What Could Have Been

بواسطة ellebrocca

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Alcina Dimitrescu teve a infelicidade, ou talvez não, de sobreviver após a luta contra Ethan Winters sendo re... المزيد

TEMPORADA 1 - O Corpo
Desconfianças
O Vilarejo
Dentro do Castelo
Seguidas por Sombras
Descobertas
A Queda
Pistas e Suspeitas
Uma Boa Desculpa
A Máscara de Chris
O Plano de Miranda
Uma Verdade Dolorosa
Quem Sou Eu?
Um Recomeço
TEMPORADA 2 - Fragmentada
Lado Sombrio
Alianças
Fuga
No Meio da Noite
Última Chance
Adeus, Rosemary
TEMPORADA 3 - De Volta ao Lar
O Badalar dos Sinos
A Colheita
Donzela
Um Leve Deslize
Incertezas
O Beijo do Dragão
Conexões
Deixe-me Ficar
A Escolha de Rose
A Sua Mercê
Segundas Impressões
Os Bons Filhos A Casa Retornam
Tormenta
Mãe
TEMPORADA 4 - Apresentações
Bela, Daniela e Cassandra
Corra
Conquistas
Pobre Daniela
Profundas Cicatrizes
A Herdeira
Miss D and The Pallboys
A Monarca da Casa Dimitrescu
Mente Estilhaçada
Megamiceto
O Parasita e a Hospedeira
Uma Dádiva
Domínio
O Dansă, Domnișoară?
A Chave

Primeiro Dia

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بواسطة ellebrocca


Esse se tornou um dos meus capítulos favoritos só pelo fato de eu ter precisado jogar Resident Evil Village (pela 3 vez) só para decorar o castelo por inteiro, o que foi desafiador já que a Alcina tirava o meu foco com a sua bela cintura (como já dizia o Duke) hahahahaha

Me esforcei ao máximo para detalhar algumas partes do castelo e manter as altas referências do jogo pra ajudar na experiência com a fanfic.

Uma boa leitura para todos s2

****



Primeiro Dia

Por já estar na metade da manhã o clima havia esquentado, e o sol manteve-se escaldante no céu, tornando a paisagem do vilarejo mais agradável do que em climas nublados. Helena suspira ao chegar em casa, e assim que entra encontra Rose sentada no sofá bebericando uma xícara com café e assistia um canal qualquer na TV, apesar da imagem não estar uma das melhores pela falta de rede na região. O relógio naquele momento marcava 09:31hs, e Rose só percebe a presença de Helena quando a porta da cozinha se fecha.

— Como foi lá? — A loira pergunta ansiosa.

— Eu começo amanhã.

— Sério?! — Rose se levanta do sofá e corre até Helena para abraçá-la. — Parabéns, Hel! — Ao distanciar-se da morena notou que a mesma segurava uma caixa de veludo. — Você já tem um admirador no vilarejo?

— Não. — Ri Helena envergonhada. — Foi um presente de boas-vindas do Duke. Alguma hora você vai conhecê-lo, é um homem muito sábio e generoso.

— Eu posso ver? — Helena lhe entrega a caixa para matar a curiosidade da jovem, e Rose faz a mesma reação que ela teve ao olhar o colar pela primeira vez. — É lindo demais. Isso são pérolas de verdade?

— São. Pertenceu à falecida Lady do castelo, pelo menos foi o que o Duke me contou. Tem muitas coisas sobre aquele lugar que eu preciso descobrir.

— Como é o castelo?

— É maravilhoso.

Helena segue pela cozinha para fazer outra xícara de café e se serve com pão e geleia, enquanto tomava seu café pela segunda vez contou todos os detalhes do castelo para Rose, desde o momento em que atravessou o portão, até mesmo o susto que levou com o corvo, e de sua conversa com Miranda. Também não deixou de comentar sobre Veronica, sua futura colega de trabalho, e do quanto teve uma vontade enorme de socar o rosto da empregada que ficou a provocando até a sua saída.

— Ela tentou mesmo te botar pra correr? — Pergunta Rose sem acreditar.

— Sim, e presumo que ela vai ficar na minha cola até eu desistir. Mal sabe ela com quem está mexendo.

— Hel, se controle enquanto estiver trabalhando lá. A Miranda pareceu gostar de você, então não tenta ser demitida por agredir sua colega de trabalho.

— É óbvio que eu não vou partir pra cima. Veronica parece ser do tipo que late, mas não morde. Não acredito que ela será o maior dos meus problemas. — Comenta Helena confiante. — E há outras garotas trabalhando no castelo também, mas eu não cheguei a conhecê-las, com exceção da Sophie.

— Quem é essa?

— Uma empregada que fechou a porta na minha cara assim que eu cheguei.

— O que? Por que ela fez isso?

— Eu também não sei. — Helena encarou seu próprio reflexo em seu café, enquanto tentava encontrar alguma coisa que tenha lógica na atitude de Sophie. — Ela parece ter se assustado comigo. A senhorita Margaret a chamou de desajeitada, mas não sei o que pensar da Sophie. Vou tentar conhecê-la melhor amanhã, isso se ela não bater com a porta na minha cara de novo.

Como Helena fez seu comentário em tom irônico Rose acabou rindo, mas logo voltou a ficar séria.

— Olha, por mais que eu esteja feliz por ter conseguido o emprego, tente evitar problemas com a Veronica, e tenha cuidado com as outras garotas. Você não sabe qual será a intensão delas com você.

— Eu tenho bastante experiência com isso, então eu vou me virar lá dentro. Não se preocupe comigo. — Helena aperta a bochecha de Rose, conseguindo fazer a mesma sorrir. — E como foi o seu dia? Dormiu bem?

