What Could Have Been

By ellebrocca

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Alcina Dimitrescu teve a infelicidade, ou talvez não, de sobreviver após a luta contra Ethan Winters sendo re... More

TEMPORADA 1 - O Corpo
Desconfianças
O Vilarejo
Dentro do Castelo
Primeiro Dia
Seguidas por Sombras
Descobertas
A Queda
Pistas e Suspeitas
Uma Boa Desculpa
A Máscara de Chris
O Plano de Miranda
Uma Verdade Dolorosa
Quem Sou Eu?
Um Recomeço
TEMPORADA 2 - Fragmentada
Alianças
Fuga
No Meio da Noite
Última Chance
Adeus, Rosemary
TEMPORADA 3 - De Volta ao Lar
O Badalar dos Sinos
A Colheita
Donzela
Um Leve Deslize
Incertezas
O Beijo do Dragão
Conexões
Deixe-me Ficar
A Escolha de Rose
A Sua Mercê
Segundas Impressões
Os Bons Filhos A Casa Retornam
Tormenta
Mãe
TEMPORADA 4 - Apresentações
Bela, Daniela e Cassandra
Corra
Conquistas
Pobre Daniela
Profundas Cicatrizes
A Herdeira
Miss D and The Pallboys
A Monarca da Casa Dimitrescu
Mente Estilhaçada
Megamiceto
O Parasita e a Hospedeira
Uma Dádiva
Domínio
O Dansă, Domnișoară?
A Chave

Lado Sombrio

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By ellebrocca

Perdão pelo demora em atualizar, esqueci q eu tinha o wattpad ahahahahaha
Obgg por todos que estão acompanhando aqui, e para compensar já irei preparar mais um capítulo para hoje, pois quero que a fanfic alcance o Spirit (que já se encontra com o início da temporada 4, que será a última).

Por favor, comentem para engajar a história e me motivar s2

Boa leitura!
***

Lado Sombrio
Atordoada por estar sendo seguida a todo momento, Alcina andava às pressas pelo castelo dentro de sua consciência, e os passos de Lady Dimitrescu ficavam cada vez mais altos. Ela havia saído de seus aposentos em busca de algum outro lugar para manter-se afastada da condessa, e pensou que talvez a galeria poderia ser um bom lugar para se proteger.

Não adianta fugir de mim! — A voz de Lady Dimitrescu ecoa pelo salão principal chegando até Alcina.

A morena que já estava no primeiro andar olhou para a escadaria encontrando sua outra versão no topo dela, e começou a correr para o Saguão dos Quatro, já sentindo Lady Dimitrescu cada vez mais por perto pela questão dela ser alta e ter vantagem em se aproximar com rapidez. Adentrando o Saguão encontrou as portas que a levaria para a torre da catedral do castelo, e Alcina simplesmente continuou correndo rápido para conseguir escapar de Lady Dimitrescu.

Atravessou a ponta até se deparar com o local onde Ethan havia lhe apunhalado com a adaga, o que lhe rendeu um certo tremor ao se recordar daquele fatídico dia. Lady Dimitrescu chegou ao local e Alcina usou os bancos da catedral como uma barreira para impedi-la de alcançá-la.

Vai persistir nessa brincadeira infantil de gato e rato? — Questiona a mais alta revoltada em ter que ficar perseguindo sua versão mais baixa pelo castelo.

— Eu te falei pra ficar longe de mim! — Retruca Alcina contornando alguns bancos. — Com esse tamanho todo e você ainda é surda?!

Lady Dimitrescu faz uma careta irritada pelo insulto de sua versão mais baixa, e usando sua força ela apenas arremessa os bancos da catedral contra a parede, deixando Alcina assustada por não ter mais nenhuma barreira entre elas. Tentou correr em direção a entrada, na esperança de conseguir desviar da condessa antes que a mesma conseguisse se virar para pega-la, mas por ser alta tem algumas vantagens ao seu favor e bastou para a Lady apenas estender seu braço conseguindo puxar o pulso de Alcina a fazendo gemer de dor pela força do aperto.

Você não tem medo da morte, não é? — Ameaça Lady Dimitrescu encarando Alcina com um olhar mortal.

— Você não pode me matar, se fizer, você também morre! — Lembra Alcina tentando se soltar da mão enorme da condessa.

De fato, mas eu posso tortura-la. — Lady Dimitrescu deixa seu pulso para enforca-la outra vez, erguendo Alcina para o alto.

Seus pulmões necessitando desesperadamente do oxigênio fazendo com que Alcina usasse seus punhos para golpear o braço da condessa, que pela sua expressão de prazer não parecia nem um pouco estar sentindo os socos. Aquilo era um pesadelo.

Vamos, Alcina, você sabe como se livrar de mim. — Provoca Lady Dimitrescu exibindo seu sorriso diabólico.

— Não! — Ofega sabendo o que a condessa estava se referindo.

A mais alta estava tentando incentiva-lá a libertar suas garras, a colocando em uma situação de perigo na qual ela só tinha uma chance de escapar, e seria ativando suas habilidades. Mas Alcina estava ciente de que quando usava suas garras, ou asas, elas também se libertavam no mundo real, o que explicava o motivo dela ter destruído seu colchão noites atrás por conta de ter usado suas garras em uma tentativa passada de fugir de Lady Dimitrescu.

Use-as, Alcina. Vamos! — A condessa lhe aperta o pescoço com mais força.

