Esferas Elementares

By LeticiaMedeiiros3

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Quando coisas estranhas começam a acontecer na vida de Miranda, ela começa a se perguntar se a possibilidade... More

Notas Iniciais.
Prólogo.
Parte I
Capítulo 1 - Um péssimo começo.
Capítulo 2 - Palestras e discussões.
Capítulo 3 - Uma conversa irritante.
Capítulo 4 - Vamos ao parque?
Capítulo 5 - Encontros.
Capítulo 6 - O mago do ar.
Capítulo 7 - Apresentações.
Capítulo 8 - Conversas dolorosas.
Capítulo 9 - Pequenas grandes coisas.
Capítulo 10 - Uma pequena fada azul.
Parte II
Capítulo 11 - Bem-vindos a Trigan!
Capítulo 12 - Banhos, discussões e profecias.
Capítulo 14 - Emoções.
Capítulo 15 - Mal-entendidos.
Capítulo 16 - Você se lembra?
Capítulo 17 - Indo a lugar nenhum.
Capítulo 18 - Feridas abertas.
Capítulo 19 - Cicatrizes da alma.
Capítulo 20 - Conversas, muitas conversas.
Capítulo 21 - Feliz aniversário!
Ficha e curiosidades sobre os personagens.
Capítulo 22 - Despedidas.
Capítulo 23 - A beira do precipício.
Capítulo 24 - Sozinhos.
Capítulo 25 - Tempestades.
Capítulo 26 - Despertar.

Capítulo 13 - Os pássaros negros.

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By LeticiaMedeiiros3

Tyler


Eu não acreditava que realmente estava no mundo mágico do qual tanto ouvi falar, ele realmente existia, eu estava em Trigan!

Meu cérebro estava em loop com essa informação, pensando e repensando que isso estava mesmo acontecendo, tinha o quê? Menos de um dia que eu estava aqui e ainda não conseguia acreditar que estava mesmo acontecendo. Mas os guardas, as crianças dominadoras, o enorme castelo e até o nome estranho das pessoas a nossa volta eram indícios bem verídicos que estava mesmo acontecendo.

Existia uma profecia mágica e quem tinha nos contado sobre ela era a princesa, então eu era obrigado a acreditar.

E, quando o teto do palácio ameaçou desabar e os sons de explosão se tornaram perigosamente perto eu finalmente percebi que nós, de fato, tínhamos acabado de entrar em uma guerra.

- Arian já deve saber​ ou ao menos cogitar que os guerreiros estão aqui, isso deve ser só um teste para ele, aquele monstro! - o rei cuspiu as palavras. Ainda estávamos todos absorvendo as últimas que disse. Toda essa recepção era mesmo só pra gente? O rei então se virou para Fio que ainda nos olhava nervoso. - Iniciem as defesas, nossa prioridade são os cidadãos, mulheres, crianças e não dominadores levem eles para um lugar seguro - o monarca hesitou por um minuto e por fim suspirou. - E os homens não dominadores que forem maiores de idade e quiserem ficar, tem a minha permissão, agora vá!

Fio não precisou de uma segunda ordem antes de voltar correndo pelo mesmo caminho em que veio. O rei se virou para nos encarar e eu já estava esperando a ordem para lutar, talvez até a quisesse, era mais uma desculpa para acabar com mais daqueles malditos homens-pássaro, mas suas palavras seguintes me pegaram de surpresa.

- Serian, leve Anarita e nossos convidados para dentro e garanta sua segurança antes de me acompanhar, vou supervisionar as tropas.

- Como é!? – perguntei surpreso, as meninas e Luke também encaravam o rei parecendo não entender suas palavras.

- É isso mesmo que ouviram - o rei respondeu sem nem piscar ou hesitar. Aquilo me fez cerrar os punhos, estávamos sendo tratados como crianças. - Temos que garantir a segurança de vocês e da princesa.

- Nada disso! O senhor acabou de falar que essas pessoas estão se machucando por nossa causa, não vamos ficar de braços cruzados vendo isso acontecer! – a Florzinha disse indignada e eu a entendia, não pediria para pessoas lutarem em meu lugar. E me recusava a ver mais ninguém se machucar por mim, isso nunca mais.

