Provocations | l.s

By larrygden

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Harry nunca pensou em se apaixonar por um garoto, ainda mais quando as circunstâncias eram inteiramente opost... More

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Dezessete
Dezoito
Dezenove
Vinte
Vinte e um
Vinte e dois
Vinte e três
Vinte e quatro
Vinte e cinco

Três

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By larrygden

Louis

Coloco minha mochila em minha cama e a chave do carro em cima da mesa que continha no canto do quarto. Tiro meu moletom e o jogo em cima da cama. 

Meu pai não estava. Ele era um engenheiro elétrico renomado, passava mais tempo fora do que em casa, fazendo assim, eu sempre ter a companhia das empregadas do que de algum familiar. Já conhecia todos os funcionários que trabalhavam dentro de casa e aos poucos consideravam eles como minha família, já que sempre podia contar com eles do que com o meu próprio pai. 

Contudo, meu pai é uma ótima pessoa, sempre tentou fazer de tudo por mim. Sempre buscou me dar um conforto que no fundo eu poderia dizer que ele estava se saindo bem. Após a morte de minha mãe, ele tentou fazer seu melhor. Mas seu serviço tomava todo seu tempo, fazendo assim, começar a se ausentar. 

Claro que de início eu me sentia sozinho, mas isso começou a virar costume. Já não cobrava mais sua presença e aos poucos já não conseguia me importar. Sabe, eu tinha que me conformar com aquilo. Não que eu não pensasse, mas eu tinha que aceitar. 

Desde que minha mãe morreu, tudo mudou. A família unida não existia mais. As risadas pareciam ser menos frequentes dentro da casa. Tudo pareceu ter ficado vazio, como se estivesse faltando algo. Como se estivesse faltando ela ali. Sua presença. 

E depois do falecimento dela, meu pai descontou todo seu sentimento em relação a isso no serviço. Eu sabia que ele estava tentando procurar um refúgio para sua dor, mesmo que eu sentia que ele esqueceu de mim. Esquecendo que eu também estava sofrendo tanto quanto ele e que essa guerra de sentimentos deveria ser lutado em conjunto, não em desunião. 

Caminho para o meu closet para pegar uma roupa para ficar em casa. Caminho para o banheiro e fecho a porta. Fico de frente para o espelho. 

As palavras daquele garoto idiota ecoou em minha cabeça. Suas provocações idiotas pareceu fazer presença ali. Olho através do espelho a roupa que eu estava usando. Meu cabelo. Meu rosto. Meus braços finos. 

Tiro minha camisa deixando meu peitoral nu. Mordo meu lábio olhando em meu rosto e corpo. Ele estava certo. Eles estavam certos. Sempre estiveram certos. 

Aproximo um passo até o espelho e sinto meus olhos encherem de lágrimas. Eu sabia que eu nunca iria ser o suficiente. Não para alguém, mas sim para mim. Tinha algo de errado comigo. Eu era meu próprio erro. E eu não sabia o que eu fazia para tirar isso de mim. É tão doloroso olhar no espelho e se sentir incapaz e ver o quão fraco eu era. 

Limpo meu rosto com a palma de minha mão, enxugando algumas lágrimas teimosas que queriam explorar meu rosto. 

Para de chorar. 

Para de chorar. 

Para de chorar. 

Pego minha camisa e levo em meu rosto, abafando meu choro. Sento na privada e sinto meu peito subir e descer pedindo por ar. Meus olhos ardiam, dando a incentivo para chorar mais. Eu era um fracassado. Um ridículo fracassado. 

Eu nunca seria uma pessoa forte. Eu nunca seria aquela pessoa que apesar de enfrentar uma tempestade, conseguiria erguer a cabeça. Eu entendo que todos não somos feitos de ferros e sempre vamos ter nossos momentos fracos. Vamos carregar coisas que jamais podemos perceber a dimensão da situação, e que já enfrentamos coisas que hoje em dia nos questionamos o quão fortes fomos por ter aguentado, por ter lutado, mesmo quando tudo parecia desmoronar diante de suas mãos. 

Eu luto. Eu sinto que eu luto constantemente dentro de mim e continuo lutando, mesmo que às vezes paro para refletir se estou apenas esperando a situação amenizar ou esperando por algum milagre vir do além e cair como prato cheio em cima de mim. 

Acredite, eu luto dentro de mim, mas nunca foi o suficiente para expandir para o exterior. 