Contudo, Alcina resistiu. Ela apertou seus punhos, aguentando firme para não perder o controle, por mais que seus olhos estivessem ficando amarelos como os da Lady, ambos vibrando intensamente. Quando sua visão começou a ficar embaçada e seu corpo molenga por estar perdendo os sentidos, a Lady acabou sofrendo o mesmo efeito que estava causando em Alcina, e então acaba a soltando contra sua vontade a fazendo cair com força no chão. Ambas estavam tontas, mas Alcina era a que mais necessitava se recuperar, e tossia pesadamente enquanto inalava o oxigênio outra vez. Seus pés estavam doloridos por causa da queda, mas por sorte não foram fraturados. Após recuperar-se, Alcina ergue sua cabeça para voltar a encarar sua versão como Lady Dimitrescu, que a olhava com desdém, a reprimindo em silêncio.

— Eu te odeio. — Suspira com remorso em sua voz.

Amélia pensava o oposto de você. — Alfineta a Lady conseguindo atingir o coração de Alcina. Ela se agacha sem precisar encostar seus joelhos no chão evitando de sujar seu vestido, para que pudesse estar mais próxima da morena que permaneceu sentada por estar sentindo seus pés dormentes. — E pensar que ela conseguiu te aceitar, após saber de toda a verdade, e você mesma não consegue fazer isto. É deprimente.

— Não coloque a Amélia no meio dessa história. É covardia.

Covardia é não aceitar quem você é de verdade! Permitindo de deixar vários vermes te controlar, ceder as ideologias de Chris, tratar a filha do homem que acabou com a sua família como se fosse uma das suas filhas! Como você teve a coragem de substituir Bela, Cassandra e Daniela por uma garota como Rosemary?!

— Eu jamais as substituirias! — Alcina deixa uma lágrima escapar. — Minhas meninas sempre serão únicas pra mim! Mas a Rose também recebeu um espaço no meu coração...!

Aquela Winters jamais será a nossa filha! — Lady Dimitrescu exibe suas garras próximo do rosto de Alcina, lhe causando um grande pavor e permitiu que mais lágrimas viessem de uma vez. A condessa se ergue revelando estar enfurecida, deixando suas lâminas perigosamente perto de Alcina. — Rose jamais será digna de ser uma Dimitrescu!

— Ela não é como o pai. — Alcina a defende não permitindo das palavras da Lady a afetarem. — Rose não teve culpa em nada, ela era só um bebê.

Ela iria ser nossa substituta. Ou você acha mesmo que Mãe Miranda iria continuar a considerar você e os nossos irmãos desprezíveis como uma família? Todos nós iríamos ser abandonados, quem sabe até destruídos, e tudo isso porque Rosemary simplesmente existe!

— Rose não pediu por isso! Ela nem mesmo nos culpa pelo nosso passado, ela é compreensível e tem um coração puro.

Você acha mesmo que ela não sente algum respingo de remorso pelo o que somos? — Outra vez Lady Dimitrescu consegue deixar Alcina atordoada com suas inseguranças. — Você é muito ingênua mesmo. Mas alguma hora isso vai mudar, e quando você perceber que todos estão apenas te usando, você virá até mim.

A condessa recolhe suas garras e se retira da torre deixando Alcina para trás, entre conflitos internos consigo mesma. Acreditava de que sua cabeça não iria suportar por tanto tempo se aquilo permanecesse, nem mesmo seu coração estava suportando. Talvez poderia ser questão de tempo, até que ela quebrasse por completo.

***

Rose já havia ido para a escola, e quando Alcina saiu de seu quarto estava sozinha na casa suspeitando de que Chris havia dado carona para a jovem. Bom, ela não estava totalmente sozinha, e se olhasse para qualquer janela encontraria Michael do lado de fora rondando a casa como se fosse um cachorro guarda-costas. Como hábito, Alcina faz sua higiene e passa alguns minutos encarando seu próprio reflexo no espelho, criticando as olheiras abaixo de seus olhos pelas noites seguidas de insônia, e não deixando de julgar sua pele que estava tão branca como gesso. Sua insegurança em questão da aparência sempre a atormentou, e até mesmo chegou a comparar-se com Miranda muitas vezes no passado. Alcina se recordava perfeitamente que sempre se esforçava para ficar bela, usando suas maquiagens constantemente para esconder as "imperfeições" de sua pele, mantendo os cachos de seu cabelo firmes para parecerem com os de uma boneca, e tudo sempre para conseguir agradar Miranda e receber elogios da mesma. Algo que quase nunca acontecia. Apenas recebia elogios e mimos quando Miranda queria algum favor, e Alcina sempre lhe obedecia cegamente, nunca percebendo que estava sendo usada.

"Sua beleza nunca me assustou." as últimas palavras de Amélia não pareciam fazer sentido para Alcina, por mais que ela quisesse acreditar. Mas era difícil aceitá-las sendo que ela se via como um monstro.

Por fim, Alcina consegue ouvir alguém chegando em casa por estar com a porta do banheiro aberta, e sabia que era Chris só pelo barulho de seus sapatos, então foi ao seu encontro.

— Bom dia, Alci. Achei que estivesse dormindo. — Comenta Chris assim que a morena chega na sala.

— Recém acordei.

— Já tomou café? — Chris anda até a cozinha pra conferir se havia algum vestígio de comida consumida.

— Ainda não. — Murmura Alcina sem saber o que iria fazer para seu café da manhã.

— Bem, eu também não. Que tal ir na cafeteria? — Sugere o Redfield voltando para a porta. — Se quiser trocar de roupa posso esperar, não tem problema.

— Tudo bem.

Alcina não se lembra qual fora a última vez em que saiu com Chris ou Rose para ir a algum lugar da cidade para entretenimento, e até mesmo achou estranho o Redfield ter tido essa ideia de repente. Como o dia estava nublado optou por escolher uma calça jeans azul escura com botas de inverno e uma jaqueta preta por cima de sua blusa de alças. Prendeu seus cabelos em um coque tradicional, sempre deixando algumas mexas soltas como na época em que trabalhou de empregada em seu próprio castelo.

"Essas roupas são um desgosto. Além das memórias você acabou perdendo o gosto pra moda?"

