UM PRÍNCIPE NADA ENCANTADO

By ReSouzah

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COMÉDIA ROMÂNTICA ⸻⸻ Bella disse poucas e boas para um cara arrogante, rude, lindo de matar e achou que nunca... More

NOTA ♛
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By ReSouzah



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Como é que eu diria um belo NÃO educadamente pra Rainha?

Então, ela queria que eu fosse de criada de Theodoro, onde eu tinha o benefício de ver Edu o tempo todo, pra ser a criada da Princesa Camille, onde além de ter que aturar aquela pentelha eu ainda ficaria longe do Edu o tempo todo.

Ok, eu e ela até que nos entendemos um pouco na carruagem no Festival de Verão e quando eu esbarrava com ela pelo castelo ela não me tratava mais com hostilidade, mas isso não era o suficiente pra me convencer a aceitar ser a criada dela.

— Rainha Vitória. — Eu tentei sorrir e parecer decidida ao mesmo tempo e fiquei torcendo pra ser convincente. — Eu, bom... eu fico realmente agradecida pela oferta, mas acho que não posso aceitar.

Ela franziu as sobrancelhas tão rápido que quase não deu pra notar e logo ela abriu um sorriso bem largo. Era pra eu ficar com medo?

— Eu compreendo. Eu vou dar algum tempo pra você pensar sobre isso. — A Rainha disse ignorando o fato de que eu havia acabado de negar a oferta dela. — Você pode conversar com alguns dos seus amigos e até pedir a opinião deles. E então, você pode me dar sua resposta amanhã.

— Ããn... — Eu ia negar de novo, mas não parecia que ela estava disposta a receber outro não, Então eu diria o outro não amanhã. — Ok. Tudo bem. — Perfeito. Isso me daria algum tempo pra ensaiar melhor uma maneira de dizer um não que ela compreendesse.

— Obrigada pelo seu tempo, Isabella. Está dispensada agora.

— Obrigada, majestade. — Eu então me levantei, fiz uma reverência e deixei a sala.

Que Rainha mais sem vergonha!

Eu saí gesticulando e falando baixinho sozinha pelos corredores.

Por que ela acha que eu ia querer ser a dama de companhia da Princesa? E eu nem sei o que é isso. O que uma dama de companhia faz, afinal? Fica em pé ao lado a princesinha o dia todo fazendo companhia? Que tédio! Ser criada do Príncipe Theodoro, tirando todo o drama, era o trabalho mais fácil do mundo, nunca que eu trocaria meu posto nos aposentos dele pra ficar de escrava da Princesa Camille. De jeito nenhum.

Eu fui direto para o quarto do Príncipe Theodoro depois da reunião com a Rainha. Eu achava que ele não estaria lá porque ele havia dito no dia anterior que teria um compromisso e estaria fora quase o dia todo, mas me surpreendi quando o encontrei por lá ao voltar.

Ele estava calado e esquisito sentado elegantemente à mesa e digitando em seu laptop e de vez em quando eu o pegava me avaliando.

Enquanto eu limpava ele me olhava de um jeito estranho como se estivesse me esperando dizer alguma coisa, mas eu achei melhor fazer meu trabalho bem quietinha. Depois que eu avisei que deixaria o emprego eu não precisava que ele arranjasse qualquer razão pra mais drama.

Mas... aquele silêncio no quarto, aquelas olhadas estranhas e o barulhinho dele digitando estavam me irritando. Eu tinha de saber o que ele tanto escrevia naquela coisa.

Eu então encharquei um pano com limpa vidros e resolvi limpar as portas da varanda do quarto. As portas ficavam bem atrás dele, era a desculpa perfeita pra dar uma espiada e quando dei a volta na mesa, Theodoro acompanhou meu movimento pelo canto do olho e quando me virei pra dar uma olhada no computador e ver o que ele estava fazendo o Príncipe fechou seu laptop com tanta força que eu dei um pulo para trás.

— Por acaso estava vendo vídeos indecentes, alteza?

— Isso é coisa de adolescente na puberdade.

Mesmo segurando um frasco de produto de limpeza em uma das mãos e um trapo na outra eu cruzei os braços ao lado dele.

Theodoro ficou olhando pra cima direto em meus olhos.

— Então o que é que você está escondendo aí? — Eu exigi.

— Eu sei que você se esquece desse detalhe, Bella, mas eu sou um Príncipe. Eu lido com coisas muito importantes todos os dias, a maioria delas, confidenciais e todas elas estão em meu computador. Nem todo mundo pode ver o que eu tenho aqui.

— Caramba! — Eu meneei a cabeça lentamente. — Você está mesmo escondendo alguma coisa aí.

— Não estou escondendo, só não é da sua conta.

— Não se preocupe, alteza, não vou contar pra Rainha que você anda vendo coisas proibidas em seu computador.

— Eu já disse que não estou, criadinha!