Tiro minhas roupas e vou tomar um banho. Lavo meu rosto. Cabelo. Corpo. Finalizo desligando o chuveiro. Pego uma toalha, enxugo meu corpo e coloco minhas roupas limpas. 

Deitei na cama e dormi. E acredito que acabei dormindo mais que o esperado, pois, ao abrir os olhos, vi que já estava a noite e uma das funcionárias estava me chacoalhando. Esfreguei os olhos e observei a mulher que me chacoalhava e me chamava. Zara. 

— O que foi? — Digo em um gemido, deitando minha cabeça no travesseiro novamente. 

— O jantar está pronto. — Informa. 

Grunhindo, virei meu rosto para o lado oposto. 

— Eu não estou com fome, Zara. — Digo manhoso. Eu ainda estava sonolento e demoraria alguns minutos para me recompor. 

— Louis...— Ela me chama, mas eu simples a ignoro, fechando meus olhos e desejando querer voltar a dormir. — Você ficou a tarde toda sem comer, e talvez você só tenha comido no colégio. Você comeu no colégio? — Assenti. 

— Sim. Eu comi. — Digo com minha voz abafada. 

— Mas ainda sim você está há muitas horas sem comer. — Ela insiste. 

Gemo frustrado e levanto meu corpo, arrastando para a beirada da cama. Olho para ela com minha cara de sono e a vejo com um pequeno sorriso em seu rosto. Zara me lembrava um pouco minha mãe, não as características físicas, já que Zara é muito mais nova que minha falecida mãe, mas o jeito que ela insiste que eu faço as coisas para o meu bem, me lembra muito ela. 

— Meu pai já chegou? — Digo bocejando. Coloco minha mão em meus lábios. 

Zara assente. 

— Assim que ele chegou, vim aqui já lhe chamar. Ele já deve estar na mesa. — Ela diz, passando seus dedos em meus ombros para incentivar que eu me levante e vá até ele. 

Assim fiz, me arrastei para fora do quarto, passando pelo o enorme corredor e descendo a escada. Segurei na barra de ferro. Não confio muito em mim quando acabo de acordar, pois sinto meu corpo mole e minha mente não processa certo. 

Passo pela sala ouvindo ao fundo talheres bater levemente no prato. Meu pai já estava na sala de jantar, sem, ao menos, me esperar para podermos jantar. Era sempre assim, ele chegava, tomava banho, jantava e às vezes ia para o seu escritório, se não, para o seu quarto.

Conversávamos poucas vezes. Alguns assuntos sobre nossa rotina e, após, cada um ia para o seu canto na enorme casa. Chegava a ser irônico ter uma casa imensamente grande para duas pessoas ocupar apenas dois cômodos. 

— Oi. — Digo, sentando na cadeira. 

Ele ergue seu olhar, agora me olhando. Ele sorri levemente, mas logo tratou em desmanchar seu sorriso, voltando a mastigar. 

— Como foi seu primeiro dia de aula? — Meu pai diz após engolir sua comida. 

Pego uma pequena quantia de comida e coloco em meu prato. 

— Bem. — Não era exatamente essa palavra que eu deveria usar, porque certamente não foi “bem”, mas não queria explicar nada para o meu pai. Quanto menos ele souber, melhor vai ser. 

Não que eu queira esconder o que passo ou passei. Eu já tentei. Eu já tentei em abrir diversas para o meu pai, mas parece que ele não entende, ou finge não entender para não ter outro problema em sua cabeça. Sei que não é divertido ter um filho problemático, ainda mais problemático e gay. 

Eu agradeço por ter me revelado gay quando minha mãe ainda era viva. Eu honestamente não saberia como iria revelar isso sem a presença dela e com um pai que aos poucos parecia que eu estava o perdendo. 

— Vamos morar aqui temporariamente? — Digo após alguns minutos calado. 

Ele deu de ombro. 

— Não sei. Se a usina não me transferir para outro canto. — Ele diz, levando o garfo com comida até em sua boca. 

Assenti e voltei a comer calado. Meu pai finalizou com sua refeição primeiro, pediu licença e logo saiu para o seu quarto. Suspirei vendo que ainda estava na metade do jantar. Olhei para algumas empregadas que estavam circulando em volta, tentando procurar alguma coisa para fazer. 

