia.

— Eu vou fazer isso.

Seu coração saltou em sua garganta com a oferta sincera de Peter. Seus olhos se encheram de mais lágrimas quando pousaram em seu irmão, e por um momento houve a imagem de uma versão diferente de Peter Pettigrew, covarde e imundo enquanto se rastejava com Sirius e Remus exaustos, implorando para ser perdoado por todos os pecados ele cometeu. Mas quando Hermione piscou para conter as lágrimas, ela viu seu irmão mais uma vez, muito longe daquele covarde que Hermione Granger conheceu.

— Não pode ser você, Petey, — ela disse suavemente. — Você é o padrinho de Harry e meu irmão. Voldemort vai instantaneamente atacar você e você pode retransmitir para ele onde vivemos.

— Eu nunca! — ele gritou com veemência, ligeiramente tremendo de profunda certeza, apesar das lágrimas caindo de seus olhos azuis.

Hermione deu a ele um pequeno sorriso.

— Eu sei, — ela aplacou. — Mas você é muito óbvio, Peter. Se... se quisermos realmente nos esconder de Voldemort, tem que ser alguém que ele nunca pensaria que escolheríamos.

— Eu acredito que sou o mais adequado.

Seus olhos se arregalaram, pousando em Sev, que tinha falado pela primeira vez. Ela sabia que os outros Marotos e Merlin, até mesmo Lily, já estavam se preparando para se declarar em voz alta como seu Guardião do Segredo, mas sua melhor amiga já os havia derrotado.

— Sem chance, Snape, — James cuspiu asperamente.

Apesar do desgosto óbvio na voz de James, Sev sorriu.

— Você mesma disse, Hermione, — disse ele, optando por ignorar o marido furioso. — Temos que escolher alguém que ele nunca pensaria que você escolheria. — Ele apontou o polegar na direção de James, ainda segurando o olhar dela. — Posso ser seu melhor amigo, mas Potter claramente me odeia. Voldemort com certeza sabe disso.

Os olhos de James se arregalaram, percebendo que o que Sev estava dizendo fazia sentido. Hermione sabia que ele tinha razão também e, a julgar pelo olhar de Dumbledore, ele estava aprovando. Ao lado dele, Lily segurou sua mão com força, seus olhos esmeralda brilhando com ternura por sua valente oferta.

— Faça-me seu guardião do segredo, — ele insistiu. — Eu... eu devo muitas coisas a você, Hermione. Que este seja o meu pagamento.

Mas Hermione já estava balançando a cabeça. — Você não me deve nada, — ela corrigiu. — Eu fiz isso por você porque você é meu melhor amigo.

— Então deixe-me fazer isso porque você é minha melhor amiga, — disse ele, com um sorriso estranhamente suave no rosto. — Deixe-me fazer isso para proteger você e sua família.

Hermione sorriu brilhantemente para Sev, não acreditando nas palavras que saíram de sua boca. Ela encontrou os olhos de Lily do outro lado da mesa, notando que seus olhos estavam brilhando com lágrimas não derramadas, mas o orgulho em seu olhar era inconfundível.

— Se você nos trair, Snape, eu vou-

— E machucar Hermione? — Severus zombou. Seus olhos escuros perfuraram James. — Nunca.

Seu voto apaixonado deixou seu marido perplexo, os olhos de James se arregalando em choque. Ele sustentou o olhar intenso de Sev, no entanto, e apenas desviou o olhar quando Hermione tocou seu braço.

— Eu confio nele, — ela sussurrou. — Ele não vai nos trair.

Os lábios de James formaram uma linha fina, antes de assentir rigidamente três vezes.

— Tudo bem, — disse ele.

Um sorriso apareceu no rosto de Dumbledore, suavizando a nitidez que ele usava há algum tempo.

— Muito bem, — respondeu ele. — Serei eu quem executará o Feitiço Fidelius. O Dia de Ano Novo parece um dia adequado para fazer o feitiço, não acha? — Os Potter apenas acenaram com a cabeça em resposta. — Nesse ínterim, faça todas as coisas necessárias antes de se esconder. — Ele se virou para Moody e continuou, — Tenho certeza que você será capaz de inventar uma desculpa de porquê James Potter não vai trabalhar por um tempo.

O Auror Sênior acenou com a cabeça rispidamente.

Dumbledore olhou para Hermione e James novamente, o sorriso em seu rosto vacilando.

— Você tem que estar preparado logo, — foi sua ordem gentil.

Embaixo da mesa, Hermione pegou a mão de James. Ela se encolheu um pouco com a força que ele segurou sua mão, mas Hermione sabia que seu aperto era igualmente forte.

~*~

Um sorriso afetuoso apareceu em seu rosto com a risada estrondosa de James, seu peito retumbando com Harry descansando em seu peito.

Após o encontro com o líder da Ordem, ela e James voltaram para a Sala de Estar, apenas para serem acompanhados pelos outros Marotos. James convidou os Snapes para ficarem por perto também, claramente envergonhado de como ele se comportou quando Sev se ofereceu para se tornar o Guardião do Segredo, mas o casal jantou de Natal com os pais de Lily. Os dois envolveram Hermione em um abraço apertado, porém, trazendo mais lágrimas aos olhos dela, antes de partirem. Dumbledore, Moody e Kingsley também se despediram, com o bruxo mais velho prometendo entrar em contato com os Potters assim que tudo estivesse arranjado para seu esconderijo.