— Eu não me importo. — Eu falei e espanei uma poeira imaginária com o pano no ombro dele. — Já estou acostumada. Quando você não está correndo atrás de mulheres fora do castelo, corre atrás de mulheres em seu computador. Isso é a sua cara.

Rá! Ele nem respondeu. Eu estava apenas brincando, mas parece que acertei em cheio porque o Príncipe ficou me olhando de um jeito esquisito. É claro que eu tinha acertado na mosca, ele com certeza estava stalkeando alguma mulher naquele computador.

— Sabe, Isabella. — Ainda sentado ele cruzou a perna e os braços e inclinou a cabeça. — É notório que você me vê como um cara qualquer, mas eu tenho alguma importância, sabia? Principalmente quando se trata dos negócios e da diplomacia desse país.

— Não se preocupe, alteza, eu não te vejo como um cara qualquer. Eu só te acho meio burro e muito mulherengo. — Eu falei de nariz em pé, me virei de costas pra ele ignorando quando Theodoro semicerrou os olhos pra mim e comecei a limpar os vidros das portas.

— Você é mesmo uma insolente. — Ele falou, mas eu não senti irritação alguma na voz dele. Dei uma espiada por cima do ombro e ele agora estava em pé com as costas apoiadas em um dos pilares, os braços cruzados de novo, um pé por cima do outro e me olhando com um sorrisinho no rosto. — Já desistiu dessa ideia estúpida de pedir demissão?

— Não é uma ideia estúpida. E não vou voltar atrás.

— Não?! — Ele perguntou de repente como se não esperasse aquela resposta, mas pigarreou e voltou ao tom normal. Eu nem me dei ao trabalho de olhar para ele dessa vez. Eu tinha certeza de que ele estava em pânico por alguma razão. — Achei que a essa hora você já teria mudado de ideia.

— Nada vai me fazer mudar de ideia, Theodoro, eu já me... — Eu parei de repente ao me dar conta. A essa hora? O que ele quis dizer com isso? Eu estreitei os olhos sem que ele visse e esfregava o vidro tão rápido e com tanta força que estava a ponto de trincar. — Sabe, sua mãe me chamou pra uma reunião hoje.

— Uumm. Ela chamou? E o que ela queria?

— Me oferecer outro emprego.

— É mesmo? Que interessante.

Eu rolei os olhos e me virei devagar com a cabeça inclinada. Coloquei uma das mãos na cintura e estreitei os olhos para ele.

— Eu achei que você soubesse algo sobre isso. — Eu falei e Theodoro ficou piscando de um jeito inocente. Ele deu de ombros lutando pra não deixar o habitual sorriso arrogante escapar.

— Não estou sabendo de nada.

— Então você não contou pra sua mãe que eu pedi demissão?

— Não.

— E sua mãe não te contou que pretendia me oferecer um trabalho como dama de honra da sua irmã?

— Dama de com-pa-nhi-a, Bella, dama de companhia.

— Que seja! — Eu estava oficialmente irritada. Andei até ele e parei bem debaixo do nariz dele quase encostando meu queixo em seu peito e ele ficou olhando pra baixo em meus olhos exibindo aquele sorrisinho irritante. — Por que não admite que foi você quem pediu a ela que fizesse isso?

— E por que você acha que eu faria isso? — Ele levantou as mãos se defendendo, mas aquele sorriso era praticamente um atestado de culpa. Eu abri a boca para responder, mas a resposta era mais comprometedora do que eu gostaria.

— Grrrr! — Eu rosnei e voltei a limpar as portas.

Eu ouvi quando ele riu baixinho e meu sangue ferveu.

— Vou deixar você trabalhar em paz. — Theodoro disse, colocou as mãos nos bolsos e começou a sair do quarto.

Eu dei uma olhada para o computador e mordi o lábio já lutando com a minha consciência e decidindo se deveria ou não abrir e ver o que ele tanto escondia ali.

Maaassss... é claro que o Príncipe voltou e eu fingi que estava limpando a cadeira.

Ele pegou o laptop, olhou pra mim, deu um sorriso torto e levantou uma sobrancelha.

— Quase me esqueci. — Ele apontou o laptop pra mim. — Confidencial.

Eu fiz uma fusquinha com o nariz e estreitei um olho só meneando a cabeça encarando muito irritada aquele príncipe das trevas. Ele abriu um sorriso diferente, quase como se estivesse atraído pela careta que eu fiz... que ridículo... ele mordeu o lábio, me deu uma piscadinha sem vergonha e então, saiu do quarto.


♕ ♕ ♕


Aquela noite quando fui para o meu quarto depois do expediente achei que precisava falar com alguém, então liguei para o Príncipe Nikolay e fiquei surpresa quando ele atendeu logo de primeira.

— Nikolay, adivinha só? — Falei sem rodeios.

O quê?

— Bom, você sabe que eu já pedi a minha demissão e que eu estou muito decidida e a deixar o castelo e encontrar outro emprego, certo?

Certo.

