❄️Loretta ❄️
Foi no primeiro dia de aula do ensino médio, em uma manhã de outono, que apareci publicamente como me indetifico, e esse dia se tornou o pior e melhor dia da minha vida.
A academia Spring Day para alunos do ensino, não exigi uniforme. Uma das políticas da escola é a liberdade de expressão, foi com esse discurso que convenci a minha mãe a me pôr nela.
Eu acreditei mesmo que aqui seria o melhor lugar para me conhecer, triste fim eu tive. A escola é dotada de vários cursos extras currilares voltados para artes e esportes, com um dos melhores times de basquete juvenil do país. Dela já saiu de músicos a políticos bem sucedidos.
Mas adolescente é um bicho cruel, ele pode até aceitar as diferenças, mas ele não vai deixar que você esqueça que você é considerado diferente.
A garota que era "menino" no ensino fundamental não poderia deixar de ser a merda de um dos assuntos no primeiro dia de aula, depois de uma publicação idiota feita por algum desocupado.
Estávamos na sala 13, do primeiro pavimento quando a professora que ficou responsável pela nossa turma pediu para começarmos a nos apresentar, foi nesse exato momento que percebi que a turma era bastante eclética, além de indetificar o cheiro de bullying.
A primeira pessoa a se apresentar foi um garoto chamado Alec Lewis que recebeu assobios, palmas e suspiradas de quase toda a turma, vestido em um calça jeans clara e uma camiseta preta simples a qual servirá de plano de fundo para a jaqueta do time segundo a conta que nos expôs mais cedo.
Eu descobriria mais tarde o quão babaca ele é.
Logo depois dele veio uma garota loira, dos olhos azuis, pele muito clara e bochechas rosadas, alem de vestir um jardineira azul com um camisa de maga cumprida amarela, mas que só seria considerada padrão se não fosse chamada de "bailarina baleia" por uma garota intragável que estava sentada perto do Alec, o completo babaca.
Desconfiou que eles sabem quem foi o dono do post de mais cedo, eles foram bajulados demais para ser considerado normal.
O que me irritou além dela ter a chamado assim, quase que em voz alta, foi a professora se fingir de surda e não defender a Aimée Ávila.
As apresentações se seguiram até chegar em uma garota chamada Elouise Fiore, a qual não respondeu a professora depois de vários chamados da mesma. A menina de cabelos ruivos, com sardas fofas no rosto que emoldura os olhos verdes só se apresentou quando um garoto sentado ao seu lado conseguiu tirar a sua atenção do livro que tinha sobre a sua mesa, ela se põe de pé arrumando timidamente sua saia plimçada preta que uma combinação com a parte de cima uma mini jaqueta de alfaiataria.
O menino que conseguiu fazer com que a Elouise passasse menos vergonha se chama Gael Ávila, um loiro que se veste como um senhor vintage com uma jaqueta colege por cima da camisa e calça de alfaiataria, e eu descobri através da postagem ser meio irmão da Aimée, de mães diferentes, ele também é o melhor amigo do Alec o que me fez ficar um pé atrás com o mesmo.
Depois da ruiva se apresentar mais alguns colegas se apresentaram até chegar a minha vez, Loretta Keen, antes Lorenzo Keen, teve que escutar mais uma vez piadas idiotas sem ouvir que qualquer um me defendesse, não que eu precise.
Pela primeira vez estou usando um saia mesmo que cubra mais que a metade da minha perna, um tênis considerado feminino branco e um suéter rosa clarinho.
Pela primeira vez eu me sinto como realmente sou.
Depois de mim veio Mabelle Ricci, uma garota negra com tanta presença que ofuscou todas as ofensas que qualquer um dos riquinhos do fundo pensou em lhe fazer, ela também estava em um dos posts depreciativos.
Seu estilo mostra o quanto ela está cagando e andando para essas pessoas, ela veste uma calça cargo e uma blusão que tem escrito "foda-se a sua opinião" lembrando um grafite em verde.
A última a se apresentar parece ser a líder das rainhas da ofensa que não deixou passar nenhum defeito dentro da sala de aula, seu nome não combina nada com ela, o nome Olivia Monet parece doce e não é o que a garota de cabelos castanhos extremamente lisos parece ser.
