Henry Bianchi
Matteo me levou até o escritório do Hotel, parecia completamente desesperado e sem saber o que fazer. Se o bastardo fez algo de errado, provavelmente não escaparia das punições de nosso pai e se fosse algo grave, tudo que estávamos construindo ia por água a baixo. Fechei a porta e vi meu irmão andar de um lado pro outro, quase tendo um ataque de tanto nervosismo, aproximei-me o olhando desconfiado, aquele comportamento era estranho vindo dele. Tão debochado e seguro de si.
— Sabe, estou perdendo uma noite maravilhosa com a dama que estava comigo... Pode falar o que diabos aconteceu? — ele sentou no pequeno sofá de couro e colocou as duas mãos na cabeça. Aquilo já estava me deixando nervoso...
— Henry, fiz uma burrice muito grande! Por favor, você tem que me ajudar! — me encarou com os olhos brilhando.
— Ora, você já fez tantas burrices, irmão. Não me diga que está se envolvendo com uma mulher casada... — dei uma risada debochada, porém Matteo ficou quieto. Não, não havia nenhuma piadinha de mal gosto ou problemas que somente um inútil daqueles teria. Era algo de errado, muito errado!
— Preciso que fique em silêncio e escute tudo que tenho a dizer. — murmurou trêmulo.
Fiquei quieto, escutando todo o motivo daquele nervosismo e no final da história, senti meu coração bater o mais rápido que o normal. Matteo sabia o quanto aquele homem era perigoso e que nosso pai fazia de tudo para mantê-lo longe da família, por que ele cometera tamanha insanidade?
— Está me dizendo que a filha do homem que conspira contra nossa família está em Las Vegas e quer matar você?
Ele fechou os olhos dando socos na sua cabeça, outra atitude surpreendente.
— Eu sei que você me odeia, mas não pode me abandonar agora. Se nosso pai souber irá me punir de uma forma terrível, você sabe muito bem do que ele é capaz. — havia terror em sua voz, como se ele já tivesse provado da fúria de Giancarlo.
— Ok, nós precisamos pensar no que fazer. Quantos dias ela te deu?
— Três malditos dias, Henry! Nós temos apenas TRÊS dias! — examinei seu desespero e um aperto no peito me fez bufar.
Eu não odiava o meu irmão, droga! Nossas briguinhas bobas não era motivo para isso, mas o que ele fez foi errado, um caso pensado para ganhar a admiração do nosso pai.
— Sabe que não podemos continuar com essas briguinhas idiotas, não sabe? Precisamos nos unir para resolver esse problema. — Matteo assentiu. — Essa competição pelo afeto de um homem que não faz questão de merece-lo tem que acabar aqui, agora!
— Sim, você está certo. O que vamos fazer?
Minha cabeça estava confusa. Meus pensamentos embaralhados e uma forte sensação de desespero não estava me ajudando a chegar numa conclusão.
— Primeiramente vamos procurar sobre as mortes envolvendo pessoas próximas de Monique Ferrari. Caso ela esteja falando a verdade sobre os maridos assassinados, teremos que ser cuidadosos com o plano. Não sabemos exatamente nada dessa mulher, isso é um terreno desconhecido para nós. — expliquei e ele assentiu.
Passamos algumas horas pesquisando o nome Monique Ferrari no Google e vieram várias notícias sobre as mortes de seus maridos, os jornalistas apelidaram-na carinhosamente de Viúva negra. O primeiro casamento foi aos dezessete anos, este foi o que mais durou entre os outros. Não havia quaisquer acusação envolvendo seu nome, apenas colocaram-na como vítima de homens cruéis com passados nada bons. Matteo só pensava na reação de nosso pai e não fazia ideia de que o inimigo era bem pior do que imaginávamos.
❦
Olívia dormia tranquilamente ao meu lado e por um minuto invejei aquilo. Fazia muito tempo que a minha mente perturbada me impedia de ter um sono agradável.
Deixei-a dormir e caminhei sem fazer barulho até a varanda do quarto. O dia estava amanhecendo, o céu amarelado mostrava os primeiros raios de sol. Não dormi nada naquela noite, assim que fechava os olhos a minha cabeça me traía e pensava no que Matteo havia feito. Giancarlo estava chegando, sabe-se lá o que ele faria ao descobrir o que estava acontecendo. Fechei as cortinas da varanda e quando pensei em voltar para a cama, o telefone da suíte tocou.