— Pois é. Acho que algum "mané" contou para a Rainha Vitória sobre isso porque hoje ela me chamou até a sala dela pra uma reunião e me fez uma oferta bem da sem vergonha.

Isabella?

— Pode falar.

Se você pretende manter sua amizade com a alta sociedade você deveria repensar essa maneira de falar.

— Oh... caraca! Me desculpa aí, Nikolay. Quer dizer, alteza.

Não exagera. Você me entendeu. Eu provavelmente deveria ter dito isso antes, mas seria bem mais elegante se você aprendesse a controlar as emoções e a língua também.

Ele acabou de me repreender? É isso mesmo?

— Entendi. Parece que o efeito colateral de me envolver com a alta sociedade é deixar de ser eu mesma.

Ficou chateada comigo por eu dizer isso?

— Não. — Eu menti.

Eu sei que você ficou. Não estou tentando chatear você ou dizer que você deve deixar de ser quem é. Só estou tentando ajudar. Além do mais eu não sei se é boa ideia chatear você, não quero ganhar um desses apelidos que você inventa como besta Real ou príncipe das trevas.

Eu dei uma risadinha e podia até ver Nikolay sorrindo do outro lado do telefone.

— Está tudo bem. Pode apostar que você não vai ter dúvida nenhuma se um dia eu realmente me chatear com você.

Isso me pareceu uma ameaça.

— E foi.

Ele deu uma gargalhada.

Bom, o que é que você estava falando sobre a Rainha?

— Ela basicamente quer que eu deixe de ser a criada do Príncipe Theodoro pra ser a criada da Princesa Camille! Dá pra acreditar numa merd... numa palhaçada dessas? — Eu acho que conseguiria conter a minha língua pelo menos quando estivesse com ele.

A Rainha Vitória te pediu pra ser a criada da Princesa Camille? — Ele perguntou e pareceu irritado com isso.

— Foi praticamente isso. Ela falou tipo 'oh, você poderia ser a dama de companhia da minha filha' ou sei lá o quê...

Como é?

— Pois é! Eu também fiquei indignada. O que ela pensa que eu sou? Uma idiota? Será que ela acha que eu estou tão desesperada a ponto de trocar seis por meia dúzia?

O Príncipe Nikolay não disse nada por alguns segundos.

A Rainha... ela... ela pediu mesmo que você se tornasse a dama de companhia da filha dela? — Ele perguntou e eu podia jurar que Nikolay estava meio sem ar e tão indignado quanto eu.

— Sim. Ela teve a coragem de me fazer essa oferta furreca. Dá pra acreditar?

Bella, você não negou, não é?

Agora fui eu quem ficou em silêncio por um segundo.

— Como é?

Você não disse não à Rainha, disse? — Por que é que ele parecia tão aflito?

— Ããn... eu meio que disse, mas ela não aceitou e me disse que eu podia responder amanhã.

Bella, dama de companhia não é de forma alguma equivalente à posição de criada. Ser uma dama de companhia é uma posição muito respeitada e uma posição muito honrada. Eu ouso dizer que até mesmo algumas garotas da nobreza disputariam esta posição a tapas.

Eu fiquei em silêncio de novo.

— Está brincando!

Você conhece meu tipo de humor, sabe que eu não brinco com essas coisas. Bella. Uma dama de companhia geralmente é escolhida entre as moças filhas de nobres e não é uma criada da para servir a uma Princesa. É muito mais como uma amiga que por acaso é paga para ser vista ao lado da Princesa em eventos importantes ou apenas atender a necessidades específicas que não têm nada a ver com limpeza ou com buscar e levar refeições. Você teria que ajudar Camille com certas tarefas como organizar a agenda e preparar eventos, mas você de jeito nenhum seria uma criada. Não teria que ajudá-la a se vestir ou limpar o quarto dela. Na verdade você mesma passaria a ter criadas para fazer essas coisas pra você. Você vai receber um quarto que condiz com sua nova posição, o que significa que vai ser um dos melhores do palácio, vai usar roupas elegantes todos os dias e provavelmente vai fazer refeições todos os dias com a família Real. — Nikolay fez uma breve pausa. — Bella, você compreende a importância dessa posição? Esta é uma grande honra que a Rainha Vitória está oferecendo a você. Ela não está te pedindo pra ser uma criada, ela está te pedindo pra se tornar uma nobre.

— O quê?! — Eu perguntei sem fôlego.

Eu não dou a mínima pra que tipo de emprego você acha que pode encontrar por aí. É claro que você pode escolher deixar o castelo e seguir com a sua vida por outra direção, mas eu sou seu amigo e como seu amigo preciso ser sincero. Você seria uma tola se não aceitasse essa oferta, Bella. Isso vai fazer muito mais por você e pelo seu futuro do que qualquer um jamais poderia, tanto proporcionar visibilidade pra sua carreira, quando você tiver uma, quanto fazer de você um nome importante em seu país. Ser a dama de companhia de uma Princesa pode inclusive te ajudar a encontrar o homem ideal e importante pra um casamento vantajoso.