— Mais ou menos, eu tive um sonho estranho. — Murmura Rose mostrando que ainda estava cansada. — Eu sonhei com os meus pais.

— Deveria ser um sonho bom, não?

— Deveria, mas... Eu sonhei que eles estavam brigando. Por causa de mim. — Rose fez uma pausa, e Helena percebeu que seu olhar carregava culpa. — Eu realmente não entendi esse sonho, mas foi muito real.

— Foi só um sonho. — Afirma a morena querendo acalmar a mais jovem. — Seus pais te amaram até o fim, pode ter certeza disso. — O celular de Helena vibra em seu bolso, e ao pega-lo deixa a xícara de lado. — É o Chris. — Diz a Rose antes de atender. — Oi!

Eai! Conseguiu o emprego?

— Consegui. Eu começo amanhã. — Responde alegre.

— Que ótima notícia, sabia que ia conseguir. Como estão as coisas por aí? Concluiu a mudança?

— Estamos bem, e a maior parte das coisas já foram desempacotadas.

E a Rose? Ela foi para a escola?

Eer... Não.

Helena...

Ela vai ir amanhã sem falta, prometo. — Interrompe Helena antes de receber qualquer sermão de Chris. — É que ontem foi uma correria, e essa manhã também foi tudo às pressas, a tarde a gente vai se organizar melhor.

Faça isso, por favor. Não quero os professores da Rose no meu pé depois.

Como se eles se importassem. — Sussurra Rose ouvindo Chris do outro lado da linha.

— E como está indo a missão? — Helena se levanta levando seus talheres para pia com uma das mãos livres.

Exaustiva, mas estamos avançando. Talvez aja uma chance de eu poder vê-las semana que vem, ter uma folga com vocês. Assim você poderia me falar como está sendo sua experiência de morar sozinha, ou quase. — Chris se refere a Rose.

— Seria ótimo. Podemos até marcar aquele churrasco.

Vou estar por vocês, desde que tenha a minha cerveja.

É claro. — Gargalha Helena. — Eu verei com a minha chefe qual será o dia da minha folga, então nessa data eu e Rose voltamos para a cidade pra gente se encontrar.

Perfeito. Me dê notícias depois. Bom trabalho, Hel.

Você também.

Ao desligar seu celular Helena lava os talheres que usou e aproveita o dia para terminar de arrumar algumas coisas que faltava, como organizar seus livros nas prateleiras de sua sala e quarto, e também guardar suas armas no depósito, que a princípio precisava de uma faxina por causa de poeira acumulada e caixas velhas ocupando espaço. A escopeta que Rose adorava usar em seus treinamentos, mais o rifle de caça de Chris, foram penduradas na parede do depósito. As caixas de munições foram guardadas dentro de duas gavetas de madeira da pequena mesa velha que estava no mesmo local. Helena pensou em não deixar sua pistola no depósito, e sim dentro de sua casa para casos de emergências, e também por ser uma arma de porte pequeno. Além das armas, Chris havia lhe deixado um facão e duas adagas, e esses foram deixados no depósito também.

O resto da tarde as garotas se programaram para o dia seguinte. Helena havia descido a montanha até a estrada para conhecer o local, e descobriu uma parada de ônibus alguns metros próximo da avenida principal que levava para a cidade. Rose poderia pegar o ônibus pra ir a escola durante o resto da semana, e só precisaria descobrir os horários. Bastou um telefone para a rodoviária da cidade e Helena conseguiu saber o horário certo que o ônibus passaria pela estrada durante a manhã, e infelizmente, Rose teria que se adaptar a acordar uma hora antes do que era acostumada, pois como o vilarejo era a meia hora da parada ela teria que fazer uma longa caminhada.

Por esse motivo, Rose foi deitar mais cedo quando a noite caiu, trazendo consigo uma brisa congelante. Helena se aconchegou em suas cobertas e aproveitou para fazer uma leitura antes de dormir. Pegou um de seus livros favoritos, um clássico da obra de William Shakespeare, o aclamado Hamlet. Helena sempre gostou de coisas clássicas e antigas como livros, músicas e até mesmo tinha um certo interesse em vestidos de baile apesar de nunca ter usado um por considerar que estava em uma era muito moderna para usar tais vestimentas. Mas no fundo, ela sentia-se uma mulher de época por causa de seus gostos. Isto era um pouco do que sobrou de sua essência após seu acidente, assim como seu talento em tocar piano e até cantar. Helena não sabia como, mas nunca foi difícil para ela tocar alguns instrumentos e cantar certas canções. Havia uma melodia em que ela sabia de cabeça, e costumava canta-la para Rose quando a mesma era mais nova, pois sempre a ajudava dormir mais rápido. Era uma música sem letra, e que Helena tinha quase certeza que era tocada por dois instrumentos; o piano e o violino. Talvez fosse uma lembrança de seu passado, a única em que ela se recordava, e por saber da melodia imaginou que poderia ser pela razão da música ter feito grande parte de sua vida passada.

***

Uma nova manhã. Uma nova jornada. Apesar do dia outra vez desafiar as pessoas do vilarejo com seu frio intenso, Rose teve coragem suficiente para levantar da cama e vestir roupas quentes antes de pegar seu ônibus. Arrumou seus cadernos dentro de sua mochila e pôs sua touca preta e um cachecol da mesma cor. Assim que saiu do quarto encontrou-se com Helena descendo as escadas também agasalhada com roupas semelhantes a ela.

