Capítulo 2 - Palestras e discussões.

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Zoe


Quando eu conheci Miranda e ela me convenceu que fadas e duendes existiam e que poderíamos vê-los se nos esforçássemos bastante e eu acreditei, por que tinha nove anos e a ideia era encantadora demais para não comprá-la. Acreditar nesse tipo de coisa me deixava feliz e empolgada, mas entre acreditar e depois de um tempo saber que de fato não existiam, era uma coisa. Agora ver com meus próprios olhos uma cena que parecia saída de um filme de fantasia, era outra completamente diferente.

Aquela cena da boate não saia da minha cabeça do mesmo jeito que eu sabia que não saia da de Miranda mesmo que não falássemos sobre isso. Uma semana havia se passado e ainda era surreal demais pensar que um guerreiro de armadura brilhante havia transformado um monstro gigante em pó na minha frente com uma espada, isso é claro, depois de atirar bolas de fogo nele com as mãos.

E ainda havia a bolinha de vidro que eu tinha encontrado do lado de fora da boate, se ela era um indicador, ainda viriam mais problemas por aí. Eu sabia que o "superpoder" de Mira tinha avisado sobre a noite da festa e que ela simplesmente o ignorou. Eu brincava com ela sobre isso, mas não pela primeira vez pareceu mesmo que ela podia sentir quando estávamos perto de algo ruim que estava prestes a acontecer.

Olhei para a minha amiga sentada a minha frente, estávamos dividindo uma mesa em uma das várias lanchonetes espalhadas pelo campus da faculdade. Tínhamos acabado de terminar nosso lanche e estávamos buscando coragem para irmos para o auditório para assistirmos uma palestra incrivelmente chata promovida pelo curso de história sobre arqueologia.

- Você não acha incrível que possamos contar uma história apenas com os vestígios que os povos antigos deixavam? – Miranda perguntou animada e sorri. Ao menos eu achava um saco. Seus olhos azuis se estreitaram pra mim. – Zoe, você está me ouvindo!?

- Estou. Era alguma coisa sobre povos antigos, não era? – ela fez bico e eu ri.

- Eu acho arqueologia muito interessante, Ok?

- Claro. Mas eu acho bem chato esse papo sobre essas coisas velhas – digo dando de ombros e é a vez dela sorrir.

- Muito tranquilo pra você, seu lance é escalar uma parede e não limpar cerâmicas velhas com uma vassourinha.

- Isso aí, e você é exatamente o contrário – digo e nós ficamos de pé. – Como nos tornamos amigas? – pergunto divertida quando começamos a andar.

- Acho que foi justamente por isso, eu te levava pra procurar as fadas e você me chamava pra subir em árvores.

Sorrio por que é bem isso mesmo. Observo Miranda sorrir de volta, tropeçar na calçada e quase cair. Minha amiga era a mistura de desastre e beleza, com os cabelos negros e longos enfeitados com uma tiara de trança e algumas florzinhas e um vestido colorido, ela poderia muito bem ser comparada a uma das fadas das histórias que me contava quando éramos pequenas.

- Hei Fadinha, cuidado. Não vamos nos atrasar, nós precisamos das horas complementares. - Nós só íamos por causa disso, na verdade eu só estava indo por causa disso, esse era o tipo de programa para o qual Mira ia de bom grado.

- Eu estou bem, Ok? – ela soprou a franja pra longe do rosto e eu sorri, ela sempre fazia isso quando estava chateada ou frustrada.

- Certo. Vamos logo de uma vez então.

Nós conseguimos alcançar o auditório e suas portas duplas, como era uma palestra aberta, estava lotada. Eu e Miranda conseguimos passar por entre as pessoas e acharmos dois lugares perto de um dos corredores, éramos as primeiras da fileira. Havia conversa pra todo lado enquanto esperávamos os professores começarem. Eu ia abrir a boca para reclamar da conversa quando um dos bolsos da minha mochila começou a emitir um brilho verde, como minha bolsa de mão tinha feito pouco antes da confusão na boate começar, não era preciso ser um gênio para saber que aquilo era mau sinal.

Esferas ElementaresWhere stories live. Discover now