Meu queixo estava ocupado demais caindo no chão pra que eu conseguisse formular qualquer coisa pra dizer.

Bella? Você está aí?

— Me... me desculpa, Nikolay. Eu... isso... espera, isso tudo é verdade?

É claro que sim. Minha mãe tem algumas damas de companhia e acredite em mim, elas não são criadas.

— Caramba! Você quer dizer que... eu realmente não vou mais ser uma criada se eu me tornar uma dama de companhia?

Isso mesmo. Eu não consigo imaginar o que levou a Rainha Vitória a favorecer você dessa maneira, mas pode ter certeza, Bella. Isso é um grande ato da Rainha em seu favor.


♕ ♕ ♕


A primeira coisa que fiz na manhã seguinte foi me encontrar com a Rainha Vitória e dar minha resposta para sua, aparentemente muito generosa, oferta.

Mais uma vez ela me pediu pra que eu me sentasse ao lado dela na poltrona em sua sala e ela exibia um sorriso tão confiante que eu podia jurar que ela já sabia a minha resposta.

— Então, Isabella. Já tomou sua decisão?

Eu dei um longo suspiro tentando espantar o nervosismo.

— Sim, majestade. Eu fico muito honrada em me tornar a dama de companhia da Princesa Camille.

— Excelente! — Ela sorriu e bateu umas palminhas sem fazer som algum. — Eu fico muito feliz com isso. Tenho certeza de que minha filha vai adorar quando souber que você aceitou. Agora vamos tratar de coisas importantes. O aniversário de dezoito anos de Camille será em duas semanas e meia quando faremos o baile de debutante. Nesse meio tempo, você vai continuar com suas obrigações como criada pessoal de Theo, mas apenas por conta da burocracia enquanto a senhora Eugênia reformula seus papéis e ajeita tudo pra sua mudança de cargo. E na semana que vem, você vai começar oficialmente em sua nova função como dama de companhia da Princesa.

Eu tive a impressão de que a Rainha estava muito mais empolgada do que eu e dentro da minha cabeça eu podia ver balõezinhos com palavras como 'uau.... caraca... uau' flutuando no lugar dos meus pensamentos porque tudo estava acontecendo rápido demais.

— Antes do aniversário da Princesa nós teremos de correr pra deixar você apresentável. Garanto que não será nenhuma tortura. Você vai precisar de roupas novas e talvez algumas horas em um salão de beleza todos os dias.

Eu decidi não dizer à Rainha que o candidato a marido da filha dela já havia praticamente renovado todo o meu guarda roupas.

— Obviamente você terá aulas que te ensinarão mais sobre a monarquia e a nobreza, terá aulas sobre política e de etiqueta, e depois de observar sua falta de desenvoltura também recomendo que tenha aulas de dança.

Eu apertei os lábios pra não rir diante da Rainha. Ainda estava atordoada com tanta informação.

— Eu nem sei como agradecer, majestade. Agora eu sei o quanto isso é importante. Muito obrigada por sua generosidade.

— É claro, mas acho que tudo isso é apenas necessário, não são presentes. Eu não poderia esperar que você tivesse familiaridade com nossas políticas, ou que tivesse um guarda roupas adequado pro seu novo cargo e muito menos que fosse uma excelente dançarina.

— Sim, mas ainda assim é muito generoso da sua parte oferecer uma posição tão importante justo pra mim.

— É porque você já é da casa, Isabella. De certa forma, você já faz parte de uma grande família. E além do mais, como é que alguns de nós ficariam sem você nesse castelo, não é mesmo? Eu é que agradeço por você aceitar minha oferta.

Mas por quê? Eu pensei. Por que ela concederia uma posição tão importante justamente pra mim?

Tenho certeza de que nem mesmo o Príncipe teria o poder de convencê-la a fazer algo assim.

Não era por acaso, eu tinha certeza. A Rainha tinha algum objetivo. Não era nenhuma decisão de última hora que ela havia tomado por impulso. Não, a Rainha Vitória era calculista demais pra isso.

Quando ela me escolheu como Donzela Real eu estava assustada demais pra perguntar por que ela me escolheu porque fiquei preocupada que qualquer pergunta pudesse lembrar a ela de quem eu era e a fizesse se dar conta do quanto aquela escolha era ridícula.

Agora, depois de todo esse tempo, ela sabia muito bem quem eu era, tinha de ter uma razão pra isso.

Eu respirei fundo e tomei coragem.

— Majestade. Por que escolher alguém como eu pra ser a dama de companhia da Princesa?

— O que quer dizer com alguém como você, Isabella?

— Alguém que nem mesmo sabia a importância da oferta que a senhora me fez. Eu sou só uma ninguém que veio de outro estado e caiu de paraquedas em seu palácio.

A Rainha levantou as sobrancelhas.

— Estou surpresa por você fazer tal pergunta. Já pensou que talvez eu não tenha notado nenhuma desqualificação em você?

