Zombie World - A Evolução (Li...

Від saints_bruno

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Improváveis alianças interceptam o progresso de Taylor, quando uma guerra toma diferentes lados. Daisy constr... Більше

Recapitulando...
Prólogo
Parte 1
Capítulo 1 - Dias de um passado esquecido
Capítulo 2 - A estranha e o monstro
Capítulo 3 - Carpe Diem
Capítulo 4 - Glaube
Capítulo 5 - O cubo
Capítulo 6 - A encruzilhada
Capítulo 7 - Isso não é um zumbi
Capítulo 8 - A incrível, fabulosa e assustadora máquina de destruir zumbis
Capítulo 9 - Inimigo?
Capítulo 10 - Feridas do passado
Capítulo 11 - A casa azul
Capítulo 12 - Filme de terror
Capítulo 13 - Sacrifício
Capítulo 14 - A rainha dos corvos
Capítulo 15 - Espólios de uma guerra
Parte 2
Capítulo 16 - Hurt
Capítulo 17 - Santa Clara
Capítulo 18 - Ann e Alex
Capítulo 19 - A face da morte
Capítulo 20 - A garota misteriosa
Capítulo 21 - Quem é você?
Capítulo 22 - Cicatrizes
Capítulo 23 - Detroit
Capítulo 24 - Kirby Reed
Capítulo 25 - Os estranhos
Capítulo 26 - O bicho-papão
Capítulo 27 - O lobo
Capítulo 28 - O que é justiça?
Capítulo 29 - Darwin
Capítulo 30 - Esperança
Parte 3
Capítulo 31 - O esquadrão suicida
Capítulo 32 - Autoconsciência
Capítulo 33 - Porcos
Capítulo 34 - Show de horrores
Capítulo 36 - Entre nós
Capítulo 37 - Laços profundos
Capítulo 38 - O agente do caos
Capítulo 39 - A batalha de Daly City
Capítulo 40 - Sem volta para casa
Epílogo I
Epílogo II
Epílogo III
O que vem agora? Terceiro livro, spin off e remake...
Em breve

Capítulo 35 - 149

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Від saints_bruno

Santa Clara


Alice acordou assustada com alguém esmurrando a porta do outro lado. Ela estava vestindo um macacão branco, como todos os outros prisioneiros da base secreta de Santa Clara. Seu cabelo estava bem mais curto que o habitual, quase na altura dos ombros. A cada vinte dias, eles cortavam o cabelo de todas as pessoas, mantendo-os mais curtos conforme o protocolo da diretoria da organização. Tudo o que ela sabia sobre eles era o que ouvia nos corredores diariamente. 

Ela dividia seu quarto branco almofadado com outras duas garotas, pouco mais velhas que ela. Uma foi levada há mais de um mês e a outra há dez dias. Nenhuma retornou. Talvez tivesse chegado sua hora de deixar aquele quarto e nunca mais retornar também.

- Mãos para trás e cabeça baixa - ordenou um soldado mascarado ao adentrar o aposento.

Sem dizer uma palavra, Alice virou-se de costas, colocando suas mãos conforme ordenado, e abaixou a cabeça. Esperava que fosse algemada, mas o soldado parecia ter pressa no que deveria fazer. Apenas agarrou os dois braços dela e a empurrou de supetão para fora do quarto. 

No corredor, outra surpresa. Todos os demais prisioneiros haviam sido trazidos para fora e colocados em uma fileira. Cada um deles tinha um número nas costas do macacão, em ordem crescente. Considerando que a mulher à sua frente era 148, Alice pressupôs que o seu seria a 149.

- Ei, Alice - gritou um velho há alguns metros, sob o número 137. - Você está bem, graças a Deus.

Alice não precisou se esforçar para reconhece-lo. Era Dogson, o velho comerciante. Tão feliz por revê-lo, ela também se comoveu quando avistou ainda mais à frente, dentre os números 110 e 113, a família Thomson. John continuava um pai protetor como sempre, encarando os soldados e mantendo Abbie e seus filhos próximos de si. Madison ainda era aquela garotinha assustada com o caos ao seu redor e Oliver seguia a personalidade do pai, se mantendo firme e confrontando os soldados. Entretanto, ela não reconheceu mais ninguém dentre os sobreviventes mais próximos. Oh Deus! Que eles não tenham tido um final como o Junior ou as garotas do quarto.

Uma sirene ecoou por todo o corredor e uma luz vermelha acompanhou o estrépito barulho, alarmando todos os soldados presentes. Eles pareciam entender o que estava acontecendo e aquilo não parecia ser nada bom. Alice olhou por toda a fileira atrás e avistou apenas uns quatro soldados, correndo de um lado para o outro, trombando entre eles mesmos. Um deles, o que a tirou às pressas do quarto, caminhava com o rifle apontado para o teto, tentando intimidar os sobreviventes. Alice não se sentia intimidada. Não mais.

- Corram em frente e não saiam da fileira - o soldado tentou gritar mais alto que a sirene. - Rápido! Vamos, vamos!

Seus braços estavam livres. Todos os outros sobreviventes estavam livres. Estava na hora de ousar. Alice sentia um espírito rebelde ascender em si. A rebelião deveria começar por eles se quisessem a liberdade. Não poderia esperar por um herói.