Agora, com os Marotos reunidos na Sala de Estar, como se nada tivesse acontecido, seu coração doeu. A felicidade em seus rostos era óbvia, com eles trocando anedotas que nunca abordaram sua situação atual. Afinal, os pais de James e Anya ainda estavam na sala de estar e não queriam preocupá-los ainda. Não quando era Natal e eles estavam reunidos como família.

Hermione optou por ser mais uma observadora, sua cabeça ainda muito cansada do encontro. Ela tentou o seu melhor para colocar um pequeno sorriso, apenas para esconder a turbulência fermentando dentro dela. Todos pareciam tão felizes e ela se perguntou como os Marotos tinham tão facilmente deslizado de volta para o seu jeito atrevido e despreocupado, como se estivessem perfeitamente alheios à sua situação atual.

Lágrimas encheram seus olhos quando James soltou outra risada. Ela se concentrou em seu rosto e procurou por qualquer sinal revelador de desespero, mas seu marido parecia maravilhosamente relaxado, sua mão agora esfregando distraidamente círculos suaves nas costas do filho. Embora tenha confortado Hermione ver que James estava pelo menos bem, ela não pôde deixar de notar que seus olhos estavam um pouco brilhantes demais, seu sorriso um pouco trêmulo e sua risada um pouco alta demais. Era como se ele estivesse dando o melhor de si para mostrar que estava feliz hoje.

'Meu bravo Grifinório,' ela pensou carinhosamente, não querendo nada mais do que engatinhar até ele e seu filho, e se aninhar ao lado deles confortavelmente. Mas Hermione temia que ela explodisse em lágrimas, se aninhasse contra James, e ela não queria alarmar ninguém.

Por isso, ela escolheu sentar-se rigidamente em uma de suas poltronas macias, sorrindo fracamente quando alguém contava uma piada, ou oferecendo algumas respostas sussurradas se necessário.

Demorou talvez uma hora para Hermione finalmente perceber que ela não era a única que estava agindo reservada após a reunião. Ela encontrou o olhar brilhante de Peter quando Sirius começou a contar suas desventuras com sua amada motocicleta, uma semana atrás. Ela conhecia seu irmão tão bem que entendeu que ele desejava falar com ela a sós, e a maneira como seus olhos se arregalaram de tanto desespero significava que ele preferia falar com ela mais cedo ou mais tarde.

— Vou pedir a Pokey para preparar um chá para nós, — Hermione anunciou suavemente, já saindo do sofá.

— Deixe-me acompanhá-la, Mione, — Peter disse um pouco ansioso demais, pondo-se de pé e caminhando rapidamente em direção à irmã.

Eles não se preocuparam em esperar a resposta de ninguém antes de sair da sala de estar. Peter agarrou o cotovelo dela quando eles estavam do lado de fora e ao invés de direcioná-la para a cozinha dos Potter, ele puxou o braço dela até chegarem à biblioteca.

— O que é, Petey? — ela perguntou, olhando cautelosamente seu irmão enquanto ele começava a usar o tapete, seu rosto se contorcendo em uma miríade de emoções que Hermione não conseguia identificar individualmente.

Ele parou repentinamente e segurou firmemente as duas mãos de Hermione. As lágrimas agora escorriam continuamente de seus grandes olhos azuis e preocupada, ela estendeu a mão para enxugar as lágrimas.

— Fui eu quem traiu os Potter, não fui?

Ela congelou com seus pequenos cuidados enquanto seus olhos se arregalaram com sua reivindicação. Hermione tentou desesperadamente inventar uma mentira porque Peter, de todas as pessoas, não precisava saber disso. Mas já era tarde demais. Seu irmão tinha visto o olhar aflito no rosto de Hermione, fazendo com que seu rosto se contraísse em horror e descrença.

— Peter-

— E-eu não queria acreditar, — ele começou, — mas quando eu perguntei quem era o Guardião do Segredo ou quem traiu sua versão dos Potters, eu vi seus olhos, Hermione. E então... e então você não conseguiu nem olhar para mim. — A tristeza floresceu em seu rosto enquanto ele sustentava o olhar de Hermione. — É... essa é a verdadeira razão pela qual você se recusou a me tornar seu Guardião do Segredo?

O quê? — ela balbuciou em estado de choque. — É isso que você está pensando?

Peter enxugou as lágrimas a esmo e suspirou cansado.

— É uma razão lógica, — ressaltou.

— Não, não é! — Hermione gritou, avançando para agarrar os ombros de seu irmão. — Não concordei que você se tornasse nosso Guardião do Segredo porque era muito óbvio. Como dissemos, você é o padrinho de Harry e meu irmão. Seria perigoso se você fosse nosso Guardião do Segredo, então por favor, por favor, por favor livre-se dessa crença ridícula de que não escolhi você por causa de... por causa dele.

Lágrimas enormes brotaram dos olhos de Hermione enquanto ela envolvia ferozmente os braços em volta de Peter.

— Você não é igual a ele, — gritou ela com veemência. — Aquele Peter Pettigrew era um rato covarde, seguindo cegamente quem quer que fosse o mais poderoso na época porque ele era um maldito covarde. Eu ainda não sei por que ele traiu seus amigos, mas seja o que for, tenho certeza que seus motivos foram besteira.

Peter amassou as costas da blusa dela e enterrou o rosto no pescoço de Hermione.

