What Could Have Been

By ellebrocca

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Alcina Dimitrescu teve a infelicidade, ou talvez não, de sobreviver após a luta contra Ethan Winters sendo re... More

TEMPORADA 1 - O Corpo
Desconfianças
O Vilarejo
Dentro do Castelo
Primeiro Dia
Seguidas por Sombras
Descobertas
A Queda
Pistas e Suspeitas
Uma Boa Desculpa
A Máscara de Chris
O Plano de Miranda
Uma Verdade Dolorosa
Quem Sou Eu?
Um Recomeço
TEMPORADA 2 - Fragmentada
Lado Sombrio
Alianças
No Meio da Noite
Última Chance
Adeus, Rosemary
TEMPORADA 3 - De Volta ao Lar
O Badalar dos Sinos
A Colheita
Donzela
Um Leve Deslize
Incertezas
O Beijo do Dragão
Conexões
Deixe-me Ficar
A Escolha de Rose
A Sua Mercê
Segundas Impressões
Os Bons Filhos A Casa Retornam
Tormenta
Mãe
TEMPORADA 4 - Apresentações
Bela, Daniela e Cassandra
Corra
Conquistas
Pobre Daniela
Profundas Cicatrizes
A Herdeira
Miss D and The Pallboys
A Monarca da Casa Dimitrescu
Mente Estilhaçada
Megamiceto
O Parasita e a Hospedeira
Uma Dádiva
Domínio
O Dansă, Domnișoară?
A Chave

Fuga

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By ellebrocca

Fuga
Desde a chegada de Heisenberg, as coisas na casa tem acontecido de modo mais agitado, visto que Alcina e Karl demonstravam suas diferenças a todo instante; brigas, discussões e sarcasmo era o que poderia resumir o cotidiano deles durante o dia. Karl parecia fazer de tudo para causar o mau humor de Alcina, como: demonstrar péssimos modos, a impedindo de usar o banheiro por ele estar tomando banho a mais de uma hora ou então usando alguns apelidos zombeteiros para referir-se à altura de Alcina. Geralmente, quando ocorria alguma briga entre os Lordes, Rose ficava dentro do seu quarto com os fones de ouvido no último volume e cobrindo seu rosto com o travesseiro, enquanto Chris era o responsável que sempre dava um fim as discussões.

Para tornar o ambiente um pouco mais harmônico, e impedir que Alcina cometa um crime contra o irmão, Chris estabeleceu algumas regras para evitar que os conflitos entre os Lordes continue. Com o passar da semana as coisas começaram a ter um certo equilíbrio, mas Heisenberg ainda persistia em chamar Alcina por apelidos maldosos, algo que ela precisaria aprender a conviver por saber que o Lorde sempre fora assim com ela e nada o mudaria.

Durante o período de convívio entre eles, a BSAA já havia sido notificada sobre as informações que Heisenberg havia passado para Chris, e um grupo de soldados foi escoltado para investigarem o laboratório subterrâneo onde havia suspeitas de que Miranda poderia estar escondida. O grupo havia sido enviado no início da semana, e até o momento não haviam mandado notícias.

Com a chegada da quinta-feira, Alcina precisou se preparar para seus exames semanais, e não estava nem um pouco afim de ter que ir até a BSAA, mas talvez o laboratório da Umbrella poderia ser melhor do que ter que conviver com Heisenberg o resto do dia. Vestiu-se com uma de suas roupas casuais e frescas por ser um dia de sol, e desceu para tomar seu café assim que ficou pronta. No entanto, encontrou-se com Karl enchendo uma xícara com leite, o que foi o suficiente para fazê-la bufar de indignação ao saber que teria que fazer sua refeição na presença de seu irmão.

— Vai um cafezinho? — Ele ergue o bule ainda cheio.

— Quem garante que você não misturou com cerveja? — Desconfia Alcina.

— Eu jamais faria isso!

Por ser bem observadora ela logo enxergou uma lata de cerveja aberta no balcão atrás de Heisenberg, levantando mais suas suspeitas de que ele havia, de fato, batizado o café com o álcool. O Lorde percebeu que Alcina estava olhando para cima de seus ombros, e ao virar-se notou que esqueceu de jogar a lata no lixo.

— Tava aí desde ontem. — Karl tenta disfarçar seu descuido.

— Vou ficar com o suco. — Decide Alcina indo até a geladeira pegando a garrafa preenchida pela metade do suco de laranja.

Enquanto servia-se da bebida, Karl ficou observando os movimentos de Alcina, como se estivesse a estudando. Notou logo de início como ela estava diferente, não só pelo novo estilo de roupa e os cabelos longos que alçavam até sua cintura, mas também pelo seu comportamento e costumes. Heisenberg não se lembrava de ter visto Alcina sem maquiagem ou usando vestidos luxuosos, porém ele tinha quase certeza de que, sem dúvida, nunca havia a visto tão "padrão".

— Se continuar me encarando arranco seus olhos com as minhas garras. — Ameaça Alcina, não precisando encarar Heisenberg por pressentir o olhar dele sobre ela.

Karl deixa uma risada baixa escapar, e acabou se corrigindo em algumas de suas análises. Alcina estava diferente, mas permaneceu com seu ódio por ele igualmente.

— Estou apenas me adaptando a te ver tão padrãozinha. Jamais passou pela minha cabeça te ver usando calças um dia, pra mim você nem sabia que esse tipo de roupa existia.

— Eu mudei durante esses dezesseis anos, Heisenberg. Adquiri novos gostos, um novo estilo de vida e ideologia. Já era de se esperar que isso acontecesse depois de tudo o que eu passei. — Diz Alcina indo até a mesa onde Heisenberg havia se sentado para poder pegar um biscoito e alimentar-se junto do suco.

— Eu ainda acredito que tenha um pouco da sua essência antiga em você. — Deduz Karl dando alguns goles do seu café batizado.

— O que te faz pensar isso? — Questiona Alcina apoiando sua mão livre na cintura enquanto segura seu copo na outra, fazendo a mesma postura que ela costumava ficar quando fumava em sua piteira.

Ao presenciar essa cena Karl deixou um sorriso escapar por Alcina ter se confessado com aquela postura sem nem perceber.

