Olívia Miller
Eu estava me sentindo horrível com tudo o que estava acontecendo, me sentindo uma péssima amiga por não ter procurado Emily antes, até porque ela dava indícios de que tinha algo de errado e eu simplesmente não entendi, não fui atrás. Agora estou aqui, aflita, sem saber o que fazer ou por onde começar.
Josh parecia me esconder alguma coisa, eu o conhecia bem e tinha quase certeza que era sobre Emily. Nós estávamos tomando café, tentando encontrar alguma coisa no Instagram de Emily, mas aparentemente não tinha nada demais. Pelos indícios, minha melhor amiga estava na Itália ou seja; é um ótimo começo para mim, que moro lá. Depois de tomarmos café e conversarmos sobre o possível paradeiro da nossa amiga, resolvi colocá-lo contra a parede e pedir que ele me contasse o que sabia.
— Você está me escondendo alguma coisa, Josh! Eu te conheço muito bem e sei que deve ser algo grave.
— Eu não estou escondendo nada, Olívia. — falou, mas eu sentia que era mentira.
— Se sabe de mais alguma coisa, por favor, me fale! Tudo o que tivermos será de boa ajuda. — pedi quase em uma súplica.
— Eu não sei de nada, estou lhe dizendo...
Bufei irritada, era visível que tinha alguma coisa errada, mas Josh não iria falar, pelo menos não agora. Levantei do sofá, peguei minha bolsa e o encarei.
— Você vai acabar prejudicando a nossa amiga assim. Se quiser me contar o que sabe, entre em contato comigo o quanto antes.
Josh não respondeu, apenas me levou até a porta. Me despedi brevemente e fui embora, já estava anoitecendo e minha passagem de volta era apenas pela manhã do dia seguinte. Aluguei um quarto de hotel e fiquei lá, pensando na banheira cheia de espuma.
Emily não sumiria assim com alguém que não conhecesse, ela não confiava nas pessoas, sempre estava em alerta. Era estranho pensar que ela se apaixonou por um homem qualquer e sumiu pelo mundo. Peguei meu celular e entrei novamente no Instagram de Emily, resolvi olhar cada pessoa que ela seguia — demorou um pouco, pois ela conhecia muitas pessoas e tonalizava 1500 seguindo.
Foi preciso muita paciência, até achar um perfil aparentemente suspeito e sem foto de perfil. O nome era propositalmente fake e a localização de alguns posts era diferente da que pensei. Haviam poucas fotos de um homem, que estava na cara que era fake. Ele não seguia muitas pessoas, mas a maior parte eram mulheres, seus seguidores não passavam de 43.
Onde Emily estava com a cabeça que não viu?
Descendo um pouco mais nas fotos do suposto dono do perfil, vi alguns comentários na primeira foto e uma me chamou a atenção, era de uma mulher belíssima, que dizia;
Estou louca para conhecer o mundo com você.
Entrei no perfil dela e a última publicação tinha sido há alguns meses, exatamente quando Emily desapareceu. Pelas postagens, Mariane — a garota do perfil, era bem ativa nas redes sociais, tinha milhares de fotos, destaques. Pensei em enviar uma mensagem, mas algo me dizia que o melhor era procurar seus parentes.
Não entendi muito bem. Entrei nos comentários da última foto e me assustei com o que vi.
"Como sentimentos sua falta, prima."
"Volte para nós."
"Estou com saudades, volte."
Entrei em um perfil no qual tinha o mesmo sobrenome da garota e meu queixo caiu com o que vi.
Ela estava desaparecida também!
A mulher, que era mãe de Mariane, postava inúmeros storys com cartazes da jovem desaparecida. Ela pedia, implorava para que encontrassem sua filha. Meu estômago revirou devido a ansiedade e quase vomitei ao pensar no pior. Desliguei o celular, não estava com cabeça para procurar mais.
Saí da banheira, me enrolei numa toalha e fui para o quarto. Andei de um lado para o outro, procurando respostas na minha mente do que tinha acontecido, mas infelizmente nada me vinha a mente. Voltei para a Itália ao nascer do sol, estava tão cansada, nem dormi durante a noite.