Alcina não se deixou abalar pelo insulto da Lady e voltou a ignora-la indo até o encontro de Chris que a aguardava na sala. A dupla seguiu o caminho de carro até a antiga cafeteria onde Alcina trabalhou, e por ser um dia de aspecto chuvoso o movimento estava tranquilo. Assim que entraram na cafeteria especializada em cupcakes, Rubby que estava terminando de anotar os pedidos em uma mesa ocupada por um casal de jovens, abriu um sorriso de orelha a orelha ao ver Alcina chegando com Chris.

— Alci! Que bom te ver de novo! — A garçonete de cabelos ruivos curto lhe abraça com força, conseguindo arrancar um sorriso de Alcina. — Como você está? Você anda muito sumida.

— Muitos compromissos. — Explica Alcina evitando de dar muitos detalhes.

Rubby e Eddie já foram notificados de que Alcina havia recuperado suas memórias, porém uma história diferente foi contada a eles para evitar confusões futuras. Chris preferiu dizer que Alcina era uma antiga moradora da cidade e sofreu um acidente de carro devido a uma tempestade forte de chuva, e acabou perdendo o controle da direção colidindo em uma árvore próximo da estrada. Seu sobrenome também foi mantido em segredo para que não ocorra a catástrofe de Rubby ou Eddie descobrirem a verdade de seu passado, e agora, eles estavam se acostumando em chamá-la pelo seu verdadeiro nome.

— Você anda se cuidando, eu presumo? Chris, é melhor você garantir isto! — Rubby lhe aponto o dedo indicador "ameaçando" o Redfield, mas ele sabia que a mais nova estava sendo irônica.

— Ela está. — Chris aperta o ombro de Alcina recebendo outro sorriso dela, sem perceber que era forçado.

— E como está indo o trabalho aqui? — A morena pergunta.

— Chato sem você, mas estamos indo bem com os clientes.

— Isso é ótimo.

— Deixa eu acompanhá-los até uma mesa.

Rubby optou por deixar a dupla em um lugar ao lado da janela, onde poderiam desfrutar da vista de fora enquanto conversavam e degustar de seu café. Chris fez seus pedidos e Rubby logo se apressou para dá-los a Eddie, que atualmente estava responsável pela cozinha. Ao ficarem a sós, Alcina decidiu ir direto ao ponto.

— Certo, agora pode me falar o que você quer.

— Como assim? — Chris questiona abrindo um sorriso de canto e cruzando seus braços em cima da mesa.

— Você me chamando pra tomar café fora, e ainda pagando a minha parte. Aí tem coisa, desembucha. — Desconfia Alcina.

O Redfield não resiste em dar uma risada baixa, fazendo a morena ter a certeza de que havia algo por trás disso tudo.

— É, você está certa. — Confessa Chris. — Mas não pense que é só por outros assuntos, eu também queria te levar a algum lugar diferente. Faz tempo que não saímos, e se Rose não estivesse na escola ela também estaria aqui. Mas preciso te falar sobre o que ocorrerá essa noite, Claire já deve ter comentando sobre a cerimônia da BSAA em nome dos soldados de elite, eu presumo?

— Ela mencionou, sim. Mas o que eu tenho haver com isso?

— Você já sabe, eu quero que me acompanhe junto da Rose.

— Quer que eu participe de uma festa onde vários soldados que combatem as armas biológicas estarão reunidos em um só lugar? Acho que não. — Alcina recusa de imediato.

— Você não é uma arma, e a sua companhia significa muito. E tem mais, haverá uma reunião com o meu esquadrão, vamos aproveitar que todos estarão presentes na festa e sua presença é essencial.

— Minha presença? — Alcina arqueia uma de suas sobrancelhas. — É algo haver comigo?

Eddie chega com a bandeja dos seus pedidos, interrompendo por um momento a conversa entre ela e Chris.

— Eai, Alci, é bom te ver aqui de novo! — Eddie fica radiante com a presença da morena e distribui os cupcakes no centro da mesa junto dos copos de vidro com a bebida denominada de "Bloody Mary", um tipo de bebida gelada com sabor de frutas vermelhas.

— É bom te ver também, Eddie. — Retribui Alcina. — Como anda o trabalho na cozinha?

— Ah, você sabe, como sou eu sozinho eu tenho que dar conta de tudo. — Eddie tenta fazer charme conseguindo fazendo Alcina quase rir.

— Eddie, para de dar em cima das clientes e vem logo terminar seu serviço! — Exclama Rubby deixando seu colega constrangido.

— O dever me chama.

Com as bochechas vermelhas pelo constrangimento, Eddie se despede retornando para a cozinha e recebendo mais sermões de Rubby. Presenciar aquela cena fez Alcina sentir uma certa nostalgia de quando trabalhava com a dupla meses atrás.

— Como eu estava dizendo... — Chris retorna com o assunto dando mais uma pausa para experimentar sua bebida gelada e então prossegue. — Sua presença na reunião é importante, e sim, ela tem haver com você.

— Sobre o que?

— Infelizmente não posso te falar aqui. — Lamenta Chris. — Por isso que eu preciso que você venha comigo esta noite.

— Chris, tem pessoas que vão estar lá que me desprezam e não consigo me imaginar em um ambiente cercada por soldados de elite da BSAA.

— Eu vou estar com você o tempo todo, eles não podem fazer nada porque eu sou o seu responsável. — Diz Chris com suavidade para conseguir convencer Alcina de ir. — Imagino que você também deva estar incomodada por saber da presença do Willian.

Alcina revira os olhos só por ouvir nome do vice diretor, e parceiro de Scott, da BSAA. Ao contrário do diretor que compreendeu ambos os lados da história e parece confiar bastante em Chris, Willian é totalmente o oposto e carrega uma forte ideologia de que armas biológicas devem ser usadas a favor da organização ou destruídas, e Alcina era um dos principais alvos de Willian desde que foi descoberta.

