What Could Have Been

By ellebrocca

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Alcina Dimitrescu teve a infelicidade, ou talvez não, de sobreviver após a luta contra Ethan Winters sendo re... More

TEMPORADA 1 - O Corpo
Desconfianças
O Vilarejo
Dentro do Castelo
Primeiro Dia
Seguidas por Sombras
Descobertas
A Queda
Pistas e Suspeitas
Uma Boa Desculpa
A Máscara de Chris
O Plano de Miranda
Uma Verdade Dolorosa
Quem Sou Eu?
Um Recomeço
TEMPORADA 2 - Fragmentada
Lado Sombrio
Alianças
Fuga
No Meio da Noite
Última Chance
TEMPORADA 3 - De Volta ao Lar
O Badalar dos Sinos
A Colheita
Donzela
Um Leve Deslize
Incertezas
O Beijo do Dragão
Conexões
Deixe-me Ficar
A Escolha de Rose
A Sua Mercê
Segundas Impressões
Os Bons Filhos A Casa Retornam
Tormenta
Mãe
TEMPORADA 4 - Apresentações
Bela, Daniela e Cassandra
Corra
Conquistas
Pobre Daniela
Profundas Cicatrizes
A Herdeira
Miss D and The Pallboys
A Monarca da Casa Dimitrescu
Mente Estilhaçada
Megamiceto
O Parasita e a Hospedeira
Uma Dádiva
Domínio
O Dansă, Domnișoară?
A Chave

Adeus, Rosemary

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By ellebrocca

Último cap da segunda temporada, e vocês não sabem como eu fiquei obcecada em terminar esse capítulo! Ahahahah

Temporada nova a caminho, personagens novos e uma vingança prestes a ser planejada! Porém tbm sofri com esse cap e peço desculpas por ter sido tão cruel, mas os dias de glória virão :D

Boa leituraaaa!!!

***

Adeus, Rosemary

— Um médico, agora! — Chris invade o hospital com Alcina sangrando em seus braços.

Os enfermeiros responsáveis pelo turno da noite se apressam em buscar uma maca de rodas para locomoverem o corpo de Alcina com mais agilidade, e Rose o acompanhava quase estando grudada ao Redfield. A equipe de médicos logo chega trazendo uma maca, e Chris deita Alcina com uma certa dificuldade devido às suas asas deixarem seu corpo mais pesado. Rose tenta fazer o possível para ajudá-lo a ajusta-la corretamente na maca, e então a equipe a leva para uma das salas de operações.

— Chris? — O Dr.Campbell, o mesmo que tratou de Alcina quando ela havia sido resgata e trazida à Umbrella, aparece na recepção encontrando o Redfield acompanhado de Rose e mais dos dois lordes. — O que houve com a Alcina?

— Foi a Miranda. — Arfa Chris devido a adrenalina. — A Alcina está sem o coração, eu preciso que vocês deem um jeito de mantê-la viva.

— Irei me responsabilizar por ela. Fiquem aqui, tentarei dar notícias em breve.

O doutor se apressa em acompanhar a equipe para a outra ala do hospital, e Chris abraça Rose permitindo-a de chorar em seu peito. No momento eles não poderiam fazer nada a não ser aguardar o retorno de Campbell sobre a situação de Alcina.

Durante esse meio período os enfermeiros chegam a sala de operação, trocando Alcina de maca para uma maior. Uma cientista da Umbrella chega em seguida, chamada de Christine, e ela era uma das responsáveis pelo hospital e lidava com os casos dos pacientes infectados. Ao deparar-se com o estado deplorável do corpo a sua frente, Christine apressou-se em iniciar a operação.

— Tirem as roupas dela. — Ordena para os enfermeiros. — E tragam uma peça nova.

Enquanto eles despiam Alcina, o doutor Campbell preparava um soro que restaurava as células danificadas do corpo, o que facilitaria na recuperação da asa esquerda quebrada. Após ela ser despida pelos enfermeiros, Christine cobre suas partes íntimas com lenços brancos e analisa o buraco no peito de Alcina, sentindo a falta do seu coração.

— É possível que ela viva sem o coração? — Questiona Campbell também analisando o corpo junto de sua colega.

— Por mais que o corpo dela seja resistência por causa do mutamiceto, ela não suportará por muito tempo sem o coração. — Christine pega um bisturi na mesa ao seu lado e realiza um pequeno corte no braço esquerdo de Alcina, e seu corpo não corresponde a cicatrização. — Ela não está se regenerando. — Christine retorna a estudar o peito aberto da mulher conseguindo notar algumas regiões da sua carne ficando mofadas, igual a de um corpo contaminado pelo mutamiceto quando está morrendo aos poucos. — O corpo dela já está se desintegrando por dentro, e é só questão de horas pra ele torna-se cinzas por completo. É bom você se preparar para dar a notícia ao Chris, infelizmente não teremos sucesso.

Com todo o cuidado, e usando as substâncias químicas que a Umbrella desenvolveu com os anos, Christine e Campbell conseguiram tratar dos ferimentos causados pela queda de Alcina entre as árvores. As drogas que foram utilizadas iriam retardar o organismo do corpo dela para mantê-la viva com um pouco mais de tempo, mesmo eles sabendo que não seria o suficiente. Suas asas foram as próximas a serem tratadas, e o corpo de Alcina precisou ser movido novamente até que ela ficasse com seu tórax deitado na maca e suas costas completamente visíveis para serem avaliadas.

Christine injetou uma seringa na nuca de Alcina, com a sabedoria de que a substância produzira efeito em alguns minutos, se precipitou para verificar as asas novamente e garantir que elas não precisariam de mais reparos. O soro que Dr.Campbell utilizou para a restauração da asa esquerda, evidentemente, pareceu ter gerado algum efeito, pois a estrutura óssea estava se ajeitando lentamente. Somente quando completou três minutos desde que Christine inseriu a injeção em Alcina fora que suas asas começaram a diminuir, vagarosamente até entrarem por completo dentro de seu corpo.

Durante toda a operação, Alcina permaneceu desacordada, estando em um estado intenso de coma e sem houver mais nada que a equipe poderia fazer para mudar seu cruel destino.

***

As horas pareciam passar lentamente para Chris, da maneira mais torturante possível. Rose estava sentada no banco da recepção com as pernas encolhidas, e os braços abraçando seus joelhos. Heisenberg andava de um lado para o outro aguardando alguma resposta dos médicos, assim como Chris, que estava apoiado na parede e de braços cruzados. Donna estava sentada ao lado de Rose, ninando Angie em seu colo tendo adormecido repentinamente.

O barulho de moto chamou a atenção de Chris, que logo percebeu o veículo que pertencia a Claire estacionando na frente do hospital. Ela chegou na recepção trazendo consigo um notebook, e logo foi ao encontro de seu irmão, o abraçando.

— Tentei vir o mais rápido que eu pude quando soube da notícia. — Diz Claire em aflição. — Onde a Alcina está?