— Com todo respeito, majestade. A senhora não é burra.

Ela deu um sorriso torto igualzinho ao do filho e deu uma risadinha.

— Você está certa quanto a isso. — Mas ao invés de responder minha pergunta, a Rainha simplesmente se levantou e começou a sair da sala, mas ela se voltou pra mim antes de continuar. — Senhorita Isabella, no final das contas, todo mundo é alguém e quase todas as pessoas significam alguma coisa pra alguém. E se você é importante pra alguém, é isso o que realmente importa, não é? Confie em mim quando eu digo, Isabella, você não caiu de paraquedas em meu palácio, e você também não é uma ninguém.

Beeem... obrigada pela lição de vida... mas ela não tinha respondido.

— Espera! — Eu fiquei em pé de repente e chamei antes que ela passasse pela porta pra deixar a sala. — A senhora ainda não respondeu minha pergunta. Por que eu?

A Rainha olhou para trás e deu um sorriso tão prepotente quanto o de Theodoro.

— Tem certeza de que não respondi?


♕ ♕ ♕


Durante o almoço Bento se sentou ao meu lado.

Eu me dei conta de que ia sentir falta das nossas conversas. Também ia sentir falta de quando ele contava as fofocas com aquele sotaque carregado do sul.

De alguma forma Bento sempre me fez sentir como se eu estivesse em casa.

Eu não tinha um irmão, mas era como se ele fosse meu irmão mais novo.

Bento sempre me tratou como uma amiga desde o começo. Ele pode ter ajudado a espalhar os rumores sobre Theodoro-Bella-Edu, mas ele ao menos não era maldoso como todas as outras pessoas então eu não o culpava tanto assim por ter a língua solta.

— Bento. — Eu falei olhando melancólica pra ele.

— Que cara é essa, Bella? A comida está azeda?

— Eu só queria te contar um segredo.

Os olhos dele brilharam.

— Um segredo?

— É. Mas não vai ser um segredo por muito tempo.

— E sobre o que é?

— Você não vai contar? Consegue não contar pra ninguém até que não seja mais um segredo?

Bento fez uma careta e entortou a boca.

— Por quanto tempo vou ter que guardar segredo?

— Até o final da semana.

Ele deixou escapar um suspiro de alívio.

— Nesse caso, acho que consigo. Mas o que é? Me diz logo.

— A Rainha Vitória me contratou pra ser a dama de companhia da Princesa Camille.

— Dama de companhia? — Ele franziu as sobrancelhas. — Isso significa que você vai andar por aí de mãos dadas com a Princesa?

Eu ri e baguncei a franja dele enquanto ele dava uns tapas afastando a minha mão.

— Não é nada disso.

Eu expliquei pra ele exatamente do que se tratava e ele ficou bem surpreso.

— Uaau! — Ele disse e ficou me encarando com os olhos arregalados. — Isso é demais, Bella. Isso parece bem chique.

— Eu sei. A única parte triste é que não vou mais comer com você aqui no refeitório a partir da próxima semana.

— Oh! — Ele murchou afundando um pouco na cadeira. — Então não vou mais ver você?

— Aaaww! Está dizendo que vai sentir a minha falta, Bento?

— É claro que eu vou sentir a sua falta. Você tem as melhores informações sobre o que acontece dentro desse castelo.

Eu ri, e mesmo parecendo um pouco triste Bento riu também.

— O lado bom é que ainda vou morar aqui e provavelmente vou ter muito mais tempo pra te visitar nos jardins e te manter informado sobre os acontecimentos do castelo.

— É melhor mesmo.

Quando terminei de comer, levei a bandeja com o almoço do Príncipe, entrei no quarto Real, mas fiquei paralisada entre o corredor e a porta quando dei de cara com Theodoro e Edu me encarando.

Os dois estavam em pé um de frente para o outro no meio do quarto. Estavam tão perto que tive medo de que estivessem brigando ou algo assim, mas não... eles estavam apenas lá... parados... me olhando.

— É verdade? — Theodoro perguntou com expectativa e eu olhei pra ele.

— O quê?

— A Rainha Vitória pediu que você fosse a dama de companhia da Princesa Camille? — Edu perguntou e eu olhei pra ele.

O que é isso? Uma inquisição?

Eu sorri desconcertada olhando para os dois.

Eu estava planejando contar a Edu aquela noite de um jeito que não causasse nenhum drama, mas aparentemente meu plano foi por água abaixo.

— Ããn... sim? — Respondi ainda parada na entrada da porta caso eu precisasse sair correndo. — E, bem... eu aceitei. Então... acho que a notícia do dia é que vocês dois vão ter que me aturar nesse castelo por mais algum tempo.

Por um segundo eu estudei a reação dos dois.

Enquanto Theodoro me olhava com um sorriso torto e uma sobrancelha levantada, Edu me olhava como se eu tivesse acabado de xingar a mãe dele.

Mais tarde aquela noite, antes de começarmos a sessão de cinema no quarto dele, Edu apenas disse que estava feliz porque eu ainda ficaria no castelo, e não tocou mais no assunto.