Quando o soldado retornou para trás, Alice ainda caminhava um pouco apressada tentando manter o ritmo dos demais da fileira. Ela aguardou ele passar e então, saltou para fora da fileira e agarrou o soldado pelas costas, o prendendo em um mata-leão. O soldado tentou reagir, desvencilhando algumas cotoveladas contra Alice, mas a garota era magra o suficiente para não ser atingida, além de ser tão astuta quanto seu pai foi.

- Sua... pirralha - o soldado dizia, sufocado.

- Ei - gritou um outro soldado vindo na direção contrária, com uma arma apontada para Alice. - Solte ele agora.

Acompanhando a pequena rebelião de Alice, um dos prisioneiros - um homem de quarenta anos aproximadamente, alto e magro - saiu também da fila e se jogou contra o soldado que ameaçava Alice. Os dois trombaram na parede e caíram, se espatifando pelo chão. Mais forte que o prisioneiro, o soldado desferiu um chute contra o rosto dele e deslizou-se rapidamente para pegar a arma. Entretanto, o velho Dogson se demonstrou mais perspicaz, se apossando da arma.

- Um dia da caça, outro do caçador - falou Dogson com escárnio para o soldado.

- Filho da...

Sem piedade, Dogson metralhou o soldado, perfurando todo o colete dele, além de seus braços e seu rosto. Ainda em adrenalina do momento, ele virou-se para o soldado que Alice mantinha sob seu domínio e também atirou. O soldado reagiu com alguns tiros, mas não foi o suficiente para mantê-lo vivo.

- Seu pai teria orgulho de você - comentou Dogson para Alice, demonstrando dificuldades em sua voz.

Preocupada ao perceber o macacão de Dogson sujo de sangue, Alice correu para perto dele e o examinou. Dogson havia sido baleado abaixo das costelas, onde bastante sangue jazia.

- Oh não, Dogson! - lamentou ela, enquanto tentava estancar o sangue com sua mão.

- Vai ficar tudo bem, Alice! - Dogson assegurou. - Sou muito jovem ainda para morrer.

Mais tiros foram ouvidos próximos deles e Alice encontrou outros soldados se aproximando, tentando controlar a situação dos rebeldes. Não disposta a se entregar outra vez aos opressores, ela muniu-se da arma e apontou para eles, ameaçando atirar. Dogson se manteve para trás de Alice, também com uma arma.

- Abaixem as armas agora - ordenou um dos soldados.

- Estamos em maioria, amigo - respondeu Dogson, alto o suficiente para que todos os prisioneiros próximos ouvissem. - Pode até matar alguns de nós, mas todos vocês morrerão se tentarem isso. Liberem o nosso caminho e mais nenhum sangue será derramado.

- Isso não é um acordo, 137. Obedeçam as ordens e abaixem as armas. AGORA.

Alice e Dogson se entreolharam e, como se houvessem subtendido o que deveriam fazer, começaram a atirar. Um caos foi plantado naquele corredor. Os soldados tentaram retribuir com alguns tiros, mas a multidão de prisioneiros se dispersou, com alguns partindo para atacar os soldados e outros correndo para procurar abrigos. Em meio àquela algazarra, ninguém ouviu os altos rugidos em setores próximos dali.

No meio da correria, um soldado alto e forte, protegido por um escudo tático, surgiu abrindo caminho dentre as pessoas e atirou balas de borracha. Sem conseguir controlar a situação, ele usou o escudo para golpear os mais ousados rebeldes. Próximo de machucar Madison ou Oliver, John saltou sobre ele e tentou desferir alguns chutes e socos, mas acabou sendo jogado violentamente para longe, sendo quase pisoteado pelos demais. Madison gritou ao ver seu pai caído e correu em meio à multidão, procurando ajuda-lo a se levantar. Com os gritos dela, Abbie e Oliver se engalfinharam por entre as pessoas, preocupados com a pequena garota.

Em uma nova retaliação, o soldado tático se demonstrou impaciente e impôs mais força nos golpes com o escudo. Sangue de inocentes espirrava contra a viseira do escudo, enquanto abria um caminho dentre os corpos.

De pé e prestes a ser acertado pelo forte escudo, John se colocou à frente de Madison e se preparou para a pancada que estaria a sofrer. Há segundos de sua morte, John viu-se ser salvo por Abbie, quando ela saltou nas costas do soldado. Como uma leoa protegendo suas crias, Abbie desferiu vários socos na cabeça do soldado, ainda que incapazes de feri-lo sob o capacete.

Brutalmente, Abbie foi agarrada pelos cabelos e atirada com força contra a parede. O soldado tático tentou outra vez ataca-la, mas cambaleou para trás após ser baleado no pescoço. O pesado homem caiu como uma pedra, repousando sobre uma grande poça de sangue. Com muita sorte, Oliver havia encontrado uma escopeta jogada pelo chão e conseguido salvar sua mãe da iminente morte.

Um pouco assustado ainda, Oliver ajudou sua mãe a se levantar e correram ao encontro de John, que estava com Madison no colo. Unidos outra vez, a família Thomson precisava se preparar para maiores ameaças que estavam por vir. Eles ainda não estavam livres.

- Ei - gritou Alice para os Thomson. - Temos que dar o fora daqui. Agora.