— Olhe por si mesma.

Com o comentário Alcina se alto-visualizou e logo corrigiu sua postura controlando-se para não bufar na frente do Lorde. Rose e Chris descem logo em seguida encontrando os Lordes em "harmonia".

— Não jogaram café um no outro? Estamos progredindo. — Comenta Chris para apaziguar o clima. — Já está pronta, Alci?

— Como assim?

— Eu vou te levar para fazer os exames hoje, tenho alguns assuntos a tratar com o Scott. — Responde Chris pegando um biscoito para petiscar.

— Que bagulho é esse de "exames"? — Pergunta Heisenberg por fora do assunto.

— Não é da sua conta. — Responde Alcina preferindo privar seus assuntos particulares.

— Alcina e Rose precisam frequentar exames semanais na BSAA e prestar serviços ao exército algumas vezes, algo que você fará futuramente. — Diz Chris não deixando Alcina nada satisfeita.

— No caso eu serei um rato de laboratório de novo?

— São as normas que a BSAA impôs para aqueles que foram infectados.

— E eu sou obrigado a cumprir essas normas?

— Se não quiser ser caçado pela BSAA e morto, essa é a sua única opção. — Responde Chris sendo exageradamente sincero.

— Ah, que ótimo. — Resmunga Karl voltando a beber seu café.

— Falando na BSAA, eles já começaram a procurar pela Donna? — Pergunta Alcina.

— Sim, mas ainda não obtiveram sucesso. Estão usando os dados que conseguiram coletar sobre a Donna no vilarejo, mas até o momento não conseguiram encontrar ninguém pela cidade com as características dela. — Explica Chris.

— E duvido que consigam. — Diz Karl não botando confiança na equipe de busca da BSAA. — Donna é alérgica a gente, ela não ficaria refugiada dentro da cidade.

— Por que ela não gosta de pessoas? — Pergunta Rose curiosa enquanto passava manteiga em seu pão.

— Donna sempre foi muito antissocial. — Diz Alcina levando seu copo vazio para a pia. — Ela prefere lugares mais isolados e usar suas bonecas para se comunicar com as pessoas.

— Terei que passar essas informações para o QI. — Chris atravessa a cozinha para pegar suas chaves no balcão. — Vamos, Alci?

— Vamos. — Antes de sair Alcina viu Rose pegando o bule de café para se servir, e imediatamente a impede. — Não ouse beber esse café!

Rose olha incrédula para Alcina após sua ordem, e logo larga o bule mesmo não sabendo o motivo de ela não querer que consuma a bebida. Mas ao notar o sorriso discreto de Heisenberg suspeitou de que o mesmo havia feito algo duvidoso no café, o que explicaria a reação de Alcina. Michael que estava de guarda do lado de fora da casa cumprimentou Chris assim que ele e Alcina saíram da casa, e logo adentrou a residência para ficar de olho em Rose e Heisenberg.

***

Quando a dupla chegou ao prédio Chris acompanhou Alcina até o laboratório da Umbrella no subsolo do prédio da organização, para se certificar de ela seria bem tratada por Alexandra ou pelos outros cientistas, e após a diretora recebê-la o Redfield foi ao encontro de Scott para discutir sobre o assunto de Beneviento.

Alcina acompanhou Alexandra até a sala de exames, acreditando de que seria a mesma manhã entediosa que costuma frequentar quando precisava realizar seus exames. Mas quando chegou a sala não esperava encontrar a presença de sua terapeuta que estava no seu aguardo.

— Ava?

— Bom dia, Alcina. — A mais velha sorri assim que Alcina entra com Alexandra. — Como está se sentindo hoje?

— Bem. Mas por que está aqui?

— Hoje serei eu que farei exames com você. — Ava aguarda Alexandra fechar a porta, e após a diretora realizar a ação a terapeuta continua o diálogo. — Vamos realizar alguns procedimentos para ver como está seu sistema cerebral. Sente-se e fique a vontade.

Alcina achou um pouco estranho a mudança de exames, mas seguiu o protocolo e sentou-se no divã aguardando o próximo comando de Ava. Durante a preparação da terapeuta organizando seu computador para fazer os testes, Alexandra preparava uma seringa contendo um líquido levemente verde, e ao prepará-la se aproxima de Alcina para injetar a agulha.

— Não se preocupe, é para relaxar os seus músculos. Se sentirá sonolenta por um curto período de tempo. — Diz Alexandra com uma voz serena.

Alcina fecha os olhos brevemente ao sentir a agulha em seu pescoço, mas logo a sensação de picada passa em questão de segundo, e seu corpo logo ficou dormente tendo o apoio de Alexandra que ajudou a deita-la no divã. Naquele momento Alcina estava se sentindo como se estivesse em uma sessão de hipnose, e estava com um pressentimento ruim.

Ava puxou um banco para sentar-se de frente para Alcina, e Alexandra conectou dois aparelhos com fios em cada lateral em sua cabeça, transmitindo o sistema nervoso de Alcina na tela do computador para análise, incluindo o cerebral.

— Alcina, eu irei colocar alguns perfumes próximo de suas nariz para você sentir o cheiro, e eu quero que você me diga as sensações que você obtiver com isso. É um teste simples para ver como o seu Cadou reage. — Explica Ava aproximado um lenço úmido por uma substância perfumada. — Como se sente com esse cheiro?

Alcina estava com os olhos pesados por causa da injeção, mas ainda conseguia manter seus olhos semicerrados e concentrou-se para decifrar o cheiro que estava sentindo através do lenço. Ela o reconhecia, era um aroma familiar de lavanda, provavelmente de sabão líquido.

— É reconfortante. — Responde Alcina envolvida pelo cheiro do produto para roupas. — Me deixa calma.

— Certo. — Ava recolhe o lenço e o troca por outro úmido com um aroma diferente. — E como se sente em relação a este?

Uma das sobrancelhas de Alcina se arqueia ao ela reconhecer o cheio natural do vinho, mas este parecia ser fabricado na cidade, e não era um dos melhores por causa da marca.

— Não sinto nenhuma sensação.