Sexta feira foi o meu último dia servindo ao Príncipe Theodoro.

Acho que me senti um pouco nostálgica sobre isso.

Não era como se eu quisesse continuar como a criada dele, mas era algo mais profundo. Talvez o significado de tudo aquilo. Afinal foi o Príncipe quem me levou para trabalhar no castelo... mesmo que ele tenha armado pra que isso acontecesse e tirando todo o drama desde o início, eu só estava lá e só estava conseguindo dar um jeito em minha vida porque ele me levou pro seu mundo. De certa forma, acho que eu estava agradecida.

Ao entrar no quarto dele com a bandeja do café da manhã eu parei, olhei em volta e demorei alguns segundos pra notar que algo estava diferente.

O Príncipe não estava em sua cama.

Ele estava parado nos fundos do quarto de frente para a varanda aberta e não estava de pijamas.

Meu coração traidor bateu um pouco mais forte ao olhar pra ele.

Será que não havia um dia sequer que ele acordasse parecendo um galo de ressaca?

Pelo amor de Deus, esse homem tinha que estar lindo a qualquer hora?

Grrrr! Você tem namorado, sua idiota!

Mas Theodoro tinha que acordar todos os dias parecendo uma estátua perfeita e ambulante do Davi de Michelangelo? Por sorte, ao contrário da estátua de Michelangelo, Theodoro estava sempre vestido. Naquela manhã ele estava com uma calça social cáqui, camisa branca, um paletó azul claro e com as mãos para trás enquanto olhava para fora.

— Bom dia, Isabella. — O Príncipe disse ao virar e olhar pra mim com um sorriso devastador.

Edu... cadê você?

Eu chacoalhei a cabeça espantando as mosquinhas imaginárias que tinham asas em forma de coração e entrei.

Olhei para o lado e franzi as sobrancelhas ao notar a cama dele já arrumada.

Rááá! Era isso o que estava diferente.

— Por acaso eu já fui substituída? — Perguntei apontando para a cama com o nariz.

O Príncipe virou e olhou pra mim com um sorriso orgulhoso.

— Por que a pergunta?

— Porque sua cama está arrumada. Quem arrumou? Ou... — Eu olhei irritada para ele, e não tinha a intenção de olhar irritada para ele, mas olhei irritada mesmo assim. — ...você dormiu fora?

Ele deu uma gargalhada jogando a cabeça para trás e colocou as mãos nos bolsos.

— Se está tentando saber se passei a noite com alguém, a resposta é não, Isabella Reis.

— Não estou tentando saber coisa alguma... eu... eu só estou curiosa.

— Pois bem. — Ele deu um passo em minha direção. — Fui eu quem arrumou a cama.

Minhas sobrancelhas levantaram e meu queixo caiu.

— O que foi? — Ele perguntou ainda sorrindo. — É só uma cama. Qualquer um pode arrumar uma cama.

— Mas você... você nunca arruma a sua cama.

— É claro que não, se eu fizesse isso você não teria um emprego.

— Mas... — Eu chacoalhei cabeça e desisti. Eu ia perguntar por que ele fez aquilo, mas não sabia se queria saber a resposta. — Deixa pra lá. Eu trouxe o seu café.

— Ótimo. — Ele disse e apontou a mesa enquanto se aproximava junto comigo. Quando terminei de ajeitar xícaras, talheres e pratos, ele parou ao meu lado e puxou a cadeira pra mim.

— O que está fazendo?

— Você vai tomar café da manhã comigo.

— O quê? — Eu dei um passo para o lado e ele ainda segurava a cadeira sorrindo pra mim.

— Toma café da manhã comigo, Bella?

Ele falou aquilo com tanta doçura que meu cérebro estalou e meu coração parou só um pouquinho.

Eu fiquei muda e piscando até que conseguisse pensar em qualquer coisa pra dizer, mas meu cérebro se transformou em uma caixa vazia.

O Príncipe riu.

— Não tem nada de mais. — Ele disse. — É só um café café da manhã com um amigo. Não quer comer comigo?

— Não!

Eu respondi bruscamente e o sorriso dele desapareceu dando lugar a um olhar triste de cortar o coração.

— Quer dizer... não é isso, é que, bom, eu acabei de tomar café da manhã. Você sabe que eu sempre tomo café da manhã antes de você e eu já estou bem cheia, mas obrigada.

— Oh, ok. É claro, eu me esqueci disso.

Theodoro então se sentou e quando ele começou a comer eu me virei sem fazer reverência alguma e pretendia esperar do lado de fora pra tentar colocar o cérebro de volta no lugar.

Passei ao lado da cama dele e segurei o riso. A cama estava feita, mas a colcha estava toda desgrenhada, os travesseiros e almofadas desalinhados e fora de ordem. Eu achei fofo, mas estava mais engraçado do que fofo.