Juntos aos gritos de Alice, houve uma explosão próximo deles. Uma porta de aço foi arrancada violentamente das dobradiças e arremessada, arrancando lascas de concreto com a pancada. Alguns prisioneiros foram esmagados pela porta, enquanto os sobreviventes estavam condenados para o que sairia de lá. Diferente de todas as aberrações que eles já viram, uma criatura de pernas e braços longos surgiu, movendo-se pelo teto como se fosse uma aranha. Com apenas um salto sobre a multidão, um tapete de corpos se formou com suas garras dilacerantes.

- O que é isso, meu Deus? - indagou Abbie assustada.

- Puta que pariu - esbravejou Alice, incrédula. - Não fiquem aí parados. Corram!

Desesperados, eles correram na direção contrária em que a criatura vinha. Oliver ajudou Dogson a correr, enquanto Alice seguiu abrindo caminho por entre as pessoas. O corredor era estreito para acomodar toda aquela multidão e haviam muitas pessoas caídas devido ao tumulto, o que dificultava ainda mais a fuga.

Mais à frente pelo corredor, havia uma porta dupla trancada que dava acesso para outra galeria. Muitas pessoas se tumultuavam em frente à entrada, bloqueando o caminho e criando uma confusão ainda maior. Sem paciência e nem um pouco a fim de morrer para a criatura que se aproximava, Alice saiu empurrando as pessoas para ganhar espaço até a porta. 

- Saiam da frente, seus idiotas - bravejou ela armada com o rifle.

As duas portas tinham vidraças e era possível ver que estavam trancadas por dentro. Com o rifle, Alice atirou em uma das vidraças e passou seu braço para dentro, conseguindo finalmente liberar a saída. Outra vez as pessoas começaram a se engalfinhar, empurrando uns aos outros, para adentrar o novo corredor. 

Com o caminho livre para fugirem, Alice esperou que todos passassem e trancou a porta, ficando do outro lado. Abbie recuou para a saída e segurou a mão de Alice através da vidraça quebrada.

- O que está fazendo, Alice? - indagou Abbie, confusa.

- Terminando o que não deveria nem ter começado - Alice respondeu, com determinação. - Eu vou matar o Taylor.

- Está ficando maluca. Ele tem um exército.

- Não sou um problema para eles - Alice olhou para a criatura que se aproximava. - Cuidem do Dogson por mim, Abbie.

Sem se despedir, Alice soltou-se de Abbie e seguiu o corredor, atraindo a criatura para o mais longe possível deles. A garota estava determinada a encontrar o comandante de Santa Clara à qualquer custo e colocar um ponto final naquela história marcada por dores e perdas.

***

Desconcertado pelo massacre que presenciou há poucos minutos, Taylor caminhava de um lado para o outro, refletindo sobre tudo o que aconteceu e o que estava para acontecer. Tinha toda a situação sob o seu controle e de repente, uma bomba parecia ter explodido sobre ele.

- General - chamou um dos soldados ao seu aproximar. - Perdemos o contato com o setor 3. Itens fora de contenção.

Taylor balbuciou alguns palavrões e soltou uma longa respiração para aliviar todo o estresse acumulado. Com fortes dores de cabeça, encostou-se em uma mesa e passou a mão pelo rosto, chegando a apertar a ponta do queixo.

- Quantos prisioneiros ainda temos? - finalmente Taylor disse algo.

- Quinze, talvez - respondeu o soldado um pouco pensativo.

- É o suficiente. Levem-nos para o vagão 13 e selem as portas. O trem precisa deixar a base de imediato e entregar os itens de pesquisa em Washigton em segurança.

- E quanto à vossa excelência, general?

- Preparem o helicóptero.

O soldado assentiu para Taylor e lhe deu as costas, dispondo-se à cumprir com as ordens. Ainda pensativo, Taylor o chamou, parando-o na saída.

- Onde está a Crystal?

- Ela já está no trem, junto de sua equipe de pesquisa em segurança.

- Ótimo! Pode ir, soldado - Taylor o liberou.

Com sua base em ruínas, o general Taylor muniu-se de duas armas e chamou o elevador para deixar a estação. Não havia mais nada o que pudesse fazer. Como general, era seu dever agora sair em segurança e cumprir com suas missões em Washington ao lado de Thanos. Sua vida valia mais que toda aquela base a partir daquele momento.

***

O afortunado grupo de sobreviventes continuavam correndo pelos intermináveis corredores que encontravam. Alguns deles se dispersavam e seguiam em direções contrárias, conforme novos pontos surgiam. Em uma corrida incansável pela liberdade, qualquer desvio errado poderia custar a vida deles.

Separados em um grupo bem menor, John foi quem os liderou pelos caminhos tomados. A pequena Madison que pesava apenas vinte quilos parecia estar pesando mais de cem quilos. Mesmo com os braços cansados por carregar sua filha, John não deixou se abalar pelos perigos que estariam por enfrentar.

- Já passamos por aqui - comentou Oliver confuso, ainda ajudando Dogson a se locomover.

Estavam em uma intersecção de corredores, com quatro vias e uma escada que os levavam para o piso inferior. As luzes de emergência também piscavam ali e o barulho dos ataques estava tão próximo quanto nos últimos dez corredores em que passaram.