— Eu não suporto aquele homem. — Suspira a morena bebendo seu Bloddy Mary na intenção de acalmar seus nervos.

— E nem eu, mas não vou deixar que ele te faça nada. Eu e Rose sempre estaremos com você, e não se esqueça da Claire também.

Alcina parecia mais confiante de ir por saber que teria apoio o suficiente, mas também ela não podia descartar o quanto estava ansiosa por saber que tipo de reunião Chris estava se referindo.

— Ok. Eu vou.

— Certo. Agora que estamos resolvidos, preciso saber se tem algum vestido para usar na cerimônia? — Pergunta Chris tendo quase a certeza de que Alcina não tinha esse tipo de vestimenta em seu guarda-roupa.

— Só o que eu usei para o funeral da Emily, mas eu posso encontrar algo nas minhas coisas que possa servir.

"Se você se atrever a usar calças eu juro que rasgo seu rosto quando nos encontrarmos de novo!"

Alcina engole seco com a ameaça de Lady Dimitrescu, e não iria ter coragem para dormir a noite sabendo que iria correr esse grave perigo.

— Nem pensar, é uma festa da elite, todos estarão de vestido e terno. Podemos fazer algumas compras pra você depois do café. — Sugere Chris praticamente decidido.

— Pode ser.

Alcina apenas concordou por temer deixar a condessa mais irada e preferiu apoiar Chris em sua decisão. O restante de sua conversa foi até agradável, e os cupcakes tinham bastante recheio, o que saciou a fome de ambos durante o café. Pela manhã Chris levou Alcina para uma loja de roupas de festa para que ela pudesse comprar algo que fosse do seu agrado e que pudesse se adequar com a cerimônia da elite. No início a morena ficou perdida com a era moderna, visto que estava acostumada a usar roupas da moda dos anos 50 á 90, e após ter ficado tantos anos sem se importar em ser uma mulher chique era difícil escolher algo que pudesse ser de seu agrado. No entanto, após meia hora de indecisão, Alcina encontrou um vestido que conseguiu conquista-la assim que seus olhos o encontraram.

***

Rose terminava de se arrumar em seu quarto, bufando na frente do espelho por estar na quarta tentativa de conseguir colocar seus brincos, não conseguindo atravessa-lo no pequeno buraco em sua orelha. A jovem odiava usar acessórios, e não era uma admiradora de vestidos. Só aceitou usar seu vestido branco por saber que iria receber olhares desnecessários dos soldados se chegasse no prédio usando sua calça jeans com o all star vermelho. A saia de sua vestimenta alcançava até seus joelhos, e as mangas eram longas, e por sua sorte o vestido tinha um decote discreto. Rose ficou grata de ter tido a permissão de Chris para poder usar seus tênis preto, pois não suportaria passar o resto da noite de salto alto.

Sentindo-se derrotada pelos brincos, Rose sai do seu quarto indo para o de Alcina, sabendo que a mesma poderia ajudá-la com a bijuteria.

— Alci, você pode me ajudar com...?

Ao entrar no quarto Rose fica de queixo caído ao ver Alcina usando um vestido prateado que realçava seu corpo volumoso, marcando toda a área de eu busto até a cintura onde a saia era solta e longa cobrindo seus pés. Havia uma abertura em suas costas formando um "V", e o vestido também obtinha mangas longas como o de Rose, com um decote elegante valorizando seus seios. Os cabelos ondulados estavam soltos e escovados para o lado direito, e era a primeira vez que Rose via Alcina usando maquiagem. Além do mais, ela também usava suas luvas rendadas pretas para cobrir seus dedos.

— Cacete. — Arfa a loira não conseguindo descrever o quanto estava admirada em ver Alcina vestida tão elegantemente.

— Exagerei? — Pergunta a morena interpretando a reação de Rose de maneira errada.

— Não! Você tá linda! — Declara conseguindo processar as palavras certas desta vez. — Nunca imaginei te ver dessa maneira. Quer dizer, eu já te vi assim quando eu era bebê, mas... — Rose arregala os olhos ao perceber que estava prestes a tocar em um assunto no qual Alcina não gostava de recordar, e logo se arrepende. — Esquece o que eu disse, só quero que saiba que está linda.

— Você também. — Alcina devolve o elogio fazendo Rose corar. — Quer que eu te ajude com os brincos?

Ao perceber que Rose carregava um par de brincos em suas mãos logo suspeitou de que ela pretendia lhe pedir ajuda, e ao oferecê-la a mesma se aproximou mais lhe entregando os brincos e deixando com que Alcina realizasse a tarefa. Gentilmente a morena encaixou o acessório sem machucar Rose, e sorriu ao ver como a mais nova ficou encantadora com os brincos de pérolas que combinaram com seu vestido. Não resistiu de acariciar o rosto redondo e rosado dela ao terminar de arruma-la, recebendo um sorriso tímido da própria.

— E você, não vai usar nenhum acessório? — Questiona Rose ao perceber que Alcina não usava brincos ou colar.

— Eu to sem opções, mas isso não me faz falta.

— Ah não, se eu sou obrigada a usar essa coisa na orelha você também vai usar algum acessório! — Diz Rose querendo justiça.

A jovem visualizou o quarto de Alcina atentamente até notar o colar de pérolas em cima da cômoda, e reconheceu o emblema da casa Dimitrescu logo de cara. Aproximou-se do móvel pegando o colar com cuidado e ao mesmo tempo tendo receio em danifica-lo de algum modo.

— É seu, né? — Confere Rose. — Lembro de você o usando nas minhas lembranças. Por que não o coloca?

— Não sinto que seja um momento ideal. — Murmura Alcina hesitante.

