Henry Bianchi
Meu interesse por Olívia só aumentou ao perceber que ela era muito inteligente, só não sabia o porquê de tantas mentiras. Tenho certeza que ela não é uma mulher fútil como tentou transparecer e olha que conversamos bem pouco. Fomos interrompidos por Carlo Montenegro, um dos sócios do meu pai, e que possivelmente estava a trabalho em Las Vegas assim como eu.
— Vejo que está muito bem acompanhado. Ela é linda! — falou, enquanto andávamos até a mesa onde os outros estavam.
— Sim, ela é muito linda. — concordei, olhando discretamente para Olívia, que permanecia no mesmo lugar. — Veio a trabalho ou a férias?
— Os dois. — sentou um pouco distante dos outros, fiz o mesmo. — Minha esposa está em um resort com a minha amada sogra. — falou com desdém. — Estou aqui a pedido do seu grandioso pai e acabei encontrando com Alicia.
— Sua filha? Ela casou? Lembro-me da última vez que nos vimos, ela estava noiva.
Enchi o copo de Bourbon e bebi um gole, Carlo me olhou desconfiado.
— O noivado não vingou. Pensei que seu pai já tinha conversado com você...
— Henry! — Adam se aproximou com a amiga de Olívia. Os dois estavam agarrados.
— Adam, está tudo bem? Você me parece... Bêbado. — rosnei. Adam sabia que tínhamos limites para beber, principalmente quando nossa viagem se tratava de trabalho.
— Oh, desculpe! Eu estou bem, estou acompanhado dessa belíssima dama. — olhou sorridente para a moça em questão.
— Que ótimo! O que deseja?
— Estou indo para a minha suite, se não se importa... — beijou o rosto da garota, fazendo-na corar.
— Cuidarei de seu amigo, prometo! — ela disse, rindo do modo em que Adam a abraçava.
— Sei que vai. Pedirei para Carter levá-los.
Tirei o celular do bolso e disquei rapidamente o número de um dos seguranças, mandando-o vir depressa para onde estávamos. Ele obedeceu e em minutos estava aqui, lhe dei regras rigorosas sobre Adam e a garota que estava o acompanhando. Logo os três saíram do bar, respirei aliviado.
Olívia havia sumido também e sequer notei. Acredito que ela resolveu ir para seus aposentos. Me despedi de todos e também segui rumo a minha suíte.
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Naquela manhã quente de sexta-feira, acordei bastante disposto. Logo no início do dia, fui diretamente tomar o café da manhã e enquanto isso olhei algumas anotações do que deveria fazer hoje e uma delas não me chocou, apenas surpreendeu. Não me admirava ler aquele "pedido" quando se tratava deGiancarlo, ele sempre fazia com que eu fizesse o trabalho sujo em seu lugar. E então com a maior calma do mundo, sentei-me em uma mesa distante no restaurante do hotel e comecei a comer. Já não bastava todas as preocupações que obrigaram-me tomar doses de um remédio que me dopou durante a semana inteira, não ia perder a cabeça com aquilo, pelo menos não agora. Meus pensamentos estavam longes quando uma certa loura sentou na mesa em que eu estava estava: Alicia.
Ela estava deslumbrante, bem vestida, levemente maquiada e com um sorriso genuíno nos lábios. Nós nos conheciamos há anos e ela sempre foi assim, nunca mudou.
— Bom dia, Henry. — sorriu mais uma vez.
— Bom dia, Alicia. Encontrei com Carlo na noite passada, estão curtindo as férias no hotel? — chamei o garçom, que veio de prontidão. — Sirva a dama com...?
— Chá, por favor. — disse educadamente e assim foi feito. — É basicamente isso. Meu pai conversou com Giancarlo recentemente.
— Sobre? — os olhos dela brilhavam.
— Não pensei que um dia chegaríamos a isso, fiquei surpresa quando papai me comunicou, mas não hesito de forma nenhuma. Estou bem disposta em aceita-lo.
— Onde quer chegar com isso, Alicia? — uma ideia passou rapidamente pela minha cabeça, mas Giancarlo não seria capaz disso... Seria?
— Nossos pais pretendem unir nossas famílias, querido. Em breve iremos nos casar! — pegou minhas mãos com total felicidade, deixando-me sem reação.
— Casar? — repeti, tentando digerir aquela situação.
E antes de Alicia responder, fui salvo pelo gongo no exato momento que meu celular vibrou e havia uma mensagem na tela.
"Estamos prontos, chefe."
— Podemos conversar sobre isso depois? Tenho uma pequena reunião agora. — levantei-me com rapidez e Alicia me olhou desconfiada.
— Ok, estarei esperando. — assenti e andei rapidamente até a saída do restaurante.