- Não passamos - negou um rapaz de cabelos loiros que os acompanhou. - Não havia aquela escada ali.

- Mas foi por essa escada que subimos primeiro - insistiu Oliver.

- Haviam escadas em pelo menos uns cinco cruzamentos por onde passamos - lembrou-se uma mulher ruiva, de uns quarenta anos, que se identificou como Cora. - Não tem como saber.

John respirava alto e suor escorria por seu rosto. Cansado e pensativo, ele deixou que Madison descesse e ficasse junto à mãe dela. Se não estivessem andando em círculo, como realmente acreditava, deveriam estar distantes o suficiente para descansarem um pouco.

- Desde que subimos aquela escada, poucas vezes deixamos de seguir reto - debateu Abbie, a mais calma de todos eles. - Mesmo que tenhamos desviado por alguns corredores, não seria possível que chegássemos no mesmo lugar de onde viemos.

- Podemos nos separar novamente, mas não acredito que isso vá nos levar a saída mais fácil - falou Dogson, ainda com muitas dores onde foi baleado.

- Separar não é uma opção - disse John, mais descansado. - E não erramos o caminho. Olhe para essas tubulações - John apontou para alguns canos de fiações que percorriam o canto superior dos corredores, separados por cores. - Eram todos brancos lá atrás e agora tem canos vermelhos e azuis.

- Tem certeza disso? - questionou Cora.

- Absoluta. Eu prestei atenção nos detalhes por todos cruzamentos que passamos desde que percebi que todos eles eram iguais. E ouçam os tiros. Eles estavam à nossa direita e agora estão...

Novos tiros foram ouvidos bem próximos deles, incluindo gritos de pessoas e barulhos parecidos com aço sendo retorcido.

- À nossa direita - completou o rapaz loiro, olhando assustado para onde os barulhos vinham.

Se não bastasse aquela estranha criatura lá atrás, uma outra ainda mais monstruosa surgiu perto deles, ao derrubar uma grossa parede de concreto como se fosse isopor. Ela era bem maior, quase da altura de toda a parede, com uma montanha de músculos e uma cabeça encouraçada sem olhos. Um verdadeiro monstro que saiu dos contos de terror.

- Puta merda - desbocou o rapaz assustado.

- O que fazemos agora? - indagou Oliver perplexo com o tamanho da criatura.

- Corre, corre - gritou John pegando Madison novamente no colo. - Com certeza, corre.

Quando John começou a correr com Madison, todos os demais já estavam ao seu lado, acompanhando o acelerado ritmo dos passos. Podiam ouvir o assustador monstro urrando um grito ensurdecedor e sentir os pesados passos tremendo o chão por onde pisavam. Ele parecia não ter olhos, mas de alguma forma sabia onde eles estavam e estava ávido para esmagá-los brutalmente.

O esforço maior de Dogson para se manter correndo lhe desgastava muito. Uma trilha de sangue descia por seu macacão e manchava um caminho para onde corria. Fatigado e com dores intensas, ele não conseguiu resistir e estatelou-se, levando Oliver consigo para o chão. Próximo de serem esmagados, John parou de correr e entregou Madison para Abbie, a fim de retornar e ajudar Oliver com Dogson.

Abbie não disse nada, além de esboçar preocupação com eles. Ela apenas pegou Madison, que estava apavorada, e continuou correndo com os demais. Enquanto isso, John foi ao encontro de Oliver já de pé e ajudou a levantar Dogson.

- Vamos lá, amigão - John incentivou Dogson a se levantar.

Com John o apoiando de um lado e Oliver do outro, Dogson voltou a correr, bem mais distante dos outros e muito próximo do monstro. Ele mancava mais do que antes e estava branco além do normal. Havia perdido muito sangue e sabe-se lá o estrago que aquela bala havia feito para dentro de seu abdómen. Ele poderia estar para morrer, poderia se sacrificar para salvar a família Thomson, mas ele conhecia bem o John, que não permitiria que isso acontecesse.

- Vamos lo... - o grito do rapaz loiro foi interrompido quando seu corpo foi agarrado abruptamente por uma daquelas criaturas estranhas pelo novo cruzamento por onde passava, desaparecendo-se na vasta escuridão do corredor à esquerda.

Cora que estava mais à frente, parou imediatamente quando viu ele ser levado por um rápido borrão ao cruzar o corredor. A criatura que o pegou rugiu na escuridão e podia-se ouvir suas garras perfurando a carne do jovem rapaz, que nem dava sinal de vida. A mulher estava perplexa, com as mãos no rosto, e com muito medo de continuar. Abbie passou ao seu lado com Madison e a encorajou a continuar correndo.

- Por aqui - orientou Abbie virando à direita e adentrando uma nova direção naquele labirinto de corredores.

Cora acompanhou ela e mais atrás, vinham John e Oliver com Dogson bastante fraco. Ao virarem o corredor, ouviram outra parede sendo estourada e foram engolidas por uma nuvem de poeira do concreto. A forte criatura havia encurtado o caminho ao persegui-los, derrubando mais paredes.

Bem perdidos e cansados, os últimos sobreviventes continuaram avançando às pressas pela frente, numa corrida mortal. Muitos corpos jaziam no chão, sob poças de sangue e vísceras, provavelmente das vítimas da criatura menor que também matou o rapaz loiro, que eles nem sabiam o nome.