Ambas fizeram companhia uma para a outra no café, e mesmo que Helena demonstrasse estar confiante para o seu primeiro dia no castelo, por dentro estava completamente nervosa, mas empolgada. Rose ficava atenta ao horário, até que em um momento específico ela despediu-se de Helena dando-lhe um beijo na bochecha e saiu da cabana pegando a trilha da floresta até a estrada. O sol não estava totalmente visível, o que deixava o clima com o aspecto de ainda ser início da noite. Apenas quinze minutos depois de Rose ter saído foi que os primeiros raios solares começaram a marcar presença naquela manhã, e bem a tempo de Helena deixar a cabana e ir direto para o castelo.

Saiu adiantada outra vez, não queria correr o risco de se atrasar logo no primeiro dia de trabalho e deixar com que Veronica zombasse dela por esse erro. Adentrou a propriedade de cabeça erguida e com bastante determinação, e ao chegar na entrada do castelo não encontrou a carroça de Duke, que lhe fez uma certa falta. Queria ter uma pequena conversa com ele apenas para animar seu dia, apreciava a auto estima do comerciante. Mas teria que deixar isso de lado e seguir seu caminho. Apertou a campainha ouvindo novamente o som de sinos cintilando, e desejou com força de que Veronica ou Sophie não atendessem a porta desta vez, e parece que suas preces foram ouvidas, já que Margaret surge a sua frente abrindo as portas para ela. A supervisora usava as mesmas roupas do dia anterior, e desta vez estava usando óculos de grau arredondados.

— Que milagre, você não correu. — Margaret imaginava que Helena fosse fugir por saber da má fama do castelo, mas ela demonstrou-se estar totalmente disposta a encarar os desafios. — Me acompanhe, irei lhe entregar seu uniforme e te apresentar o castelo.

Helena seguiu a supervisora em silêncio, e desta vez elas foram um pouco mais além, passando pelo salão do lustre onde havia uma enorme lareira com poltronas de couro e uma pequena mesa para o chá, sem mencionar a escadaria curva que levava ao andar de cima. Cruzaram o grande salão até entrarem por outra porta dupla chegando ao que parece ser a sala de jantar, só pela enorme mesa retangular ocupando todo o centro do local. Em cima da mesa estava o uniforme dobrado que Helena usaria, e Margaret o entrega em mãos.

— Logo naquela porta é o banheiro particular do salão, você poderá se vestir lá dentro e pegar um dos sapatos dentro do armário. Irei aguardá-la aqui para que façamos um tour pelo castelo.

Helena pega suas novas vestimentas e vai em direção a uma pequena porta no canto direito da sala de jantar, e de fato era um banheiro pequeno para convidados. Se apressou em tirar suas roupas pesadas ficando apenas com suas peças íntimas, e ao pegar seu uniforme percebeu que era o mesmo que Veronica usava. Achou curioso o fato das garotas usarem esse tipo de vestimenta para o trabalho, mas não ficou pensando demais para não se atrasar. Junto do vestido havia meias longas que iam até metade de suas coxas e uma cinta-liga para usar por baixo do uniforme que ajudaria manter as meias em suas pernas. O vestido era longo, com mangas que cobriam seu braço inteiro e a saia alcançava até seu tornozelo. Helena prendeu seu cabelo em um coque um pouco frouxo e abriu o armário abaixo da pia onde havia alguns pares de sapato para as empregadas e por sorte encontrou um de seu número.

Ao calça-lo encarou sua imagem no pequeno espelho do banheiro para ter a certeza de que estava bem arrumada, e inspirou fundo dobrando suas próprias roupas antes de sair do banheiro.

— O uniforme não está apertado? — Pergunta Margaret avaliando as vestimentas de Helena.

— Coube perfeitamente. Mas eu fiquei curiosa pelo uniforme ser inspirado no século 19.

— É a tradição do castelo Dimitrescu. — Conta Margaret ajeitando seus óculos antes de prosseguir. — Todas as empregadas devem usar as mesmas vestimentas até o final do expediente, e é obrigação de cada uma manter o uniforme sempre limpo e decente para os dias de trabalho. Vamos começar o tour pela parte de baixo, vou lhe dizer as regras e explicar suas tarefas, e antes de eu lhe apresentar as meninas vamos guardar suas roupas no Provador dedicado às empregadas do castelo.

— Entendi.

Margaret contorna a mesa indo em direção a mais outra porta dupla do castelo, que levava ao pátio interior, uma área bem aberta sem qualquer tipo de telhado para cobrir dando liberdade para as moças aproveitarem a luz do dia. Sem parar a caminhada, Margaret começou a lhe dizer os nomes de cada cômodo do castelo como se fosse uma guia de turismo.

— Este é o Pátio central do castelo, e você pode chegar aqui usando uma das quatro entradas. Nós acabamos de entrar por uma delas. A direita fica a nossa Casa de Ópera, todas as empregadas têm permissão para entrar lá dentro, mas são proibidas de ter acesso a galeria de arte. — Explica Margaret mantendo uma voz grave e bem intensa. — A esquerda fica a escadaria que leva ao antigo aposento da falecida Dimitrescu, o acesso lá também é permitido. A nossa frente fica o estábulo, temos ao todo quatro cavalos e algumas galinhas. Mas você não precisará lidar com aquela parte, nosso jardineiro é o responsável por cuidar dela. Uma outra hora você irá conhecê-lo, mas lembre-se, nada de flertar com ele. Caso contrário terá sérios problemas comigo e com Mãe Miranda.

Helena contrai os lábios sem Margaret perceber, a última coisa que ela desejava era flertar com o jardineiro. Na verdade, seria impossível disso acontecer. A supervisora dá a volta no pátio retornando na direção da sala de jantar, com Helena a acompanhando ainda sem fazer nenhuma pergunta. Passando pela sala elas retornam ao salão principal que continha o lustre e a escadaria.