— Bom. — Ava afasta o lenço para trocá-lo por outro. — E quanto a este?

seu corpo vibra assim que Alcina sentiu o cheiro de Sanguis Virginis um pouco antes da terapeuta deixar o lenço próximo de seu nariz, e agora ela havia entendido o porque daquele exame suspeito. Ava vira a cabeça para o computador percebendo uma mudança drástica nas células de Alcina, principalmente na área onde o Cadou havia sido implantado, logo acima de seu coração. Além disso a temperatura de seu corpo começou a ficar quente, e seus sistema cerebral estava anormal, com uma parte entrando em coma enquanto outra parecia estar desperta.

Os olhos de Alcina tornaram-se amarelos, e um sorriso diabólico brota de seus lábios.

Vocês estão mexendo com o fogo. — Diz com a voz duplicada.

— Alcina? — Ava percebe que a morena não parecia ser ela mesma.

Sua garras começaram a surgir, e mesmo que seu corpo estivesse sob efeito da droga ela estava conseguindo se mover aos poucos e poderia até atacar uma das mulheres presentes. Alexandra já prevendo o que poderia acontecer injeta a seringa em Alcina outra vez em seu pescoço, deixando seu corpo e mente totalmente relaxado. Através do computador Ava notou que todas as células de Alcina voltaram ao normal, e algo que ela percebeu após analisar atentamente o Cadou é que uma de suas raizes estava interligada com o cérebro. Devido ao seu profissionalismo, e de já ter presenciado casos semelhantes em até mesmo pessoas comuns, algumas suspeitas foram levantadas sobre o que poderia estar ocorrendo com o corpo de Alcina e o porque dela parecia virar outra pessoa ao perder o controle.

Com o passar dos minutos Alcina começou a sentir o efeito da droga suavizando, e conseguiu sentar-se no divã sem dificuldade. Mesmo que Alexandra tenha conseguido manter tudo sob controle, Alcina não havia gostado nada do que havia acontecido.

— Lamento se você acabou sentindo-se mal em algum momento, mas esse teste era necessário. — Diz Ava recebendo um olhar de reprovação de Alcina. — Como isso exerceu demais do seu psicológico irei te liberar mais cedo, e prometo enviar os resultados do seu exame até o final da semana. Já pode ir para casa, e recomendo ficar de repouso até o efeito da injeção passar.

— Por que de tudo isso de repente? — Interroga Alcina indignada.

— É por precaução, mas não se preocupe, você terá acesso aos resultados em breve. É um direito seu. — Garante Ava. — Pode ir agora.

"Ela já sabe do nosso segredinho."

O alerta da Lady Dimitrescu deixou Alcina alarmada, e não poderia nem imaginar como Chris reagiria se Ava decidisse contar a ele. Por não suportar a presença das duas sócias da Umbrella, ela deixa a sala com Alexandra a acompanhando até um certo ponto do laboratório, e chegando na área de pesquisas os olhos de Alcina bateram em um cientista que examinava a boneca de Donna.

— Angie. — Alcina sussurra com uma ideia em mente.

— Tudo bem, Alcina? — Pergunta Alexandra achando que a morena havia falado com ela.

— O que aquela boneca está fazendo aqui?

— Chris a trouxe. Estamos realizando testes para saber se nenhum vestígio de Cadou é encontrado na boneca. Ela é sua?

— Sim. — Mente Alcina para que pudesse ter a chance de recuperar o ventríloquo de Donna. — Eu gostaria de pega-la de volta, se me permite?

— Lamento, Alcina, não posso libera-la até que os testes sejam finalizados. — Responde Alexandra não dando nenhuma brexa. — Mas consigo devolvê-la até semana que vem.

Alcina sabia que não poderia perder mais tempo, e até semana que vem Miranda poderia descobrir o paradeiro de Donna antes dela, e que poderia ser um grande risco. Mas Alcina já tinha um plano em mente.

— Certo, obrigada.

Alexandra se despede com um sorriso grato e retorna para a sala onde Ava estava analisando os últimos testes, e Alcina anda cautelosamente pela sala de pesquisas não recebendo tantos olhares dos cientistas por estarem focados em seu trabalho. Uma outra vantagem eram que a dupla de seguranças responsáveis pelo local conversavam entre si e não davam atenção para Alcina. Sorrateiramente, ela se aproximou da mesa do cientista que estava realizando testes em Angie, e a cada passo dado sua adrenalina aumentava. Ela tinha só uma chance. Assim que o cientista levantou-se de sua mesa para buscar outro equipamento localizado na mesa ao lado, o que o fez ficar de costas para a boneca, Alcina esticou seu braço conseguindo pegar Angie e correu em direção ao elevador.

— Ei, você não pode levar isso! — Exclama o cientista ao perceber o roubo tarde demais.

A ação chamou a atenção dos seguranças que quando perceberam já haviam perdido Alcina que entrou no elevador com a boneca em suas mãos. Sabendo que logo o restante do prédio saberia sobre sua atitude, ela desejou que o elevador subisse mais rápido até a recepção, o que durou apenas doze segundos. Saiu às pressas passando pelas pessoas e já recebendo os olhares dos soldados, e tentou manter uma postura como se ela não tivesse cometido nenhum crime.

Chris a aguardava na entrada, e ao perceber que Alcina carregava Angie logo ficou alarmado por não estar esperando por aquela atitude.

— O que você está fazendo com isso? — Ele tenta interrogá-la, mas logo Alcina puxa seu branco discretamente o obrigando a seguir para fora do prédio.

— Depois te explico, vamos embora!

— Alexandra deixou você sair com essa boneca?

— Óbvio que não, por isso roubei.

— Você o que?!

— Chris, só cala a boca e segue o plano!

A dupla escuta uma movimentação vindo logo atrás, e assim que Chris percebeu que eram um grupo de seguranças do laboratório acelerou o passo puxando Alcina consigo até o carro.

Eles conseguiram sair a tempo antes de serem detidos, e Alcina arfava por estar eufórica, e segurava Angie com todas as forças, como se tivesse medo de perdê-la.

— Você pode me explicar agora por que teve essa ideia maluca? — Chris volta a interroga-la enquanto dirigia.

