Um Clichê Para Kelly

By Dani_Keyes

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Kelly Müller sabe que não passa de um clichê, e dos grandes (sem trocadilho): é uma secretária executiva sol... More

Começando...
Dedicatória
Personagens
Prólogo - Kelly
1 - Kelly
2 - Juliano
3 - Kelly
4 - Kelly / Juliano
5 - Kelly
6 - Kelly
7 - Kelly
8 - Juliano
9 - Kelly
10 - Kelly
11 - Kelly
12 - Kelly
13 - Ricardo
15 - Kelly
16 - Kelly
17 - Kelly
18 - Kelly / Juliano
19 - Ricardo
20 - Kelly
21 - Kelly
22 - Kelly
23 - Kelly
🔞 24 - Kelly 🔞
🔞 25 - Juliano 🔞
🔞 26 - Kelly 🔞
🔞 27 - Juliano 🔞
28 - Kelly / Ricardo
29 - Kelly
🔞 30 - Kelly 🔞
🔞 31 - Juliano 🔞

14 - Kelly

478 72 39
By Dani_Keyes

Giro nos meus calcanhares (ou saltos) e caminho até a copa, sentindo o olhar de Ricardo queimar - literalmente queimar - as minhas costas. Pego água e uma cápsula, pondo-as na cafeteira; então, programo a máquina e começo a respirar fundo, tentando não surtar com o que está acontecendo.

Se ontem de manhã alguém houvesse me dito que o meu chefe dedicaria mais de um segundo do tempo dele para me olhar, eu teria rido ou até mesmo gargalhado. Ricardo Bianchi, me "secando" com tamanha intensidade que eu conseguiria sentir o olhar dele na minha bunda (o que eu nem sabia ser possível)?! Ricardo Bianchi?!

Ricardo Bianchi, um dos solteiros mais lindos, ricos e cobiçados do Brasil (e talvez do mundo), mas que namora apenas modelos e mulheres padrão?

Ricardo Bianchi, o CEO da empresa em que eu trabalho e o dono de um abdômen tanquinho que me faz babar todas as vezes que ele tira a camisa?

Ricardo Bianchi, por quem eu estava...não, estou apaixonada há três anos, sem esperança alguma de correspondência? Ricardo Bianchi, que obviamente é demais para mim?!

Nem em um milhão de anos eu teria imaginado que uma lista que fiz, bêbada, pudesse dar em alguma coisa, ou ainda que o último item da lista (conquistar Ricardo) não pareceria mais tão impossível após a mudança no meu guarda-roupa. Uma parte de mim, entretanto, está com um pouco de ranço por algumas peças de roupa terem-no atraído, porque, no "frigir dos ovos"...eu continuo sendo eu. Continuo sendo a mesma pessoa que passa cinco dos sete dias da semana na sala contígua à dele, e tendo o mesmo rosto, corpo e personalidade.

Coloco a xícara sobre uma bandeja que eu presumo ser de prata, carregando-a até o escritório do meu chefe. Sirvo-o sem tremer.

- Obrigado, Kelly. - Ele abre um sachê de açúcar e o despeja dentro da xícara fumegante.

- Por nada, senhor. Posso ajudá-lo em mais alguma coisa? - pergunto em um tom firme e solícito.

- Por enquanto não. Pode voltar pra sua sala.

Começo a caminhar, a sensação de queimor nas minhas costas aparecendo outra vez. Viro subitamente.

Ricardo está de boca aberta. Quase babando.

- Quer algo, Senhor Bianchi? - questiono, arqueando uma sobrancelha e completando em pensamento: um lenço? Uma foto da minha bunda?

- Nã...não - ele gagueja, parecendo envergonhado. - Pode ir.

Assinto com a cabeça e saio da sala, um sorriso discreto nos lábios. Sento à escrivaninha e mando uma mensagem para Juliano, ansiosa para contar o que rolou.

Trinta minutos se passam e ele não visualiza a mensagem. Ligo para o escritório dele, então, e Cecília atende.

- Oi, Cecília, é a Kelly. Müller - especifico. - O seu chefe tá muito ocupado?

- Oi, Kelly! - ela me cumprimenta alegre. - Sim, ele tá em reunião desde as sete e meia da manhã.

- Eu falo com ele depois, então. Obri...

- Eu ia mesmo te ligar, Kelly - a secretária me interrompe. - Juliano disse que eu ia te pedir pra almoçarmos juntas hoje, não?

- Disse.

- Você topa? Por favor...detesto comer sozinha.

- Tudo bem - concordo a contragosto, o ranço me tomando pela segunda vez no dia. Eu realmente preciso aprender a dizer não. - Nos encontramos onde e quando?

- A reunião ainda deve se estender um pouco, mas eu acho que estarei livre às doze ou doze e meia. Pode ser?

- Sim, é o horário em que Ricardo... - Corrijo-me: - ...digo, o Senhor Bianchi costuma almoçar.

- Perfeito. Eu te ligo e a gente se encontra na recepção.

- Ok. Até mais tarde.

- Até! Ah, o Juliano saiu da sala de reuniões. Acho que ele vai te ligar.

Ponho o telefone de volta no gancho, ouvindo o meu celular vibrar. Abro o aplicativo de mensagens.

Juliano Gostosão:
Desculpa, tava em reunião. O que houve?

Rio. O meu amigo é mesmo muito curioso.

Houve o seu irmão. Secando a minha bunda, digito. A resposta vem imediatamente.

