Capítulo 15 - Mal-entendidos.

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Miranda



Encarei o muro de pedras a minha frente ainda sem acreditar que eu estava em outro mundo.

Estava sentada na grama do jardim abraçando os joelhos envoltos no tecido do vestido longo e suspirei.

Já tinha três dias que estávamos aqui e depois de o Tyler quase morrer e eu trazê-lo dos mortos, essa era a primeira vez que eu saia do quarto e podia ver as coisas com calma, nós tivemos algumas reuniões, treinos – principalmente de combate – e até um tour pelo castelo e os arredores dele, então não sobrou muito tempo apenas para sentar e pensar em tudo que tinha acontecido. Eu tinha tomado café no quarto e Odilee disse que eu tinha tempo até o almoço que seria na sala de jantar na companhia de ninguém menos que a família real! Ainda era louco pensar que eu estava em um castelo com a família real, um rei, uma princesa e um príncipe de verdade.

Vi quando dois guardas passaram por mim e me encararam rapidamente, suspirei, eles deviam achar que eu não notava todos os olhares, e só ontem no jantar foi que consegui espremer o motivo disso de Odilee, ela mesma ainda me olhava quando achava que eu não estava prestando atenção.

- É que... Bem, senhora – ela tinha se enrolado quando a olhei feio, então ela desviou os olhos e suspirou.

- Bem?

- São seus olhos, eu nunca tinha visto alguém com os olhos da cor dos seus.

- O quê? Como assim? – perguntei sem entender, eu não sabia o motivo de sempre receber mais de um olhar das pessoas desde que havia chegado aqui, mas meus olhos eram o último motivo que imaginei para isso. – Nunca? – murmurei sem acreditar.

Ela negou com a cabeça.

- Não, só o reino do ar tinha pessoas com olhos tão azuis, pelo menos foi o que eu ouvi. Mas depois que a guerra começou todos eles meio que sumiram e os poucos descendes que ficaram no reino da terra e do fogo não tinham olhos assim, verdes talvez, castanhos claros quase dourados também, mas azuis? Esses eram os olhos que os antigos diziam ser capazes de enxergar a alma de alguém e só a nação do ar os possuía.

- Então eu não vou ver ninguém com olhos azuis assim?

- Não, do mesmo jeito que ninguém tem cabelos loiros como os do senhor Luke.

Depois disso eu a encarei e fiz mais algumas perguntas, mas de modo geral se um de nós fosse loiro dos olhos azuis seria praticamente um alien aqui nesse mundo por que, graças a Arian, não existiam muito mais pessoas assim circulando por aí.

Levei a mão ao rosto e pensei em como esses olhos sempre pareceram meio grandes demais para o meu rosto, na cor de um azul brilhante, será que eu sou tão estranha assim? Quando o sétimo guarda me encarou antes de seguir seu caminho eu soube que sim.

- Aproveitando o sol? – Luke perguntou se sentando ao meu lado e sorri. Eu gostava da companhia dele, seus olhos de cores diferentes não me incomodavam e era fácil falar com ele.

- Estou, já que finalmente tive um tempo só.

- Esses últimos dias foram bem agitados, em?

- Com certeza, a Odilee é basicamente o meu cão de guarda, não sei por que milagre que ela me deixou sozinha aqui – comentei olhando em volta e não vendo nem sinal da empregada que tinha sido minha sombra desde que cheguei aqui.

- Hytus também me abandonou no meio do corredor.

- É engraçado isso de ter uma pessoa assim para nos ajudar, não é? – pergunto divertida. – Lá em casa sempre foi eu por eu mesma.

- No orfanato sempre tínhamos tarefas então sim, é muito estranho.

- Você ficou sabendo que somos estranhos aqui nesse mundo com duas luas? – perguntei divertida e pelo sorriso de Luke ele sabia do que eu estava falando.

Esferas ElementaresWhere stories live. Discover now