— Este é o Salão Principal do castelo Dimitrescu, e mais à frente é o Salão dos Quatro. Uma clara referência a estátuas dos quatro anjos. — Vamos subir e ir para o Provador, onde você poderá deixar suas roupas e acessórios. — Ambas sobem a escadaria, e Helena aproveitou para dar uma rápida espiada na parte de baixo, tendo uma linda vista do salão no topo da escadaria. Era impossível não se sentir em um filme de reis e rainhas. Margaret segue em frente a uma porta que continha o símbolo de rosas com as duas espadas cravadas em marfim, e Helena lembrou-se na hora do colar que ganhou do Duke, contendo o mesmo emblema da família Dimitrescu. — Aqui dentro é o Quarto de Vinhos, eles são fabricados agora pela Mãe Miranda, e a cada três dias duas empregadas devem repor as novas garrafas nas estantes, mas isso ficará para outro dia, você terá uma colega para ajudá-la na tarefa. Vamos para o Provador.

Margaret segue pelo corredor à esquerda abrindo uma porta branca com detalhes em dourado, e Helena fica admirada por se ver em um corredor iluminado por candelabros dourados nas paredes iluminando todo o ambiente, e os armários eram todos brancos com os mesmos detalhes da porta. Haviam bancos com almofadas formando uma fileira no centro do corredor, e todos os armários possuíam trancas. Margaret tira uma chave no bolso de seu vestido a entregando para Helena.

— Seu armário é o terceiro da esquerda.

Seguindo a informação da supervisora, Helena atravessa o corredor até seu novo armário e o destranca, podendo deixar suas roupas em um lugar seguro e mais apropriado. Como seu avental também possuía um pequeno bolso seria perfeito para deixar sua chave nele até o final de seu trabalho. Novamente Margaret a conduz pelo castelo para lhe mostrar o resto dos quartos. Os próximos locais apresentados foram a cozinha, os quartos de hóspedes no andar de cima e embaixo e a biblioteca que ficava na Casa de Ópera. Quando retornam ao Salão Principal foi o momento para Margaret passar as outras regras do castelo.

— Agora que você já conhece uma boa parte do castelo, vou passar algumas normas que você precisará cumprir, para o bem de seu trabalho e sua segurança. — Margaret para logo embaixo do lustre, e Helena faz a mesma coisa ficando alguns metros de distância da supervisora. — Além da galeria de arte, é extremamente proibido entrar no antigo quarto da Condessa que fica no final do corredor a direta do Salão dos Quatro. O telhado é outra ala proibida para qualquer funcionário do castelo, até mesmo eu não tenho permissão de subir. E por último e não menos importante, o calabouço do castelo é a última ala proibida, e é a mais perigosa de todas. Para a segurança das empregadas o único jeito de chegar ao calabouço é pelo elevador, mas ele está fora de uso justamente para evitar problemas. Mas eu prefiro reforçar isso, pois já tivemos problemas com funcionárias antigas que decidiram se aventurar lá embaixo e saíram gravemente feridas.

— O que há no calabouço?

— Certas perguntas devem ser evitadas, senhorita Redfield. O castelo não é para curiosos, então sugiro que não perca seu tempo em descobrir.

— Me desculpe, senhorita Margaret. — Murmura Helena engolindo seco.

— Agora que você sabe o básico, lhe apresentarei as garotas. — Margaret se aproxima da lareira, onde havia um cabo conectado a um sino médio, no qual a supervisora puxou de um lado para o outro com uma certa violência e rapidez fazendo um som de badaladas soar por boa parte do castelo. Em menos de um minuto, seis empregadas surgiram por cantos diferentes pelo salão, todas elas formando uma fileira uma do lado da outra de frente para Margaret. Duas delas Helena já havia reconhecido, a mais baixa e albina que havia batido a porta na cara dela na manhã anterior, Sophie. Enquanto a segunda de cabelos castanhos acobreados seria seu futuro pesadelo, Veronica. Todas elas mantiveram a mesma postura ereta, com os braços para trás e olhos focados em sua supervisora.

— Garotas, essa será sua nova colega de trabalho, Helena Redfield. — Margaret estende seu braço apresentando-a para as empregadas. Sophie exibia uma reação de tremor e mal conseguia olhar para Helena, enquanto Veronica a encarava enojada. — Ela é uma ex moradora da cidade e ocupará o lugar da Valentina, que infelizmente nos deixou por motivos pessoais.

— Ela deixou o castelo para ser empregada do hospício depois dos fortes delírios que ela teve. — Zomba uma empregada ruiva que estava ao lado direito de Veronica.

Duas empregadas que estavam ao seu lado riem da piada que notavelmente era de mau gosto, mas logo Margaret as repreende.

— Eu não vou tolerar piadas sobre suas antigas colegas, senhorita Nicole. Feche a boca se não for para falar algo inteligente.

— Me perdoe, senhorita Margaret. — Murmura Nicole, mas sua expressão não apresentava arrependimento.

Helena teve uma leve impressão de que Nicole e Veronica fossem cúmplices, apenas em observar sua expressão corporal e da troca de olhares que uma fazia com a outra. Ao lado esquerdo de Veronica havia uma garota quase da sua altura, com cabelos castanhos escuros assim como seus olhos, seguindo de Sophie que era incrivelmente baixa se comparando com as outras meninas. Do outro lado de Sophie havia uma jovem com cabelos crespos, e seus olhos eram âmbares dando um grande destaque a sua pele escura. Na ponta, talvez poderia ser a garota mais alta que Helena já havia conhecido, a empregada poderia ter cerca de 1,83 de altura a diferenciando das outras garotas. Os cabelos eram de um tom de loiro mais dourado, seus olhos verdes conseguiram deixar Helena hipnotizada, por terem uma semelhança com a cor de hortelã. A empregada alta também fitava Helena, mostrando curiosidade e uma certa fascinação. Obviamente Helena não conseguiu manter contato com a empregada alta por muito tempo se não ficaria vermelha que nem um tomate maduro e pagaria uma grande vergonha na frente das garotas.