— Eu não vou trair você, nem James, nem Harry... nem ninguém, — ele afirmou com firmeza, sua voz abafada pelas lágrimas e pelo pescoço de Hermione. — Eu nem consigo imaginar- — Suas palavras foram deixadas penduradas, sufocadas por emoções avassaladoras que a levaram a apertar seu abraço.

— Eu sei, Peter. Eu sei, — ela acalmou, sorrindo gentilmente, apesar de seu fluxo constante de lágrimas. — Eu cresci ao seu lado por anos, caramba. E eu sei, sem qualquer sombra de dúvida, que você não é nada como ele. Você é um verdadeiro Grifinório, um herói em seu próprio direito, que faria qualquer coisa para proteger as pessoas que ele ama.

Ele se afastou resolutamente e encontrou os olhos dela.

— Eu vou proteger você e sua família, — ele proclamou em voz alta, seus olhos azuis brilhantes tornando-se de aço com suas palavras apaixonadas. — Vou fazer o que for preciso, mesmo que isso signifique desistir da minha vida. — Ele segurou ambas as mãos de Hermione desesperadamente, como se temesse que ela nunca acreditasse nele. — Você tem que acreditar em mim, Hermione.

— Eu quero, — ela respondeu, balançando a cabeça fervorosamente. — Mas eu já perdi muito, desta guerra e aquela em que Hermione Granger estava lutando antes. Eu prefiro não perder meu irmão também.

Ela falou a última frase muito suavemente, perguntando-se se Peter a tinha ouvido. Mas então, Peter puxou-a para perto e a abraçou calorosamente mais uma vez.

— Ninguém vai morrer, — ela suspirou, uma esperança, uma promessa. — Eu vou ter certeza disso.

~*~

27 de dezembro de 1980

— O que vocês estão fazendo aqui?

James estreitou os olhos, olhando desconfiado de um Maroto para o outro, mas os sorrisos inocentes em seus rostos não davam nenhuma indicação de por que eles estavam na Mansão Potter mais uma vez. Ele esticou o pescoço para olhar para Hermione, mas sua esposa apenas deu de ombros, um pequeno sorriso divertido no rosto. Ela logo foi distraída por Harry, que estava sentado em seu colo e felizmente sugando um de seus cachos.

— Que tal passar o dia fora, Pontas hein? — Sirius disse, avançando para colocar um braço sobre os ombros de James. — Apenas os caras. — Ele olhou para Hermione e sorriu amplamente. — Desculpe, gatinha. Por mais que amemos você, isso é estritamente um tipo de coisa apenas para Marotos.

— Eu pensei que era o Maroto mais verdadeiro? — ela brincou, erguendo uma sobrancelha.

Sirius bufou.

— Por favor, você e eu sabemos que James só colocou isso no Mapa do Maroto porque ele é um idiota apaixonado, — ele apontou. As bochechas do bruxo de óculos ficaram vermelhas enquanto Hermione ria. — Então, o que você diz, James? Pelos velhos tempos?

James franziu a testa lentamente e olhou para Hermione e Harry mais uma vez.

— Não tenho certeza...

— Vamos, James, — Remus persuadiu. — Só por hoje! Tecnicamente, você foi 'transferido' por Moody para a filial italiana da DMLE hoje, então não está exatamente ocupado.

James ainda parecia incerto.

— Nós vamos-

— Nós ficaremos bem, — Hermione assegurou, já entendendo porque ele estava hesitando no pedido de seus amigos. — Harry e eu vamos nos divertir muito hoje também, então você pode passar um tempo com os meninos.

— Eu quero passar um tempo com você e Harry também, — James protestou fracamente. — Você sabe, antes... — Ele parou quando um nó se formou em sua garganta. James desesperadamente pisou em quaisquer emoções opressoras que começaram a borbulhar na boca do estômago.

Ele e Hermione concordaram que seria melhor passar os dias restantes na Mansão Potter antes que Dumbledore realizasse o Feitiço Fidelius em sua casa em Godric's Hollow. Eles ainda não tinham contado a notícia para seus pais, mas ele sabia que eles estavam começando a ficar um pouco desconfiados com seu comportamento. Ele agradeceu as abençoadas estrelas acima por Harry, porque seu filho foi capaz de distrair seus avós antes que eles começassem a fazer perguntas mais difíceis.

— Você será capaz de fazer isso quando o ano novo chegar, amor, — assegurou Hermione, seus lábios se esticando em um pequeno e triste sorriso que ele desejou que ela não mostrasse nada. Com o passar dos dias, ele percebeu que Hermione estava ficando mais cansada. Mas sua bruxa era muito corajosa e forte, ainda capaz de sorrir e manter as pretensões.

James engoliu seus sentimentos de mau presságio e medo, envergonhado por estar se permitindo sentir assim quando Hermione e Harry precisavam que ele fosse forte. Houve alguns momentos em que ele pensou que iria desmoronar e entrar em colapso, mas ele imediatamente se desculparia para se recompor, antes de se juntar aos outros e facilmente voltar à conversa. Era um milagre ele não ter enlouquecido ainda, com todo o fingimento que precisava mostrar.

— Tem certeza? — ele perguntou hesitantemente, percebendo que não falava há muito tempo.

— Tenho certeza, — Hermione disse com um aceno resoluto. — Harry e eu estaremos esperando por você amanhã. Mas hoje, seremos apenas nós dois. — Ela então pressionou Harry contra seu peito e esfregou sua bochecha contra a dele. Seu filho, encantado com os carinhos de sua mãe, gorgolejou sons felizes de seus lábios e começou a puxar seus cachos novamente. — Oh, Harry, quem é o garoto favorito da mamãe? — Como resposta, Harry emitiu uma série de sons incoerentes, rindo loucamente quando Hermione deu beijos em suas bochechas rechonchudas.

