-Quero saber por que saiu. Sozinha. Com uma mala. E não me falou nada?!- Ele diz pausadamente e está muito irritado. Empino o nariz e rebato.
-Porque. Você. Não manda. Em mim!- Digo pausadamente irritada também. –E vá embora!- Grito.
-Não vou. Você é que vem comigo!
-Não. Enquanto não resolver seu assunto com a Sophia, é aqui que vou ficar!- Digo com meu indicador gesticulando contra ele e contra o chão.
-Acalmem-se... vão chamar a atenção de toda a vizinhança... Benjamin, a Mily me contou tudo, estou com ela e não abro, peço que vá resolver seus assuntos e quando estiver pronto, volte para busca-la. Não permitirei que a faça morar num inferno entre você e a Sophia, minha amiga não merece isso, ela já sofreu demais.- Ele fica espantado com ela falando e vê sua barriga saliente.
-Você... está... grávida?- Ele fica boquiaberto e de olhos arregalados.
-Sim. E não se preocupe, esse filho não é do seu irmão. Agora nos dê licença porque quero ver meu amigo Mat.
Ela está linda numa legging preta e uma bata branca, calçando uma sapatilha dourada e possuindo em sua mão uma bolsa carteira bege, seus cabelos parecem mais longos e brilhantes.
-Eu as levo até lá!
-Não é necessário.- Digo fria.
-Aceitamos a carona sim, mas é somente isso senhor Benjamin!- Ela diz e eu olho para ela furiosa.
Chegamos à delegacia, o advogado já está entregando ao delegado o documento assinado pelo juiz. Só estamos esperando ele ser liberado. Seus pais, André, Jess e Fernando também estão aqui.
-Meu filho!- Sua mãe diz correndo ao seu encontro.- Ela o abraça e ele também. Está com cara de cansado, mas não é para menos. Todos nós o abraçamos. Ele é levado pelos pais para casa.
-Irei visitá-lo Mat. –Digo enquanto vejo-o entrar no carro dos seus pais. Ele apenas meneia a cabeça confirmando.
-Irei levá-las, Emily precisamos conversar!
-Não vou conversar Benjamin. Já falei!
-Tudo bem, vou dar esse tempo a você, já que tem sido estressante tudo isso para você que não tem passado muito bem. Então vou levá-las aonde quiserem.
-Para casa. –Eu digo. –O apartamento de Care.-Corrijo.
Ficamos em silêncio todo o percurso. Ao chegar no apartamento não permito que ele suba conosco, quero apenas descansar. Fico um pouco preocupada com a Ana, espero que Benjamin não a despeça.
-Que história é essa de que você não tem passado muito bem?
-É que vomitei. Mas não é nada demais, eu só estava nervosa com tudo isso.
-Sei que desmaia quando fica nervosa, mas nunca soube que vomitou por isso!- Diz erguendo uma sobrancelha.
-Ah! Cala a boca. Você não sabe a raiva que fiquei ao ver as mensagens da Sophia no celular dele, muito menos o desespero que fiquei quando soube que o Mat estava preso!
-Certo... Mudando de assunto, deixa eu te mostrar as roupinhas que comprei para nosso bebê!
Fomos para o quarto dela, e seu guarda roupas já estava cheia de roupinhas e coisas de bebê, tudo branco e amarelo.
-Tive que comprar cores neutras, já que não sei ainda o sexo do bebê.
-Se for mulher ela vai ser compulsiva por roupas, você já está colocando-a num péssimo caminho!- Gargalhamos.
-Veja esse macacãozinho de leão!- Diz fazendo bico.
Conversamos sobre nomes de bebês, mas esquecemos do pai, ele também tem direito a opinar. Cochilamos até a hora do almoço. Como dormimos ao invés de cozinhar nosso almoço, resolvemos ir para o shopping almoçar e comprar mais coisas para o bebê.
-Amiga você precisa fazer um exame.- Ela me diz enquanto vomito no banheiro do shooping.
-Exame de que? Estou bem, acho que o cogumelo do strogonoff deveria estar ruim.
-Será?
-Você não comeu então não pode saber.
-Verdade.- Ela desiste.
Voltamos para o apartamento, o porteiro diz que Benjamin já veio aqui duas vezes e não nos encontrou. Não levei o Celular então ele também não poderia me ligar. Tinha chamadas perdidas de um número desconhecido no celular de Care, mas nem notamos quando tocou, estrávamos e saíamos de loja em loja, procurando artigos para o quarto do bebê, já que ela agora pode comprar.
Fizemos um sanduíche, pegamos o pote de sorvete, colocamos nossos pijamas preferidos e nossas pantufas. Comemos enquanto assistíamos a um filme romântico, choramos à beça até que dormimos ali mesmo.
Tomamos café da manhã juntas, nos arrumamos e fomos com o Fernando fazer a ultra da Care. Foi tão lindo que ela chorou, ouvimos as batidas do coraçãozinho do bebê. A médica disse que ainda não dá para ter certeza do sexo, então marcou uma nova data. Minha aposta é que seja um homem masculino. Fernando também quer que seja homem, só a Care que deseja uma menina para enchê-la de adereços e fazê-la perua!
-Que venha com saúde!- Diz Fernando rindo de felicidade por ouvir as batidas do coração do seu bebê. Uma pena eles não terem dado certo.
Faço uma massa para nós duas já que o Fernando não pôde ficar. Care parece um furacão comendo tudo que vê pela frente. Comeu uma maçã, uma banana, uns sequilhos, ela está impaciente.
-Já está pronto, vamos comer.- Digo aliviada.
-Até que enfim!- Suspira.
Meu celular toca, é Benjamin. Suspiro forte e atendo.
-Você está bem? Está se alimentando direito? Passou mal novamente?...
-Estou perfeitamente bem.- O corto.
-Não aguento mais essa distância, volta para casa... volta para mim Emily! Please!- Sussurra e eu sinto meu coração ser apertado em meu tórax, fecho os olhos.
-Não Benjamin. Tomei minha decisão. Você sabe o que tem que fazer.- Falo e desligo. Sei que estou sendo dura com ele, mas não posso aceitar essa situação.
-Nossa! Quem te viu e quem te vê em amiga!- Care desdenha de mim. Dou um sorrisinho fraco, estou morrendo por dentro. Também sinto saudade apesar de estar gostando de ficar um pouco com minha amiga.
-Tenho que trabalhar agora. Fique à vontade.
-Certo! Você se importaria se eu fosse falar com o Mat sem...
-Mim? Claro que não, ele salvou sua vida amiga. Vá. Depois eu vou lá! Diga que mandei mil beijos!- Completa minha frase como sempre e sai pelo corredor até seu quarto que ela faz também de estúdio para desenhar.
Tomo um banho e troco de roupa. Visto uma calça jeans justa, uma camiseta listrada azul e branca e um blazer azul caneta. Calço meus pés com um scarpin preto de salto baixo, faço um coque no cabelo e coloco uma argola grande, borrifo perfume, pego minha bolsa de mão e desço. Vejo um rapaz de pé próximo ao portão, tento passar por ele, mas ele me aborda.
-Senhora Emily, por favor! Fui designado a leva-la onde desejar. Sou seu motorista e segurança. Seu marido me enviou! O meu nome é Carlos.
-Não será necessário!
-Ele disse que falaria assim, e que nesse caso eu a seguisse.
Aff... Que chatice. Pensei comigo.
-Tudo bem, mas acho que ele não vai gostar para onde irei!- Digo e ele assente.
Entro num carro preto, parece importado. Digo o endereço do Mat.