- Vocês não entendem - o príncipe suspirou como se realmente estivesse falando com crianças. Por um instante eu quis socar sua cara, mas me lembrei rápido que ele era o príncipe e desisti da ideia. - Precisamos de vocês, não vale a pena se machucarem por tão pouco. Nós cuidamos disso, apenas fiquem seguros.

- Mas... – Zoe começou e o rei a interrompeu.

- Isso é uma ordem e não está aberta a discussão! – ele rosnou e ninguém teve coragem de desafiá-lo. E eu bem que queria.

Num acordo mútuo de protesto ninguém disse mais nada, nós apenas esperamos a princesa e o príncipe se despedirem do rei e ele dar algumas ordens aos guardas que estavam parados no salão desde que chegamos, depois disso o monarca saiu sem nem olhar para trás. Por fim os guardas com a ajuda do príncipe começaram a nos escoltar – eu, Mira, Zoe, Luke e a princesa – para fora da sala em direção a ao interior do castelo.

- Onde eles estão? – Mira questionou assim que saímos do salão com os tronos.

- Quem? – Zoe devolveu a pergunta e a Florzinha olhou em volta antes de encarar a amiga. Não havia mais ninguém por perto.

- Odilee e os outros. Eles vieram conosco e ficaram do lado de fora da sala.

Meu cérebro pintado pela raiva de ter sido descartado pelo rei levou alguns segundos para entender de quem Mira falava. Odilee era a empregada que estava com ela quando a encontrei mancando no corredor. Foi só então que me lembrei que havia quatro deles, um para cada um de nós, Kenad também parecia ter evaporado. Ele era um pouco irritante, mas até que não foi ruim ter alguém para me dizer como vestir todas aquelas roupas sem ficar parecendo um idiota.

- Eles foram com os outros empregados, em casos como esse, de ataque, todos eles vão para o alojamento de pedras sob a cozinha, é um dos lugares mais seguros do castelo – a princesa informou quando voltamos a caminhar ainda sendo seguidos/levados pelos guardas. – Não se preocupem, eles provavelmente estão bem. Mas fico feliz que tenham gostado deles. Estavam todos apavorados com a ideia de conhecê-los.

- Apavorados? – Zoe perguntou divertida. – Não pareciam. Eminn me fez tantas perguntas que quase não consegui acompanhá-la, e olha que eu converso com a Mira.

- Hei! – a Florzinha protestou fazendo todos rirem e descontrair o clima.

Mas isso só durou até ouvirmos os barulhos de explosões outra vez, todos paramos com o susto. Todas essas explosões estavam altas demais para o bem das pessoas que moravam que na cidade mais adiante. Vi quando Serian olhou em direção aos sons das explosões e suspirou.

- Eu preciso ir – o príncipe anunciou e em seguida deu um beijo na testa da princesa, logo em seguida se virou para dois dos quatro guardas que estavam nos acompanhando. – Vocês vêm comigo. Os outros terminem de levá-los ao salão de pedras, garantam a segurança de todos, eu tenho que ir ajudar vossa majestade.

- Tome cuidado – a princesa pediu e Serian sorriu.

- Eu vou tomar – garantiu, nos deu um último aceno e voltou correndo pelo corredor, os dois guardas que ele chamou o seguiram. Os outros dois ficaram conosco.

Olhei para os homens que não pareciam lá muito ameaçadores, eu conseguiria derrubar um deles, mas os dois de uma vez? Provavelmente não, tecnicamente eu nem devia estar pensando em algo assim, mas estava odiando ter que ficar esperando as coisas acontecerem, odiava a ideia de ter alguém tendo que me proteger, que alguém tinha que se machucar por mim. Eu prometi a mim mesmo quando descobri esses poderes que os usaria para nunca mais ninguém precisar se sacrificar por mim.