— Aonde você vai? — Theodoro perguntou. Eu parei antes de abrir a porta, franzi as sobrancelhas e me virei.

— Vou esperar lá fora... como todos os dias.

— Não precisa. Você pode ficar.

Será que ele vai agir estranho assim o dia todo só porque é o meu último dia trabalhando pra ele?

— Ããn... tem certeza?

— É claro, Bella. Você não precisa comer, mas pode se sentar.

E eu quase fiz isso ao voltar pra perto da mesa e até coloquei a mão na cadeira, mas o que Edu ia pensar se entrasse e me visse sentada à mesa com Theodoro? Era melhor não provocar a onça com palitinho.

— Acho que vou ficar em pé, obrigada.

— Você é quem sabe.

O Príncipe então voltou a comer e eu até pensei que seria uma tortura ficar ali ouvindo enquanto ele mastigava, mas Theodoro ficou puxando papo e falando e falando sem parar sobre um milhão de coisas, sobre Noah e a próxima festa que ele daria, falou mal do Lord Arthur e eu ri com algumas fofocas que ele resolveu contar sobre outros nobres e também disse que eu ia gostar muito de ser a dama de companhia da irmã dele.

Quando vi, estava sentada e fazendo muitas perguntas e comentando as coisas que ele dizia.

Quando o Príncipe terminou de comer eu me levantei, fiquei ao lado dele pra juntar as coisas e levar de volta para a cozinha, mas ele também se levantou e ele mesmo juntou tudo na bandeja antes de mim.

Mais uma vez eu fiquei de boca aberta quando Theodoro pegou a bandeja pra me entregar e tinha um sorriso suave no rosto como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.

Eu fiquei parada olhando confusa para ele.

— Acho melhor deixar essa parte com você. — Ele disse ainda segurando a bandeja porque meus braços não estavam obedecendo no momento. Tudo o que eu conseguia fazer era olhar espantada e curiosa para ele. Theodoro deu uma risadinha baixa provavelmente notando minha cara de boba. — Acho que as pessoas vão achar meio estranho se eu aparecer na cozinha levando minha própria bandeja.

— Ah! Oh, é claro... me desculpa! — Eu falei, então peguei a bandeja e saí meio atordoada do quarto.

O que deu nele? — Pensei seguindo pelo corredor.

Mas o pior ainda estava por vir.

Descobri que Eduardo tinha sido mandado pra algum lugar pra fazer não sei o quê.

Quando voltei para o quarto do Príncipe com os produtos de limpeza e comecei a fazer meu trabalho, Theodoro ficou andando atrás de mim a tarde toda ainda falando sem parar, mas essa parte não era de todo ruim. Ele não ficou falando sozinho, de repente eu me peguei participando da conversa, como na hora do café da manhã, e nós conversamos e rimos das coisas que ele contava e das coisas que eu contava.

Ele tirou o paletó, arregaçou as mangas e quando me dei conta o Príncipe estava me ajudando a refazer a cama dele, depois ele segurou o frasco de limpa móveis enquanto eu esfregava os móveis de madeira. Quando comecei a limpar os vidros da porta da varanda ele tirou o pano da minha mão e ficou pegando no meu pé dizendo que eu nunca fazia aquilo direito e ele mesmo começou a limpar.

Eu estava achando engraçado.

Parei atrás dele e cruzei os braços enquanto ele limpava a parte de cima onde eu nunca alcançava.

Primeiro eu achei fofo um homem daquele tamanho fazendo o serviço de uma criada, depois achei fofo um homem com o status de um Príncipe fazendo o trabalho de uma criada.

E então, meus olhos se distraíram e me peguei observando o tecido da camisa branca dele agora molhada de suor e marcando as ondas interessantes que os músculos bem trabalhados faziam. Eu inclinei a cabeça para o lado e mordi o lábio, meus olhos desceram um pouco mais acompanhando as costas que iam se afunilando e levando até... o Príncipe virou para trás de repente e eu subi os olhos e me endireitei o mais rápido que consegui e eu pigarreei e cocei a nuca tentando disfarçar.

Eu sorri para ele com os olhos arregalados e Theodoro franziu apenas um dos olhos e o canto da boca dele se curvou pra cima.

— Você estava olhando pra minha bunda?

— O quê?! Rá! Que ridículo! — Eu falei engasgada e coloquei a mão no peito completamente indignada. — De onde você tirou isso? É claro que não.

— Você estava sim e se não estivesse não estaria toda vermelha agora.

— Estou vermelha porque... porque está calor, você sabe muito bem porque você está... está todo suado, se está suado é porque está calor.

— É... — Ele falou rindo e balançando a cabeça devagar. — ...eu estou suado mesmo. Mas não tem problema algum você olhar pra minha bunda.

— Só que eu não estava.

— Eu malho pra isso, pras pessoas notarem.

— Que ridículo.

— Você estava olhando, então acho que não é tão ridículo assim.

— Tá legal. — Eu arranquei o pano da mão dele. — Agora me deixa fazer meu trabalho. Você acha que está ajudando, mas está atrapalhando, está atrapalhando muito.