Mais à frente, o teto do corredor ficava mais alto, abrindo espaço para uma plataforma no alto à direita que culminava em um elevador. Para chegarem à esta plataforma, havia uma escada de metal. Subir por ali era uma escolha inquestionável. Com vantagem na corrida, Abbie subiu com Madison apressadamente, saltando degraus, mesmo cansada. Cora a seguiu, toda estrambelhada, torcendo o seu pé ao tropeçar em um degrau. No alto da plataforma, Cora encostou na parede para descansar, enquanto massageava seu tornozelo dolorido. Abbie, por sua vez, repousou Madison no chão e ficou acuada à beira da escada, aguardando a chegada dos outros. Sua preocupação estava estampada em seu rosto.

- Vamos, por aqui! - gritava Abbie angustiada. - Rápido, rápido!

Dogson já não conseguia mais se mover como antes. Seus pés se arrastavam pelo chão, mantendo-se na corrida apenas pelo apoio de John e Oliver. Os dois, entretanto, mesmo estando tão cansados e com os ombros fatigados, mantinham-se determinados a alcançar a escada de metal, onde Abbie os chamava.

- O elevador, Cora! - indicou Abbie, aos berros. - Chame o elevador.

Mancando, Cora se levantou e seguiu correndo em direção ao elevador, escorando-se no corrimão da plataforma. A mulher bufava de dor a cada passo e sentia toda a plataforma de metal tremer conforme a gigante criatura se aproximava. Não queria acabar como aquele outro rapaz, a liberdade estava próxima. Em seus últimos passos muito esforçados, Cora se jogou contra a porta do elevador e apertou o botão. Um bipe de acionamento foi ouvido.

Mais longe do alívio de Cora, os três sobreviventes de Laurel Heights ainda corriam da morte. Fragmentos de concreto passaram quicando por perto de suas cabeças, atirados pelo forte soco do monstro. O mármore sob seus pés demonstrava fragilidade ao peso sobreposto, criando grandes rachaduras a cada pesado passo do monstro. Apenas segundos separavam eles da iminente morte.

Alcançando a escada, o desespero lhes tomaram a conta. Com aos estreitos degraus, foram forçados a se separarem. Mais forte que seu filho, John foi na frente, para manter o apoio necessário para que Dogson conseguisse subir até a plataforma. Abbie veio ao encontro deles, segurando a mão de velho comerciante e o ajudando a chegar. No encalço, angustiado pelo pesadelo que se aproximava, Oliver se via empurrando Dogson para subir logo.

Outro bipe foi ouvido e as portas do elevador se abriram. Atormentada, Madison se levantou e correu para perto de Cora, que se arrastava para dentro do elevador. Ainda na ponta da plataforma, vinha os demais empenhando-se para sobreviver. O jovial Oliver se embrenhou-se pelo canto e passou eles, assumindo a frente da tensa fuga. Abbie manteve o ritmo de John e Dogson, temerosa quanto ao destino de sua família.

Ao alcançar a plataforma, o monstro desferiu um violento soco, arrancando as escadas e atirando-as em um amontoado de ferragens. Suspensa e sem o suporte das escadas, a plataforma se instabilizou e arcou para o lado, ainda presa pelos tortos parafusos. John e Dogson caíram desajeitadamente e Abbie viu-se escorregar por entre as lacunas do corrimão. Mesmo assustada, ela ainda conseguiu se segurar na grade, mas ficou pendurada e próxima de cair.

Oliver havia conseguido alcançar o elevador em tempo, só que ao avistar sua família prestes a morrer, não hesitou em retornar para ajuda-los.

- Não - esbravejou John ao ver Oliver correndo. - Volte e fique com sua irmã.

Ele parou, equilibrando-se na plataforma tombada e, mesmo relutante, voltou para o elevador e abraçou sua assustada irmã.

John se colocou de pé, com dificuldades, e trouxe Dogson para perto de si. Ousou um passo para alcançar Abbie, ainda pendurada na grade, mas a plataforma rangeu e moveu-se mais um pouco.

- Se segure, Abbie - pediu John, tentando controlar sua preocupação. - Vou te tirar daí, meu amor.

- Não sei se consigo... - Abbie estava com a voz arrastada pelo cansaço. - Tá escorregando.

Abaixo deles, a criatura rugiu e tentou agarrar a plataforma, mas sua asquerosa mão apenas encontrou a parede, causando um enorme buraco no concreto.

John voltou a tentar se locomover, dessa vez mais devagar e cuidadoso. A plataforma continuou a ranger, mas ele precisava continuar. Dogson o acompanhou, quase engatinhando pela grade do corrimão. O suor que escorria de seu rosto filtrava pela grade e gotejava no chão há quatro metros de altura.

- Aguenta, mamãe - gritou Madison aos prantos, apertando firmemente a mão de seu irmão.

Próximo de Abbie, John se ajoelhou sobre a grade e ficou imóvel. Havia peso demais naquela plataforma prestes a cair. Com muita cautela, ele esticou seu braço para perto de Abbie, dentro do possível sem que forçasse mais a plataforma.

- Quase lá...