— Podemos usar a boneca para achar a Donna. Confia em mim, pode dar certo.

— Como pretende fazer isso?

— Vou precisar da Rose e do seu notebook.

***

O plano de Alcina possuía uma grande probabilidade de dar certo, apesar de que ele poderia chamar não só a atenção de Donna, mas a de Miranda também. De qualquer forma, eles não tinham outras opções. A ideia era tirar uma foto de Angie e espalhar cartazes pela cidade com um número pra contato a procura do verdadeiro dono da boneca, e se Donna estivesse na região ela poderia encontrá-los através dos cartazes. Rose por entender mais da era tecnológica ficou encarregada de fazer a foto de Angie e montar um cartaz com o número de Chris exposto obtendo um nome falso e com um título chamativo em negrito com a pergunta "Você é o dono dessa boneca?", o que chamaria a atenção das pessoas.

Chris precisou dar uma explicação para Scott sobre a razão de Alcina ter furtado a boneca no laboratório, e quando o diretor soube do plano acabou cedendo essa chance deixando passar, desde que a boneca retornasse para o centro de pesquisas caso o plano fracassasse.

Durante o restante do dia o grupo se espalhou pela cidade espalhando os cartazes pelos postes e portões, e até mesmo Heisenberg aceitou se juntar a tarefa após Chris prometer que compraria um estoque de cerveja para ele se ajudasse na missão, e Karl jamais perderia essa oferta. Com os cartazes espalhados por quase toda a cidade, Chris retornou com Heisenberg em sua camionete, enquanto Alcina estava acompanhada de Rose e estava com seu carro por já fazer um tempo que não o usava.

As próximas horas eram de muita tensão, e a todo instante Chris ficava de olho em seu celular para não perder nenhuma ligação. Alcina encarava Angie que fora deixada sentada no sofá, e Heisenberg desfrutava de uma cerveja gelada parecendo não se importar com o que estava acontecendo, mas era apenas um jeito do lorde lidar com a situação. Rose mexia no notebook compartilhando a foto da boneca em outras redes sociais usando um perfil fake, e também compartilhava emails para obter outros tipos de contato.

— Bom, agora é só aguardar até alguém entrar em contato. — Declara a jovem encerrando suas tarefas. — Qual é o plano se recebermos um telefonema da Donna?

— Você irá atender usando um nome falso, já que você tem mais jeito com isso. — Explica Alcina. — E fará perguntas que possam comprovar de que é a Donna verdadeira no telefone. Não podemos descartar da possibilidade da Miranda se passar por ela.

— Vou avisar meu esquadrão para se preparem caso Donna entre em contato. — Chris se retira da sala por uns instantes enquanto realiza uma ligação para Dion que era seu braço direito.

As próximas horas tornaram-se que quase torturantes, talvez seja pelo motivo de todos estarem vidrados no relógio a cada instante, ansiosas por receberam alguma resposta que até então não chegava. Rose atualizava suas páginas nas redes sociais a cada cinco minutos, e apenas recebia comentários maldosos sobre a aparência de Angie e o quanto ela era macabra. Ao decair da noite Chris ligou a TV para acompanhar as últimas notícias do dia, e manter sua mente focada em outra coisa contendo sua ansiedade, até que próximo das 20:06 da noite seu celular que estava na mesa da cozinha logo ao lado de Rose começa a tocar, sendo a chamada de um desconhecido.

Todos correram até a mesa aguardando Rose atender a chamada, e até mesmo mal respiravam.

— Não esquece de usar sua identidade falsa. — Chris lembra a Rose.

A loira acena com a cabeça e ativa a opção de viva voz para que todos pudessem ouvir a conversa.

— Alô?

Boa noite. — Uma voz feminina extremamente suave e com um tom de volume baixo soa através do aparelho, e Alcina e Karl se entreolham ao reconhecerem a voz de Donna. — Me perdoe pelo horário tarde, mas eu encontrei um cartaz da boneca e gostaria de saber se você é a Violett Pierce?

— Sim, sou eu mesma. — Rose mantém seu nome falso que usou nos cartazes. — Com quem eu falo?

Meu nome é Elen Smith, sou a dona da boneca. — Nitidamente era um nome falso, e Alcina já suspeitava de que Donna poderia fazer isto para manter sua segurança.

— Obrigada por ter entrado em contato comigo, Sra. Smith. — Agradece Rose indo para a segunda fase do plano e ter a certeza de que era realmente Donna ou Miranda. — Para saber se a senhorita de fato é a dona da boneca eu irei lhe fazer algumas perguntas, não tem problema?

Chris balança a cabeça positivamente parabenizando o talento de Rose durante a comunicação.

Claro, não tem problema.

— Eu gostaria de saber qual foi a última vez que você teve contato com a boneca?

A última vez que eu a vi foi quando me mudei do vilarejo em que eu vivia para a cidade. Creio que foi durante a mudança em que eu a perdi.

— É, a boneca foi encontrada no vilarejo aqui da região. — Afirma Rose olhando para Alcina. — Mais uma pergunta, a boneca possui um nome escrito embaixo do sapato no pé esquerdo, poderia me dizer qual é o nome?

Houve um silêncio de dois segundos antes de suposta Donna responder.

Angie não possui nenhum nome em seus sapatos.

Todos ficam chocados pela suspeita Donna saber daquela informação falsa, e tudo indicava de que poderia ser ela ou Miranda, pois não havia ninguém mais que soubesse o nome verdadeiro da boneca.

— C-Certo. Acredito que você possa ser a dona, e eu fico feliz em saber disso. — Continua Rose mantendo seu personagem. — Poderia me passar o seu endereço, ou gostaria de se encontrar em algum ponto da cidade?

— Do jeito que a Donna é antissocial vai preferir ficar em casa. — Sussurra Karl dando seu palpite.

Irei passar meu endereço.

— Não falei? É bicho do mato essa daí. — Acusa Heisenberg.

— Shii! — Alcina bate no ombro do lorde para o mesmo calar a boca.

Rose anota o endereço em um pedaço de papel e passa a informação de que iria entregar a boneca ainda na mesma noite, e com a conversa encerrada ela desliga o celular entregando o endereço para Chris.

— Vamos lá.