James se pegou amolecendo com a visão, pensando mais uma vez que Hermione ficava mais bonita quando estava interagindo com Harry.

— Ack, os olhos arregalados devem parar! — Sirius exclamou com desgosto abjeto. Ele olhou para Peter e fez uma careta. — Diga a ele, Rabicho. Liberte o Selwyn de dentro.

Peter apenas bufou e revirou os olhos.

— Então, você vem? — o bruxo ruivo perguntou, um pequeno sorriso em seu rosto apesar das palhaçadas de Sirius.

— Bem... — James esfregou a nuca, antes de encolher os ombros habilmente. — Não vejo porque não.

~*~

James não estava esperando nada, mas ir para a Casa dos Gritos era algo que ele não previu.

— A lua cheia já passou, — ele apontou quando Remus contou a eles sobre o plano.

O lobisomem olhou para ele e riu.

— Nós costumávamos vagar pela Floresta Proibida e Hogsmeade mesmo quando eu não estava na forma de lobisomem, — explicou ele. — Vai ser divertido. Honestamente. Será como nos velhos tempos.

— Dumbledore sabe? — James perguntou franzindo a testa, seguindo seus amigos excessivamente animados enquanto eles caminhavam em direção aos imponentes portões de Hogwarts. — Quero dizer, tenho certeza que ele gostaria de saber, já que tecnicamente estamos invadindo.

— Bem, ele sabe, — Remus falou lentamente. — Ele apenas nos avisou para não sermos pegos.

O mago de óculos bufou.

— E como faríamos isso? — ele atirou.

Sirius lhe lançou um sorriso malicioso, enquanto os olhos azuis de Peter brilharam com malícia. Remus bufou com sua pergunta ridícula e, com os olhos arregalados, James sentiu que estava olhando para as versões mais jovens de seus amigos, brincalhões de ponta a ponta.

— Você é um Maroto ou o quê? — Sirius latiu, seguido por uma gargalhada alta. Ao lado dele, Peter puxou sua capa de invisibilidade e o mapa do maroto que ele emprestou a Hermione pela última vez. Ele de alguma forma se esqueceu desses tesouros, muito preocupado com suas missões de Auror e com a vida em geral. Incapaz de evitar, um enorme sorriso apareceu em seu rosto, uma onda repentina de excitação que ele costumava sentir antes, espalhando-se por suas veias até a ponta dos dedos.

— O último a lançar um feitiço em Filch vai comprar bebidas para todos nós, — Sirius então sugeriu.

Remus, sempre a voz da razão no grupo, fez uma careta.

— Machucar Filch é realmente necessário? — ele rosnou. Seus olhos dourados pousaram em James, seus lábios esticados em uma linha firme. — Por favor, diga a este palhaço que machucar alguém não será necessário.

Bem, — James começou deliberadamente, os cantos de seus lábios se contraindo em um pequeno sorriso, — teoricamente, ninguém se machucaria se apenas jogássemos um feitiço inofensivo. Como, por exemplo, um Feitiço de Cócegas.

Sirius sorriu amplamente.

— Ah sim, Pontas sempre tem as melhores sugestões, — disse ele. Ele então se virou para Remus, seu sorriso se tornando triunfante. — Então, sim, teoricamente, Filch não vai se machucar se lançarmos um Feitiço de Cócegas perverso. O cara pode até nos agradecer por fazê-lo rir, porque, honestamente, ele sempre foi mal-humorado e triste. Será uma boa mudança. — Ele então gesticulou para Peter. — O que você acha, Rabicho?

Previsivelmente, Peter apenas encolheu os ombros.

— Quer dizer, parece divertido, — ele disse com um olhar envergonhado para Remus.

Tudo bem, caramba, — disse Remus com um suspiro descontente, mas James podia ver que até ele estava muito animado com a brincadeira estúpida e estúpida deles.

— Srs. — James disse, endireitando os ombros como o verdadeiro líder que era. — Todos a favor da brincadeira do Filch, digam 'sim'.

— Sim! — eles gritaram em uníssono, com sorrisos cegantes estendidos amplamente em seus rostos.

James sorriu brilhantemente em troca.

Talvez, isso fosse uma boa distração, afinal.

~*~

— VOCÊ MERDA! — James rugiu alto, correndo para longe do zelador enfurecido. — Nós dissemos um feitiço para fazer cócegas!

Sirius estava rindo loucamente, passando por James, seguido por Remus, cujas corridas eram mais rápidas graças às suas habilidades de lobisomem. Atrás de James estava um Peter tímido, seus olhos azuis dançando de alegria e suas bochechas vermelhas.

— Sinto muito. Eu não pude evitar, — Peter ofegou, apressando seus passos para acompanhar seus amigos. Ele fez uma pausa para engolir uma golfada de oxigênio antes de abrir um grande sorriso. — Mas admitam, seus idiotas. O que eu fiz foi brilhante!

— Eu acho, — Remus começou, — Rabicho pode realmente ser o Maroto mais verdadeiro de todos nós.

— POT-HAHAHAH-TER-HUHUHU!

James parou de correr e se dobrou, uma grande e rouca risada escapando de seus lábios.

— Puta que pariu, isso é brilhante, — ele engasgou entre as risadas, enxugando as lágrimas que escorreram de seus olhos de tanto rir.