Cheguei em minha casa logo depois do horário do almoço e respirei fundo ao sentir a sensação de lar. Era bom estar em casa novamente, mas não tão bom quando minhas preocupações me perturbavam.
— Senhorita Ferrari, o Sr. Bianchi deixou isso para você. — uma das funcionárias me entregou um buquê de rosas vermelhas.
Sorri com o gesto, Henry sabia muito bem como me agradar. Peguei o buquê e as cheirei, eram tão cheirosas...
— Monique está em casa? Coloque em um vaso, por favor. — as entreguei novamente.
— Sim, ela está no quarto.
Assenti agradecida e subi as escadas, pronta para ver minha prima. Bati na porta e ouvi um "entra" assim fiz.
Monique estava abrindo presentes e segurava um macacão infantil azul nas mãos.
— Logo meu pequeno guerreiro estará vestido com esse macacão. Dá para acreditar? — sorriu, seus olhos brilhavam.
— Não, os meses se passaram muito rápido. — me aproximei e sentei na beirada da cama, admirada por cada coisa fofa que tinha ali.
— Conseguiu encontrar sua amiga?
Respirei fundo. Contei tudo o que havia acontecido em New York e Monique ouviu com calma, parecia entender perfeitamente o que estava acontecendo.
— Quero colocar alguns homens pela cidade, assim ficará mais fácil de descobrir o paradeiro de Emily.
— Acho que não será preciso e nem eficiente, Oli. — franziu a testa.
— O que quer dizer com isso? — meu coração já estava acelerado.
— Precisa ficar calma, não sei se estou certa, mas... Pelo que me disse, tenho quase certeza de que Emily caiu em um golpe feito por um traficante de mulheres.
Minha garganta secou ao pensar nessa possibilidade, minhas mãos começaram a gelar e a tremer.
— Isso... Isso não pode ser! Ela não é tão ingênua a esse ponto. Ora, Monique! Estamos falando de Emily Wilson! — sorri nervosa.
— Eu falo porque sou experiente nesses assuntos, Oli. Meu pai traficava mulheres, ele prometia trabalhos, dinheiro, boas vidas... Elas acreditavam, largavam tudo e vinham... Quando chegavam aqui, não era nada do que pensavam. — parou um pouco, tentando puxar o ar para seus pulmões. — Tomavam seus passaportes e as mantinham como prostitutas nas boates.
— Emily não cairia nessa, ela sempre foi bem instruída e...
— E se tudo mudou? Se ela estava com o emocional frágil, não duvido nada que entrarem na cabeça dela. Essas pessoas são bem convincentes, Olívia. Eu já vi cada coisa nos anos em que passei ao lado de meu pai... Prometi a mim mesmo que assim que assumisse os negócios da família, a primeira coisa que eu faria era fechar todas as malditas boates e levar todas as mulheres para seus receptivos lares.
— E eu sempre concordei com você sobre isso, mas agora com Rafael no comando, as boates estão voltando e... — Céus! As boates voltaram! — Acha que Rafael tem o dedo no desaparecimento de Emily? Logo agora que as boates voltaram?
— Não confio nele, então acredito que sim. Ele estava recrutando mulheres de vários países, um dos meus amigos me contou. — levantou da cama e caminhou até o closet. — Se ela estiver com ele, sabe muito bem o quão será difícil resgata-la. — trouxe um telefone consigo. — Eu falo com uma pessoa lá dentro da empresa, ele me passa algumas informações, se quiser...
— Entre em contato com ele, tente saber se Emily está aqui. Eu preciso agir, procurar uma forma de resgatar a minha amiga.
Rafael estava fodido, a minha sede em mata-lo só cresce a cada dia.
— Não podemos agir agora, Oli. Estamos juntando provas contra o juiz, precisamos tira-lo de ação primeiro... É um processo longo, mas preciso! Emily será salva, na hora certa. — me garantiu. — Não faça nada ou tudo estará perdido.