Com o chamado do Redfield todos se unem saindo juntos, e Alcina busca Angie no sofá a levando em seus braços. Desta vez a morena preferiu ir com seu carro, um Troller T4 preto, e Rose preferiu ir junto dela. Sem avisar Heisenberg acabou entrando no carro junto delas, o que provocou a revolta de Alcina.

— Nem pensar, saí do meu carro!

— O Chris parece meu pai, eu não tô afim de ir pro fim de mundo com aquele velho rabugento. — Diz Karl se ajeitando no banco de trás.

— Heisenberg, eu juro, se você der um pio durante a viajem inteira...!

— Vai me arremessar pela janela, já sei. Relaxa, Lady Diminuto, não vou pegar no seu pé até a gente chegar. — Promete o Lorde.

— Nem um pio! — Alcina ameaça encarando Heisenberg pelo retrovisor do carro, o assistindo fazer um sinal de "zíper" se fechando em sua boca.

Chris avisa seu esquadrão o local onde eles deveriam encontrá-lo antes de dar a partida na sua camionete seguindo na frente e com Alcina o acompanhando na estrada. Rose manteve Angie em seu colo, e até mesmo a segurava com um certo cuidado enquanto admirava os pequenos detalhes de seu vestido de noiva desbotado. Apesar da aparência diferenciada das outras bonecas que já teve, Rose acabou vendo uma certa beleza peculiar na boneca ventrículo.

***

A nova residência de Donna de fato era no meio do nada, tendo uma distância de meia hora da cidade, localizada em uma região rural. Seguiram por uma estrada de terra cercada por uma floresta de árvores, até que a paisagem das montanhas ficassem mais nítido conforme eles atravessavam a floresta. Um pouco antes de saíram da cidade, Dion havia se juntado a eles com o resto do esquadrão em sua van, e agora os três veículos andavam em fileira rumo ao mesmo destino.

Um portão de madeira bloqueava a passagem assim que eles chegaram ao final da estrada, e Chris já soube que a partir daquele ponto eles teriam que ir a pé, pois a poucos metros de distância a casa de Donna dava para ser vista. Outro fato curioso é que a propriedade tinha um enorme jardim de flores amarelas dando a volta na casa, e uma névoa suspeita encobria o local inteiro.

— Vamos avançar com cautela. — Diz Chris assim que seu esquadrão se juntou. — Não sabemos ainda se é uma armadilha.

— Não. — Ordena Alcina com Angie em seus braços. — Eu vou avançar sozinha, e vocês me esperem aqui até eu dar o sinal. O jardim é contaminado por uma substância das flores que podem lhe causar alucinações. Donna é experiente nisso.

— Não posso te deixar ir sozinha, e se a Miranda estiver lá dentro? — Questiona Chris.

— Nesse caso eu corto a cabeça dela com as minhas garras. — Responde Alcina abrindo o portão sem nenhuma dificuldade. — Você vai ter que confiar em mim.

— Vê se não demora.

— Cinco minutos.

Ela deixa o pessoal para trás atravessando o jardim, e usa seu braço esquerdo para cobrir seu nariz não tendo risco de inspirar o pólen das flores, conseguindo chegar até a entrada do casarão de madeira. Alcina confessou para si mesma que estava um pouco nervosa, e até mesmo com um certo medo em dar de cara com Miranda do outro lado, mas ela não queria recuar por também desejar batalhar com ela outra vez e garantir sua vingança. E se caso fosse de fato Donna que morava ali, seria um dos poucos momentos de felicidade que Alcina iria presenciar em sua vida.

Para anunciar sua chegada inspirou fundo e bateu três vezes na porta, abraçando Angie contra seu peito para não perder sua coragem. Seu coração disparou quando o som de passos veio em direção a porta do outro lado, já causando uma vibração nos olhos de Alcina que estavam quase mudando de cor, e Chris já estava com sua arma apontada na direção da residência com o resto de seu esquadrão, e Rose mal piscava os olhos acompanhando a cena de longe.

A maçaneta girou deixando Alcina paralisada por fração de segundos, até ela ficar cara a cara com a Lorde da casa Beneviento. A mulher de cabelos castanhos escuro usava um coque tradicional, e não havia abandonado seu costume de usar vestidos pretos de aspecto gótico. Seu olho direito estava coberto por um tapa-olho marrom no estilo pirata, supostamente para esconder a cicatriz que o Cadou havia deixado nela. Alcina suspirou emocionada por já saber que era Donna na sua frente, só de ver através do seu olho esquerdo que nunca ousou mentir, e a Beneviento ficou sem palavras ao reencontrar sua irmã.

— Alcina? — Sua voz era doce e frágil, mas sempre foi compreendida.

— Oi, Donna. — Alcina não consegue conter um sorriso de satisfação naquele momento, e até mesmo Donna pareceu que iria chorar a qualquer instante. — Vim lhe devolver uma coisa. — Ela estende a boneca noiva para perto de sua irmã.

— Angie! — As lágrimas eram inevitáveis, e quando Donna abraça Angie contra seu rosto elas rolam pelo seu olho esquerdo, causando até mesmo uma umidade nos próprios olhos de Alcina que ao presenciar aquela cena lembrou-se de suas filhas. Angie era a personificação da filha falecida de Donna, e por isso o amor dela pela boneca era maior do que qualquer coisa. Não importa como, ela sempre daria um jeito de recuperar sua preciosa Angie. — Obrigada, Alcina.

— Você não se importaria se eu lhe desse um abraço?

Donna demonstra um sorriso tímido e permite de Alcina abraçá-la, tornando-se o primeiro contato físico que elas tiveram desde que se conheceram, o que foi até uma surpresa para ambas, considerando que Donna era totalmente introvertida e Alcina nunca considerou permitir que qualquer um de seus irmãos a tocassem. Mas agora era diferente, e até mesmo um precisava do outro para vencer os novos desafios. Ao se afastarem Donna enxuga suas lágrimas e posiciona Angie de um modo confortável em seus braços, bem como se ela fosse um bebê.

— Foi com você que falei no telefone?