— Não pare de correr! — Peter gritou, empurrando James para incentivá-lo a começar a correr novamente.

O mago de óculos sorriu e olhou por cima do ombro. Argus Filch estava tendo dificuldade em correr atrás deles, parando frequentemente para deixar uma risada escapar de sua boca. Os três feitiços de cócegas que eles enviaram definitivamente fizeram o truque e fizeram o zelador soltar gargalhadas que eles nunca o ouviram emitir antes, mas Peter, o grande bufão, achou que seria hilário se ele enviasse um feitiço de choro. Agora, o pobre homem estava alternando entre rir alto, chorar incessantemente e repreender furiosamente os brincalhões que atormentaram sua vida por sete anos inteiros.

— Sentimos muito, Filchy! — Sirius gritou por cima do ombro. — Este será o último! Prometo!

Os quatro Marotos finalmente quebraram as portas duplas de carvalho do castelo. Remus imediatamente mandou um acertado e certeiro 'Finite Incantatem' em direção a Filch para interromper todos os feitiços que eles haviam enviado para ele, enquanto Peter imediatamente fechou a porta para dar-lhes algum tempo para fugir.

Os homens turbulentos imediatamente escalaram em direção às margens do Lago Negro, suas risadas agora se tornando pequenos e serenos sorrisos enquanto observavam a Lula Gigante nadar várias vezes ao redor das águas calmas do lago.

As bochechas de James já doíam de tanto rir e, verdade seja dita, ele não conseguia se lembrar da última vez que riu assim. Ele estava muito preocupado com a guerra e a profecia, de um futuro possível que o petrificou até que ele não conseguia respirar. Rir bobo como se não houvesse amanhã parecia uma enorme perda de tempo antes desta noite.

— Só para constar, é Rabicho quem vai comprar as bebidas, — disse Remus, quebrando o silêncio calmo que se instalou entre os quatro.

— Não é justo, — disse Peter. — Eu não fui o último a enviar o feitiço!

— Você quebrou as regras, Rabicho querido, — Sirius gargalhou. — Esse é o preço que você paga.

— Que coisa engraçada de se dizer, — o bruxo ruivo disse com uma carranca. — Quando nós trabalhamos muito duro para não aderir a eles em primeiro lugar.

James bufou divertido.

— O mais verdadeiro Maroto de todos nós, — ele brincou, seus olhos castanhos brilhando intensamente sob o luar pálido. — Mas Petey está certo; desde quando seguimos as regras? — Um pequeno sorriso afetuoso apareceu em seu rosto, lembrando-se de todas as vezes que ele correra pelos corredores de Hogwarts, praguejando impiedosamente em vítimas inocentes que inevitavelmente o levaram a outra detenção com a Professora McGonagall.

Ele olhou para a Lula Gigante, o coração apertando um pouco com o pensamento de que ele não sabia quando veria seus amigos pela próxima vez, uma vez que ele e sua família se esconderam. — As bebidas são por minha conta, rapazes, — disse ele.

Ninguém sequer apontou que ele foi o primeiro a acertar Filch com o Feitiço de Cócegas.

~*~

Peter em sua forma animaga saltou dos ombros de Remus enquanto corria em direção ao nó protuberante na casca do salgueiro lutador. É uma dança perigosa de galhos grossos parados, deixando os quatro Marotos passarem.

Remus se abaixou para colocar Peter de volta em seus ombros e foi o primeiro a se abaixar para dentro da caverna estreita. Sirius em sua forma de cachorro, segurando um saco de papel cheio de salgadinhos entre os dentes afiados, logo o seguiu. Foi James, também em sua forma animaga, que trouxe a retaguarda do grupo, caixas de Whisky de Fogo empoleiradas em suas costas, seguradas magicamente para impedi-los de tombar.

Assim que eles apareceram no primeiro andar da Casa dos Gritos, os Animagos voltaram para suas formas humanas. Remus sacudiu sua varinha para a lareira, o fogo lambendo a ponta para consumir as lenha restantes dentro. Peter empurrou os móveis surrados para longe e limpou as tábuas empoeiradas do chão enquanto Sirius depositava a comida e as bebidas que eles compraram em Hogsmeade.

O bruxo de óculos piscou amplamente, seus olhos vagando pela cabana onde costumavam ficar. Cada arranhão e peça de mobília rasgada falava de uma memória de seus dias felizes em Hogwarts. Quando ele olhou de volta para seus amigos, ele não pôde deixar de imaginá-los como alunos mais uma vez, gravatas vermelhas da Grifinória soltas penduradas em seus pescoços, mangas brancas enroladas até os cotovelos, enquanto eles tentavam aperfeiçoar suas formas Animagas.

— O que diabos você está olhando? — Sirius bajulou, seus olhos cinzas quase azuis em diversão. — Venha sentar-se, companheiro.

James sorriu e se acomodou nas tábuas do chão entre Peter e Remus, o último agora puxando o Tabuleiro de Xadrez do Mago que eles costumavam jogar, quando estavam exaustos demais para voltar a Hogwarts após a lua cheia. Sirius abriu as tampas das garrafas e passou o Whisky de Fogo.

— Acho que não deveria beber hoje, — disse James deliberadamente.

— Eu peguei emprestado um pouco da Poção de Sóbria da Hermione, — Peter afirmou, seu foco apenas em organizar as peças de xadrez brancas. — Você não precisa se preocupar, James.

