5 meses depois.
Olívia Miller
A situação das empresas Ferrari estava indo de mal a pior, Rafael não sabia administrar os negócios, gastava milhares de dólares em dias e ostentava ao lado de mulheres e bebidas. Produtos não eram entregues, clientes insatisfeitos, guerra entre sócios e tiroteios, muito tiroteios pela cidade. Se ele continuasse se comportando assim, não levaria muito tempo até uma ruína se instalar ao nosso redor.
As únicas coisas boas em minha vida eram: Meu relacionamento com Henry e o nascimento do meu afilhado. Monique estava perto de dar a luz, faltava apenas algumas semanas para Luigi vir ao mundo. Eu havia sido convidada para ser madrinha do primogênito de Monique e aceitei de imediato.
Matteo estava ansioso com o nascimento do filho, apesar de não quererem que a gestação fosse publica, infelizmente algumas pessoas não conhecem o senso do ridículo e vazaram a notícia de que minha prima estava grávida. Contudo, Monique não se importava, estava cansada de se esconder, Luigi seria a sua maior conquista.
Ela recebeu alta do hospital há exatos um mês e estava ainda de repouso no quarto em minha residência. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde Monique se mudaria daqui, mas não gostava de pensar, ela me fazia companhia, era uma das minhas melhores amigas. Falando nisso, tive que viajar novamente à Nova York, Emilly havia sumido, não dava notícias e aquilo me preocupava.
Cheguei na cidade pela manhã e pedi um táxi para o apartamento em que ela vivia. A sorte é que lembrei do endereço que ela me mandou na época que conversávamos. Quando cheguei no prédio, desci do carro que aluguei e entrei, confiante de que a viria, mas ela não morava mais lá. Frustada e bastante preocupada, saí do prédio e já estava pronta para procurá-la pela cidade inteira, quando de repente vejo Alicia e Carolina em um restaurante próximo dali.
Mesmo não sendo uma boa ideia, resolvi falar com Carolina e saber da minha melhor amiga. Entrei no restaurante e Alicia notou minha presença, a loira praticamente me fuzilou com o olhar, porém pouco me importei. Caminhei em passos largos até a mesa das duas, Carolina sorriu ao me ver.
— Olívia, que surpresa!
— Voltou para a sua vidinha de antes? Soube que perdeu rios de dinheiro. — Alicia começou, jogando todo o seu veneno.
— Não. Estou aqui porque queto rever Emilly, ela sumiu e não me deu mais notícias, estou preocupada.
— Ela não mora mais nesse prédio aqui da frente. — Carolina engoliu seco.
— E você sabe onde posso encontra-la? Nunca passamos tanto tempo sem nos falar.
— Nós terminamos há uns três meses, ela praticamente sumiu desde então.
É, realmente aquilo me pegou de surpresa. Emily não era assim, ela jamais sumiria sem dar respostas... O que será que aconteceu?
— Obrigada por me falar, acho que sei onde ela está. — menti. Alicia me olhava quase entrando de mim, louca para saber de alguma fofoca.
— Por favor, me avise. Apesar de não estarmos mais juntas, Emily ainda é muito importante para mim. — pediu aflita.
— Não se preocupe, aviso. — garanti e ela sorriu aliviada.
Deixei o restaurante e entrei em meu carro. Revirei todos os lugares que íamos juntos, liguei para a avó dela e NADA. Emily havia evaporado. Minha última opção foi Josh, nosso colega de trabalho. Por sorte, ainda mantínhamos contatos, não foi muito difícil acha-lo. Ele morava no Brooklyn juntamente do noivo.
Senti nostalgia ao voltar para o lugar onde vivi por muitos anos, lembrei do meu pai, da minha mãe, dos meus amigos, da minha vida. Apesar do dinheiro, do luxo e da vida boa, por muitas vezes me senti sozinha, sem valor algum. Parei o carro próximo à casa de Josh, não demorei muito para estar em sua porta, batendo quase desesperada. Ele atendeu e me recebeu com um olhar surpreso e um sorriso amigável.
— Quanto tempo! — abri os braços e o recebi em um abraço bom, cheio de saudades.
— Oli, você tá muito poderosa! Que vestido é esse? E esses sapatos? São caríssimos! Aquele sorteio praticamente foi os números da sorte para você. Entra aí — me deu espaço e então entrei.