— Todas vocês podem retornam para suas tarefas, e não preciso lembrá-las de manter um relacionamento saudável com sua nova colega de trabalho, não é? — Margaret encara todas severamente deixando-as com os músculos tensos. — Dispensadas.

Da mesma maneira que chegaram ao Salão Principal, as empregadas pegaram o mesmo caminho para retornar a ala em que estavam realizando seu trabalho, deixando Helena a sós com a supervisora novamente.

— Vamos até o depósito da cozinha, lá você encontrará tudo de que precisa para a limpeza.

Margaret toma liderança com Helena a acompanhando novamente. Desta vez a morena não estava mais tão perdida, já havia conhecido uma boa parte do castelo e agora sabia onde ficava os produtos para limpeza e recebeu as ordens da supervisora de onde deveria começar seu trabalho. Helena teria que polir todos os vasos do Salão dos Quatro, Principal e do Saguão de Entrada do castelo. Ao terminar a primeira tarefa ela poderia seguir para o segundo andar e fazer a mesma coisa nos vasos de cada quarto.

Com um borrifador e três panos, dois estando dobrados no bolso de seu avental, Helena começou pelo Salão principal por ser mais perto, e poliu os quatro vasos grandes localizados em cada canto do local. Ao terminar seguiu para o Salão dos Quatro, onde não demorou muito por ter somente dois vasos. Finalizando-os pegou o corredor que a levaria até o Saguão de Entrada, se deslumbrando com a grande pintura das três irmãs que ocupava quase a parede inteira. Precisou se esforçar para não perder-se na pintura, e começou a polir o vaso próximo a porta, borrifando-o de cima a baixo e passando o terceiro pano finalizando seu serviço. Apesar de estar ciente de que teria que contatar sua supervisora para receber sua segunda tarefa, Helena aproximou-se da pintura que tanto chamava sua atenção. Abaixo dela estava uma pequena mesinha com um memorial contendo o nome da arte com a seguinte frase; "As três — Bela, Cassandra e Daniela".

— São lindas, não são?

Helena se vira rapidamente para a empregada alta que estava parada no meio da porta do corredor, mas não respondeu de imediato. Apesar da loira não lhe parecer ameaçadora, Helena precisa ter o senso de que não podia confiar em qualquer uma das garotas, e não sabia qual era a intenção da empregada presente. Contudo, pensou em deixar a conversa fluir pra ter a certeza de que podia confiar na sua colega de trabalho.

— Quem são elas?

— São as irmãs Dimitrescu. — A empregada se aproxima com suavidade para não deixar que Helena se sentisse ameaçada, e então se junta a ela para admirar a pintura. — Filhas da Condessa, e apesar de belas são garotas com uma péssima fama. Assim como a mãe.

— O que aconteceu com elas? — Pergunta Helena sem desviar seu olhar da pintura.

— As três morreram, no mesmo período que a Condessa.

— Tão jovens. — Sussurra Helena com um certo abalo em seu peito, apesar de não conhecer nada sobre a história do castelo, descobrir sobre aquele pequeno fato mexeu com seu coração.

— Me desculpe por não me apresentar. — A empregada consegue obter a atenção da morena e lhe estende a mão para um futuro cumprimento. — Meu nome é Amélia, mas pode me chamar de Mel, se quiser.

A voz dela era doce, e ao mesmo tempo empoderada. Educadamente Helena a cumprimenta, sentindo um choque quente percorrer seu corpo ao tocar a mão de Amélia.

— Eu... Sou a Hel...

— Helena Redfield. — Sorri Amélia. — A Margaret nos disse no Salão Principal.

— É mesmo, como eu pude esquecer? — Helena sentiu um certo constrangimento e acabou rindo de si mesma, fazendo o sorriso de sua colega aumentar. — É um prazer conhecê-la. Sinceramente, de início achei que você era como a Veronica.

— Para a sua sorte eu não sou, e que bom que eu te encontrei antes dela. A Veronica gosta de pregar peças nas novatas logo no primeiro dia. — Alerta Amélia. — Mas também estou aqui para avisa-la de que o almoço está pronto.

— As empregadas almoçam no castelo?

— Podemos sair para almoçar em casa, mas como temos apenas uma hora e meia de intervalo as garotas preferem almoçar aqui, e a Mãe Miranda providência todo o estoque de comida para a gente. — Explica Amélia mostrando-se disposta em ajudar Helena a entender melhor o trabalho no castelo. — E então? Quer comer alguma coisa?

— Com toda a certeza.

Ambas trocam olhares e sorrisos enquanto pegavam o caminho do corredor até chegar ao Salão dos Quatro e subir os degraus para o Salão Principal o atravessando até finalmente chegarem a sala da jantar e já tendo acesso a cozinha que estava com suas portas abertas. A empregada de cabelos crespos era a responsável por estar fazendo o almoço das garotas naquele dia, e Sophie a ajudava ajeitando os pratos e talheres. Veronica estava sentada em cima do balcão com as pernas cruzadas linchando suas unhas e encarou Helena com desprezo assim que ela entrou com Amélia. Nicole e a outra empregada de cabelos castanhos estavam acompanhando Veronica, fazendo a teoria de Helena sobre ela ter aliadas se concretizar.