— Levaram ela para uma operação, e já faz mais de uma hora. — Responde Chris se afastando. — Foi só dez minutos. Apenas dez malditos minutos que fiquei longe dela e toda essa merda aconteceu. Até agora não temos a mínima ideia de como Miranda conseguiu encontrá-la.

— Scott tem informações sobre a Miranda, e ele quer fazer uma vídeo chamada com a gente. — Explica Claire, dando a dica do porquê ter trazido o seu notebook junto. — Há alguma sala que podemos usar?

— Vou falar com a atendente.

Enquanto Chris caminha em direção ao balcão para pedir uma sala onde eles poderiam utilizar, Claire vai até Rose para conforta-la com um abraço. Como o esperado, seu irmão consegue a permissão para usar uma das salas de reunião da Umbrella, e ele faz um sinal de mãos para que o restante do grupo o seguisse. A sala que eles tiveram acesso possuía uma mesa retangular com oito cadeiras disponíveis, e estava isolada. Havia um projetor disponível na beirada do móvel, e Claire ficou faceira por tê-lo em mãos e o conectou ao seu notebook.

— O que estamos fazendo aqui? — Pergunta Heisenberg andando pelo local.

— O diretor da BSAA quer entrar em contato conosco. — Responde Chris puxando uma cadeira para sentar-se na ponta.

— E quanto a Alcina? E se ela acordar? — Questiona Rose.

— Pedi para o atendente informar onde estamos, se acontecer algo seremos avisados. — Chris lhe informa deixando a jovem mais tranquila.

Donna e Heisenberg sentam juntos de um lado da mesa, enquanto Claire e Rose se acomodam do outro. Terminando de ajustar o notebook da mesa e o conectando no projetor, Claire digita em algumas teclas até que a imagem de Scott fosse transmitida na parede a sua frente.

Como estão as coisas por aí, Chris? — Pergunta Scott estando ao vivo.

Pelo cenário atrás do diretor, o Redfield deduziu que ele ainda pudesse estar no prédio da BSAA enquanto realizava a vídeo chamada.

— Não temos nenhuma notícia sobre a situação da Alcina, e a Miranda escapou outra vez. — Chris demonstra indignação pelo fato de ter perdido a chance de acabar com Miranda de novo. — Claire comentou que você tem notícias sobre ela, já sabem como que a Miranda conseguiu chegar até a BSAA?

Sim, nossa equipe descobriu recentemente o corpo do William morto na própria casa, e após as análises no necrotério informaram que fazia quase um mês desde a morte dele. — Revela Scott, deixando algumas imagens do corpo de William passando no canto da tela, todas tiradas dentro de sua casa.

— Mas que merda. — Xinga Chris se sentindo um tremendo idiota.

— A filha da puta estava com a gente esse tempo todo! — Resmunga Heisenberg. — Eu logo senti algo de estranho naquele cara.

— Isso explica como a Miranda havia conseguido achar o paradeiro dos Lordes no mesmo tempo que a gente. — Acrescenta Rose.

— Provavelmente ela deve ter aproveitado quando Alcina subiu para o terraço e a encurralou lá. — Teoriza Chris.

Infelizmente, nós fracassamos em ter permitido disso tudo acontecer. — Continua Scott. — Mas o pior ainda está por vir. Os soldados que enviamos alguns dias atrás para investigar o esconderijo da Miranda dentro do vilarejo estão mortos, e conseguimos resgatar algumas imagens das câmeras infiltradas nos uniformes do nosso esquadrão.

A seguir novas fotos foram reveladas na telas, sendo dos civis que moravam no vilarejo e outras que foram flagradas dentro do esconderijo subterrâneo de Miranda logo abaixo do cemitério.

De acordo com o que nossos agentes descobriram nas gravações, Miranda conseguiu manipular o vilarejo inteiro usando seus poderes de ilusão, fazendo os civis acreditarem que a "deusa" deles retornou para salvá-los. — Continua Scott mostrando novas fotos de pinturas feitas à mão de um feto com asas negras pelos muros e paredes das casas do vilarejo. Símbolo esse que representa Miranda e que antigamente o povo da região o tratava de maneira sagrada.

— Tudo está se repetindo de novo. — Diz Donna horrorizada com as imagens. — Ela vai conseguir controlar o vilarejo inteiro.

Em apenas uma hora toda a região do vilarejo está dominada pela Miranda. — Scott disponibiliza uma gravação ao vivo da sua equipe de pilotos que estavam naquele exato momento sobrevoando os perímetros do vilarejo, e transmitiam imagens de licanos bloqueando qualquer passagem dos soldados que ousassem a se aproximar. — Como vocês podem ver há um grupo enorme de infectados protegendo as fronteiras do vilarejo, e já perdemos alguns homens.

— Isso está se tornando um caos. — Diz Claire, acompanhando atentamente as gravações. — E a situação dos aldeões que moram lá?

Não conseguimos entrar em contato com ninguém. — Lamenta Scott. — Desta vez a Miranda está sob controle de tudo, e se tentarmos avançar ela pode fazer os civis de refém, e a BSAA teria que arcar com grandes consequências.

Desgraçada. — Xinga Chris, apertando seus punhos por cima da mesa. — Em apenas um mês ela conseguiu fazer a gente de trouxa de novo e não tivemos nem tempo para armar uma estratégia. A Alcina está em coma e a Miranda criou um exército de licanos e dominou o vilarejo inteiro. Como eu pude deixar que tudo isso acontecesse?!

— Pelo menos ainda estamos com a Alcina, poderia ter sido pior. — Claire tenta aliviar o clima.

— A minha irmã está sem o coração, como que isso não poderia ser pior? — Questiona Heisenberg.

Alcina está sem o coração? — Desta vez a pergunta veio de Scott, e Chris revirou os olhos e quase quis xingar Heisenberg por ter aberto a boca. — Isso é verdade, Chris?

— Sim. — Ele afirma, contra sua vontade. — A Miranda está com ele, e não sabemos até agora porque ela fez isso ao invés de matar a Alcina de uma vez.

Algo martelou na cabeça de Heisenberg, e ele estava com uma certa suspeita sobre o roubo do coração de Alcina, contudo preferiu manter sua teoria para si mesmo e aguardar novas informações surgirem.

Se perdemos a Alcina, teremos que inserir Rose na nossa batalha. — Diz Scott crente de que não teria a menor chance de Alcina sobreviver. — Somente o poder de Rosemary será capaz de combater a Miranda caso for necessário, e é a nossa única opção. Eu entrarei em contato em breve para saber da situação de Alcina.

Scott encerra a vídeo chamada deixando todos inconformados. Chris soca a mesa não aceitando o fato de que Rose pode se envolver em uma guerra ainda sendo tão jovem, e a própria parecia não ter processado tudo o que acabara de ouvir.

— Então é isso, a gente tá na merda. — Declara Heisenberg se rendendo ao possível apocalipse.

— Não seja tão pessimista. — Diz Claire fechando seu notebook.

— Estou sendo realista. — Revida o Lorde cruzando os braços. — Olhe para nós. Eu mal consigo levantar um trator com os meus poderes, a Donna teve mais dificuldade em trazer a boneca feiosa de volta a vida do que eu pra perder a virgindade. Rose nem sabe um terço do poder que existe dentro dela, a Alcina está em coma e provavelmente vai morrer. Vocês acham mesmo que vamos ter alguma chance pra enfrentar a Miranda com tão pouco tempo?