— Vamos testar. Vira para o espelho.

Alcina cede o pedido de Rose e fica de frente para o espelho de corpo encostado na parede, e observa a jovem pelo reflexo encaixando o colar em seu pescoço. Era como se ela fosse a Lady Dimitrescu outra vez, e esse era um dos motivos de Alcina ter tentando evitar de usar a peça. Rose por outro lado achou que o colar deu um glamour a mais para a mais velha, e nem sequer a comparou com seu "eu" do passado.

— Sabia que iria ficar perfeito em você. — Alcina recebe um segundo elogio de Rose.

Chris chega no quarto dando três batidas na porta para anunciar-se, e trajava um terno preto com sapatos de bico fino. Da mesma maneira que Rose ficou impressionada ao ver Alcina, o Redfield também revelou a mesma reação ao ver as duas mulheres praticamente prontas e estonteantes.

— Vocês estão lindas.

— Eu ainda prefiro minha calça. — Diz Rose com as mãos na cintura.

— Agradeça por pelo menos conseguir usar seus tênis. — Ironiza Chris. — Estão prontas?

— Creio que sim. — Responde Alcina.

— Vamos lá então, já estamos um pouco atrasados.

Com a agilidade de Chris conseguir dirigir rápido não tiveram problemas a mais em questão de atraso, mas a ansiedade bateu para Alcina assim que eles estacionaram ao frente ao prédio da BSAA, sendo recebidos por alguns seguranças. Chris manteve-se no meio das mulheres, encostando suas mãos levemente nas costas de cada uma como uma forma de proteção. Seguiram para o elevador chegando no oitavo andar mais rápido, e quando as portas se abriram depararam-se com um salão de festas próprio da organização e totalmente cheio de agentes da BSAA e até mesmo da Blue Umbrella reunidos; homens trajando ternos que variam das cores preto, branco e cinza. As mulheres, cada uma esbanjava um vestido mais caro que o outro. Aquilo de fato era uma verdadeira festa de elite.

Logo quando o trio adentrou o salão Alcina já sentiu vários olhares sobre si, não sabendo se eram maldosos ou apenas surpresos por a verem presente. Talvez seja os dois motivos. Mas também era de se notar alguns olhares de fascínio de alguns homens pela aparência e corpo de Alcina, um feito que ela sempre causou no sexo oposto, independente do lugar em que estivesse presente.

Entre a multidão uma mulher mais velha e conhecida foi ao encontro do trio, sendo ela Claire, que usava um vestido vermelho longo e justo somente na parte do busto, tendo o resto de seu comprimento solto sem marcar tanto o seu corpo. A irmã mais nova de Chris já poderia ser uma mulher considerada de "idade", mas assim como seu irmão ela conseguiu manter uma boa saúde e garantiu um bom rejuvenescimento em seu rosto, lhe causando a sensação de ter parado de envelhecer aos tingir os 40 anos.

— Achei que você tinha desistido de vir. — Claire cumprimenta Chris primeiro com um beijo na bochecha.

— A possiblidade não passou despercebida por mim, mas por causa da nossa reunião mais tarde era de suma importância estarmos presentes. — A resposta de Chris fez Claire já saber que ele se referia ao assunto de Heisenberg que eles teriam que tratar com Alcina.

— É verdade. — Ela afirma voltando-se para Alcina e Rose. — Vocês estão radiantes! E pelo o que eu percebi a Alci já conseguiu chamar a atenção de muitas pessoas.

— A maioria desejando a minha cabeça, eu suponho. — Murmura Alcina ainda sentindo os olhares dos convidados sobre si.

— As mulheres eu tenho certeza, porque com esses seus dotes até eu iria desejar sua cabeça em uma bandeja. — O comentário de Claire referente ao corpo estrutural de Alcina conseguiu deixá-la mais confortável e até mesmo aumentou sua alto estima.

— Obrigada, Claire.

A Redfield lhe retribui com uma piscadela e logo retorna seu foco para Chris.

— Nos vemos na reunião.

Assim que Claire se distanciou indo até a mesa para servir-se de champanhe e conversar com outros amigos de trabalho, Alcina voltou a ter sua curiosidade lhe consumindo por causa da tal reunião que tanto era comentada.

— Claire também está envolvida na nossa reunião? — Alcina o questiona na expectativa de conseguir mais informações antes da hora.

— Vamos nos misturar primeiro. Rose fique a vontade e qualquer coisa é só me procurar. — Rose assente com a cabeça já pegando seu celular para passar o tempo, e Chris guia Alcina para o centro do salão calmamente na expectativa de chegar até a mesa de bebidas. — Tanto Claire e Michael estão envolvidos, e o resto da minha equipe também. Mas tenta não ficar pensando nisso agora, aproveite a festa enquanto isso, até porque a bebida tá de graça.

Chris pega uma taça já preenchida de champanhe para molhar a garganta, mas Alcina preferiu não consumir nada no momento, ao invés disso passou a observar a decoração do salão e da mesa de petiscos preenchida por diversos tipos de frutos do mar e garrafas de champanhe e vinho espalhadas pela longa mesa. Ava encontra Chris e Alcina enquanto perambulava pelo salão e não poderia deixar de passar para cumprimenta-los.

— Que ótimo vê-los aqui.

— Boa noite, Ava. — Chris a cumprimenta da mesma maneira que sua irmã havia feito momentos atrás. — Como anda as coisas na Umbrella?

— Sempre em processo. O desenvolvimento de uma cura ainda é lento, mas sempre estamos progredindo em algo. E você, Alcina? É bom saber que decidiu se juntar a nós esta noite. — Diz Ava admirando-a em cada detalhe.

— Só vim mais por causa do Chris. E também temos um compromisso daqui a pouco para resolver.

— Compreendo. É a primeira vez que participa de um evento como este?