A aula depois das apresentações segue um fluxo calmo e até mesmo intediante com esclarecimentos do que vamos ver na aula da professora de literatura e o que vai acontecer com o decorrer do ano letivo.
O sinal toca para o primeiro intervalo, esse que só será apenas um hoje, pois as aulas extras currilares ainda não começaram. Enfim, quando estou saindo da sala para ir até o refeitório sou interceptada por um corpo quase que duas vezes maior que o meu que para bem na minha frente.
Levanto o olhar dando de cara com o Alec que já me fita de volta com o seu maldito ar de superioridade.
— Com licença. — Peço tentando passar, mas ele acompanha o meu paço.
— Eu não sabia que existiam garotos tão pequenos. — Ele sibila como as malditas cobras fazem, acho até que um veneno escorreu.
— E eu não sabia que existia uma ameba tão grande. — Retruco querendo socá-lo, mas sabendo que na primeira tentativa ele me levaria ao chão.
— Você sabe com quem está falando, sem noção?! — Ele quase berra prendendo sua raiva em um quase rosnar, se aproximando de mim quase que enfiando seu próprio rosto no meu.
— Oh! Mas é claro que sei, o novo rosto mais bonito do colégio, o futuro jogador promissor do time e um grande de um babaca. — Dito as primeiras coisas que estavam na postagem sobre ele acrescentando um pouco do meu pensamento.
— Olha aqui...! — Ele tenta retrucar algo, segurando em meu braço, mas é interrompido por um quase empurrão que não veio de mim.
Mabelle aparece do nada, tirando as patas do Alec de cima de mim com uma facilidade assustadora.
— Ei, ei! Não ver que está machucando ela? — A garota de cachos extremamente definidos, que deve ter demorado horas o arrumando, questiona ao poste raivoso em nossa frente.
— Ela? — Alec pergunta me fazendo fechar os olhos para não ver seu rosto odioso e querer arrancá-lo com as minhas próprias mãos.
— Sim, ela! A Loretta é uma menina, uma mulher e se isso te incomoda o problema é completamente seu. Agora, saia da nossa frente, temos que alimentar essas lindas mulheres aqui. — Depois que ela diz isso saí me puxando na direção que fica o refeitório.
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☀️Aimée☀️
Depois de uma aula a qual eu preferia não ter ido, a única coisa que pensei foi em ir comer, então fui direto para o refeitório já com o intuito de pegar algo para comer longe das pessoas, eu não quero ninguém me julgando enquanto como.
Mas como nem tudo é flores antes que se quer eu pensasse em pegar uma bandeja, Olivia Monet juntos a outras garotas pareciam intimidar a nossa colega de turma Elouise, e isso me dá nos nervos.
Vou até elas e sem pensar duas vezes me ponho na frente de Elouise que parecia não conseguir retrucar nada do que aparentemente era dito por essas sanguessugas sem alma.
— Sai da frente baleia, não estamos afim de falar com você. — Olivia late para mim.
— Vocês não veem o quanto estão sendo cruéis? Deixem ela em paz!
— E quem é você para mandar em nós? — Olivia pergunta com sua voz irritante.
— Não sei, talvez a garota que vai te dá um soco nessa sua cara de ratinha se não sair daqui agora?
— Quero ver você tentar! — Olivia diz com a voz mais fina que o normal.
— Hei! Meninas vamos se acalmar? Vocês não querem ser chamadas na diretoria justo no primeiro dia, não é? — Meu meio irmão Gael aparece do nada tentando nos acalmar.
— A culpa não é nossa Gael, essas daí que...
Não termino de escutar o que ela choraminga para o meu meio irmão, tirando Elouise de perto delas. Enquanto saímos as duas de braços dados, ela parecia se acalmar um pouco.
E quando estamos exatamente da porta de saída, que é a mesma porta de entrada que esbarramos em mais duas garotas da nossa turma.
E foi nesse exato momento que o destino pareceu nos juntar.
Elas perguntam se estamos bem, e eu faço o mesmo já que a minha companhia ainda se encontrava meio que se reencontrando dentro de si. Conversamos um pouco no gramado do lado de fora da escola, pois é onde formos, o lugar que se tornaria nosso lugar mais tarde.