Os lábios de James se ergueram em um sorriso, antes de derrubar a garrafa gelada de Whisky de Fogo, o líquido ardente deixando um caminho ardente em sua garganta, o que ele acolheu de coração. James fechou os olhos brevemente e saboreou o gosto e a sensação.

— Quem joga primeiro? — Remus perguntou, agora que as peças estavam arranjadas.

— É você contra mim, Aluado-tarte, — Sirius disse com um sorriso selvagem, seus olhos cinzas agora brilhando ameaçadoramente como uma tempestade violenta. — É uma vingança pela última vez.

O lobisomem bufou, um olhar desafiador em seus olhos.

— Você está ligado.

~*~

A lua estava em seu pico mais alto, mas os Marotos ainda estavam bem acordados.

A cabeça de James já estava confusa de tanto Whisky de Fogo e embora ele nunca tivesse sido um fã de afogar as mágoas com álcool, a queimadura em sua garganta era uma distração bem-vinda de todos os seus pensamentos tumultuados. Além da distração, estavam seus melhores amigos turbulentos, o jogo de xadrez bêbado do mago nem de longe terminado.

— Por que você está demorando tanto? — Peter choramingou, as bochechas já vermelhas de tanto álcool e o calor tostado da lareira acesa.

— Cale a boca, Rabicho. Estou pensando, — Sirius rosnou, as sobrancelhas franzidas enquanto ele olhava com os olhos turvos para o tabuleiro de xadrez. Até mesmo as pequenas peças de xadrez estavam batendo os pés em impaciência, mas o bruxo de cabelo desgrenhado apenas mostrou os dentes em aborrecimento.

Sirius pairou seus dedos sobre uma torre e disfarçadamente olhou para Remus. O lobisomem parecia maldito triunfante, seus olhos dourados arregalados e vítreos de embriaguez, e seus lábios esticados em um sorriso vencedor. Revirando os olhos, Sirius lentamente transferiu seus dedos sobre sua rainha, e o brilho no rosto de Remus instantaneamente se transformou em uma carranca escura.

— ENGANAÇÃO! — Peter acusou, apontando um dedo acusador na direção de Sirius. Remus percebeu o que Sirius estava fazendo e ficou estrondoso.

— Anos se passaram, mas você ainda é péssimo nisso, Torta de Aluado, — Sirius gargalhou alegremente, esquivando-se para se esquivar de um peão que gritava e apontava para sua cabeça.

James observou divertido Remus, com raiva, juntar as peças de xadrez em protesto em suas mãos e tentar jogá-las uma por uma na direção de Sirius. O mago de olhos cinzentos se esquivou rindo, fazendo movimentos ridículos para adicionar um floreio ao seu novo jogo maldito. Peter estava contando, comentando em voz alta toda vez que Remus atirava uma peça em Sirius. Ele gritaria de alegria se Remus acertasse Sirius, e então explodiria em gargalhadas quando Sirius tentasse retaliar.

A risada borbulhou dos lábios de James, fugindo dos homens ridículos para se salvar de seu jogo estúpido. Seus lábios estavam bem abertos em diversão, gritando com Peter se Remus fosse bem-sucedido em seu ataque.

— Seus idiotas malditos, — ele riu, pensando que estavam lentamente se transformando em um bando de garotos adolescentes novamente com uma veia aventureira que só seria extinguida com uma busca gratificante. — Eu vou sentir falta de todos vocês, porra do inferno.

Sua pequena declaração vacilou em seu sorriso. O fato de que ele poderia não vê-los por um longo tempo, uma vez que ele e sua família se escondessem, caiu pesadamente em sua mente. Somado a isso, foi a revelação de que a versão de James Potter de Hermione Granger não foi capaz de sobreviver à guerra.

Seus olhos vagarosamente passaram de um cara para outro, imaginando o que teria acontecido com suas outras versões quando Voldemort invadiu o esconderijo dos Potter e matou os pais de Harry Potter. Eles foram capazes de viver uma vida longa, sofrendo a morte de seu melhor amigo por anos? Eles ainda eram capazes de lutar com a Ordem, continuando a marchar apesar da grande perda que experimentaram? Eles foram capazes de ficar ao lado de Harry Potter, protegendo-o, cuidando dele, amando -o, porque seu próprio melhor amigo não era capaz de fazer isso? Todas essas perguntas o atormentaram por dias, e ele estava muito tentado a perguntar a Hermione porque ela sabia o que aconteceria com todos eles. Mas uma parte dele sentia que não gostaria da resposta e decidiu estar felizmente alheio a um futuro que já havia mudado drasticamente.

Talvez fosse o Whisky de Fogo, ou o fogo ardente e aconchegante envolvendo cada canto desta cabana que eles costumavam chamar de seu. Porque, sem querer, as emoções borbulharam do estômago de James como um grande maremoto e, para seu maior horror, a risada escapando de seus lábios se transformou em soluços aterrorizados.

Por mais que tentasse, ele não conseguia fazer com que parassem.

Com os olhos arregalados, ele colocou a mão contra a boca. O pânico que o dominou recusou-se a retroceder. Ele tinha tido sucesso até agora, em manter suas emoções intactas e deixar todos acreditarem que ele estava bem. Porque ele não podia se dar ao luxo de entrar em pânico e ter um colapso nervoso, não quando sua esposa e seu filho esperavam que ele fosse forte.

— Fina- porra, — Sirius sussurrou, o alívio em seu rosto claro como o dia. O jogo ridículo deles cessou com o primeiro soluço de James, e todos os três agora olhavam tristemente para James.