- Alô? Sr. Bianchi? - era Diana a recepcionista.
- Bom dia, Diana. O que aconteceu? - perguntei já esperando o pior.
- Seu pai chegou no hotel pela madrugada e deseja que você compareça ao restaurante do hotel imediatamente.
- Avise que estou descendo. - desliguei.
É claro que Giancarlo não chegaria de manhãzinha e sim pela madrugada. Ele não queria algazarra dos funcionários quando entrasse no hotel e nem perdia a oportunidade de saber sobre tudo que rolou durante a sua ausência. Me arrumei com rapidez e desci diretamente para o restaurante, Giancarlo estava sentado em uma mesa, bebendo uma xícara de café. Sozinho e pensativo, meu pai só percebeu a minha presença quando sentei em sua frente.
— Bom dia, pai. — ele me encarou desconfiado, parecia procurar algum problema no meu rosto. Porém, desde muito novo consigo lidar com aquele tipo de manipulação vindo de meu pai.
— Onde está Matteo? Não acredito que beberam até tarde.
— Não bebemos. Ele deve estar descansando da noite anterior, os jogos tomaram boa parte do nosso tempo. — me servi com café, ignorando o açúcar como sempre faço.
— E você, o que andou aprontando durante esses dias? Pensei que tivesse cuidando das reuniões. — senti certa ironia em sua voz.
— Deveria ter me contado que Matteo é o novo sócio da empresa. — devolvi, fazendo-o rir.
Imediatamente, seu sorriso desapareceu e os olhos de águia foram diretamente em uma direção. Acompanhei seu olhar até Carlo Montenegro e sua filha adotiva, a simpática Carolina. Giancarlo estava com um semblante de desprezo, o mesmo de muitos anos atrás quando viu a garota pela primeira vez...
Itália, 15 anos atrás.
O aniversário de Martina Bianchi estava entediante para o pré-adolescente Henry. Ele odiava as festas dadas pelos seus pais, pois todas eram chatas e iguais. Só podia se contentar com a irmã Paola, que sempre estava ao seu lado, roubando docinhos e guloseimas da cozinha.
Giancarlo conversava com seus sócios em uma mesa regada de comidas e bebidas. Ele estava feliz pela conquista do seu segundo hotel em Seattle. Só parou de dar atenção aos colegas de trabalho quando viu Carlo Montenegro chegar com sua esposa e uma garotinha desconhecida nos braços.
— Carlo adotou essa... criança? — perguntou a Martina.
— Sim, que gesto lindo! Agora os dois tem duas filhas encantadoras. Vou cumprimentá-los! — Martina deixou o marido sozinho e sorridente cumprimentou o casal de amigos.
A menininha deixou Giancarlo enojado pelo seu tom de pele, pensamentos nada agradáveis rondavam sua mente. Que ridículo! Pensara ele. Algumas horas mais tarde, o homem notou que os filhos brincavam com a nova filha dos Montenegro. A raiva ferver seu sangue, fazendo-o quebrar um copo sem que os outros percebessem, Henry se aproximou do pai com um sorriso genuíno nos lábios.
— Papai, posso levar Paola e Carolina para brincarem na piscina? — esperando uma resposta gentil vindo do pai, o doce Henry sorria de alegria por ter feito uma nova amiguinha.
— Está me insultando com tamanha loucura. Afaste-se daquela... Daquela menina e leve sua irmã com você! Vá, agora!
Henry não estava entendendo. Qual o problema de brincar com Carolina? Ignorando o pedido do pai, o garoto voltou a brincar com a garota. Aquela atitude renderia uma punição mais tarde, punição essa que lhe deixou uma cicatriz nas costas...
___________
O wattpad está tirando o travessão dos capítulos, alguns podem ter, outros não. Peço desculpas desde já!
Bom começo de semana a todos vocês, meus queridos leitores! ❤️
Segue abaixo a foto de Giancarlo Bianchi;
Obs: Não compactuo com nenhuma atitude racista vindo desse personagem.