— Não vamos tomar decisões precipitadas sobre a vida da Alcina. — Diz Chris com frieza depois de ter escutado os comentários de Heisenberg. — Vamos aguardar a resposta do doutor Campbell, e depois a gente chega em alguma conclusão.

Neste mesmo momento a porta se abre, e Campbell entra fazendo todos abandonarem a mesa ao mesmo tempo. Rose avança ficando a poucos metros dele e já com seu coração disparado por estar ansiosa.

— Como ela tá?!

— Eu não trago boas notícias. — Informa Campbell, com um peso na consciência após presenciar o brilho nos olhos de Rose sumindo drasticamente, e todos ficaram em silêncio para ouvi-lo prosseguir. — Devido a falta do coração, onde o Cadou habitava, o corpo da Alcina não vai suportar. Ela está se desmanchando aos poucos, e fizemos tudo o que podíamos para curar seus ferimentos. Até tivemos um sucesso com a asa esquerda, mas infelizmente ela não irá sobreviver.

Donna suspira em aflição com a notícia e recebe um abraço de Angie, que envolveu seus braços de mandaria por toda a extensão de seu pescoço. As pálpebras de Rose tremem conforme suas lágrimas vão chegando e Claire apoia suas mãos na mesa como uma maneira de manter o controle de sua respiração.

— Quanto tempo ela tem? — Chris toma a coragem em perguntar.

— Poucas horas. Acreditamos que ela não vai aguentar até o amanhecer.

— Puta merda. — Murmura Heisenberg, se levantando de seu assento e andando em círculos pela sala enquanto mantém suas mãos na cabeça.

— Eu não aceito isso. — Rose ignora tudo o que Campbell havia lhe informado, balançando a cabeça de um lado para o outro em negação. — Ela não vai morrer! Ela não pode fazer isso comigo!

A garota se retira da sala sendo seguida por Chris, e a passos largos ela anda por todo o hospital, passando pelos enfermeiros e cientistas até atravessar o corredor onde Alcina havia sido levada e consegue encontrar o quarto onde fora abrigada. Assim que entrou, usando da sua força bruta para abrir a porta, Rose desmoronou emocionalmente ao ver Alcina deitada na maca com uma pele extremamente cinza e com rachaduras, lhe dando a impressão de que ela era inteiramente de porcelana. Alcina estava vestida com uma camisola hospitalar, e até mesmo seus cabelos negros perderam um pouco da cor e brilho que Rose admirava tanto.

— Alci. — Ela a chama, enquanto se aproxima da maca, e logo senta na beira do colchão cruzando seus dedos com os de Alcina, e ofegou com a temperatura gelada deles. Era como se estivesse segurando blocos de gelo seco, e aquilo só fez Rose chorar mais. — Alci, se está me ouvindo, por favor acorda! Não faz isso com a gente, você precisa acordar! Por favor, me ouve!

Chris consegue chegar ao quarto pouco tempo depois e fica paralisado na porta, presenciando a cena de Rose implorando para que Alcina despertasse, o que acabou não ocorrendo. Vê-la debruçada no peito daquela que considerava uma mãe, soluçando sem parar enquanto apertava seus dedos, era um fardo no qual Chris estava se sentindo o responsável. Ainda mais por ele ter brigado com Alcina antes de toda a catástrofe acontecer, e agora ela estava lá, presa em um coma e com poucas horas de vida.

— Alcina, por favor, acorda. — Rose continua implorando. — Não se atreva a me deixar desse jeito!

— Rose. — Chris aperta o ombro dela para lhe trazer algum conforto, e com delicadeza tenta puxa-la para trás. — Não podemos força-la a acordar. O coma é severo.

— Ela tem que acordar! Ela precisa viver! Esse não pode ser o fim dela, não é justo! — Rose se vira permitindo de Chris presenciar seus olhos vermelhos por conta das lágrimas. — Tem que ter um outro jeito, Chris! Me diz que tem!

— Vem cá, garota.

Os braços dele a envolvem por cima de seus ombros, e Rose afunda sua cabeça no tórax de Chris, tendo seus soluços abafados em sua roupa. Ele passa a massagear o topo de sua cabeça com a mão direita, pousando seu queixo na testa de Rose enquanto seus olhos observam Alcina petrificada na maca, com as expressões de seu rosto tão leves a ponto de realmente parecer um cadáver. Outra vez o sentimento de culpa o abalou, fazendo-o se recordar das coisas horríveis que dissera a ela, palavras que poderiam ter sido evitadas. Se caso tudo tivesse sido diferente eles poderiam estar juntos agora; na casa de Chris onde era seguro, tomando um chocolate quente enquanto acontece uma briga entre Alcina e Heisenberg, que acabaria com risadas vindo de Angie e Rose. Poderia ter sido tão diferente. Todos estariam unidos na sala, Karl se afogando na cerveja e soltando piadas ofensivas que conseguiam trazer mais risadas contagiantes, Donna tentando impedir de Angie tagarelar palavras audaciosas, Rose se divertindo ao lado de pessoas especiais assim como ela, e Alcina morrendo de vergonha por conta dos irmãos. Sim. Poderia ter sido muito diferente.

***

O vácuo é um lugar frio e escuro. Era a parte mais vazia de sua cabeça, onde Alcina se encontrava espiritualmente. Estava sozinha, sem o seu castelo ou com a presença de Lady Dimitrescu. Tudo deixara de existir assim que seu coração fora tirado dela, lhe restando apenas um vazio infinito dentro da sua cabeça, onde Alcina estava cercada por um breu total. Ela sabia que estava presa dentro da sua consciência, possivelmente em coma. E mesmo que não conseguisse acordar, podia ouvir as vozes a sua volta, e que ela reconhecera. Rose estava lá, e Chris também. Alcina queria se comunicar, e realizar o pedido desesperado da jovem Rose que estava chorando em seu colo, porém ela não conseguia. Não havia como acordar. Seu corpo não estava a correspondendo, e mais rachaduras surgiam em seu interior, e tudo ficava cada vez mais frio, deixando sua alma congelada a cada segundo. Logo irei morrer. Era a única coisa que Alcina pensava e acreditava. Sentia-se fracassada por não ter sido capaz de enfrentar Miranda, e sentia-se ainda mais inútil por não conseguir ter a capacidade para despertar e passar suas últimas horas com Rose. Eu sou um fracasso. Não sou nada além de um fracasso. Irei morrer em breve sem conseguir me despedir. Eu perdi meu título, minha dignidade e minha força. Não tenho mais nada. Não restou nada. Foi tudo culpa minha.