— Não. — Responde Alcina um pouco sem graça. — Foi outra pessoa, e por falar nisto não estou sozinha. Alcina sai do campo de visão de Donna, a permitindo de enxergar Chris e Heisenberg acompanhados de um esquadrão de elite e mais uma jovem do outro lado do portão. — Eles estão comigo, não precisa ter medo.

— Aquele é o Heisenberg? — Donna aperta um pouco seu olho para melhorar sua visão.

— Infelizmente. — Rosna Alcina. — Pode permiti-los de entrar?

Com apenas um estelar de dedos, Donna consegue controlar a névoa do seu jardim a dissipando até não sobrar nenhum vestígio do pólen contaminado pelo seu Cadou, e Chris avançou com seus companheiros até ao encontro com as duas mulheres. Rose chegou na frente, e sorriu tímida ao conhecer Donna pessoalmente.

— Creio que foi com você que falei no telefone. — Comenta Donna para Rose. — É Violett seu nome, correto?

— Na verdade, meu nome é Rose. Rose Winters. — A loira se apresenta.

Donna perdeu todas as suas falas ao saber quem era a garota a sua frente, e encarou Alcina totalmente chocada enquanto aguardava alguma explicação.

— É uma longa história. — Alcina se adianta. — Você está com tempo?

— A sorte que eu preparei um chá. Podem entrar.

Por terem recebido o convite da matriarca, todos entram na casa que possui um aspecto rústico antigo, quase semelhante à antiga casa em que Donna viveu no vilarejo. Havia algumas bonecas que a mesma produziu conforme os anos, e elas serviam de decoração tanto na sala quanto na cozinha. Algumas eram feitas de panos, e outras de porcelana, cada uma usando um vestido de babados e chapéus de flores. Donna guiou o grupo até sua mesa redonda que ficava entre a sala e cozinha, e Alcina a ajudou a preparar as xícaras e talheres. Heisenberg logo acomodou-se tirado seu óculos escuro deixando-o pendurado na gola de sua camiseta, e Rose foi a próxima a sentar-se.

— Eu não posso evitar de perguntar, como que você e Rose tornaram-se próximas? — Donna pergunta a Alcina, servindo cada um com seu chá de ervas.

— Foi coincidência do destino. — Alcina se senta defronte a Rose.

— Alcina tá pagando pelos pecados, isso sim. — Diz Karl.

— E eu vou fazer você pagar com a sua cabeça se começar com as gracinhas.

— Pelo visto vocês não mudaram em nada. — Comenta Donna suavemente e tendo um sorriso em seu rosto. — Bem, com exceção de você, Alcina. Você me parece diferente, o que aconteceu durante esses anos?

Alcina precisou contar a mesma história que revelou para Heisenberg, explicando sobre o resgate de Chris; sua perda de memória; o retorno ao vilarejo e de como Miranda planeja usá-la como receptáculo de Eva. Fora alguns detalhes a mais de seu convívio com Chris e Rose. Enquanto os Lordes debatiam na mesa, o esquadrão circulava pela casa garantindo sua segurança, cada um responsável por observar através das janelas e das portas.

— Então você sobreviveu devido a nova evolução do Cadou assim que esteve próximo da morte? — Questiona Donna assim que Alcina terminou de contar sua história.

— Exatamente. Tanto eu quanto Heisenberg ocorreu o mesmo fenômeno, o que deve ter acontecido com você também por estar viva.

— De fato, não há outra explicação. — Donna abraça Angie que estava sentada em seu colo. — Foi apavorante despertar na minha casa e não encontrar Angie comigo. E quando eu soube da morte da Miranda eu fiquei aliviada mas ao mesmo tempo perdida. Não me via mais naquele vilarejo que me causou tanto sofrimento, e então não vi outra alternativa se não pegar o que restou da minha riqueza e vir pra esta parte da região. Dei sorte como costureira e consegui me manter, mas sinto saudade de confeccionar bonecas. Era a minha vida.

— Eu compreendo. Foi difícil pra todos nós.

— Pra Alcina principalmente, desde que ela se tornou um projeto de átomo não consegue mais alcançar as coisas na prateleira de cima. — Debocha Heisenberg.

— Começou. — Alcina revira os olhos por receber um novo apelido do Lorde.

— Confesso que é um pouco estranho de ver você com essa altura, Alcina. Com todo o respeito. — Diz Donna completamente tímida.

— Mudando de assunto, Donna, como está a questão de seus poderes? — Alcina pergunta querendo discutir sobre algo mais importante.

— Fracos, mas ainda consigo dar vida em algumas bonecas, já outras não obtém o mesmo sucesso. — Donna ajeita Angie em seu colo para que ela pudesse visualizar o rosto da sua boneca preferida. — Tenho medo de não conseguir trazer a Angie de volta.

— Você vai conseguir. — Encoraja Alcina.

— Ela de fato ganha vida? Tipo, tem personalidade própria e afins? — Pergunta Rose curiosa.

— Até demais. — Responde Karl no lugar de Donna. — A boneca conseguia ser mais tagarela do que a Alcina quando queria se exibir pra Miranda, e era um verdadeiro capetinha. Com todo respeito, Donna, mas a sua boneca me dava nos nervos as vezes.

— A Angie sempre foi um tanto extrovertida. — Conta Donna voltando a abraçá-la contra seu peito, e Rose estava hipnotizada pelo amor e carinho que a Beneviento demonstrava com sua boneca. — Ela era o meu porta voz, conseguia se comunicar melhor com as pessoas do que eu. E era uma ótima companhia, ainda mais por vivemos em uma casa isolada do vilarejo. A Angie foi minha luz durante aquela época, e ainda fez de tudo para me proteger.

— Sinto muito por ter tido aquele final. — Murmura Rose sentindo-se culpada de alguma maneira.

— Não foi culpa do seu pai, ele apenas queria te proteger. E todos nós não tivemos escolhas, ou era servir a Miranda, ou então morrer. Acredito que a morte teria sido a melhor solução pra mim...

— Jamais repita isso! — Exclama Alcina com a voz firme. — Você merecia uma vida melhor!

Donna jamais imaginaria receber apoio de sua irmã, ou algum ato de carinha. Ela passou anos convivendo com uma Alcina totalmente diferente desta que estava presente no momento, e saber que agora tinha pessoas do seu lado era algo que a deixava com uma sensação de que estava em casa.