— Já fiz parte de muitos deles, mas a época era diferente. — Responde Alcina com uma certa saudade da sua vida passada quando ainda era humana, principalmente dos bailes que presenciou e das vezes em que apresentou-se nos palcos com sua banda de jazz.

— Ah, é claro. Você está a mais tempo neste mundo do que nós, creio que teve muitas oportunidades para presenciar algumas eras que se tornaram símbolos para a humanidade.

O assunto fez Chris ter um choque de realidade, pois ele havia se esquecido completamente de que o Cadou havia deixado Alcina com uma grande faixa de imortalidade, e que a mesma deve ter um pouco mais de cem anos. Tendo recordado daquele detalhe o Redfield ingere o resto de seu champanhe de uma vez para lidar bem com aquele fato.

— Bem, eu tive um pouco de sorte, mas passei uma boa parte da minha vida no vilarejo, então deixei de fazer parte da evolução do mundo após ter conhecido Miranda. — Diz Alcina um pouco melancólica.

— A partir de então tornou-se a tão temida Madame Dimitrescu. — O vice diretor da BSAA, Willian, se intromete na conversa causando calafrios em Alcina, e na mesma hora Chris chega para mais perto dela assim que receberam a presença do vice. — Seu passado é tão obscuro quanto pensei, ainda mais depois das pesquisas recentes que recebi sobre você. E é de se surpreender que temos uma mulher como você no nosso ramo. Me diga, o segredo do sucesso de sua família é devido a produção do vinhos? Pelos relatos fiquei sabendo que era a maior fabricante da Europa.

— Era sim. — Responde Alcina não conseguindo disfarçar sua expressão de rancor que tinha pelo vice diretor, e sabia que ele não estava ali para bater um papo civilizado. — Foi um legado passado para várias gerações.

— É um grande negócio, de fato. E até onde eu saiba você foi a última que continuou com a fabricação, e até mesmo fez uma nova substância que melhorou a qualidade do vinho. Tenho muita curiosidade em saber como você o fabricava? Tem alguma fórmula secreta de família?

— Apenas tínhamos mãos ágeis para produzir. — Responde Alcina de uma maneira mais seca, e seu sangue já estava fervendo. Se a conversa permanecesse no mesmo assunto ela não saberia se iria conseguir manter o controle.

— Os Dimitrescu com certeza deve ter uma boa genética para tal talento, e vejo que as mãos não são as únicas coisas que me parecem ágeis. — Willian visualiza o decote de Alcina propositalmente, sendo o suficiente para provocar o dragão adormecido dentro dela pela ousadia do homem. — Aproveitem a noite, e se eu fosse vocês experimentavam as bebidas, elas são de primeira categoria. — Willian abandona sua atenção de Alcina para o Redfield. — Chris.

— Willian. — Ele troca um olhar feroz para o vice antes do próprio dar as costas e se juntar aos líderes da BSAA do outro lado da salão. Percebendo que Alcina havia ficado desconfortável massageou suas costas para aliviar sua tensão. — Ele só quis te provocar, não revida.

— Eu o odeio intensamente. — Sussurra Alcina cruzando seus braços e não evitando de apertar sua pele com os dedos enluvados.

— Ninguém gosta dele, pra falar a verdade. — Compartilha Ava. — Willian sempre foi uma pedra no sapato, e sempre tenta ter posse das armas biológicas. Se Scott não fosse tão cego já teria visto o quão podre aquele homem é.

Um garçom se aproxima trazendo uma bandeja com cinco taças preenchidas por vinho, as oferencendo para o trio. Por estar com uma necessidade de molhar sua garganta, Alcina aceita consumir algo pela primeira vez e pega uma das taças com garçom, e Ava também aceita.

— Alguma hora a ficha pro Scott cai, enquanto isso vamos ter que aturar o Willian mais um pouco. — Chris continua a conversa.

Durante o desenvolvimento do assunto Alcina leva a taça até seus lábios, ingerindo o vinho que até então parecia inofensivo, mas assim que o sabor metálico misturado com a uva ocupou a boca de Alcina todos os músculos de seu corpo paralisou junto a sua respiração. A taça escorregou de seus dedos despedaçando-se no chão, causando um som estridente que chamou a atenção de todos no salão, trazendo seus olhares diretamente para Alcina que teve a saia de seu vestido manchado pelo vinho.

— Alcina?! — Chris ficou alarmado por vê-la naquela situação, e não compreendeu o que havia acontecido. — Alcina, o que foi?

Ela não conseguia respondê-lo. O vinho estava entalando na garganta e da maneira nenhuma ela poderia bebe-lo. Rose atravessou o salão percebendo que Alcina parecia estar precisando de ajuda, e parou a poucos metros de distância ficando ao lado de Claire. Suspeitando de que o vinho poderia ter alguma substância perigosa Chris toma a taça de Ava cheirando o líquido, não conseguindo identificar nada de estranho. Então virou-se para a mesa pegando uma das garrafas para analisar o catálogo, e foi então que compreendeu o comportamento de Alcina assim que leu o título "Sanguis Virginis" na garrafa que fora fabricada no castelo.

— Puta merda! — Chris retorna para Alcina segurando em seus braços e a puxando com firmeza para perto de si tentando evitar dos soldados avançarem. — Alcina, me escuta, você vai ter que engolir. — A morena balança a cabeça e seus dedos apertam o paletó de Chris por sentir seu lado sombrio despertando. O Redfield olhou de relance para o outro lado do salão, encontrando Willian com um sorriso zombeteiro no rosto, e soube que aquilo havia sido alguma armação para fazer Alcina sair do controle, o que explica o motivo dele ter comentado sobre os vinhos Dimitrescu. — Alcina, não tem outro jeito, você vai ter que engolir.