***

Injustamente as horas estavam voando, atormentando a todos que estavam presentes no quarto, aguardando um milagre acontecer e Alcina despertar do coma. Mesmo que o hospital tenha oferecido comida e água para que eles pudessem se alimentar durante a madrugada, quase ninguém conseguia se servir por estar com um nó na garganta. Rose fora a única que não conseguiu ingerir nada desde que chegou, e até então não saiu do lado de Alcina, permanecendo com suas mãos entrelaçadas com as dela. Heisenberg e Donna estavam presentes, cada um sentado em cadeiras separadas, e Claire estava com suas costas apoiadas na parede defronte para a maca. Um silêncio inquietante perturbava o psicológico de cada um, principalmente Chris que era o que estava sendo o mais afetado. Ficar observando o corpo de Alcina rachando cada vez mais, sua pele ficando mais acinzentada como se fosse virar cinzas, e o peito que mal subia denunciando sua fraca respiração.

Ele não estava suportando ficar ali por mais tempo, e por estar atormentado consigo mesmo, retirou-se do quarto para tentar relaxar a tensão que seu corpo estava proporcionando. Claire percebeu que algo estava incomodando seu irmão, e não era somente por Alcina estar à beira da morte, e por estar preocupada com ele também saiu do quarto se encontrando com o mesmo no corredor, ambos estando sozinhos.

— O que você tem Chris? Dá pra perceber que há algo te atormentando, é por causa do coma da Alcina?

— Não é só isso. — Suspira o Redfield cruzando os braços e se encostando na parede do corredor com a cabeça baixada. — Eu tive uma curta discussão com a Alcina, e acabei dizendo algo que não deveria, e que acabou abalando ela.

— Por que vocês brigaram? — Claire se aproxima para mais perto dele.

— Ava suspeitou que havia algo de errado com o organismo da Alcina depois da noite da elite, por conta do incidente com o vinho. E durante um exame que ela realizou a Ava descobriu um tipo de fragmentação na Alcina. — Chris encarava seus próprios pés, enquanto explicava para sua irmã todo o ocorrido de mais cedo, e a cada palavra dita o impulso de suas lágrimas vinham com mais força. — Ela estava com dois tipos de consciência dentro dela, como se existisse outra pessoa viva no corpo. Ava me disse que o mutamiceto da Alcina representava a pessoa que ela era quando morava no vilarejo, e que o parasita tentava sempre tomar controle dela através da consciência. Depois que eu descobri que ela manteve isso escondido de mim acabei perdendo a cabeça, e a chamei de "monstro". Eu me arrependi na hora, mas a merda já estava feita e foi quando eu a perdi de vista. O jeito que ela olhou pra mim quando eu disse aquilo, a decepção e remorso por mim eram bem perceptíveis através dos olhos dela.

— A gente diz muitas besteiras na hora da raiva. — Claire aperta o ombro de Chris, percebendo o mesmo prestes a chorar. — O que importa é que você reconheceu isso, e pode ter uma chance de se desculpar se a Alcina...

— Ela não vai acordar. — Interrompe Chris, não permitindo de Claire dar falsas esperanças. — O corpo dela está se desmanchando bem na nossa frente, e vai ficar pior. Até o amanhecer não restará nada dela, e eu não sei como vou tirar a Rose daqui para impedi-la de presenciar uma cena dessas. O Ethan teve o mesmo destino, e eu testemunhei tudo. E da mesma maneira que eu fracassei em salvá-lo eu cometi o mesmo erro com a Alci.

Fora poucas vezes que Claire presenciou Chris chorando, era raro por conta dele sempre tentar se manter durão e deixar suas emoções de lado, mas aquele caso era diferente. Chris havia criado uma família que jamais imaginou que teria um dia, e se apegou fortemente a Alcina e Rose como se ambas fossem suas filhas de sangue. O dia em que ele havia revelado para sua irmã sobre a adoção de Rose, e de uma mulher na qual Chris havia resgato, fora o mais inesperado que Claire poderia presenciar, pois nunca acreditou que poderia ver o seu irmão sendo "pai" um dia. Não fazia o estilo dele. Mas quando viajou para a Europa no intuito de conhecer Rose e Alcina pessoalmente, ela mudou totalmente de perspectiva quando vivenciou o cotidiano de Chris ao lado das duas mulheres.

Justamente por ter noção de tudo o que ele passou, Claire abraça seu irmão, sentindo o rosto dele apoiar no seu ombro onde pôde ouvi-lo chorar baixo.

— Vai ficar tudo bem, grandão. Vai ficar tudo bem. — Ela repete para que Chris pudesse ter ao menos uma faísca de esperança. — Sempre tem um jeito.

***

O som do tic tac do relógio de parede era a única coisa produzindo som no quarto, e Rose se recusava a ver as horas por temê-las, tendo a noção de que Alcina estava dependendo daquilo. Em nenhum momento a jovem ousou afastar-se dela, mesmo que seu corpo estivesse implorando por nutrientes e seus olhos estivessem pesados pela falta de sono, somando as horas em que ficara sem dormir.

Angie estava deitada nos pés de Alcina, dormindo profundamente após Donna ter usado seu Cadou para "desligar" a boneca pelo motivo da mesma ter ficado muito agitada depois de tantos conflitos. A Lorde também estava sentada na cadeira ao lado de Alcina, e fazia uma trança em uma de suas mexas escuras, enquanto Heisenberg permaneceu em pé na ponta da maca e com sua mente longe ao mesmo tempo em que observava Alcina ainda em coma.

Restava duas horas para o amanhecer, o hospital estava silencioso devido a presença de poucos enfermeiros responsáveis pelo turno da noite. Ninguém conseguia acreditar que o tempo havia passado tão rápido, parecendo até que o próprio era contra a sobrevivência de Alcina. Chris e Claire retornaram para o quarto, e a primeira coisa que o Redfield se preocupou foi ver Rose pálida e lutando contra suas pálpebras pesadas pelo sono.

Ela estava exigindo demais de si mesma, e por essa razão Chris contorna a maca para chegar até a jovem e apoiou ambas as mãos em seus ombros.

— Você precisa comer alguma coisa.

— Não estou com fome. — Rose teima não querendo sair do quarto.

— Você não se alimenta a horas, precisa de nutrientes. — Insiste Chris, mantendo sua tranquilidade. — Não vamos demorar.

— Não vou sair daqui!

Claire recebe uma mensagem de seu celular e inspira fundo ao ver a mensagem do diretor da BSAA em sua tela de bloqueio, contendo apenas a frase "Reunião, agora. Todos devem estar presentes.".

Scott entrou em contato. — Anuncia Claire, conquistando a atenção de todos. — Ele quer realizar uma nova vídeo chamada, e todos devem comparecer. Isso com certeza inclui a Rose.

— Eu não posso deixar a Alci aqui sozinha! E se ela acordar? Ou se acontecer algo de ruim com ela?!

— Eu fico com ela. — Heisenberg se oferece. — Depois vocês me informam o que foi decidido na reunião.

Rose ficou com um pé atrás, não porque não confiava no Lorde, mas para ela qualquer segundo que passava era duvidoso, e ela não se perdoaria se não pudesse manter Alcina a salvo, ainda mais por ela estar tão vulnerável. Chris percebeu que Rose estava insegura, e levou sua mão até o topo da cabeça dela para encorajá-la.