Com os dedos escorregadios, Abbie soltou uma de suas mãos e a levou ao encontro de John. Não conseguiria aguentar mais, aquele esforço deveria valer a pena. Prestes a cair, ela fez uma tentativa ousada, mas sua mão escorregou. Felizmente, John nunca a deixaria morrer. Ele se atirou contra a grade e agarrou a mão dela em tempo.

- Te peguei - ele sorriu para ela atrás da grade, com muito esforço para mantê-la segura de cair.

Ao tentar trazer Abbie para cima da grade, a plataforma deu um forte estrépito e parafusos se desprenderam da parede. A tensão só se acumulava.

- Dogson - chamou John, deitado sobre a grade. - Precisa ser forte meu velho amigo, e continuar sem mim. Consegue chegar no elevador?

- É... - Dogson não parecia confiante. -  Acho que o velho Dogson consegue.

- Ótimo. Eu sei que você consegue.

Trêmulo e fraco, Dogson voltou a se mover engatinhando pela grade da plataforma. Precisa ser mais forte do que suportava, a vida de outros estava nas suas chances de conseguir chegar ao elevador. Passou ao lado de John e apertou o seu ombro. John havia se provado um grande homem naquele dia, e um verdadeiro amigo, lutando por todos ao seu redor. Não morreria em paz se soubesse que também havia causado a morte de John e sua esposa.

- Isso, senhor Dogson! - Oliver o incentivava, lhe estendendo a mão. - Quase lá!

Em seus derradeiros esforços, Dogson conseguiu finalmente alcançar a mão de Oliver e foi arrastado para dentro do elevador. Sua roupa estava enlameada de sangue e suor e ele nem sentia mais dor de tanto que seus músculos estavam tensos. Em um lampejo de esperança, ele abriu seus olhos e encontrou os de Madison, lhe acalentando ao segurar sua mão. A pequena garota, mesmo apavorada em um pesadelo real, empatizava-se com as dores dele. Daquele dia em diante, não haviam mais dúvidas para Dogson que deveria assumir os Thomson como a sua família.

Na plataforma, a calmaria não tinha vez. Com Dogson seguro, John voltou a se esforçar para puxar Abbie para cima da grade. Ele grunhiu de dor e cansaço, mas não deixou-se abalar. Quando tudo parecia ficar bem, eis o maior pesadelo. O monstro cabeceou a parede ferozmente e os parafusos não suportaram o peso da plataforma, vindo abaixo. 

- Nãoooo... - gritou Oliver, angustiado.

Ao desmoronar, John e Abbie foram atirados para longe da plataforma, ambos se ferindo com a pancada. John levantou-se atordoado e não sentiu firmeza ao tentar caminhar. Seu joelho havia se deslocado na queda.

- John? - chamou Abbie tentando se levantar, com a cabeça vermelha de sangue. - John... - ela caiu ao caminhar.

Com as suas vítimas no chão, a criatura monstruosa ergueu uma parte da escada de metal e a atirou para cima deles, quicando há poucos centímetros da cabeça de John. Outra parte da estrutura veio abaixo e apenas um pequeno trecho da plataforma ficou pêndulo, próximo ao elevador.

- Abbie, meu amor - John a levantou, buscando não esforçar seu joelho lesionado. - Vamos! Para a plataforma, temos que subir.

Mancando tanto quanto seu marido, Abbie diligenciou-se para chegar à plataforma. John a deu suporte para escalar a alta plataforma, mas seus pés deslizavam a cada passo do monstro que se aproximava.

- Vamos, Abbie! Não desista, meu amor!

No alto da plataforma, Oliver deitou e levou a maior parte de seu tronco para baixo, na tentativa de agarrar a mão de sua mãe. Cora segurava as pernas deles, apoiando seus pés nas laterais do elevador para não escorregar e os dois cair.

- Quase lá, mãe! - Oliver a estimulou a continuar.

Vagarosamente, Abbie foi escalando a plataforma, passo a passo, conforme se aproximava da mão de seu filho. Abaixo seus pés eram impulsionados por John, que se encolhia perante a montanha de músculos prestes a esmaga-los.

Em um grito de força, Abbie finalmente conseguiu agarrar a mão de seu filho, sendo puxada rapidamente para dentro do elevador. Madison pulou sobre ela para abraça-la, angustiada por quase ter a perdido. Ela suspirou fundo, porém ainda estava tensa por John estar lá fora.

- Vem, pai! - pediu Oliver agoniado. - Agarre a minha mão.

Não tendo outra alternativa, John ignorou seu joelho e forçou o maior salto possível para alcançar a mão de Oliver. Muito próximo de alcança-lo, John foi agarrado pelo monstro e trazido para longe de sua família, sendo aprisionado por aqueles largos dedos que abraçavam seu tronco superior. Podia-se ouvir seus ossos estalarem quanto mais forte a criatura o apertava.

- Nãoooo... - Oliver gritou desesperado. - Pai, não.

- Papaiiii - Madison também gritava, angustiada.

John tentou dizer algumas palavras que acalentassem seus filhos, mas era um esforço desperdiçado quando não lhe havia mais fôlego com seus ossos sendo esmagados. Bem próximo da cabeça da criatura, ele conseguiu ver os olhos escondidos por uma pesada massa de músculos. Mais ossos foram sendo quebrados como galhos e John começou a pôr sangue pela boca.