Ela já conseguia sentir seu corpo mudando, um sinal de que a Lady Dimitrescu estava começando a tomar total posse dele, e por não ter escolha foi obrigada a engolir o vinho contendo o sangue de donzela causando o despertar do seu lado sombrio. Suas unhas perfuram suas luvas conseguindo atingir os braços de Chris, lhe arrancando um suspiro de dor por sentir as lâminas dela lhe perfurando através do paletó, e os olhos de Alcina mudam de cor tornando-se amarelos. Um suspiro de prazer escapa de seus lábios ao mesmo tempo que seus olhos reviram revelando a identidade de Lady Dimitrescu.

Humm... Delícia... — A voz de Alcina sai duplicada, como se outro ser estivesse dentro dela. Chris percebe que três soldados começaram a avançar com cautela enfiando suas mãos dentro do jaleco, onde possivelmente suas pistolas estavam escondidas.

— Alcina, ouve a minha voz, tente se controlar. — Murmura Chris segurando com firmeza os ombros de Alcina. — Eu sei que você consegue.

Suas veias ardem pelo desejo insaciável de querer libertar-se e ter mais daquele sangue escorrendo pela sua boca, mas seu lado humano continuou lutando ferozmente para evitar de uma tragédia acontecer, e Alcina consegue conter seu mutamiceto a tempo antes de suas garras se libertarem por completo. As unhas retornam ao tamanho normal deixando Chris aliviado, do mesmo modo que seus olhos recobraram a cor de origem.

— Você... Não vai sair! — Ofega Alcina mantendo os olhos fechados para manter sua concentração.

Chris sabia que ela não estava falando com ele, e Ava também pareceu ter notado que havia algo de errado com Alcina depois de testemunharem com seus próprios olhos. Por sorte, os soldados se afastaram deixando suas armas de lado ao verem que a morena não perdeu o controle, e todos do salão retornaram a conversarem entre si como se nada tivesse acontecido.

Rose e Claire foram até seu encontro por estarem preocupadas com a segurança de Alcina.

— O que aconteceu? — Rose segura na mão da morena percebendo que a ponta de suas luvas estavam rasgadas em cada dedo. — O que tinha no vinho?

— Preciso de ar puro. — Alcina se afasta de todos indo em direção ao elevador, fingindo não importar-se com os olhares dos líderes, principalmente de Willian, a cada passo que ela avançava.

Ela já estava ciente de que não poderia ficar muito tempo sozinha, e que Chris iria buscá-la em seguida, mas precisava pelo menos sentir um pouco de vento em seu rosto. Usou o elevador para subir até o terraço onde não havia ninguém para atormenta-la, e foi satisfatório sentir a correnteza de vento fria em seus cabelos.

"Confesse, você estava louca para consumir o vinho."

— Você quase colocou a gente em perigo! — Exclama Alcina brigando com a voz da Lady Dimitrescu em sua cabeça.

"Eu só estava tentando te dar uma forcinha, e você ainda desperdiçou a oportunidade. Tantos bichos-homens em um único lugar, poderíamos ter tido um belo banquete. Se lembra do delicioso sabor do sangue? Aquelas virgens... Ah, você não sente saudade do gosto delas? Estou me referindo ao sangue, é claro."

A Lady solta uma risada maliciosa provocando ainda mais os instintos selvagens de Alcina.

— Cala a boca.

"Eu sei que você sente. E eu também percebi como o seu corpo reagiu, e temos uma bela chance de aproveitar suas asas agora."

Alcina vira a cabeça para a beirada do prédio, e logo suas costas se arrepiaram só de imaginar a possibilidade dela liberar suas asas e permitir-se voar livremente pela cidade. Porém, era arriscado demais.

— Não posso fazer isso.

"Você quer fazer isso! Vamos, Alcina. Apenas pule."

Ela estava quase convencida de que seguiria adiante, e caminhou sorrateiramente até a beirada do prédio onde avistou os carros em movimento na avenida logo abaixo. A noite estava a chamando, e já podia sentir suas asas despertando por dentro, preparadas para ganhar sua liberdade.

— Alcina?

A morena se afasta rapidamente da beirada ao ouvir a voz de Claire, concentrando-se ao máximo para manter sua respiração controlada.

— Claire?

— Vim ver como você está?

— Bem. Eu estou bem. — Responde rapidamente não querendo que Claire desconfiasse dela. — Chris te enviou?

— O Michel chegou junto do resto do esquadrão, eles estão nos aguardando para a reunião. — Explica Claire. — Vamos?

— Claro.

***

A reunião aconteceria na mesma sala onde Chris havia sido interrogado por Scott a um mês, e todos já estavam presentes aguardando a chegada de Alcina e Claire. Chris fumava um de seus cigarros para conter seu nervosismo, pois sua preocupação era como Alcina iria lidar com o que estava prestes a ser revelado.

Por fim as duas mulheres chegam a sala, recebendo toda a atenção.

— Não trouxeram pelo menos o champanhe pra acompanhar? — Ironiza Claire querendo trazer um clima mais agradável, e isso até que funcionou por alguns segundos, até que todos voltaram a ficar sérios.

— Será que alguém pode contar o motivo dessa bendita reunião? — Alcina cruza os braços já impaciente por ter tanto suspense.

— É melhor você se sentar, Alci. — Sugere Chris apagando seu cigarro no cinzeiro em cima da mesa.

— Desembucha logo, Chris. — Pressiona Alcina.

O Redfield troca olhares com seus companheiros, que já estavam cientes do assunto daquela reunião, e então inspira fundo antes de dar início.

— Durante esses dezesseis anos acreditávamos que você havia sido a única sobrevivente do Cadou. No entanto, descobrimos recentemente que você, e Miranda, não foram as únicas.

— O que?! — A morena fica perplexa com a notícia e olha de Chris para Claire. — Existe outro sobrevivente? Quem?!