— Não vai demorar. Estaremos de volta em quinze minutos, nem que eu tenha que desligar a chamada na cara do Scott e mandar ele se foder. — Promete Chris, conseguindo provocar um sorriso dela.

Sua promessa convenceu Rose, e antes de ir ela depositou um beijo na testa de Alcina seguindo para fora do quarto. Chris agradeceu Heisenberg com um aceno de cabeça e Donna tirou Angie da cama a levando consigo e sendo acompanhada por Claire. Quando todos saíram do quarto Heisenberg soltou um longo suspiro e apoiou as mãos em sua cintura, encarando Alcina com mais seriedade.

— A garota realmente é o seu carrapato, achei que não ficaria sozinho com você nunca. — Comenta Karl, caminhando sorrateiramente para próximo de sua irmã, sentando-se na beira da maca que antes estava sendo ocupada por Rose. — Você tá acabada, sabia? Um defunto consegue ser mais charmoso do que você nesse estado. Eu sei que pareço ser um babaca tirando sarro de você perante essa situação toda, mas esse é o meu papel como seu irmão caçula, não? Eu preciso trazer um alívio cômico.

Ele praticamente sentia-se conversando sozinho, mas no fundo acreditava que Alcina poderia estar o escutando de uma certa maneira, e aproveitando que ambos estavam a sós essa seria a chance para Heisenberg fazer uma última tentativa para mudar o destino da história.

— Eu espero, de verdade, que você esteja me ouvindo. E se estiver, que as minhas palavras sirvam de incentivo para você ter algum juízo nessa sua cabeça fodida. — Karl inspira fundo mais uma vez antes de prosseguir, e visualizou a porta para dar uma conferida se ninguém pretendia entrar naquele momento, mas pelo silêncio no corredor não havia possibilidade de alguém aparecer. Então o Lorde voltou-se para Alcina. — Nós estamos em grande desvantagem, Alcina. A Miranda formou um exército de licanos e dominou toda a área do vilarejo, e a Rose está cotada para entrar em uma guerra contra aquela vaca. A BSAA não se importa por ela ser apenas uma garota, se for preciso sacrificarem a Rose eles vão fazer para garantir a derrota da Miranda, e isso vai acontecer se você desistir desse jogo! Existe sim uma chance de reverter a situação, e você também sabe. Seu coração não foi arrancado atoa, a Miranda fez isso para você ir até ela, não foi? Eu tenho certeza que é isso, não existe outra explicação para ela não ter acabado com a sua raça mais cedo.

Uma pequena movimentação se aproxima do quarto, e Heisenberg encara a porta escutando os passos atravessando o corredor, mas que poderiam ser de um enfermeiro já que ele havia passado direto. Novamente, Karl retorna seu foco para Alcina.

— Alcina, a gente não tem mais tempo. — Alerta ele, indo direto ao ponto. — Se você quer mesmo ver a Miranda cair de uma vez por todas e garantir a segurança dessas pessoas, então ouve o que eu digo pelo menos uma vez! Você me disse que tinha medo do seu "eu" antigo, mas acontece que a Lady Dimitrescu é quem você é de verdade. Você ainda tem a essência de uma Dimitrescu, e é mais forte do que qualquer um de nós, até mesmo do que eu, e eu estou odiando em ter de confessar isso, mas é a pura verdade. Então, senhorita Alcina Dimitrescu, trate de dar um jeito de levantar dessa cama, e voltar para aquele vilarejo de merda para recuperar o que lhe foi roubado! Mostre para aquela vadia o que é ser uma Dimitrescu de verdade, honre o seu título! Essa será a chance para você dominar o jogo dela, e a sua chance para matá-la. Não precisa fazer isso porque eu te pedi, mas faça pela Rose. Pelo Chris. Pela suas filhas. Por Amélia. E por você.

Um silêncio estendeu-se após Heisenberg finalizar tudo o que ele tinha para dizer, e Alcina permaneceu imóvel como o esperado. Nenhum músculo contraiu-se, ou a respiração mostrou-se mais presente. Tudo continuou como estava antes. Convencido de que havia fracassado, e que poderia ter desperdiçado saliva, Heisenberg bufou e levantou-se para ir em direção a porta.

— Preciso de uma cerveja.

Ele deixa o quarto, não pretendendo demorar nem dez minutos. Mais uma vez o tic tac era a única coisa que produzia som no quarto, que tornou-se um ambiente solitário bem como Alcina sentia-se por dentro. Mas após a motivação de Heisenberg, ela percebeu que não estava totalmente sozinha. Ela ouvira seu irmão. Cada palavra chegou até ela, fortalecendo seu espírito e lhe dando a força de que precisava para despertar. O clarão do quarto ofuscou seus olhos ao abrirem, deparando-se com o relógio da parede que lhe revelava apenas uma hora e quarenta minutos para o amanhecer. Seu tempo estava próximo. Não importava se seu corpo poderia desabar a qualquer momento, Alcina havia despertado de seu coma e estava preparada para nivelar o jogo.

***

— O exército está se preparando para saírem logo de manhã. — Anuncia Scott logo no início da reunião. Todos estavam sentados na mesma mesa de horas atrás, e Rose não parava de mexer seus pés por causa da ansiedade em querer retornar ao quarto. Chris havia pegado um pacote de cheetos para a jovem beliscar junto de uma garrafa de água, e aquilo ajudou a enganar seu estômago. — Precisamos que Rose retorne para a BSAA onde ela será preparada para enfrentar a Miranda.

O ataque precisa necessariamente acontecer hoje? — Questiona Claire. — Nós ainda estamos aguardando a Alcina acordar, e se caso acontecer...

Eu não quero parecer ignorante perante a uma situação dessas, mas precisamos aceitar o fato de que a Alcina não irá acordar.

— Ainda falta uma hora e meia para amanhecer! — Rose protesta. — Eu só saio desse hospital até zerar o horário!

Isso é uma ordem, Srt. Winters. — Diz Scott com um tom mais severo.

— Eu tô pouco me fodendo para as suas ordens! A Alcina faz parte da minha família, e eu não vou deixá-la aqui sozinha! Eu vou permanecer nesse hospital até o maldito do sol nascer!

Chris, controle a garota ou terei que tomar medidas mais severas.

Nós não vamos sair até o amanhecer. — Declara Chris estando do lado de Rose.

Está se recusando a seguir as minhas ordens? — Scott não tolera a rebeldia de seu agente.

— Ainda não ficou claro o bastante? — Chris o desafia com seu sarcasmo. — Nenhum de nós vai sair daqui até o amanhecer, então você se contente com a nossa decisão e segue o meu conselho para cancelar a sua operação. Ir atrás da Miranda agora é suicídio, e você só irá perder mais homens!

Scott abre a boca para iniciar uma discussão com Chris, conteúdo ele é interrompido pelo alarme do hospital que começou a disparar por todo o prédio. Rose e Chris se entre olham tendo a mesma sensação ruim e ao mesmo tempo se retiram da sala ignorando a vídeo chamada com o diretor da BSAA. Claire desliga seu notebook indo junto de Donna para a recepção, com todos sem entender o que estava acontecendo.