— Aposto que sim. — Ele pegou o pano de volta.

— Quer parar? Isso não está certo.

— O que não está certo, Bella? — Ele perguntou desafiando.

— Isso! — Eu apontei pra ele.

— Isso o quê?

Eu sabia o que ele estava fazendo.

— Isso. — Eu tirei o pano da mão de Theodoro e abanei na frente do rosto dele. — Isso, isso aqui não está certo. Você é o Príncipe.

— E daí? Só quero ajudar.

— Por quê? — Eu cruzei os braços.

— Como agradecimento, você sabe, porque hoje é o seu último dia. Eu só achei que seria uma forma de te agradecer por ter me servido durante o tempo que trabalhou pra mim.

Que droga. Theodoro estava sendo sincero. Dava pra ver nos olhos dele.

— Tudo bem. Eu entendi. E agradeço pela ajuda. Obrigada também por, mesmo do seu jeito torto, ter me contratado pra trabalhar aqui.

Ele sorriu, mas não me deixou fazer meu trabalho em paz como eu queria e passou o resto do dia atrás de mim e mesmo quando Edu voltou ao quarto, O Príncipe Theodoro continuou dando um jeito de me ajudar e até colocou Edu para ajudar com a arrumação.


♕ ♕ ♕


Eu aproveitei o final de semana pra fazer as malas e no domingo me mudei para alguns andares acima para o meu novo quarto.

Era muito maior que o quarto no corredor dos dormitórios dos empregados do castelo. Tinha uma cama enorme e agora eu teria o meu próprio banheiro e um closet gigante. Agora eu também teria uma mesa, um sofá e até mesmo uma varanda só minha com uma vista linda.

O departamento de design, que cuidava dos uniformes dos criados, consertava as roupas da realeza e até desenhava muitas de suas peças, já havia conseguido alguns vestidos novos para mim, um vermelho e outro verde, e não eram muito diferentes das roupas chiques que Nikolay tinha me mandado.

No domingo à noite, a noite antes de me tornar a dama de companhia da Princesa Camille, o Príncipe Enzo apareceu em meu quarto novo.

— Enzo, oi? — Eu já estava de pijamas quando abri a porta para o pequeno. — Você quer entrar?

— Obrigado, Bella. — Ele entrou e já estava tão à vontade que se ajeitou no sofá e eu me sentei ao lado dele.

— O que te trás aqui? — Perguntei.

— Eu vim te dar parabéns. Fiquei sabendo que agora você não é mais uma criada e vai ser a dama de companhia da minha prima.

—Uumm, obrigada. — Eu esfreguei o cabelinho todo alinhado dele. — Eu tenho muita sorte, eu acho.

— Sim, mas acho que Camille é quem tem mais sorte.

— Não sei não. — Eu cruzei as pernas em cima do sofá. — Nós duas começamos com o pé esquerdo. Não sei se ela está tão animada assim com isso. Nem sei se ela gosta de mim. Quer dizer, eu me tornando a dama de companhia dela... pfff! É óbvio que é coisa da mãe dela.

— Talvez. Mas tenho certeza de que a Camille vai gostar.

Eu estreitei os olhos e encarei aqueles olhinhos espertos.

— Enzo, o que você acha que sua tia está aprontando?

— Aprontando? — Ele piscou inocentemente. — Não sei o que você quer dizer.

— Eu quero dizer, por que ela faria coisas assim? Por que ela me escolheria como Donzela Real e agora como a dama de companhia da filha?

— Talvez ela só goste muito de você.

— Acho que não. Eu também gosto da Rainha Vitória com certeza. Eu a acho muito esperta e interessante e nós até que nos entendemos bem, mas não acho que isso seja o suficiente pra ela se convencer a fazer todas essas coisas por mim.

Duarte deu o sorriso espertinho bem típico da família dele.

— Quem sabe? — Ele disse e deu de ombros.

— Você.

— Eu?

— É. Eu acho que você sabe de alguma coisa. Você também é um espertinho igualzinho à sua tia.

— Eu? Por quê? Eu sou só um menino.

— Tá bom. E eu sou só a boba da corte.

Ele riu.

— Eu tenho que ir. — Ele falou e se levantou. — Já está na hora de ir pra cama.

— Espera! Mas e quanto à Rainha?

Ele inclinou a cabeça.

— Sinceramente, não sei bem o que a tia Vitória tem planejado. Eu acho que tenho alguns palpites com certeza, certamente eu não nada confirmado. Mas, por enquanto, devo dizer boa noite, Bella.


。☆✼★━━━━━━━━━━━━★✼☆。


Parece que nossa Bella subiu na vida, não é mesmo, amiguinhos? 😏

E o Theo sendo fofo? Aaawww 😍😍😍

O que será que o Pequeno Príncipe sabe que a Bella não sabe e provavelmente nós já sabemos também? (kkkkk) 🤭😜😂

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