O apartamento se parecia muito com o meu de antigamente, senti a saudade apertar no peito.
— Nossa, que nostalgia! Faz tanto tempo desde a última vez que estive aqui.
— Não julgo... No dia que eu ficar rico, meu amor! Não vou lembrar de ninguém! — soltou uma gargalhada.
— Eu não esqueci de ninguém, Josh! A minha vida na Itália é um pouco agitada.
— Eu sei disso, vi nos jornais... Você anda se agitando muito com aquele italiano. — fingiu se abanar e eu acabei rindo. — Que gato, amiga! Você realmente venceu na vida.
— Ele é. — lembrei de Henry, o coitado estava em reuniões em Miami.
— Mas por que você apareceu de repente? Não avisou. Aconteceu algo? Vou preparar um café.
Observei Josh indo para a cozinha e sentei no banco onde ficava o balcão da cozinha americana. Vi uma foto do nosso trio escondidinha em um quadro gigante, cheio de outras fotos e me partiu o coração.
— Você sabe onde a Emily está? Faz algum tempo que perdemos o contato, ela não me ligou mais, não me deu notícias. Carolina disse que as duas terminaram, o que me chocou, porquê Emily estava apaixonada por ela.
Notei que Josh estremeceu, parecia saber de algo e aquilo me deixou ainda mais preocupada.
— Nossa amiga é um pouco doidinha das ideias, Oli. — falou enquanto preparava o café. — Não me admira esse sumiço, não é a primeira vez.
— Eu sei, mas da outra vez ela voltou para casa e agora nem sinal no celular ela tem. Eu estou preocupada, imaginando mil coisas e me sentindo uma péssima amiga.
Josh despejou o café em duas xícaras, me oferecendo uma que prontamente aceitei.
— Você não soube? — seus olhos estavam marejados.
— O quê? — franzi testa.
— Emily estava se drogando há algum tempo. — arregalei os olhos — ela vendeu alguns móveis do apartamento, começou a faltar o emprego e acabaram despedindo ela.
— Josh! Isso é... Meu Deus! Como não me contaram antes? — comecei a chorar de culpa. Emily não podia estar assim, aquilo não era ela.
— Nós pensávamos que você já sabia disso, mas com toda a sua vida...
— Não! Eu tinha que saber! Ela é minha melhor amiga, minha irmã! Oh céus! Como eu sou uma idiota!
— Acalme-se, Oli. — segurou minhas mãos. — Emily acabou saindo do apartamento, terminou o relacionamento e resolveu se afundar nas drogas. Nós tentamos ajudá-la, mas ela não quis, não aceitou nenhuma ajuda. Passou um tempo, eu consegui trazê-la para a minha casa e...
— E o quê, Josh? Por favor, não me esconda nada! — funguei, limpando o rosto com a palma da mão.
— Tudo parecia muito bem, ela estava começando a se recuperar, até que notei algumas atitudes estranhas vindo dela e descobri que ela conversavam com um homem pela internet. Emily está tão frágil psicologicamente, não a julgo, mas também não a compreendo. Passou alguns dias, tentei conversar, aconselhar, ela fingia escutar, mas tudo estava armado e... Emily fugiu da minha casa, foi embora com esse homem.
— Meu Deus, Josh! Você acionou a policia? Você sabe quem é? Esse homem tem alguma foto? Caramba! Não acredito nisso... — me levantei atordoada. Eu deveria ter sido mais presente, mais amiga...
— Ele usava uma foto fake, Oli. Agora me diz, como a Emily foi capaz de acreditar nessa ladainha? A Emily, Oli! A pessoa mais esperta que conhecemos.
— Eu não sei! Mas preciso encontrá-la, ela deve estar correndo perigo e... Precisamos tentar alguma coisa, saber de onde esse homem é.
— Albert entende muito dessas redes sociais e me ajudou a hackear o Instagram da Emily. A única coisa que achamos foi a localização desse homem, mas não é exata, não tem endereço.
— Isso já é o suficiente, Josh. Qual a localização? — indaguei, sentindo todo o meu corpo arrepiar. Eu estava muito nervosa, prestes a passar mal.
— Itália, a localização é na Itália!