Wesley não voltou para casa ontem, no entanto o guarda-roupa estava aberto, o que significa que ele veio buscar a roupa dele enquanto eu dormia.
Depois do meu banho, preparei-me para ir ao meu ateliê. Fui até a cozinha e comi uma torrada e foi quando o meu cozinheiro disse que o Wesley não havia levado a lancheira com o almoço porque ele saiu de casa antes dele chegar.
O Wesley prefere levar ao trabalho um lanche de casa ao invés da comida que pode vir a comprar no restaurante-café do trabalho.
- Mas já pedi o Lauren para deixar no escritório dele. - ele disse.
- Não é preciso. - protestei. - Eu mesma vou deixar lá.
- Tem a certeza?
- Uh huh. - disse-lhe enquanto mastigava.
Na verdade eu queria falar com ele, porque primeiro ele não vai atender as minhas chamadas e segundo mesmo que ele não goste da ideia, eu ainda estou casada com ele e ele deve-me satisfações e não há melhor sítio para irritá-lo que num sítio público onde ele é obrigado a conter-se enquanto eu falo.
Shane conduziu-me até ao escritório do meu marido e eu subi o elevador até o seu andar.
Não venho cá com muita frequência, tenho vida própria, por isso é um pouco normal que eu não conheça nada aqui, principalmente as regras.
- Bom dia. - a moça que estava por detrás de uma bancada disse para mim enquanto eu me dirigia para a sala do Wes.
- Bom dia!? - falei surpresa porque não estava a perceber porquê ela estava a falar comigo
Boa educação Madelyn. Minha consciência respondeu-me.
- Em que posso ajudar? - ela sorriu.
- Em nada. - sorri de volta.
- É que estou a ver que a senhora está andar em direção ao escritório do Senhor Russell...
- Pois.
- É que eu sou a assistente dele e se a senhora precisa de qualquer coisa pode falar comigo primeiro. Talvez eu possa ajudar.
- Não tens como ajudar. - sorri - Eu vim falar com o meu marido.
- Oh. Senhora Russell?! Tu..tu...tudo bem. - ela balbuciou - Eu vou já ligar para ele sair.
- Não é preciso. Eu...
- É que ele está numa reunião. - ela interrompeu-me.
Qual é o problema dela?
- Minha menina, seja lá o que ele está a fazer, pode esperar. Eu sou a esposa dele.
Foi a última coisa que eu disse antes de ir até a porta e abri-lá.
Quando entrei, encontrei o Wesley a conversar com dois homens muito bem vestidos, um estava sentado em frente a mesa do Wes que não olhou para trás assim que entrei e outro estava na janela enorme do escritório, com um copo de uísque numa mão e outra no bolso, esse sim virou-se para olhar para porta. Quando ele o fez, tive a impressão que já havia o visto.
O escritório parecia estar tenso, estava frio lá dentro por causa do ar-condicionado que estava ligado e então a fragrância de todos eles estava circular pela sala, juntamente com o uísque que o outro moço bebia.
Depois de muito pouco tempo a olhar, notei que o homem que segurava a bebida era o mesmo homem que chamou pelo moço que emprestou-me o isqueiro ontem. É o MIB.
E ele assobiou assim que me viu.
- Maddie? - Wesley surpreendeu-se com a minha entrada.
- Esqueceste-te da tua lancheira.
- Aww a tua assistente veio entregar-te a marmita. - o MIB disse num tom de gozo - Tens estado a fodê-la também para além da tua mulher? - ele lançou um sorriso pretensioso enquanto se aproximava de mim.
Vi que o moço que estava sentado decidiu virar um pouco a cabeça e ver com quem o amigo falava.
Foi quando notei que ele era o homem que havia me emprestado o isqueiro ontem.
James Bond.
Será que é por isso que o Wes zangou-se? Porque ele viu-me a conversar com alguém que ele conhecia?