- Hei, calma – Zoe murmurou pra mim e só notei que estava de punhos cerrados quando ela tocou minhas mãos. – Respira fundo, ficar furioso não ajuda ninguém, eu nem tente negar, eu posso sentir lembra? – perguntou quando fiz menção em dizer alguma coisa, desisti e respirei fundo, uma, duas, três, quatro vezes enquanto seguíamos pelo corredor. – Melhor?

- Sim, pode ficar tranquila.

- Com você e sua Florzinha por perto? Não consigo – Zoe sorriu. – E ela ainda diz que não sente nada.

- O quê? – perguntei e ela indicou Mira com a cabeça. A Florzinha nos olhava com uma expressão que não consegui identificar.

Quando outra explosão soou eu esqueci o assunto, a raiva veio com tudo e eu queria acabar com ela socando alguns daqueles homens-pássaros. Foi então que tive uma ideia, uma bem ruim, mas ainda assim era uma ideia.

- Luke? – chamei o loiro e ele me olhou. – O que acha de mostrarmos aos rapazes aqueles movimentos que aprendemos com as meninas?

Eu não precisei de mais nada, ele entendeu na hora o que eu quis dizer, talvez estivesse tão irritado quanto eu com toda essa situação. Então quando os guardas nos olharam sorri.

- Desculpe – pediu Luke antes de cada um de nós nocautear um deles. Não foi difícil, Mira e Zoe lutavam melhor que os dois. Quando os guardas desabaram no chão as meninas e a princesa nos olharam, pareciam divididas entre estar surpresas e divertidas.

- O que foi isso? – a Florzinha perguntou olhando de mim para Luke depois outra vez pra mim.

- Nossa saída aqui – Luke disse sorrindo para ela, revirei os olhos. Por mais que tivesse me ajudado eu continuava não sendo muito fã desse loiro com olhos de cores diferentes. – Vamos?

Miranda olhou para Zoe e depois para a princesa, que, para surpresa geral, sorria.

- Eu estava imaginando o que iriam fazer, não esperava nada menos de vocês. Por favor, deixe-me acompanhá-los.

- Princesa – Zoe começou olhando do rosto da ruiva para sua barriga inchada. – Vai ser muito perigoso e sabe, você está grávida.

Anarita sorriu e negou com a cabeça.

- Não se preocupem, não pretendo sair dos jardins do castelo e sei me defender muito bem sozinha. Garanto que ficarei bem, só não quero ficar trancada em um quarto a espera de notícias, isso eu não aguentaria.

- Tem certeza? – Mira quis saber e ela assentiu sorrindo.

- Qualquer coisa se meu pai perguntar, eu digo que os guardas nos levaram até o salão de pedras e depois se distraíram e não os viram saindo e que depois disso e eu fugi.

- E ele vai acreditar nisso? – Zoe perguntou arqueando uma sobrancelha e a princesa abriu outro sorriso.

- Vai. Essa não seria a primeira vez que faço algo assim, e não vai ser a última, tenho certeza.

Estava prestes a dizer que esse plano meia boca era horrível quando outro estrondo soou lá fora, esse ainda mais alto que os anteriores, desisti de falar e simplesmente assenti.

- Tudo bem então, que seja assim. Nós temos que ir.

E isso foi tudo o que bastou para a princesa concordar com a cabeça séria e indicar os portões, nós nos viramos e corrermos pelo mesmo caminho que o príncipe tinha seguido. Consegui sorrir vendo Zoe e Mira levantando as sais na altura dos joelhos para poderem correr, é nós não estávamos mais em casa.

- Boa sorte! – ouvi a princesa gritar e agradeci a ela mentalmente pelo incentivo, por que sorte era só a primeira das muitas coisas que precisávamos para vencer essa guerra.

Não foi difícil achar o caminho de saída, os enormes portões estavam entreabertos, alguns guardas até tentaram gritar para que voltássemos, mas nenhum de nós se quer virou para olhar, estávamos determinados a ajudar, isso era tudo. Corremos todo o caminho de volta para a cidade, que dessa vez, pareceu muito menor.

Quando paramos ofegantes na estrada perto da entrada da cidade eu ouvi o primeiro grito.