Apesar das lágrimas, ele franziu as sobrancelhas.

— O-o quê? — ele perguntou, tirando os óculos do rosto para enxugar as lágrimas apressadamente.

— Você estava começando a nos assustar, James. Honestamente, — disse Remus, um canto de seus lábios se erguendo em um sorriso desamparado. — Você parecia um maldito Inferius nos últimos dias, especialmente depois de Dumbledore nos disse a profecia. Você não estava... você não fosse você.

James bufou fracamente.

— Estávamos esperando um colapso, — revelou Peter com um aceno reverente. — Eu posso imaginar o que você está passando porque Hermione... ela é minha irmã e- — Ele engasgou enquanto as lágrimas cresciam em seus olhos. — Você precisa de um bom choro pra caralho, Pontas.

James respirou fundo, estremecendo, e olhou para o teto.

— Porra, — ele soluçou. — Eu não deveria me sentir assim.

— Sinta o quê. Com medo? — Ele olhou levemente para Sirius, cujos olhos cinza estavam estranhamente vidrados.

— Hermione-

— Não está aqui, — Remus insistiu suavemente. Seus olhos dourados se suavizaram. — Hermione não está aqui, James. Eu sei que você quer mostrar a ela que você está conseguindo, mas acredite em mim, é difícil mentir para todos e dizer que você está bem quando está sentindo qualquer coisa menos isso. — Um sorriso irônico apareceu em seu rosto. — Confie em mim, eu sou um maldito lobisomem.

O rosto de James se contraiu quando ele escondeu o rosto com as mãos. As emoções reprimidas que ele tentou esconder simplesmente fluíram como o líquido âmbar do Whisky de Fogo, derramando sobre as tábuas sujas do piso até que ele estava tremendo, vazio e cansado. Na segurança da Casa dos Gritos, cercado por amigos que há muito considerava seus irmãos em todos os sentidos, exceto sangue, James finalmente parou de mentir para si mesmo e murmurou palavras estranguladas de medo para seus amigos ouvirem. Houve tapinhas aleatórios em suas costas e respingos de álcool quando Sirius o persuadiu a beber mais alguns goles.

Ele se sentia profundamente envergonhado de todos os sentimentos sombrios que havia escondido dentro de si, mas seus amigos nunca disseram nada. Eles apenas ficaram em silêncio, ouvindo seus lamentos, com fungadas ocasionais de Peter ou risadas estranhas de Sirius, porque certamente, ele era o mais desconfortável entre os quatro. Mas ele gostou disso, no entanto. Ele apreciou como Remus deslizou uma barra de chocolate meio comida para James quando ele estava contando o que Hermione havia lhe contado sobre o outro James Potter que enfrentou Voldemort de boa vontade e morreu no final. Ele apreciou como Peter chorou com ele quando ele expressou seus medos de escolher Snape como seu guardião do segredo porque maldito inferno eles nem eram amigos. E ele apreciou como Sirius, desajeitado e com os olhos marejados, colocou um braço sobre seus ombros quando confessou que pensara em fugir de tudo, uma vez, e se sentiu sujo e envergonhado por até mesmo alimentar tais pensamentos.

Seu coração doeu, mas ele se sentiu melhor depois de seu discurso.

James não tinha certeza de como seu colapso acabou. Num momento ele estava terminando outra garrafa de Whisky de Fogo, e no próximo ele estava com os olhos abertos, com a garganta seca de choro e desidratação e uma dor de cabeça latejante de uma ressaca enorme.

Ele olhou turvamente ao redor da Casa dos Gritos, sua visão um pouco embaçada, já que ele não estava usando os óculos. Ele notou que os quatro haviam adormecido. Sirius estava esparramado como uma águia entre Remus e Peter. O lobisomem murmurava sons incoerentes em voz baixa enquanto Peter tentava acordar toda a vila de Hogsmeade com seus roncos altos.

James percebeu que havia desmaiado em um dos sofás da Cabana. A julgar por seu pescoço dolorido, ele adormeceu em um ângulo estranho.

— Maldição, — ele gemeu, seus dedos levantando em direção às têmporas para massagear sua ressaca. Ele tentou procurar a Poção Sóbria que Peter havia prometido trazer, mas se mexer demais o deixava nauseado.

Em vez disso, ele puxou sua varinha e convocou a Poção Sobering. Um frasco de vidro saltou de um dos bolsos de Peter e atingiu a mão de James. Em três goles poderosos, ele terminou a poção e sua cabeça ficou instantaneamente melhor. Ele também conjurou um pouco de água para acalmar sua garganta arranhada.

Ele se sentia uma merda e não tinha dúvidas de que parecia terrível também. Ele baniu qualquer evidência de seu colapso do rosto e procurou seus óculos.

Assim que o mundo ficou mais claro, James lentamente se levantou do sofá. Ele sabia que os caras tinham boas intenções, roubando-o de sua família apenas para deixá-lo ter seu colapso inevitável, mas James tinha que ver Hermione e Harry para ter certeza de que eles estavam bem.

Ele rabiscou uma nota rápida dizendo a eles que tinha ido para casa e com um pop, ele desaparatou da Casa dos Gritos.

~*~

28 de dezembro de 1980

Os olhos de Hermione se abriram quando ouviu um 'pop'. Olhando para o relógio ao lado de sua cama, ela notou que eram apenas três da manhã.