Abbie estava consternada e trocou um pesaroso olhar com Cora, que pareceu lhe entender. Com Cora puxando Oliver aos prantos para dentro do elevador, Abbie apertou o botão do elevador. O bipe das portas se fechando foi como um sútil adeus ao seu amado companheiro. John se foi em um sacrifício para salvar sua família e aquilo jamais seria esquecido. Um verdadeiro Thomson cumprindo seu propósito.

Os próximos instantes no elevador foram mantidos em silêncio, provando o luto que pousava sobre cada um deles. Abbie trouxe seus dois filhos para debaixo de seus braços, consolando-os de uma dor que nem ela conseguia suportar. Como iriam sobreviver sem o John? Um capítulo novo estava para começar na vida dos Thomson.

As portas do elevador se abriram e eles nem estavam prontos para encarar o que estivesse ali. Esgotados fisicamente e psicologicamente, aqueles tristes olhos encontraram rostos não familiares, e que demonstravam esperança.

- Vocês estão péssimos - avaliou uma mulher alta, com cabelos loiros e um corpo bem atlético. - Mas estão seguros a partir de agora. Vamos para casa!

***

Alice continuou engatinhando por entre as tubulações de ar. Foi a única saída que ela havia encontrado para escapar daquela estranha criatura que massacrou quase todos os prisioneiros lá embaixo. Felizmente, ela sentia-se mais confortável por acreditar que os Thomson estariam seguros, enquanto ela seguia com sua vingança.

Moveu-se por mais alguns metros e respirou um ar diferente do que ela havia respirado nos últimos três meses. Era um ar puro. A saída estava perto. Aquilo foi a chama de esperança que ela precisava. Virou-se por uma intersecção na tubulação e ouviu barulhos de passos sobre pedregulho. Motivada a sair dali, ela continuou até chegar à uma portinhola, que findava aquela tubulação de ar. Estava escuro lá fora, a pouca luz vinha dos faróis de algum veículo próximo.

Sorrateiramente, Alice ergueu a portinhola e arrastou-se para fora, escondendo-se atrás de uma rocha. Próximo dela, havia um veículo militar estacionado com os faróis acesos e a porta aberta e, em frente ao veículo, um soldado com máscara se comunicava via rádio.

- Aqui é o soldado Reyes, câmbio - dizia o soldado ao walkie-talkie. - Alguns prisioneiros escaparam. Quais são as novas ordens? Câmbio.

A frequência apenas chiava, sem nenhuma resposta. O soldado se demonstrava ansioso.

Alice muniu-se com seu rifle e deslocou agachada para perto dele. Suas mãos estavam um pouco trêmulas para segurar o rifle, mas ela parecia mais tranquila do que soldado. Em um passo falho, foi ouvida sob os pedregulhos. 

- Ei, parada aí - ordenou o soldado mirando uma arma para Alice.

Rápida e fria, ela atirou contra a mão dele, o desarmando ao lacerar seus dedos. O soldado caiu aflito de dor e Alice colocou-se sobre ele, encostando o cano do rifle abaixo de sua mandíbula.

- Não seja estúpido e me responda - Alice o intimidou. - Onde está o Taylor?

- E-eu não sei...

Alice afundou o cano do rifle ainda mais no queixo dele, forçando o gatilho.

- No helicóptero - ele revelou, indicando um porto sinalizado no ponto mais alto da base, escondido numa clareira.

Mesmo estando escuro, um helicóptero podia ser avistado por entre as árvores. Havia uma rampa estreita em aclive que culminava na entrada do porto, por onde alguns soldados desciam e subiam à todo momento. A copa das árvores estavam agitadas o que podia ser um sinal de que o helicóptero estaria em partida. Alice precisava agir agora.

- Obrigado por cooperar, soldado Reyes. Descanse no inferno! - finalizou Alice atirando na cabeça do soldado.

Ao ouvirem o tiro, alguns soldados que se aproximavam vieram atirando contra ela, ao perceberem que se tratava de uma prisioneira em fuga. Alice atirou por todos os lados, na tentativa de ganhar um amparo enquanto corria para o veículo. Apressada, ela saltou para dentro do veículo e engatou a primeira marcha, arrancando para cima dos soldados. Atravessou o pequeno bloqueio e se encontrou em um caminho livre para a sua tão aguardada vingança.

- Você morre hoje, Taylor - ela disse em voz alta, com as mãos firmes no volante.

***

O vento sibilava no alto da base. Folhas secas do fim do inverno se agitavam pelo desgarrão de vento ao torno do helicóptero. Sem a viseira da máscara, Taylor precisou encobrir os olhos para atravessar o heliporto. Alguns soldados o escoltaram na saída do elevador, mas as pernas compridas do general da base lhe davam uma vantagem ao correr. Uma soldada saiu do helicóptero e veio ao seu encontro, o sinalizando para que se apressasse.

No helicóptero, Taylor sentou-se no banco da lateral e gesticulou para que o piloto desse a partida. A outra soldada também entrou no helicóptero e sentou-se ao seu lado, fechando a porta em seguida. A aeronave balançou quando o trem de pouso afastou-se do solo.