— Obrigada, Alcina. — Agradece com outro de seus sorrisos gentis.

Chris escutava a conversa em silêncio, e não queria atrapalhar o momento entre os Lordes, mas por conta do horário e da situação em que se encontravam ele precisava deixá-los informados.

— Não podemos demorar muito. — Diz se aproximando da mesa. — Precisamos voltar o quanto antes.

— Mas agora? — Questiona Donna de coração partido.

— É para a nossa segurança. — Explica Alcina segurando na mão de Donna que pressiona a boneca contra seu peito. — Miranda está a nossa procura, e precisamos te levar para um local mais seguro. Ficará com a gente na cidade.

— Vai ser difícil abandonar essa casa. — Suspira Donna com um semblante de tristeza. — Construí uma parte da minha vida aqui, e sempre me senti bem nessa casa, apesar de eu me incomodar com os corvos no milharal.

— Corvos? — Alcina sente um pressentimento ruim ao saber daquela notícia. — Tem corvos aqui?

— Na verdade nunca teve, mas eles surgiram por volta desta manhã e ainda rondam a casa sem motivo aparente. — Responde Donna de uma maneira inocente.

— Puta merda. — Xinga Karl levantando-se rapidamente da mesa junto de Alcina e ambos vão até as janelas da sala. — Só pode ser ela.

— Então ela sabe que a Donna está aqui. — Afirma Alcina.

— Do que vocês estão falando? — Donna se levanta da mesa completamente confusa com a agitação repentina dos Lordes.

Rose vai até a janela da cozinha que ficava de frente para o milharal, e de cara encontra um corvo com os mesmos olhos de Miranda a encarando do lado de fora logo em cima da cabeça de um espantalho.

— É a Miranda! — Alerta a jovem para o restante do pessoal da casa.

— Precisamos ir agora! — Ordena Chris se dirigindo para a porta da sala, e ao abri-la deparou-se com um licano que pulou em sua direção. — Merda!

Ele usa sua arma a tempo de matar a criatura e fecha a porta para impedir a entrada de outros. Todos ficaram alarmados com o que acabaram de presenciar e então um uivo estridente ecoou em volta da casa, sendo de um outro licano.

— É um bando. — Diz Uivo Noturno. — Miranda deve tê-los enviados, provavelmente estava espionando a gente durante esse tempo todo.

— Precisamos dar um jeito de sair daqui. — Chris espia pela fresta da janela conseguindo ver dois licanos correndo em volta da casa.

Um deles consegue invadir quebrando a janela e pulando sobre ela ficando em frente de Donna, que entrou em desespero e abraçou Angie para protegê-la. Heisenberg manipulou o bule de chá feito de metal com sua mente e arremessou o objeto diretamente na cabeça do licano o fazendo cair no chão. Rose puxa Donna consigo para ajudá-la a contornar o corpo da criatura e ambas se juntam a Alcina e Karl. Mais licanos conseguem invadir a casa quebrando o restante das janelas, e um tiroteio se inicia para combater as criaturas.

— Peguem o carro e vão! — Exclama Chris atirando em um licano que correu em sua direção.

— Pela primeira vez concordo com ele! — Diz Heisenberg saindo da casa primeiro e com o restante do grupo se juntando a ele.

Durante a corrida outro bando de licanos surgiu no jardim preparados para atacá-los, e Alcina libera suas lâminas se colocando na frente dos Lordes para protegê-los e consegue arrancar os membro de dois licanos com seus golpes. Rose não pensou duas vezes e liberou seu poder ao mesmo tempo detendo o resto do bando que sobrou, criando raízes do mutamiceto em seu corpo que se enrolaram no pescoço dos três que sobraram o quebrando em seguida.

Por tanto, outras criaturas começaram a chegar pegando o grupo de surpresa, sendo um bando de samcas que sobrevoavam o céu noturno exibindo suas presas e garras afiadas.

— Tá de sacanagem?! — Exclama Heisenberg não acreditando que Miranda conseguiu manipular as criaturas do castelo para irem atrás de Donna.

— Vão para o carro, eu cuido delas! — Diz Alcina se afastando do grupo.

— Você não vai dar conta delas sozinha!

Alcina vira sua cabeça na direção de Heisenberg, revelando seus olhos amarelos vibrantes e cheios de fúria, o que foi o suficiente para fazer não só ele, mas todos sentirem um calafrio na espinha ao presenciarem aquele olhar.

Você não sabe do que sou capaz. — A voz dela sai duplicada e com um tom ameaçador.

— Acaba com elas, Alci. — Apoia Rose puxando Heisenberg e Donna consigo até o carro da morena.

Karl fez questão de dirigir, Donna apressou-se a ir para o banco detrás, e Rose abriu o porta malas para pegar a espingarda reserva que sempre esteve dentro do carro e logo foi para o banco do passageiro na parte da frente ficando ao lado de Heisenberg.

— Você sabe dirigir? — Questiona a jovem.

— Não, mas eu aprendo. — Responde Karl girando a chave e pisando no acelerador logo de cara. — Apertem os cintos!

— A gente vai morrer. — Ofega Rose imaginando apenas o pior.

Usando a experiência básica de testemunhar Chris dirigindo, Heisenberg tentou manter a calma para na perder o controle, e Rose estava com os olhos arregalados vendo o quão rápido o Lorde dirigia, e ainda mais com o carro balançado violentamente a todo estante pela sua falta de experiência na estrada, mas o importante era eles não baterem em nenhuma árvore.

— Eu quero saber o que a Alcina tem na cabeça de enfrentar as samcas sozinha?! — Questiona Heisenberg com as mãos trêmulas no volante.

— Vai por mim, ela dá conta. — Garante Rose apoiando sua mão direita no teto do carro para conseguir ficar mais parada no banco.

— Para onde vamos? — Pergunta Donna apoiando-se no banco de Rose para também conseguir ficar firme.

— Para a casa do Chris, é seguro lá. — Responde Rose de olho no retrovisor, e seu pânico retornou ao enxergar uma samca se aproximando do carro. — Temos companhia!