Alarmada, ela deu um tapinha na mão debaixo do travesseiro para agarrar a varinha. Hermione lançou um breve olhar para Harry em seu berço, aliviada pelo bebê não ter sido despertado de seu sono. Seus dedos roçaram o cabo de madeira de sua varinha, mas ao ver os olhos castanhos de James no quarto escuro, ela se acalmou.

— James? — ela perguntou, a voz falhando um pouco por causa do sono.

Seu marido silenciosamente caminhou em direção à cama enorme e deslizou ao lado de Hermione. Seu nariz enrugou um pouco, notando o cheiro de Whisky de Fogo em seu hálito quente.

— O que você está fazendo em casa? — ela perguntou. — Eu não esperava você de volta tão cedo.

— Senti sua falta, — ele sussurrou, pressionando o rosto contra o ombro dela.

Suas sobrancelhas franziram, notando o quão trêmula sua voz se tornou.

— Você está bêbado, — ela deixou escapar.

Ele riu baixinho, o braço em volta da cintura dela apertando.

— Eu saí com meus amigos. O que você esperava? — ele disse. Ele deu um breve beijo em seu ombro e acrescentou, — Eu já tomei uma Poção de Sóbria.

Hermione sorriu levemente, achando que ele se divertiu com seus melhores amigos esta noite. James estivera tenso nos últimos dias, estranhamente sombrio na maior parte do tempo, e Hermione se perguntou o que ele havia sentido por dentro. Ela sabia muito bem que ele estava apenas fingindo para não preocupá-la, mas verdade seja dita, sua pretensão de má qualidade a fez se preocupar ainda mais.

— Que travessuras os Marotos fizeram dessa vez? — ela brincou.

— Nós brincamos com Filch.

O quê?

— Ele não se machucou, — acrescentou imediatamente. Ela sentiu seu sorriso sonolento contra sua pele, levando-a a revirar os olhos. — Apenas uma diversão inofensiva, Bigodes. — Uma risada escapou de seus lábios, seu hálito quente lavando seu pescoço exposto. — Então jogamos xadrez bruxo bêbado na Casa dos Gritos, como nos velhos tempos. Como sempre, Aluado estava sendo irritadiço e Almofadinhas era incorrigível. Rabicho era... ele era...

O sorriso em seu rosto caiu, os olhos se arregalando quando ela sentiu um pouco de umidade em seu pescoço. Demorou alguns minutos para ela perceber que James tinha começado a chorar.

— James? — ela perguntou preocupada, tentando dobrar o pescoço para baixo para olhar para o marido.

Mas James apertou seu abraço ao redor dela.

— Por favor, não olhe para mim, — ele sussurrou. — Eu pareço uma merda. Só, eu preciso de alguns minutos.

A respiração dele tornou-se superficial e ela podia senti-lo começando a tremer.

— James...

— Estou com medo, Hermione.

Lágrimas instantaneamente encheram seus olhos com sua confissão sincera.

— E eu me sinto uma merda por causa do que estou sentindo, — ele cuspiu asperamente. — Eu deveria ficar forte por você. Por Harry. — Ele pressionou o rosto com mais força contra o pescoço dela. — Eu não sei como você faz isso, Hermione. Você é... você é incrível e corajosa enquanto eu estou soluçando como um bufão covarde e- — As palavras morreram de seus lábios quando ele respirou fundo, estremecendo. — Eu não mereço você.

Hermione, sempre teimosa, o forçou a afrouxar o aperto em volta da cintura dela até que ela pudesse se mexer na cama e encará-lo totalmente. James ainda se recusava a encontrar o olhar dela, mas Hermione segurou suas bochechas molhadas e ergueu sua cabeça até que seus olhos castanhos encontraram os dela.

Ele não estava exagerando quando disse que parecia uma merda. Seus olhos estavam vermelhos e inchados, como se ele tivesse chorado antes mesmo de voltar para casa. Havia manchas escuras sob seus olhos brilhantes, sem dúvida por falta de sono e preocupação constante.

— Oh, amor, — ela sussurrou, os olhos se enchendo de mais lágrimas enquanto ela cuidadosamente enxugava as lágrimas dele.

Ele fechou os olhos de vergonha.

— Eu sinto muito, — disse ele. — Eu não deveria me sentir assim.

Hermione suspirou e encostou a testa na dele.

— Ao contrário da crença popular, também estou com medo, — ela sussurrou. James lentamente abriu os olhos e olhou para ela. — Hermione Granger já esteve muito envolvida na guerra, mas isso... com Harry e você, isso é totalmente diferente, e o medo é aumentado cem vezes mais.

Ela se afastou levemente para encontrar os olhos dele, um pequeno e triste sorriso crescendo em seu rosto.

— Está tudo bem nem sempre se sentir corajoso, — ela o tranquilizou. — Especialmente se formos apenas nós dois. Você pode me mostrar como realmente se sente, James. Prefiro que você não continue fingindo porque eles vão acabar com você no final.

Suas lágrimas aumentaram, lembrando-se de seu Harry Potter, com olhos esmeralda que escureciam continuamente conforme a guerra continuava. Hermione apreciou o esforço de Harry para mostrar que ele era corajoso, especialmente para aqueles que realmente colocaram sua confiança nele, mas ela odiava como isso o desumanizou, deixando-o quebrado além de qualquer reparo. Ela não queria que isso acontecesse com James também.

Hermione beijou cuidadosamente as lágrimas restantes e permitiu que ele a abraçasse com força até o sol nascer no horizonte, tirando dela o máximo de conforto que precisava.

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