- Alguém, por favor! – era uma mulher e estava em pânico.

O grito me arrastou até um lugar horrível na minha mente, com lembranças assustadoras as quais não queria recordar então não pensei em mais nada, só voltei a correr, acho que as meninas me chamaram, mas não ouvi, não ouviria nem se falassem no meu ouvido com um mega-fone.

Quando alcancei a mulher ela estava encolhida em um canto da varanda chamuscada de uma casa, abraçada a uma garotinha, ela protegia a criança com seu corpo e, quando o homem-pássaro diante delas fez menção em atacar eu só me atirei sobre ele, sendo corroído pela fúria. Em algum momento do caminho eu havia me transformado, meus sentimentos de querer lutar e proteger a mulher tinha feito isso, o que era bom, por que eu já havia me chocado contra coisas mais duras que um homem-pássaro sem proteção e sabia o quanto doía.

O homem-pássaro não esperava pelo ataque então nós dois voamos para o chão. Vi pelo canto do olho a mulher me olhar meio em choque.

- Vai embora daqui. Foge! – gritei para ela e foi essa hora que o homem-pássaro escolheu para me empurrar para longe. Enquanto voava alguns metros vi a mulher correr com a menina e nem a dor que senti em meu ombro me tirou essa satisfação. Elas estavam seguras.

O homem-pássaro me olhou e eu sabia que ele ia cuspir fogo em mim, talvez me derreter com armadura e tudo, mas sabia também que não conseguiria fugir e não dá pra se derrotar fogo com fogo, tudo o que eu conseguiria era criar uma explosão ainda maior e machucar mais pessoas.

Quando o fogo veio eu rolei para o lado, mas ainda assim sabia que seria atingido e esperei pelo fogo que não veio. Porque entre mim e o homem-pássaro havia surgido uma parede de terra assustadoramente grossa, o fogo não teve nem chance.

Fiquei de pé e me virei para ver Zoe e Luke transformados – o loiro usava roupas brancas com douradas, um casaco comprido e um cajado, parecia um feiticeiro, ou como ele mesmo se chamou uma vez, um mago – Mira atrás deles ainda usava o vestido vermelho de hoje cedo, e, mesmo descabelada e corada pelo esforço de correr, continuava linda.

- Dá próxima vez que correr por aí na frente eu te bato! – Zoe rosnou desfazendo a parede de terra. Eu teria retrucado se o homem-pássaro não tivesse aberto as asas, levantado vôo e indo diretamente em direção a onde os três estavam.

Mas o monstro não teve nem chance, Zoe estava realmente com raiva, por que pegou o arco, puxou a corda dourada e uma flecha se materializou ali – isso ainda era surpreendente – e a soltou precisamente em direção a cabeça do homem-pássaro, ele virou pó antes mesmo de os alcançar.

- Uou – Mira comentou impressionada. Todos estávamos. – Isso foi incrível.

- Obrigada, essa coisa é maravilhosa, eu nunca tinha usado um arco e flecha na vida, mas com esse é fácil.

- Claro que é – a Florzinha debochou sorrindo. – Ele é todo mágico e tal. E pra deixar claro, só eu acho sacanagem eu não ter nenhuma arma mágica?

Eu não tinha parado pra pensar nisso, mesmo por que não tivemos muito tempo, mas Mira era a única que não tinha uma arma. Eu tinha a espada, Luke o cajado e Zoe o arco, mas a Florzinha em sua forma de fada, além de asas e uma roupa que combinava com ela e seus olhos azuis, não tinha mais nada.

- Vamos deixar pra conversar depois e ajudar essas pessoas e o rei agora? – Luke sugeriu e eu odiava ter que concordar com ele, mas era o que tínhamos que fazer.

- Certo – Zoe disse por todos e olhou para Miranda. – Vamos Mira, se transforme, temos mais o que fazer.

Vi a Florzinha corar e dar um sorriso constrangido.

- Então, eu não tenho nem ideia de como fazer isso – ela disse com toda a sinceridade e então a ficha de todos – inclusive a minha – pareceu cair. Mira só tinha se transformado uma única vez e não sabia como reproduzir o feito, tínhamos que a ensinar, mas agora era uma péssima hora.