— Olha só, a Amélia teve pena da forasteira e decidiu fazer uma "amizade de caridade". — Zomba Veronica fazendo suas duas parcerias rirem.

— Veronica, não começa. — A empregada que mexia a massa na panela se manifesta contra as ofensas de sua colega. — Agora não é hora para brigas.

— Eu só estou dizendo o óbvio, tem algo de errado em dar a minha opinião? — Veronica se faz de vítima.

— Mais errado do que a sua opinião, só a sua existência mesmo. — Alfineta Amélia não baixando a cabeça para sua colega, e Helena ficou feliz por dentro ao saber que não era a única que odiava Veronica.

— Meninas, por favor! — A outra empregada pede outra vez que suas colegas não briguem. — Está na hora do almoço, tenham um pouco de juízo. Venham se servir, temos muito trabalho ainda para fazer.

Em silêncio, cada uma pega seu prato e se serve do espaguete feito por sua colega, e Amélia acompanhou Helena até a enorme mesa retangular na sala de jantar, onde todas se sentaram em uma certa distância. Veronica e suas duas amigas sentaram em uma ponta, enquanto Amélia e Helena sentaram na outra para manter uma boa distância das três. Sophie e a empregada que fez o almoço sentaram mais no centro, uma do lado da outra.

— Há quanto tempo você trabalha aqui? — Helena começa um assunto durante sua refeição para conhecer melhor sua nova amiga.

— Vai completar um ano semana que vem, eu comecei quase no mesmo tempo que a Venenosa. — Diz Amélia apontando discretamente para Veronica, e Helena morde seu lábio inferior para não rir. — Procurei uma vaga de emprego quando meu pai faleceu e deu a casa dele aqui do vilarejo para mim como herança.

— Então você não é do vilarejo?

— Minha família é daqui, e eu nasci aqui. Mas meu pai decidiu partir quando eu ainda era bebê para me proteger da Condessa e passei anos fora. Quando completei dezoito anos me mudei para a cidade e meu pai retornou para o vilarejo onde passou o resto da vida.

— Te proteger da Condessa? Que história é essa?

— Ninguém te contou sobre a história do castelo e o porque de tantos terem medo?

— Ouvi boatos de que o castelo era assombrado, mas não sei sobre nada da família Dimitrescu.

— Bem, por onde eu posso começar? — Amélia se pergunta encarando seu próprio prato, pensando em como poderia começar sua história e não assustar sua amiga logo no primeiro dia. — A Condessa de quem eu falo é mais conhecida no vilarejo como Lady Dimitrescu, e ela era muito mais do que a dona desse castelo e que possuía uma grande fortuna. As pessoas alegam que ela e as três filhas eram monstros que se alimentavam do sangue de donzelas para se manterem jovens e imortais. Todos os anos uma Colheita era feita, e garotas que tinham entre dezesseis anos pra cima eram escolhidas a dedo pela própria Lady e trazidas contra sua vontade para o castelo, onde nunca mais eram vistas. Algumas se tornavam empregadas, enquanto outras eram servidas como alimento para a Condessa e suas filhas. — Helena não sabia o que comentar, estava literalmente sem palavras, e simplesmente deixou que Amélia continuasse a história. — Essa foi a principal razão do meu pai ter fugido comigo, ele tinha medo de que quando eu completasse dezesseis anos fosse selecionada pela Lady. Apesar dele ter me contado as histórias do vilarejo eu nunca consegui acreditar totalmente nelas, sempre me pareceu algo muito fictício. No entanto, as pessoas mais velhas juram de pé junto de que as histórias sobre o castelo são verdadeiras, e que por mais que a Lady tenha morrido, o castelo ainda é assombrado pela sua alma e das suas três filhas. Alguns civis acreditam de que é possível ouvir gritos a noite vindo do calabouço, ou de sombras das irmãs te perseguirem pelos corredores, mas até agora nada aconteceu no castelo durante meu tempo de experiência. O que faz com que tudo não seja apenas lendas inventadas pelo povo do vilarejo.

— Você só tinha o seu pai?

— Minha mãe morreu de uma doença quando eu ainda era bebê, restando só o meu pai e eu, mas eu nunca sofri com isso. Sou grata pelos anos de vida que passei com ele. — Amélia suspira profundamente por relembrar seus momentos com o falecido pai. — Ele iria ficar desapontado comigo se soubesse que estou trabalhando no castelo que ele tanto se sacrificou para me manter longe.

— Sente falta dele?

— As vezes, mas sei que ele está em um lugar melhor de onde esteve em vida.

— E as outras meninas? Elas acreditam nas histórias do castelo?

— Bom... — Amélia se aproxima mais perto de Helena para murmurar em seu ouvido e lhe apresentar suas colegas. — Veronica você já conheceu, e as outras duas víboras com ela são a Nicole e a Teodora. As três se alto intitulam de "As três", se comparam com as irmãs Dimitrescu para parecerem superiores a gente, e a Veronica é a que comanda o trio, e digamos que elas não acreditam totalmente nas lendas, mas gostam de assustar as novatas fingindo ser as "reencarnações" das irmãs Dimitrescu.

— Uf... Que escrotas. — Crítica Helena baixinho sentindo mais nojo pelo trio.

— Presumo que seremos melhores amigas. — Sorri Amélia. — A garota sentada ao lado da Sophie se chama Sarah, e ela é mais como a "mãe" do grupo, sempre tenta dar conselhos para Veronica e ajudá-la a tratar suas colegas bem, mas sempre falha por causa do orgulho da Veronica, e as vezes é vítima de uma das travessuras do trio, junto da coitada da Sophie. De todas nós, ela é a que mais sofre por acreditar fielmente nas lendas do vilarejo e do castelo.