Juliano Gostosão:
A roupa de hoje é muito justa?

Nem é.

Juliano Gostosão:
Os homens são simples, loirinha. Se a sua roupa for justa, Ricardo te secou porque a bunda tava marcando. Se não for, ele tá interessado em você...ou no seu corpo, o que é praticamente a mesma coisa.

Juliano Gostosão:
Por que você não vem aqui pra eu ver a sua roupa? É um vestido?

Olho para o emoji de olhos arregalados e rio.

Tenho que trabalhar, sabia? Não sou parente dos donos da empresa.

Juliano Gostosão:
Mas vai ser. Almoça comigo hoje? Quero saber os detalhes!

Rio de novo.

Não posso, Maria Fifi. Vou almoçar com a Cecília.

Juliano Gostosão:
Ah é, o almoço com a Cecília. Você tem mesmo que fazer outros amigos.

Tento não me entristecer com o comentário, mas falho miseravelmente. Juliano estaria se cansando de mim?

Ok, escrevo sucintamente. A resposta dele vem em áudio:

- Não pense que eu tô enjoando de você, Kellyzinha, mas é que...bem, você precisa de outros amigos. A Cecília tem muito a ver contigo, pode acreditar.

- Tudo bem, Juliano - mando também em áudio, impressionada com a facilidade com que ele me leu. - Te vejo mais tarde, tenho muita coisa pra fazer aqui. Beijo.

Ele se despede com um emoji de beijo. Pego a minha agenda e ligo o notebook.

-

- E então, Kelly? Você é a fim do Ricardo ou do Juliano? - Cecília inquire assim que nos sentamos à mesa e fazemos os nossos pedidos.

- Que po...cof! - Engasgo com a água que acabei de colocar na boca e tusso algumas vezes. A secretária de Juliano levanta da cadeira e estapeia as minhas costas com força. - Porra, Cecília...cof! Doeu!

- Desculpa, mas você tava começando a ficar roxa e eu não queria que você morresse asfixiada no nosso primeiro almoço - ela responde, divertida. - Te peguei de surpresa, não?

- Com a pergunta ou com o tapa? - Dou mais um gole no copo de água.

- Com a pergunta, é óbvio...apesar de eu saber que também você também não tava esperando pelo tapa.

- Não tava mesmo - concordo. - Você é bem forte pra uma magrinha, viu?

- Ah, eu...gosto de ir à academia. - Ela dá um sorriso sem graça.

- Eu não, mas tô indo mesmo assim. - Retribuo o sorriso. - Talvez um dia eu passe a gostar também.

Ficamos em silêncio por alguns segundos. Ela lembra:

- Você não disse ainda de quem é a fim...

- Não, porque eu não sou a fim de nenhum dos dois - minto, esperando soar convincente. - É regra da empresa ter um crush nos todo-poderosos?

- Regra não é, mas é o que acaba acontecendo. - Cecília pega o copo de água dela. - Ricardo e Juliano são maravilhosos.

- E o seu crush, quem é? - pergunto à queima roupa. - Juliano?

- Juliano?! - É a vez de Cecília se engasgar com a água e tossir. - Cof! Eca, ele é...cof!...praticamente meu irmão!

Dou outro gole na minha água, contendo (ou tentando conter) a minha curiosidade. Ela continua:

- Conheço Juliano há anos, os meus pais são muito amigos dos Bianchi. A empresa inteira sabe.

- Eu não sabia. Não converso muito com os outros funcionários.

- Eu também não. O meu jeito e o meu "parentesco" com os Bianchi mantém as pessoas afastadas. - A secretária de Juliano faz um gesto de aspas no ar.

O garçom serve a minha salada e a lasanha de Cecília, retirando-se. Tempero as folhas com molho de limão e começo a comer.

- Não sei como você aguenta comer salada - ela diz, colocando uma garfada de lasanha na boca.

- Necessidade, ué. Preciso emagrecer.

- Bobagem, Kelly, você tá ótima. Tenho certeza que o Juliano concorda comigo.

- Por quê? - Pego um pedaço de frango.

- Porque ele não consegue tirar os olhos de cima de você.

- Hã? Eu, eu...rum - gaguejo e pigarreio, nervosa. - Nós somos amigos.

- Nós também somos, mas ele não fica secando a minha bunda a não ser que a roupa esteja marcando muito. - Ela pisca um olho. - Você sabia que ele era noivo?

O frango desce raspando pela minha garganta subitamente seca. Juliano era noivo?! De uma mulher ou de um homem, pelo amor de Deus?!

- Mas ele não é... - começo baixinho.

- Gay? Tô vendo que você ouviu os boatos que correm pela Bianchi! - A morena magra gargalha. - Olha, eu sei de duas coisas: a primeira é que o Juliano era noivo de uma mulher, e a segunda é que ele é bastante reservado. Trabalhamos juntos há dois anos e eu nunca o vi namorando, flertando ou sequer recebendo uma ligação de alguém que não fosse da família ou o Thiago.

- Bem, eu duvido muito que ele namore o Thiago. - Rio.

- Eu também. Tá pra nascer um homem mais mulherengo que aquele.

Cecília continua comendo a lasanha dela, e eu a minha salada. O assunto morre naturalmente, entretanto...há uma pulga atrás da minha orelha. Uma pulga que não vai sair enquanto eu não souber mais sobre a ex-noiva do meu amigo.

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