O moço não fez nenhuma expressão que mostrasse que ele me reconhecia mas não passou nem vinte e quatro horas, eu sei que ele se lembra. Limitou-se em simplesmente olhar e não fez nada enquanto o amigo se aproximava de mim e por isso encarei o ousado.
- Eu sou a mulher dele. - eu disse rispidamente para ele.
Os dois homens olharam para mim, finalmente encontrei uma emoção do outro, mas não foi grande coisa, ele simplesmente arqueou a sobrancelha e depois voltou a virar-se para o meu marido.
- És a mulher dele? - ele sorriu como se não fosse possível.
- És retardado? - perguntei com a sobrancelha arqueada
- Madelyn! - Wesley avisou-me.
- Como é que te chamas? - ele perguntou surpreso ao ouvir o Wes a chamar-me.
- És surdo também? - fitei-lhe.
- Madelyn, responde só a pergunta - Wesley rosnou
- Ela vai fazer a lavagem no casino. - o James Bond disse e todos nós dissemos a mesma coisa ao mesmo tempo.
O quê?
- Eu não envolvo a minha mulher nos meus negócios Jesse. - Wesley disse
- É exatamente por isso que ela é quem vai fazer. Eu confio nela.
- Confias? - MIB perguntou confuso.
- Wesley, tu fazes lavagem de dinheiro? - perguntei em choque
- Aww, a tua esposa pensou mesmo que fosses honesto. - o moço a minha frente gozou com um sorriso.
- Eu não quero me envolver.
- Quem disse que tens uma escolha? - o James Bond que é na verdade um tal do Jesse perguntou
- Como é que eu não tenho um escolha? Em que tempo é que vives? - perguntei para ele.
- Maddie, cala boca. - Wesley cerrou os dentes.
- Não. Afinal de contas tu não és nada daquilo que eu acreditava que tu eras. E se porventura achas que me vou envolver, só sobre cima do meu cadáver. - aproximei da mesa, deixei a lancheira dele e quando desfilei para sair, fui abrir a porta mas o MIB, o moço que me recebeu primeiramente, voltou a fecha-lá, prendendo-me entre o seu braço e aproximou-se bem da minha cara antes de lançar o seu hálito a hortelã
- Eu não gostaria de matar-te tão já. - ele disse
Hã?
- Wes. - meio que choraminguei para o meu parceiro.
- O quê? Achas que ele vai fazer alguma coisa? Teu marido é nossa propriedade, ele vai fazer o que nós dissermos que ele tem que fazer.
- Patrick. - o Jesse chamou por ele.
O homem que agora tem também um nome, deu um suspiro na minha cara de irritação e depois voltou a sorrir.
- Não te preocupes, eu não torturo mulheres e crianças. - ele disse-me e deu uma pausa - Garanto sempre que a morte deles seja rápida e sem dor. Então vou agora convidar-te a sentares-te ao lado do Jesse - ele apontou a cadeira vazia ao lado do amigo. - E vou voltar a perguntar-te outra vez: como é que te chamas?
Lancei um suspiro e fiz o que ele mandou. Andei incontente até o lugar que proclamou-se ser meu.
- Madelyn. - Eu disse assim que sentei-me - Madelyn Wright Russell.
- Madelyn. - o Jesse repetiu. - Então Madelyn, o carro vem buscar-te dentro de três horas e as instruções estarão lá com um gajo chamado Theo com quem provavelmente vais fazer toda lavagem.
- Porquê? Porquê é que vocês não vão? Porquê é que eu não vou? Eu já conheço o processo. - Wesley perguntou tentando conter os nervos.
- Porque eu não quero. - Jesse olhou para o Wesley e depois de volta para mim. - Se tu pensares em fugir ou não aparecer, eu vou matá-lo.
Acho que vou fugir ou não aparecer.
- Se tu pensares em chamar a polícia eu próprio vou garantir que a tua morte seja a mais lenta e mais dolorosa o possível. Se tu fizeres seja lá o que for que vai interromper com o meu trabalho, eu vou garantir que a luz do teu corpo a arder seja a última coisa que vês antes de morreres. Percebeste?