— Por que esse alarme de repente? — Pergunta Donna, abraçando Angie com mais firmeza contra o peito.

— Alguém deve ter entrado ou saído sem autorização. — Responde Chris, acelerando seus passos e com Rose logo atrás dele.

Momentos antes do alarme soar, Heisenberg estava defronte para a máquina de bebidas, encarando a lata de enérgico que estava o chamando para ser consumida, e o Lorde faz uma rápida análise do corredor em que estava para ter a certeza de que ninguém estava vendo. Obviamente não haveria bebidas alcoólicas no hospital, mas só um energético já ajudaria a melhorar seu ânimo.

— Você é meu. — Declara Karl usando seus poderes para manipular a máquina e fazer a lata cair sem precisar gastar um único centavo.

Usando sua telepatia ele consegue entortar as argolas que mantinham as bebidas presas em cada prateleira dentro da máquina refrigerada, até a lata cair diretamente no recipiente de entrada na parte inferior de superfície plana. Heisenberg ficou orgulhoso de si mesmo por ter realizado a manipulação sem ser pego e busca sua lata prontamente para bebê-la. Inesperadamente, o alarme do hospital soa fazendo o mesmo perder a vontade de consumir a bebida, e logo ele retorna para o quarto para conferir o local.

A porta estava aberta, algo que ele não havia deixado, e além disso a cama onde Alcina estava momentos antes, encontrava-se vazia. Heisenberg não demonstrou espanto, ou entrou em pânico. Somente adentrou no quarto e ficou encarando o espaço vazio da maca já suspeitando do paradeiro de Alcina. Ela havia tomado sua decisão, e Heisenberg sentia-se que conseguiu cumprir com seu papel.

Chris chega apressado no quarto, não acreditando ter encontrado a cama vazia, e Rose ficou ainda mais alarmada por encontrar somente Heisenberg no local e sem demonstrar qualquer tipo de reação indiferente.

— O que é isso?! — Interroga Chris desconfiando de que o Lorde havia feito alguma coisa.

— É uma cama vazia, não vê? — Responde Karl completamente calmo.

— Onde ela tá?! — Rose o questiona desta vez, e sua respiração já estava ofegante por estar tendo uma crise de pânico.

— Ela foi salvar o nosso couro. Simples.

Rose queria avançar em Heisenberg, mas sua cabeça estava girando tanto que ela mal conseguia sair do lugar. Claire abriu a janela do corredor para visualizar o lado de fora do hospital e tentar encontrar algum sinal de Alcina, e arregalou aos olhos ao vê-la cambaleando até o carro de Chris.

— Ela está lá fora!

Assim que Claire anunciou sua localização Chris correu para tentar impedir de Alcina voltar para o vilarejo, com Rose e sua irmã logo atrás dele na mesma velocidade. Por tanto não conseguiram chegar a tempo, o carro de Chris já estava na estrada e o horizonte começava a apresentar sinais de claridade por estar próximo do amanhecer.

— Merda! — Chris dá meia volta contornando o hospital até chegar na garagem. O vigilante responsável estava presente e havia duas vans da Umbrella disponíveis. Rose estava logo atrás com Claire, e ambas já sabiam o que Chris faria. — Me dê as chaves, agora!

Por já conhecer a autoridade que o Redfield possuía, o vigilante entrega as chaves que estava em seu bolso as arremessando diretamente na mão dele, e em seguida entra em uma das vans não impedindo Rose de ir com ele.

— Tomem cuidado! — Pede Claire decidindo ficar para tomar conta do lugar.

— Fique de olho nos Lordes. — Alerta Chris dando a partida e nem mesmo se dá o luxo de pôr o cinto de segurança.

Era uma corrida contra o tempo. Alcina mal sentia o seu corpo por estar dormente, sem falar na dor absurda em seu peito e na dificuldade para respirar. Para piorar, sua visão ainda estava borrada, os sentidos mal funcionavam direito e a qualquer instante Alcina sentia que fosse desmaiar em cima do volante.

— Fica acordada. Acordada, Alcina! — Dizia a si mesma.

O céu estava clareando, e a ponta de um dos seus dedos desmanchou-se na sua frente como cinzas, e outras regiões de sua pele também ficaram mais sensíveis a ponto de escorrerem pelo carro. Estando ciente de que precisava encontrar um outro jeito de chegar até Miranda mais rápido, ela gira o volante fazendo o carro sair da estrada e atravessando o milharal próximo ao vilarejo. Alcina praticamente cai para fora do veículo por causa de sua fragilidade, e o usa de apoio para conseguir levantar. A camisola hospitalar que usava ficou manchada de terra, e por estar descalça sentia seus dedos atolando na lama do terreno rural, deixando-a com mais dificuldade de andar.

Com a pouca força que lhe restou, Alcina abandona o carro seguindo floresta adentro, sem saber que havia licanos espalhados por toda parte. Usava as árvores como apoio para conseguir seguir em frente, e tinha noção de um atalho onde poderia chegar ao vilarejo mais rápido, e para isto precisou subir a colina da região. Estando no meio do caminho ela consegue ouvir rosnados se aproximando, e suas pernas fraquejam no mesmo instante. Seu corpo tromba na grama e seus braços raspam nos galhos secos espalhados ao seu redor, e seus suspiros de agonia chamam a atenção dos licanos que rondavam aquela parte da floresta. Alcina fica imóvel ao ver dois deles se aproximando dela, um segurando um machado enquanto o outro usava um facão de caça. De início, ela acreditava que iria morrer e ser devorada ali mesmo, mas então as criaturas apenas abriram caminho para incentiva-la a continuar andando. Foi então que Alcina lembrou-se do que Heisenberg comentou sobre Miranda, e que ela havia criado um exército de licanos para realizar suas vontades. As criaturas foram feitas para servir ao seu criador, e tinham noção de quem era Alcina, e por essa razão não a atacaram.

Ao conseguir levantar-se ela continuou sua trajetória, dando rápidas olhadas para trás querendo se certificar de que os licanos não iriam segui-la, e por fim eles continuaram descendo a colina para caçar aquele que ousasse a invadir suas terras.

Pouco tempo depois de dirigir pela avenida isolada, Chris encontrou seu carro abandonado no meio do milharal, e fazendo a mesma coisa que Alcina, deixou a van estacionada logo atrás do seu veículo.

— Ela deve ter seguido a pé a partir daqui. — Diz Rose pulando da van.

— De fato. — Chris percebe as pegadas de pés femininos na lama em direção a floresta. — E faz pouco tempo. — Ele encontra suas chaves ainda no carro e abre seu porta-malas para pegar uma pistola para si e entregar sua escopeta para Rose. — Não sai de perto de mim.

A dupla segue as pegadas mantendo um ritmo veloz, e Rose olhava para todos os lados tentando encontrar qualquer sinal de Alcina em meio às árvores. Chris já estava com sua pistola carregada e qualquer sinal de ameaça já estaria pronto para atirar. Pela razão de Miranda ter dominado a região outra vez eles poderiam ser encontrados facilmente, e Chris teria que tomar todas as precauções possíveis.