"... eção a vocês", comunicou algum soldado via rádio, mas a chamada tinha um sinal ruim.

- Chamada instável, soldado - relatou o copiloto. - Repita, por favor.

"149 está indo em direção a vocês", repetiu o soldado com uma frequência mais estável.

- Quem é 149? - indagou Taylor.

A resposta veio em um estrondo. Um veículo saltou da rampa e investiu impetuoso para cima do helicóptero, atingindo-o pela lateral. Houve uma explosão de faíscas e aço sendo contorcido, quando o helicóptero foi compelido para o lado. A cauda se partiu em dois e a aeronave deu giros no ar, antes de tombar sobre a grade de contenção do porto. Do outro lado do cercamento, havia um rochedo escarpado, em declive para um fosso há dezenas de metros abaixo.

Preso pelo cinto de segurança, Taylor se encontrava com as pernas para o ar, vendo o mundo de ponta-cabeça. Sangue emanava de vários ferimentos e escorria até a ponta de sua cabeça. Tonto e com fortes dores, ele tentou se libertar do cinto para escapar do helicóptero, prestes a cair no abismo. O cinto estava enroscado por uma ferragem que atravessava toda a cabine.

- Bettany? Rickard? Trevor? - Taylor chamava todos os seus soldados, mas ninguém lhe respondia.

Faíscas se propeliam de algumas fiações soltas acima dele e uma pequena chama propagava-se pela cabine do piloto. O rotor rangiu empurrando o aeronave mais à beira do abismo e a porta se desprendeu, chocando-se com os restos do veículo que os atingiu.

Mesmo com a vista embaçada, Taylor enxergou uma silhueta se aproximar por entre as chances do acidente. Era uma pessoa e ela caminhava em sua direção.

- Ei - gritou Taylor, rouco. - Me ajude! Por... favor.

Um misto de sentimentos se abalou sobre Taylor quando ele finalmente conseguiu avistar o rosto da pessoa que se aproximava. Não lembrava-se do nome dela, mas a reconhecia de incidentes passados. Era a filha do xerife de San Francisco, que morreu na queda da ponte Golden Gate, e namorada do jovem prisioneiro, que foi um dos seus primeiros cobaias nos experimentos de Santa Clara.

- Me ajude, garota - pediu ele, apreensivo pela aeronave que caía lentamente para dentro do abismo.

Com um olhar que enfatizava a sua determinação, a garota se aproximou o bastante da aeronave para que ele pudesse ver claramente o seu rosto. Ela apoiou o pé nas ferragens retorcidas e aeronave moveu-se mais um pouco para baixo.

- Meu nome é Alice, filha de Albert Ballard, sobrevivente de San Francisco. Olhe bem para o meu rosto. Será o último que verá em sua vida. O inferno lhe aguarda, soldado.

Um pequeno esforço com o pé e Alice empurrou a aeronave para o declive que se giganteava logo atrás. Taylor proferiu alguns xingamentos e gritos, mas nada mais poderia salva-lo. O helicóptero rompeu-se sobre a grade quebrada e caiu no abismo, capotando diversas vezes pelo rochedo antes de findar-se em uma grande explosão no fosso.

Acima dos escombros no heliporto, o brilho das chamas espelhava nos olhos de Alice, saciada pela sua agridoce vingança. Um sorriso resplandeceu acobertado por algumas lágrimas, quando nomes se tumultuaram em sua cabeça. Nada poderia trazer todas aquelas pessoas de volta, mas enquanto estivesse viva, Alice faria justiça por seu pai, Junior e toda a San Francisco.

"Está sozinha, garota. Mas ainda está viva. Não desperdice essa sua chance", Alice lembrou-se do conselho recebido por Taylor, após assistir a cruel morte de Junior.

- Obrigada pelo conselho, arrombado - Alice disse em voz alta, cuspindo para o abismo à sua frente.

Por entre as chamas, uma nova Alice surgia, fortalecida pelas dores e guiada pela justiça.

San Francisco nunca será esquecida.



Notas do autor:

Feliz Halloween! E feliz 5 anos de Zombie World!

Muito tempo passou desde que comecei a escrever a saga, incluindo aquele enorme hiato, mas estamos firmes aqui nessa jornada. Queria muito agradecer a todos vocês que, pacientemente, tenham aguardado os novos capítulos e participado de toda essa história. Zombie World 2 não teria acontecido sem o apoio de vocês. E é nessa data comemorativa que venha trazer a primeira grande novidade: Zombie World 3 está confirmado. Eu até tinha planejado de postar a capa para revelar o título do terceiro livro, mas acabaria sendo um spoiler do final desse segundo livro, então melhor aguardar. Outra grande novidade, Zombie World terá spin-off - três por enquanto, incluindo um com uma celebridade (A fanfic é real ksksks). A nossa saga não acabará aqui.

Sobre o capítulo, nos despedimos de alguns personagens. #RIPJohn #FuckTaylor

E boas-vindas a Cora, primeira nova personagem confirmada para o terceiro livro.

Spoilers do próximo capítulo: Fogo no parquinho - ou melhor, fogo em Daly City 😟

Nos finalmente, muito obrigado mais uma vez e bom dia das bruxas - e dos mortos - para vocês. Até a próxima! #GoSurvivors



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