— Puta merda! — Heisenberg consegue detectar uma segunda samca voando em sua direção. — Segurem firme!

Ele pisa com mais força no acelerador fazendo o veículo chegar ao seu limite de velocidade, e Rose começou a carregar o cartucho da espingarda para se preparar para o combate. Uma das samcas alcança a lateral esquerda do carro onde Heisenberg estava e tenta quebrar o vidro da janela usando sua cabeça, fazendo o Lorde quase perder o controle, e a criatura voadora repete a ação várias vezes.

— Vai pro inferno, coisa feia! — Karl vira o volante fazendo o carro sair da pista empurrando a samca contra uma árvore, e ele consegue abater a criatura com a manobra e retorna para a pista de terra na mesma velocidade fazendo Donna cair deitada no banco. — Criatura fudida do cacete!

— Me diz que você não arranhou o carro. — Pede Rose temendo por isso.

— Foi só um arranhãozinho. — Mente Heisenberg sabendo que a sua parte lateral do carro além de estar totalmente arranhada ainda ficou com a porta amassada.

— A Alcina vai te matar. — Alerta Rose.

— E qual é a novidade? — O Lorde ri.

— Tem mais delas vindo! — Avisa Donna conseguindo ver um trio de samcas se aproximando do veículo pela sua janela.

— Que merda, achei que a Alcina ia dar conta delas! — Reclama Heisenberg.

— Só continua dirigindo na velocidade máxima! — Diz Rose ficando um pouco alterada.

— Eu to tentando dar o meu máximo, não é como se um milagre fosse cair do céu!

Para a surpresa de todos, Alcina cai em cima do capô do carro cobrindo a visão de Heisenberg com suas asas, fazendo todos gritaram em sintonia por terem se assustado com a cena repentina.

— MAS QUE PORRA É ESSA?! — Exclama Karl espantando por vê-la naquela forma pela primeira vez.

Alcina o encara com uma expressão de ódio, mas deixa passar por ter que lidar com a samca que estava batalhando contra ela. As asas dela voltam a se erguer, e Alcina consegue voar novamente saindo do capô do carro, liberando a visão de todos.

— Asas?! Aquela vadia tem asas?! — Questiona Heisenberg não conseguindo superar a cena tão rápido.

— Heisenberg, para de dar chilique e foca na estrada! — Rose se revolta, e dá o sermão no Lorde antes de abrir a janela da sua porta onde se posicionou com a metade do seu corpo para fora apontando a espingarda para a samca que estava voando perto do carro, e com um único tiro ela consegue acertar a criatura diretamente na cabeça. — Bingo!

Sua cabeça ergueu-se encontrando Alcina voando logo em cima do veículo, e ambas trocam sorrisos por um curto período de tempo antes de outra samca surgir entre as árvores indo na direção da Rose, que logo usou sua espingarda novamente para matá-la. Outra reapareceu em seguida e Alcina a golpeou com suas lâminas, mas a samca se protegeu usando suas próprias garras para contra atacá-la causando um arranhão no braço esquerdo da morena, que logo revidou conseguindo perfurar a garganta da samca com suas lâminas.

Percebendo que Heisenberg não estava manobrando seu carro direito, direcionou-se para baixo voando próxima a janela do motorista.

— Heisenberg, liga o modo automático!

— Fala a minha língua! — Retruca o Lorde.

Alcina bufa com o comentário, mas logo Rose lhe faz esse favor apertando o botão do modo automático no painel de controle, e a partir de então o carro ficou mais estável e Heisenberg não precisaria fazer tanto esforço para manobra-lo. Aproveitando que tudo estava sob controle ele virou-se para Alcina novamente.

— Esse tempo todo você tinha asas dentro do seu corpo? Olha, depois dessa se você tiver um pau escondido também eu não vou ficar surpreso.

Alcina mostra o dedo do meio para o Lorde antes de alcançar voo novamente para cima do veículo, e Karl não conseguiu se conter por ver sua irmã irritada e gargalhou. Nem mesmo Rose conseguiu segurar um sorriso de graça com a reação de Alcina, e se Angie estivesse com vida também iria cair na risada junto de Heisenberg. Finalmente, eles haviam chegado a estrada de asfalto que os levaria para a cidade, e Alcina precisou descer até o teto do carro onde ficou agachada para evitar de cair durante a corrida e suas asas retornaram para dentro do seu corpo, desse modo ninguém iria vê-la daquela forma, apenas achariam estranho uma mulher estar em cima de um carro em movimento sem nenhuma segurança.

Rose instruiu Heisenberg a estacionar o carro assim que eles chegaram a casa de Chris, e todos suspiram de alívio ao pisar em terra firme. Donna estava com seu coque bagunçando por causa de toda a agitação que enfrentaram, mas já estava satisfeita por ter sobrevivido e agora tinha Angie ao seu lado. Alcina pula do veículo e recebe um abraço de Rose.

— Foi incrível te ver lutando contra aquelas coisas em pleno voo. — Elogia a jovem eufórica. — Mandou bem!

— Seus tiros também foram incríveis. — Retribui Alcina não se importando de ter Heisenberg e Donna como telespectadores daquela cena íntima.

— Ei, eu mandei bem na direção, tá?! — Heisenberg abre os braços querendo atenção. — Mereço uns elogios também.

— Você e eu teremos uma conversa lá dentro sobre o estado do meu carro! — Alcina aponta o dedo na direção do Lorde enquanto o fuzila com os olhos.

— E quanto ao esquadrão? — Donna muda o assunto da conversa ao mencionar os amigos de Chris. — Será que eles estão bem?

No exato momento o celular de Alcina que estava no bolso de sua calça vibra, sendo o número do Redfield.

— É o Chris. Alô?

Alcina, é o Lobo. — O colega de Chris se apresenta na linha.

— Cadê o Chris?

Rose já sentiu seu coração apertar com a pergunta de Alcina, e os outros Lordes ficaram mudos aguardando uma resposta que parecia demorar uma eternidade para chegar, e ao vir, foi como uma apunhalada nas costas.

Os licanos nos pegaram de jeito. Chris e Dion estão sendo levados para o hospital da Umbrella.

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