Os dois licanos que haviam passado por Alcina encontrou a dupla que estava subindo a colina, e logo avançaram para o combate soltando rosnados e correndo em quatro patas em direção a Chris.

— A minha esquerda! — Avisa Chris para que Rose pudesse cobri-lo.

Ambos atiraram ao mesmo tempo, e um dos licanos atira seu machado em Rose, sendo acertado por uma de suas balas em seguida. A jovem desvia do machado, que acabou acertando a árvore atrás de si, e o licano que restou foi morto por Chris. Para garantir que não seriam seguidos, o mesmo pisa no tórax da criatura dando mais um tiro em sua cabeça.

— Vamos antes que apareçam mais!

Rose segue na frente rastreando as pegadas de Alcina, enquanto Chris a cobre por trás, e mesmo que a escopeta fosse pesada nem por um segundo ela atreveu-se a parar de correr, não sabendo se Alcina já poderia estar nas mãos de Miranda.

A mesma até aquele instante, já havia chegado à beira da colina contendo uma ponte feita de madeira apodrecida e cordas suspeitas, estando bem desgastadas. Do outro lado Alcina já conseguiu enxergar as torres das ruínas, conseguindo ter uma noção de qual área do vilarejo ela estava próxima. Dera apenas três passos para frente em direção a ponte, perdendo o equilíbrio de suas pernas de novo por conta da desintegração do seu corpo, e mais rachaduras tomaram conta de quase toda a sua pele, atingindo até mesmo seu rosto.

— Droga... — Arfa Alcina, mal tendo capacidade para levantar.

Sua cabeça latejava lhe dando a sensação de que tudo a sua volta estava girando, e mais alguns de seus dedos desmancharam se misturando com a areia abaixo dela, restando apenas cinco deles. Ergueu-se mais uma vez determinada a cruzar a ponte e chegar ao outro lado, mas seu corpo permaneceu imóvel nos próximos segundos, como se estivesse hesitando em continuar. Uma lágrima solitária desliza pela maçã de seu rosto rachado, tão inesperado que Alcina nem chegou a senti-la. A partir do momento em que ela cruzasse para o outro lado, tudo o que ela conheceu seria deixado para trás, do mesmo modo que sua humanidade. Seu corpo estará vazio, para que então ela recebesse a mulher que ela irá tornar-se ao ter seu coração recuperado.

— Alcina!

Ela se vira após o chamado de Rose, se reencontrando com a verdadeira desta vez, e Chris também estava junto. Os olhos da mais nova umedecem com o estado físico de Alcina, e imediatamente larga sua escopeta no chão para que pudessem envolver seus braços em torno do corpo frágil da morena.

— Rose. — A voz de Alcina sai extremamente fraca, mas por estar aliviada em saber que aquela era sua verdadeira Rose retribuiu seu abraço carregado de emoções. — Vocês não deveriam ter vindo.

— Você que não deveria estar aqui! — Rose se afasta para que pudesse dar o seu sermão em Alcina, mesmo que seus olhos estivessem molhados por tantas lágrimas estarem se revelando. — Por que você veio pra cá?! O que passou pela sua cabeça de fazer isso com a gente?!

— Eu preciso fazer isso. — Reforça Alcina. — Se a Miranda acreditar que estou do lado dela eu posso mantê-la no vilarejo e longe de vocês. E com os meus poderes de novo posso enfrentá-la na hora certa.

— E fazer isso sozinha?! Nem ferrando! — Rejeita Rose mostrando-se assustada com o que pode acontecer com Alcina. — Somos uma família, era pra gente ficar juntas!

— Eu sou a monarca da casa Dimitrescu, e a minha missão é justamente manter a minha família a salvo. Por favor, preste atenção no que irei lhe dizer. — Alcina segura delicadamente o rosto de Rose, para que seus olhos estivessem cruzados um no outro. — Eu peço para que você e Chris vão embora, e não retornem nunca mais para o vilarejo.

— Não!

— Rose Winters. — A voz de Alcina soa mais firme, deixando Rose incapacitada de interrompê-la novamente. — Eu preciso que você confie em mim. Eu não sei o que vai acontecer comigo, mas tenha certeza de que quando eu cruzar aquela ponte eu não serei mais essa pessoa que você conhece.

— Nada irá mudar entre nós! — Soluça Rose, retribuindo o toque de Alcina e erguendo suas mãos para deixá-las em seu rosto, passando seus polegares por cima das linhas de rachaduras que marcavam suas bochechas. — Eu vou lutar por você e continuarei te amando, não importa quem você seja ou deixará de ser! Você sempre será a minha mãe!

Aquela fora a primeira vez, em dezesseis anos, que Rose utilizou a palavra "mãe" para referir-se a Alcina. Uma palavra tão pequena, mas que possuía um grande significado, algo que era feito de um amor incondicional. Uma nova lágrima desliza em seu rosto, mas desta vez contendo felicidade pelo o que Rose havia admitido.

— Eu também lutarei por você, e irei te amar pelo resto dos meus dias. — Confessa Alcina compartilhando dos meus sentimentos. — Eu não permitirei de Miranda ir atrás de você, ou de qualquer outra pessoa. Você terá uma vida normal, Rose. Você irá terminar a escola, começar uma faculdade, e quem sabe, conhecer outros lugares do mundo. Eu quero que você tenha a chance de viver e aproveitar ao máximo do que esse mundo pode lhe oferecer, porque você merece isso.

— Eu não quero ter essas conquistas sem você ao meu lado para comemorar comigo. — Murmura Rose. — Por favor, vamos pra casa.

— O vilarejo é a minha casa. — Aceita Alcina. — Não importa o quão longe eu vá, eu sempre pertencerei a ele, e o vilarejo sempre será parte de mim. É o meu destino, e eu já o aceitei.

— Tem certeza disso? — Pergunta Chris, aflito por Alcina.

— Tenho. — Um sorriso sincero se forma nos lábios sem cor da própria. — Me prometa uma coisa, Chris. Mantenha Rose segura e os meus irmãos também, e não deixe que nenhum deles volte pra cá, muito menos vir atrás de mim. Pode me prometer isso?

— Eu prometo. — Mesmo que ele não quisesse manter-se longe dela, aceitou cumprir com o pedido por acreditar que haveria uma outra chance deles se reencontrarem.

— Obrigada, Chris. — Ela suspira, mantendo um sorriso de gratidão para ele. — Não importa o que tenha acontecido entre nós, eu jamais deixarei de amá-los.