Deixei várias mensagens para o meu pai, tentando entender que merda estava acontecendo. Casamento com a filha dos Montenegro? Até que ponto meu pai chegaria por poder? Eles tem uma boa condição financeira, vem de linhagem de pessoas importantes, são tudo que Giancarlo queria ser e não pôde. Agora serei obrigado a compactuar com essa loucura! Não que eu não pensasse em casar, pensei nisso há muitos anos, porém com a vida que tenho, colocar pessoas inocentes em risco não era a minha prioridade no momento e nunca irá ser, para falar a verdade.
Cheguei no local combinado e desci do carro, indo em direção aos meus seguranças, eles me passaram breves informações sobre o homem que estava lá dentro. Coloquei uma ponto 40 na cintura e entrei com toda a raiva que me consumia naquele momento.
O homem em questão sabia informações valiosas sobre um inimigo antigo de Giancarlo. Não sei exatamente que inimigo era aquele, mas sabia o quão importante era descobrir sua identidade. E como falei: Sempre resolvo o trabalho sujo.
Ao chegar próximo dele, a primeira coisa que fiz foi ataca-lo com o cano da arma em sua cabeça, o homem gemeu e uma quantidade mínima de sangue jorrava de sua testa.
— Não sou uma pessoa muito fácil de lidar quando se trata de inimigos. Então, seja rápido e conte-me sobre o homem que conspira contra Giancarlo Bianchi. — a figura a minha frente olhou para o chão e respirou fundo.
— Não sei do que está falando, senhor. Não faço ideia do porquê me trouxeram aqui.
Mais uma pancada com o cano da arma e a testa do homem começou a sangrar cada vez mais.
— Ah, não sabe? Vamos ver se não sai nada da sua boca. — Carter me entregou um iPad com fotos de uma mulher morena com um bebê no colo. Os dois estavam na entrada de uma bela casa, no endereço de... — Park Slope. Reconhece? — ele empalideceu com o nome. Ótimo, estou no caminho certo.
— O que acha que está fazendo... — outra coronhada e ele gritou. Peguei-o pelo colarinho e encarei seus malditos olhos.
— Diga-me tudo que você sabe ou se arrependerá de ter entrado no meu caminho! — sua expressão endureceu, porém ele continuou em silêncio. Sorri, sentindo a raiva ferver em meu sangue. Soltei seu colarinho e mostrei a foto da mulher com a criança. O rosto novamente perdeu a cor e seu semblante mudou para desespero. — Se continuar em silêncio, farei com que cave a sepultura dessas duas pessoas.
— Por favor, não...
— Carter, vá até o Brooklyn...
— EU FALO! — voltei a encara-lo. — Não faça nada com a minha família, eu imploro!
— Excelente, comece... — entreguei o iPad para um dos seguranças e esperei a informação que precisava para concluir essa situação estressante.
— Não sei exatamente de quem se trata, o homem em questão é muito inteligente, vive mudando de lugar e usa nomes falsos... Porém, uma pessoa me deu o nome de um restaurante localizado em Miami. Acredita-se que esse restaurante é da filha dele! — respirei fundo, minha cabeça começou a doer.
— Já sabem o que fazer. — olhei para os seguranças. — Não deixem rastros.
— O quê?! Eu falei tudo que sabia! — o homem começou a se debater em desespero, deixei aquele lugar escutando os gritos de horror e me direcionei até meu carro.
— Ora, ora! Henry Bianchi e seu temperamento difícil. — reconheci a voz daquele maldito e me segurei para não manda-lo à merda!
— Matteo Gali. — virei-me para cumprimentar meu irmão bastardo.
— Estragou um terno de dez mil dólares? Que pecado! — debochou, colocando as mãos nos bolsos da calça.
— O que faz aqui? — tirei o terno e entreguei para o meu motorista.
— Sou o novo sócio dos hotéis Bianchi Gali.
Giancarlo teve um caso com Antonella Moretti Gali, a esposa de meu falecido tio. A safadeza resultou em Matteo Moretti Gali, o filho bastardo que meu pai adorava. Ele fora criado na casa da amante até a morte dela em meados dos seus dezoito anos, como sempre quis a aprovação de Giancarlo, Matteo passou boa parte de sua adolescência e vida adulta estudando. Construiu seu próprio império sob os olhares orgulhosos de nosso pai. Não me admira ele ter conquistado o posto de sócio da empresa, com a herança deixada por Antonella e os frutos que conquistou durante seus esforços, Matteo tinha uma vida financeira estável.
— E nosso pai mesmo assim me pediu para comparecer as reuniões com você. Estranho, pensei que fosse um desconhecido pelo jeito que ele falou de você, irmão. — Matteo engoliu seco.
— Isso não vem ao caso. Estou aqui para ajudá-lo a encontrar o homem que conspira contra nosso pai também, então me diga as informações que conseguiu. — neguei com a cabeça.
— Vamos para o hotel e quem sabe posso conta-lo sobre o plano que tenho para pegá-lo. — Matteo assentiu contragosto.
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Matteo Gali
Alicia Montenegro