— Por que a Sophie é uma garota tão apavorada? — Essa era uma das principais dúvidas que Helena queria tirar.

— A família dela morreu durante a infecção que ocorreu no vilarejo alguns anos atrás, e sobrou apenas ela e a irmã mais velha. Tudo ocorreu quando a Sophie tinha cinco anos, e ela meio que ficou traumatizada por algumas lembranças de sua infância. — Conta Amélia sentindo uma grande pena de sua colega mais jovem. — Ela já alegou várias vezes em ter visto como algumas pessoas infectadas ficaram, e inclusive o pai dela foi infectado. Mas ninguém a leva a sério pelo fato de Sophie ter dito que viu seu pai se transformando em um tipo de "lobo" por causa da infecção. Eu acredito que por ela ter vivenciado tudo aquilo com apenas cinco anos possa ter confundido a realidade com a imaginação, até porque ela era apenas uma criança.

— E mesmo com os traumas ela teve coragem de trabalhar no castelo?

— Mãe Miranda a convenceu, prometendo de que ela e sua irmã estariam bem acolhidas e que o salário ajudaria Sophie a recuperar todos os bens que sua família perdeu após a maior parte do vilarejo ter sido destruído pelo governo.

Algo cutucou a cabeça de Helena quando Amélia mencionou o nome de Miranda, por ter notado que tanto Margaret e as garotas usavam um codinome diferente quando falavam sobre a proprietária do castelo.

— Por que vocês chamam a Miranda de "Mãe?

— Além dela ser a nossa patroa, a Mãe Miranda é a líder de todo o vilarejo, e uma médica muito talentosa. Em pouco tempo ela conseguiu ajudar os poucos civis que sobreviveram a reconstruir suas casas e salvar famílias de doenças fatais. Ela é como uma divindade para todo mundo, um "anjo" que caiu dos céus para nos abençoar. Por isso ela recebeu esse título de "Mãe" pelo vilarejo.

— Ela de fato me pareceu bastante grandiosa quando eu a conheci ontem. — Comenta Helena se recordando do quanto Miranda a deixou um pouco intimidada e de como a mesma carregava uma aura divina em torno de si. Sua voz era acolhedora, sábia e sem dúvida nutria um grande poder.

— Ela me dá um certo calafrio. — Desabafa Amélia.

— Você não gosta dela?

— Não que eu não goste dela, mas é meio complicado de explicar. De qualquer forma, sou grata por ela ter me concedido esse emprego.

Como ambas já haviam terminado sua refeição logo se retiram da mesa para levar seus pratos na cozinha e lava-los. Como havia sobrado vinte minutos de intervalo, Amélia acompanhou Helena até o Salão Principal continuando sua conversa do almoço.

— O castelo existe a quanto tempo? — Pergunta Helena seguindo logo atrás de Amélia enquanto subiam a escada do Salão.

— Dizem que ele existe a décadas, antes mesmo do vilarejo existir, mas ninguém sabe exatamente quanto tempo.

Ambas viram à esquerda indo em direção ao Provador, e Amélia vai logo para o seu armário que ficava nos fundos, procurando por sua carteira de cigarros, e ao encontrá-la a guarda dentro do bolso de seu avental.

— Podemos fumar?

— Podemos, mas não deixa a Margaret descobrir.

Helena gargalha com a ironia de Amélia, e soube naquele momento que ambas iriam se dar muito bem. Pode ter passado poucas horas com ela, mas sentiu que Amélia era alguém de confiança e com grande personalidade, além de ter um auto conhecimento sobre o vilarejo e o castelo.

— Acho que a gente falou demais sobre mim e o castelo, agora eu quero saber de você. — Amélia se senta na poltrona junto de Helena, cruzando suas pernas e ascendo um cigarro sem se importar em estar dentro do Provador.

— O que você quer saber sobre mim?

— Bem, eu sou uma pessoa que analisa através do olhar, e algo em seus olhos me diz que você tem muita coisa sobre a sua vida para me dizer.

— Quem me dera eu tivesse.

Helena basicamente contou a mesma história que havia dito para Miranda, e Amélia ficou em choque ao descobrir que sua colega perdeu a maior parte de suas memórias do seu passado, e abriu a boca tantas vezes que em uma delas quase deixou seu cigarro cair em seu avental. Contudo, ela ficou mais aliviada por saber que Helena tinha Chris e Rose em sua vida, e que agora ela estava morando em uma cabana na colina do vilarejo.

— Ok, você me pegou totalmente de surpresa. As minhas teorias sobre você foram para o ralo.

— O que você havia pensado de mim? — Pergunta Helena entre risos.

— Achei que você pertencia a uma família de burgueses, mas que decidiu se rebelar por ser contra a ideologia gananciosa de sua família, e então pensou em se mudar para um vilarejo no meio do nada para ter uma experiência de como é ser pobre. — Responde Amélia na maior sinceridade, e não teve como Helena não cair na gargalhada. — Sério, nunca ia passar pela minha cabeça que você se fodeu em um acidente e perdeu a memória. Já parou para pensar que você possa pertencer a uma família rica? Que poderia ter uma fortuna toda sua?

— Creio que pela demora de eu voltar pra eles essa fortuna já deve ter ido pelos ares. — Ri Helena quase sem fôlego.

— Que merda, ein.

As duas riem juntas por longos minutos até sentirem falta de ar e Amélia começar a tossir por ter se engasgado com a fumaça de seu cigarro. Helena limpa seus olhos que lacrimejam com os polegares, e então sentiu a sensação de que estavam atrasadas.