- Tudo bem então – disse e olhei para ela e torci para que não ficasse irritada com o que eu iria sugerir. – Depois nós resolvemos isso e te ensinamos, mas por agora fique longe daquelas coisas e ajude as pessoas como puder. Tudo bem?

Para minha surpresa ela sorriu, um daqueles sorrisos que sempre me pegava desprevenido.

- Sim, senhor Cavaleiro. Não quero atrapalhar, agora vão!

Eu e os outros dois não precisamos de mais incentivo que isso para correr em direção ao centro da vila? Cidade? Eu provavelmente descobriria mais tarde, nesse momento eu tinha prioridades maiores.

- O que estão fazendo aqui!? – o rei berrou assim que nos viu.

- Viemos ajudar! – gritei de volta cortando fora a cabeça de um homem-pássaro e o fazendo sumir. Isso pareceu ser o suficiente para o rei.

- Onde está a An? – ouvi Serian perguntar a Zoe.

- Está segura no castelo, não se preocupe – foi a resposta dela depois de ajudar um grupo de crianças a sair de uma casa em chamas.

Depois disso não teve mais diálogos, apenas ordens sendo gritadas para os oficiais. Os homens-pássaros pareciam se multiplicar, quanto mais os matávamos, mais ele surgiam. Haviam uns como os da história de Mira, com garras longas e afiadas que não cuspiam fogo, mas cortavam pele – e ossos – como se fossem papel.

Nós – eu, Zoe e Luke – lutávamos junto com o príncipe que diferente do que eu achei, entrou na batalha na linha de frente conosco e os guardas, ele assim como Zoe tinha podres de terra e nos protegia e mandava longe os homens-pássaros com uma facilidade assustadora. Alguns dos guardas dominavam fogo o que também era incrível, a técnica deles e como usavam o elemento, eu queria aprender.

Mira por sua vez ajudava as pessoas a fugirem ou se esconderem e quando os civis finalmente estavam todos seguros ela começou a cuidar dos soldados feridos os tirando do fogo cruzado, a garota se metia entre chamas, pedras voadoras e monstros para salvar alguém sem nem mesmo hesitar, o vestido já estava sujo assim como o rosto, mas o olhar era incrivelmente determinado, mesmo sem poderes mágicos Miranda era uma das garotas mais corajosas que já conheci.

A Florzinha estava com um pequeno grupo de crianças – saídas sabe Deus de onde - as levando para um lugar seguro e foi quando aconteceu.

Um homem-pássaro diferente dos outros apareceu.

Ele era maior, devia ter mais de três metros de altura, olhos vermelhos, as garras afiadas, na cabeça de penas escuras tinha algo que me lembrava um moicano feito com labaredas de fogo que desciam até metade das suas costas e, por fim, quando abriu o bico disforme soprou, em direção a Mira e as crianças, uma rajada de fogo tão forte que varreria tudo em seu caminho e, para desespero de todos, nós percebemos que ninguém os alcançaria a tempo.

Talvez tenha sido reflexo, ou raiva, ou simplesmente seu desejo de se proteger e ajudar, mesmo que tudo tenha durado uma fração de segundo eu vi com clareza quando Mira empurrou as crianças para trás de si e encarou a criatura, não consegui ver sua expressão, mas mesmo sem os poderes de Zoe eu conseguia sentir sua determinação, ela fez um movimento com os braços em direção ao monstro, como se ao mesmo tempo o empurrasse para trás e se protegesse, foi então que o tempo voltou a correr normalmente e, ao invés de uma onda de fogo, foi uma de água que varreu a rua em que estávamos, uma onda grande o suficiente para levar consigo todos os homens-pássaros a nossa frente, inclusive o do moicano.

Miranda os tinha arrastado com água e sua determinação de proteger as crianças.

Quando tudo acabou todas as pessoas que estavam a sua frente continuavam de pé exatamente no mesmo lugar, mas agora estavam encharcados. Vi Mira cambalear e corri até ela a segurando.