- Sim senhor. - eu disse-lhe
Eu sabia que o Wesley preferia trabalhar com criminosos porque esses estão sempre dispostos a pagar qualquer preço para serem bem representados no tribunal. Mas tenho que confessar que o facto do Wes não protestar a nada que estes homens disseram até agora é realmente porque eles não são quaisquer criminosos, que eles não são só promessas sem ação, que ele realmente é a propriedade deles.
- Linda menina. - Patrick disse. - Podemos ir agora? - ele virou-se para o Jesse - Consigo saborear os Burger King na minha boca.
- Foi um prazer em conversar convosco. - Jesse comentou depois de se levantar e acertar o fato.
- Jesse...- Eu chamei e ele virou-se para mim
- Por quanto tempo é que terei que ficar fora de casa?
- O tempo que for preciso. - ele disse antes de ir-se embora.
Patrick antes de ir-se embora, prestou continência de despedida com os dedos indicador e médio.
- Sayonara Russell. Até já boneca. - piscou o olho para mim.
Sem dizer nada, virei para o Wesley e ele não conseguiu me encarar. Simplesmente levantou-se e começou a andar de um lado para o outro.
- Lavagem de dinheiro Wesley? A sério? - berrei.
- Cala boca Madelyn. - ele gritou de volta
- Wesley, eu vou lavar dinheiro porque eles não querem trabalhar contigo. CONTIGO. Tu trabalhas com eles.
- Para eles.
- Não interessa. - berrei - Não interessa porque agora eles querem me envolver e eu não sou assim, eu não sou como tu. Eu não sou nenhuma corrupta ou bandida. Eles podem estar a armar alguma coisa, a polícia pode estar lá, eles podem estar...
Comecei a hiperventilar e a sentir a ansiedade a subir. Wesley, veio e sentou-se na cadeira onde o Jesse estava sentado e pegou na minha mão.
- Eu estava a representar o Patrick e o Jesse pagou um bom dinheiro e depois de ser declarado inocente, Patrick disse que eu podia procurar por ele se eu precisasse de ajuda. Ele não parecia mau, eu dou-me bem com muito dos meus clientes e tenho sempre uma relação com eles. Pedir ajuda a alguns deles não é um problema então porque eu já não estava a receber como antigamente e tu sabes que as minhas despesas são altíssimas...
- PELO AMOR DE DEUS WESLEY...
- Madelyn, eu não estava a conseguir pagar as minhas contas, não completamente e eu não podia pedir-te.
- Porque és demasiado orgulhoso. Certo. - falei irritada.
- O que eu tinha que fazer era simples e eu nem tive que repartir com eles, o Patrick deu-me a mala toda. Eu nunca havia visto tantas notas. Patrick depois disse-me que eu podia representar a máfia toda e toda minha vida estaria paga. Eu não dependo mais de clientes porque eu estou a representar uma das maiores, se não a maior máfia do país.
- Máfia...
- Está tudo pago até hoje, não está? - ele lançou a pergunta retórica
- Tu és escravo de dois líderes de máfia Wesley. Tu assinaste um contrato com o Diabo e a única forma que tens de sair é se fores a morrer. Achas que eles querem saber de ti? De mim? Oh meu Deus eu vou morrer. - levantei-me porque a ideia de ficar quieta estava a deixar-me mais maluca.
- Tu não vais morrer Madelyn.
- TU NÃO SABES DISSO.
Parei e tentei respirar.
- Eu não quero falar mais contigo hoje.
Wesley revirou os olhos
- Temos que discutir como é que vamos fazer enquanto estiveres...
- Adeus Wesley. Tenho uma mala para fazer - eu disse-lhe antes de ir-me embora sem dar-lhe a chance de continuar a falar.
- Madelyn volta aqui! MADELYN!
Ouvi a voz do meu marido por detrás da porta e continuei a andar.
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Beijos grandes para vocês
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