Chris compreendeu suas palavras, sabendo que aquilo era uma confirmação de que ela o havia perdoado, fazendo-o sentir um alívio em suas costas por conta da culpa em que ele carregou até o momento. Com os olhos completamente umedecidos, Alcina retorna para Rose que também se encontrava entregue as lágrimas, com os olhos suplicando para que aquilo não se tornasse uma despedida. Mantendo seu sorriso de conforto, e olhos repletos de amor, Alcina se inclina para beijar a testa de Rose, permanecendo alguns segundos naquela mesma posição para poder memorizar cada segundo em sua memória. Lembranças vagas de seus momentos no passado ao lado de Rose passaram em um flash, trazendo os dias mais gloriosos, como os primeiros passos de Rose; as primeiras falas; seu primeiro treinamento de tiro; a vez em que cozinharam juntas; o primeiro passeio no acampamento de verão com Chris; as vezes em que dançaram e cantaram juntas; o primeiro aniversário de Rose; o dia que Chris realizou uma festa surpresa para Alcina; a vez em que atolaram o carro durante uma viajem e tomaram um banho de lama; a tarde em que ambas queimaram os brownies e quase puseram fogo na cozinha; as noites em que Rose teve pesadelos e Alcina dormia com ela para lhe dar segurança; da quantidade de vezes em que ela leu o livro "Vilarejo das Sombras" até Rose dormir e das vezes que Chris consolou Alcina em momentos difíceis que a vida lhe trouxe e que serviram de aprendizado. Fora momentos preciosos, que restarão apenas nas memórias. E Alcina era grata por cada uma delas.

— Adeus, Rosemary.

Rose sente Alcina distanciar-se bruscamente, tendo tempo de vê-la se jogando da colina, apenas para retornar ao topo com suas asas livres, e por garantia de que ninguém a siga, Alcina ativa suas garras cortando as cordas da ponte, que despencou, impossibilitando o acesso ao vilarejo. Alcina só não esperava que suas lâminas fossem se partir em pedaços após o uso lhe causando uma dor angustiante, e Rose tentou chamá-la de volta.

— Alci! Volta, por favor! Volta!

Chris segura Rose por trás tentando puxa-la para longe da beira da colina, e Alcina pousa do outro lado sem olhar pra trás. Ela precisava continuar, e confiava em Chris para tirar Rose de perto do vilarejo. Corvos começaram a surgiu por cima deles, se espalhando pela floresta a sua frente, e sabendo que os gritos de Rose poderia chamar a atenção de mais licanos, ou até mesmo de Miranda, Chris a puxa a força consigo para que ambos retornem ao carro e levem a notícia para a BSAA.

Restava poucos minutos para o amanhecer, e Alcina quase não suportava mais ficar em pé, apesar de persistir em tentar chegar até as ruínas. Suas asas se arrastavam deixando seu corpo ainda mais pesado, e Alcina perdeu sua capacidade de usá-las ao ponto de não conseguir devolvê-las para dentro dela.

— Miranda! — Ela a chama, o mais alto que conseguia, sua voz ecoando por toda a floresta e os pulmões ardendo por mau funcionarem. — Eu estou aqui! — Alcina tropeça devido a sua perna direita desmanchar e virar cinzas, a forçando rastejar-se em meio ao desespero. — Mãe Miranda! — Ela súplica, gastando suas últimas energias. — Mãe!

Alcina não conseguia mais, e rendeu-se a floresta. Passou a acreditar de que Miranda poderia ter desistido dela, e a torturaria em seus últimos minutos de vida como punição. Os pensamentos poderiam ter persistido se uma figura com asas negras não tivesse surgido logo acima dela, trazendo consigo a única coisa que poderia salvar Alcina. Miranda pousa graciosa, carregando com ela a imagem de um ser divino, e a mesma se ajoelha perante ao corpo, ajeitando Alcina em seu braços para permiti-la de ver seu rosto.

— Minha criança. — Suspira Miranda, levando seus dedos cobertos pela pulseira de anéis metálicos ao encontro do rosto rachado de Alcina. — Enfim retornou para casa.

— Mãe Miranda... — Ofega Alcina, mal conseguindo manter seus olhos abertos. — Me salve.

Um sorriso orgulhoso formou-se nos lábios de Miranda, e sem desviar seus olhos da mulher em seu colo, com o braço livre ela busca o coração de Alcina dentro de seu manto negro, e ele ainda pulsava freneticamente, estando intacto desde o momento que fora tirado dela.

— Você escolheu a mim, e com isto ganhou minha confiança. — Pronuncia Miranda, ainda mantendo o coração em sua mão. — Provou que ainda é digna de ser minha filha, e isso me preenche de orgulho. Como o prometido, terás seu coração de volta, e com ele seu poder. Você renascerá outra vez, e libertará sua verdadeira essência. — Miranda devolve o coração contaminado pelo Cadou para dentro do corpo de Alcina, e imediatamente ela começara a sofrer uma brusca reação à medida que o mofo tomava conta de todo o seu organismo. Miranda a mantém firme em seu braço, forçando o coração para mais fundo de seu peito e presenciando Alcina perdendo sua consciência outra vez. — Você pertence a mim agora.

Sabendo que Alcina irá sobreviver ao Cadou, Miranda a manteve em seus braços aguardando ansiosamente para a transformação da mesma ocorrer assim que o mutamiceto se adapta-se ao seu organismo, até o momento em que sua iniciara a regeneração diante de seus olhos, ficando mais fortalecida a cada instante e obtendo sua antiga coloração branca como gesso. Seus dedos cresceram ocupando suas mãos, junto a perna que reformou-se. A consciência do mutamiceto fundiu-se com a sua, tornando-se uma só, causando assim... O seu despertar.

Mãe Miranda achou-a magnífica, comparando-a com um tesouro raro no qual ela sentiu-se sortuda por obtê-lo. Os olhos de Alcina lhe deixava hipnotizada, brilhando em um tom amarelo-vivo e carregado de poder, revelando a essência da Dimitrescu que Miranda tanto desejava em trazer de volta. Seu renascimento marcou o amanhecer, e Alcina se ergue diante de Miranda, com suas asas abertas para os raios solares que iluminaram a floresta por inteiro.

— Como é bela, minha criança. — Suspira Miranda, admirando Alcina de pé a sua frente, completamente encantada com a beleza da futura hospedeira de Eva. A morena não dissera nada, unicamente erguendo sua cabeça observando o céu limpo acima dela, sendo o suficiente para que a paisagem fizesse suas costas formigarem. — Vá, Alcina. Recupere o que lhe pertence. — Incentiva a sacerdotisa, querendo vê-la dominando os céus do vilarejo.

Seus pés deixam o solo assim que suas asas batem, levando Alcina diretamente as nuvens, estando a metros de altitude e com visão total de seu castelo que aguardava seu retorno. Saudade, angústia e conforto era tudo o que seu coração sentia ao deparar-se com a vista do castelo, que em breve receberia sua condessa novamente. Os corvos de Miranda voam ao seu redor para conduzir Alcina até seu lar, e ela se permite ser guiada pelas aves, voando por cima da floresta e contornando o vilarejo testemunhando alguns aldeões se locomoveram sem perceberem a sua presença, mas logo chegaria o momento em que todos saberão de seu retorno e temerão por ele.

Chegando nas proximidades do castelo Dimitrescu, Alcina pousa no jardim dos fundos e contempla a vista dos muros e das torres da propriedade que ficara isolada por um mês desde a sua partida. Mesmo que tenha passado um longo tempo distante, tudo parecia estar igual para Alcina. Nada havia mudado, tudo estava devidamente em lugar. Assim como a condessa do castelo.

— Estou em casa.

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