- Você está bem? – perguntei então ela me olhou e sorriu, perto o suficiente para eu reparar que suas íris azuis tinham pequenas pintinhas verdes.

- Sim – respondeu desfazendo o momento e se afastando. Então ela olhou para as crianças ao nosso lado. – Vocês estão bem?

- Sim, obrigado moça! – o garoto mais velho disse com os olhos brilhando e eu não o julgava por estar encantado. Havia ainda um menino e uma menina mais novos que também agradeceram.

Ela os mandou para uma casa segura longe da confusão e nós não tivemos nem tempo de ver se chegaram lá, ou pensar no que significava Mira ter usado seus poderes sem ter se transformado, por que mais adiante o homem-pássaro maior, que parecia o líder, levantou e parecia estar morrendo de raiva, nem os ataques de Zoe, Luke, Serian e os guardas o fez se quer desviar os olhos vermelhos de nós, correção, desviar os olhos de Mira.

Ela era seu alvo.

E foi por saber disso e que ela provavelmente tentaria me proteger como sempre faz com todos, foi por isso que eu deixei que ela ficasse ao meu lado até o momento em que o homem-pássaro levantou vôo para atacar, nesse momento, como se eu pudesse ver o que aconteceria a seguir, empurrei a Florzinha para longe, eu me recusava a deixar que ela se machucasse.

Ele cuspiu fogo e tive uma ideia louca, cortei as chamas com a espada e, para minha surpresa consegui fazer isso sem virar churrasco, mas isso não pareceu agradar o monstro, ele atacou mais uma vez e eu ouvi Mira gritar no instante em que senti as garras – todas as cinco de uma mão – me atravessar o peito como se eu fosse um espetinho, a dor parecia que iria me rasgar ao meio, e se ela não o fizesse, o homem-pássaro faria, mas não liguei pra isso, ignorei a dor o quanto pude – o que não foi muito – e ergui a espada.

- Se não posso queimá-lo vou cortá-lo em pedacinhos – rosnei e foi o que fiz.

Antes que o monstro pudesse pensar em soprar seu fogo em mim e me transformar em carvão, usei toda minha raiva e o desejo de proteger Mira e transformei em força, e usei toda ela para golpear uma, duas, três, quatro, cinco, seis vezes, numa velocidade absurda até que não sobrar nada do homem-pássaro, ele virou pó e eu desabei no chão.

Com o sol brilhando no céu claro acima de mim nem parecia que a cidade estava sendo destruída e eu morrendo por causa de monstros ridículos.

- Tyler! Tyler! – foi só quando seu rosto pairou sobre o meu me impedindo de ver o céu que ouvi Miranda falar comigo.

- Você me chamou pelo nome – murmurei cuspindo o líquido quente e viscoso também conhecido como sangue. Eu sabia que tinha muito dele espalhado pelo meu peito, eu conseguia sentir, junto com a dor.

- Cavaleiro Idiota! Você não vai morrer, eu proíbo! – ela me repreendeu com um sorriso, senti quando suas mãos tocaram meu peito me fazendo gemer.

Mira disse mais alguma coisa, mas não ouvi, meus ouvidos estavam ficando entorpecidos assim como a minha visão, por que seu rosto e os olhos azuis que eu tanto gostava estavam perdendo o foco.

Uma das últimas coisas que vi antes de ser engolido pela escuridão foram as lágrimas de Miranda. A Florzinha chorando por mim? Quem diria não é?

Quis dizer a ela que ficaria tudo bem, que eu estava bem, que não precisava chorar, mas eu já estava sendo engolido pela escuridão.

~~ ♥ ~~

Olá meus amores! Voltei!

Como sempre, demorei, mas estou aqui outra vez.

Mas e aí, gostaram? O que estão achando da estada desses quatro em Trigan?

E esse final de capítulo? O Cavaleiro e sua Florzinha são tuuuuudo pra mim! Kkkk

Espero que tenham gostado, e, por favor, comentem!

Beijocas e até, Lelly ♥

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