Chris inspirou fundo mais uma vez antes de lhe dar a resposta.

— Heisenberg. — Após sua declaração Alcina ficou completamente muda, e parecia estar processando tudo lentamente. O silêncio dela fez com que Chris tivesse a certeza de que precisava continuar. — Ele está vivo, e encontrou uma maneira de se comunicar comigo.

— Heisenberg. — Alcina repete o sobrenome de seu falso irmão com um certo desdém devido ao passado rancoroso ao lado do lorde. — Como ele conseguiu entrar em contato?

— Ele soube que você estava viva através da matéria que saiu em todas as manchetes no início do mês, e desde então ele começou a nos procurar até que conseguiu capturar Michael. — Chris se volta para seu companheiro que estava sentado na mesa. — E usou o celular dele para falar comigo. Isso ocorreu no dia do seu exame.

— Espera, quer dizer que você estava falando com o Heisenberg naquele momento em que eu estava saindo do laboratório?! — Questiona Alcina desacreditada. — Por que você não falou a verdade pra mim?! Você me prometeu não esconder mais nada!

— Eu não ia manter nada em segredo, mas eu precisava entrar em contato com a BSAA primeiro por segurança, até porque poderia ser a Miranda disfarçada. — Explica Chris. — Mas, durante estes dois dias andamos procurando por algumas evidências até descobrir sobre o paradeiro do Heisenberg. Michel, por favor.

O homem que era o segurança de Alcina se ergue ajeitando seus óculos e liga o projetor para que uma série de imagens da busca por Heisenberg foram transmitidas para todos.

— Ao que descobrimos durante esses dois dias, Heisenberg está vivendo na cidade, mais especificamente na zona sul. — Conta Michel controlando as imagens do bairro através do controle em sua mão. — Ainda não sabemos onde fica a residência dele, mas conseguimos pegar as gravações de uma câmera de segurança na rua onde Heisenberg conseguiu me pegar. — Um vídeo mudo começa a produzir na parede, mostrando o momento em que Michel estava falando com Chris no celular e então é atacado por um pedaço de cano de metal que voou em direção a sua cabeça o fazendo desmaiar. Em seguida Karl aparece pegando o celular no chão passando a falar com Chris.

Alcina estudou cada detalhe do homem, reconhecendo seu cabelos longo e bagunçados que batia até os ombros, o queixo quadro e barba mal feita, e como sempre Karl trajava um casaco comprido feito de couro desgastado e um chapéu de borda redonda.

— Ele não mudou nada. — Comenta Alcina tendo a certeza de que era seu irmão.

— Não só a aparência continua a mesma, como ele ainda tem controle dos seus poderes. — Chris não deixa passar despercebido. — O que pode ser um problema pra nós.

— O que vocês conversaram no telefone?

— Ele me garantiu que tem pistas sobre o possível paradeiro da Miranda, e que quer se juntar a nós para combatê-la. Mas há chances de ser uma armadilha. Heisenberg me deu uma semana para entrar em contato lhe dando uma resposta, mas eu também quero uma resposta sua. Sua opinião também importa.

— Por que diz isso?

— Você conviveu com o Heisenberg durante anos, sabe como ele se comporta e a ideologia dele. Acredita de que ele possa realmente se juntar a nós, ou isso pode ser a Miranda querendo nos levar para uma armadilha?

Alcina parou para analisar a situação com cautela, e fez uma segunda observação no vídeo de Heisenberg no beco onde capturou Michel, e ele não parecia ter nenhum traço diferente. De fato, haveria uma possibilidade de ser Miranda, e para Alcina ter a certeza ela necessitava de mais alguma prova.

— Tem a gravação da conversa que vocês tiveram?

— Tenho. — Chris mexe em seu celular e deixa o áudio rodando para que Alcina e o restante do esquadrão pudesse ouvir.

A princípio parecia de fato Karl falando, possuindo os seus três jeitos que deixavam Alcina sempre irritada. Bastou para que a conversa chegasse ao ponto de que Heisenberg interroga Chris, o questionando se ele tinha algum relacionamento com ela, de uma maneira totalmente sem noção, fazendo Alcina revirar os olhos pela audácia do irmão e chegando à uma conclusão.

— É ele. — Suspira totalmente convencida. — Tenho certeza, a Miranda não conseguiria ser tão insuportável e anti ética como o Heisenberg.

— Então devemos trazê-lo para a organização? — Confere Chris.

— Eu sempre detestei o Heisenberg, mas garanto que ele odeia a Miranda tanto quanto nós. Então, acho que vale a pena ver o que ele tem a nos oferecer. — Decide Alcina. — E se ele ousar a brincar com a gente, vou fatia-lo com as minhas lâminas sem pensar duas vezes.

— Então estamos decididos. — Chris leva sua atenção para Claire. — Avise o Scott que tivemos uma decisão, e que a equipe dará início a missão logo pela manhã.

— Eu vou participar. — Diz Alcina fazendo questão de ir junto com Chris até Heisenberg. — Quero ter uma conversa cara a cara com aquele imprestável.

— Desde que você não o fatie antes do interrogatório. — Aceita Chris já estabelecendo uma regra.

Com a reunião feita e tendo a decisão de Alcina que era importante, Chris liga para o celular de Michael por ele estar em posse de Heisenberg, fazendo a ligação na frente de Alcina que aguardava ansiosa. Com poucos segundos de espera Karl entra na linha aceitando a chamada de Chris.

Foi mais rápido do que eu esperava. E então, vai aceitar minha proposta de aliança?

Antes de dar sua resposta final Chris olha para Alcina diretamente, recebendo uma afirmação de cabeça da própria que pareceu ter conseguido escutar a pergunta de Heisenberg.

— Proposta aceita.

Continua...

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