— Não está na hora da gente voltar a trabalhar?

— Puta merda! — Amélia pareceu ter voltado a realidade e confere o relógio em seu pulso. — Precisamos nos apressar, falta três minutos e a Margaret fica uma fera se descobrir que estamos sozinhas no Provador.

Ela abre seu armário novamente pegando um vidro de perfume e o borrifa no corredor para disfarçar o cheiro de cigarro, guardando-o de volta no seu armário e acompanhou Helena até o Salão Principal. Como Amélia tinhas suas obrigações a fazer em outra ala do castelo Helena ficou sozinha outra vez para continuar a polir os vasos dos quartos, e notou que o trabalho pareceu mais suave após ter conhecido Amélia, e até mesmo sentiu um pouco a falta dela no decorrer da tarde. Era estranho, nunca havia sentido essa sensação. Toda vez que lembrava do rosto de sua colega alta acaba sorrindo abobada, e mal sabia o quanto seus olhos brilhavam.

Ao terminar sua primeira tarefa de polir os vasos dos Salões e dos quartos, Margaret lhe deu a tarefa de lavar a escadaria do Salão Principal. Pegou um balde de água e uma pequena bacia com esponja e sabão. Começou a lavar a escadaria de cima para baixo, ajoelhando-se em cada degrau para facilitar na hora de esfrega-la com a esponja e enxágua-la na água, que ficava mais escura na medida que Helena ia limpando o restante dos degraus. Algo que não pôde deixar despercebido é que a cada dois degraus a madeira estava bastante desgastada, o que se podia esperar de um castelo que existe a décadas e muitas pessoas já devem ter subido e descido aquela escadaria, porém era para todos os degraus estarem desgastados, e não alguns. Era como se uma pessoa usasse a escada pulando de dois em dois, tanto para subir e para descer. Helena acabou pensando sobre quem seria o louco que usaria aquela escada para subir pulando de dois em dois degraus.

Seus pensamentos foram afastados quando o balde com água suja que havia deixado no topo da escada foi chutado para baixo, causando uma tremenda barulheira. Helena ficou furiosa ao ver Veronica no topo da escadaria, exibindo um sorriso diabólico e com seu pé direito inclinado para frente.

— Você deveria prestar mais atenção onde deixa suas coisas, pode acontecer um "acidente". — Ela finge que não teve culpa em chutar o balde, mas obviamente foi proposital.

— Tadinha da forasteira, vai ter que limpar a escada tudo de novo. — Zomba Nicole surgindo no salão junto de Teodora.

— Tava bom demais pra ser verdade. — Murmura Helena para si.

Era claro que Veronica não deixaria de arranjar um jeito de estragar seu dia, ainda mais sendo sua primeira vez no castelo. Helena inspira fundo, se controlando para não avançar em nenhuma das meninas que zombavam dela. Veronica desce a escadaria a manchando mais com seus sapatos, e só para quando fica a pouco centímetros de Helena.

— Eu disse que iria tornar a sua vida um inferno, e esse é só o começo dele.

Veronica segue até o final da escada se encontrando com suas amigas, e entre gargalhadas o trio se afasta indo para outra ala do castelo. Helena xingou suas três colegas de todos os palavrões que havia aprendido com Chris, mas não se deixou-se abalar. Prometeu para si mesma que não iria se rebaixar ao mesmo nível das garotas, sabendo que alguma hora elas iriam receber as consequências de seus atos. Mesmo assim alguns pensamentos de vingança não deixaram passar despercebidos em seu subconsciente. De cabeça erguida pegou o balde próximo de seus pés e novamente o encheu de água precisando pegar panos novos para limpar a escadaria por inteiro outra vez.

Uma parte boa de ter refeito seu serviço outra vez é que o tempo passou voando, e conseguiu terminar sua limpeza bem a tempo de ir embora. Margaret sempre anunciava a hora de saída das garotas batendo os sinos do castelo, e assim que as badaladas soavam as empregadas se apressavam para chegar ao Provador o quanto antes para trocarem de roupa e irem embora. Assim que todas já estavam praticamente vestidas com suas roupas normais a supervisora entra no local causando um silêncio absoluto.

— Garotas, o trabalho de vocês hoje foi excepcional. Quero dar os meus parabéns, a cada uma de vocês e principalmente para você, Helena. — Margaret olha para ela diretamente, e Veronica logo fecha a cara por não estar recebendo a mesma atenção. — Seu primeiro dia foi excelente, e espero que mantenha o mesmo esforço nos próximos dias.

— Obrigada, senhorita Margaret.

— Tenham um bom descanso, garotas. Até amanhã.

Veronica saiu na frente com Nicole e Teodora coladas nela, e Sophie acelerou o passo para se sair do Provador o quanto antes, sem olhar diretamente para Helena, e foi acompanhada por Sarah que seguiu logo atrás dela. Amélia havia soltado seus cabelos loiros, as madeixas onduladas lhe deram um grande charme e alcançavam seus ombros.

— Quer uma companhia até metade do caminho? — Ela se oferece.

— Se não for atrasa-la.

— Claro que não.

As duas partem do castelo por último, sentindo a brisa do final da tarde batendo em seus rostos no momento em que cruzam os portões. Além de comentar sobre sua primeira experiência no castelo, Helena comentou sobre a travessura que Veronica causou a ela, e Amélia - logicamente - não aprovou. Até mesmo deu algumas dicas para Helena de como poderia se vingar da sua colega, mas claro que ela não iria correr o risco no atual momento, ainda mais quando precisava manter o emprego. Seria firme o suficiente para aguentar as travessuras de Veronica e provar que era digna de trabalhar no castelo Dimitrescu.

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