Ainda eram sete da noite. Os funcionários da casa trabalhavam até esse horário, geralmente ficavam os que faziam nossos jantares, os demais iriam embora mais cedo. As vejo a se locomover para ir embora. Zara era a última que ficava, para retirar o jantar. Aleatoriamente já a questionei se ela ganhava a mais fazendo isso e ela afirmou, explicando que, os funcionários que ficavam até mais tarde, faziam horas extras e ganhavam com isso. 

Bom, pelo menos meu pai não estava os explorando. 

Ao finalizar a minha refeição, fui para o quarto, não encontrando mais motivos para ficar ali. Abri a porta e procurei com o olhar minha mochila, encontrando no canto da mesa bem arrumada. Fui até a mesa e peguei minha mochila. Acendi a luz da minha sacada a fim de fazer minhas tarefas e ficar livre, já que posso esquecer e acabar lembrando apenas no dia da entrega. 

Decido começar a resolver as questões de física, mas, ao abrir o caderno e pegar uma caneta, reparo uma bola de basquete cair na grama do quintal de casa. 

Franzi as sobrancelhas vendo a bola pingar no chão até parar. Penso se seria o certo em descer e jogar a bola de volta. Certamente alguém estava jogando e se distraindo e acidentalmente a bola caiu ali. Suspiro e deixo meu caderno de lado. Saio do quarto e caminho mais rapidamente para a escada, descendo e alcançando a porta da sala. 

Dou a volta pela enorme casa. Começo a caminhar pela grande área verde vendo tudo um breu ao fundo e galhos de árvores batendo levemente por conta do vento. Tento procurar a bola na qual acabei a encontrando encostada no muro. Pego e jogo para cima. Meus olhos se arregalaram por conta do susto ao ver que a bola foi de encontro no rosto de alguma pessoa que não deu para ver, já que a pessoa se inclinou para trás por conta da batida. 

Coloco minha mão em meus lábios não acreditando no que fiz.

— Me desculpe! — Digo às pressas. — Eu não vi você aí e achei que você quisesse a bola de volta. Eu não fiz isso de propósito. Você está bem? 

Droga, fui tentar ajudar e acabei fazendo merda. 

Eu ainda permaneci em choque, com os olhos arregalados e meus dedos um pouco para baixo de meus lábios. A pessoa deve ter se machucado. Parabéns Louis, um ponto para você. 

A pessoa se inclina para frente e pude ver que era um garoto. Seu nariz saia um pouco de sangue, mas seu rosto não aparentava dor, apenas estava com seu olhar questionável ou se perguntando o que de fato aconteceu ali. Ele me olha e suaviza sua expressão ao entender o que de fato aconteceu. 

Ele tinha cabelos negros em um tapete. Sua pele branca e seus olhos não dava para ver ao certo que cor era pela pouca claridade, mas parecia ser verde. Ele sorriu de lado e confesso que ele tinha um sorriso bonito e gentil. 

— Está tudo bem. — Ele diz tentando me acalmar. 

— Tem certeza que você está bem? Seu nariz está saindo sangue, se quiser posso chamar algum médico para avaliar…

— Ei, não é preciso, ok? — Ele ri com o meu desespero. — Eu estou bem. Apenas meu nariz está saindo um pouco de sangue, mas nada que um gelo possa ajudar. — Ele diz, com sua voz calma. — Na verdade eu tenho que pedir desculpa por deixar minha bola cair aqui, não queria atrapalhar, mas de tantas bolas que eu perco, essa foi a que me restou. 

Me sentindo um pouco atrapalhado por estar olhando muito para o garoto que agora era meu vizinho. Sorriu sem graça e peguei a bola novamente em minhas mãos. 

— Você não precisa se desculpar, isso acontece. — Digo, entregando a bola em suas mãos. 

Ele sorriu, agradecendo e pegando a bola. 

— Você é o novo vizinho, certo? — Ele diz jogando a bola em seu quintal. 

— Sim. — Digo. Seus olhos pararam no meu e eu sinto minhas bochechas corarem. Droga, eu pareço um adolescente emocional que acabou de se descobrir. 

— Logan. — Ele estende sua mão. 

Franzi o cenho questionando o que ele estava fazendo, mas logo sorri sem graça. Me aproximo ficando na ponta do pé e estendo minha mão, segurando a sua. Suas mãos estavam quentes. 

— Louis. 

Ele retornou a sorrir. Sinto meus pés querer começar a dor por estar forçando em ficar na ponta do pé. Afasto minha mão, colocando meus pés por inteiro no chão. 

— Espero que você fique bem. — Mantenho ainda preocupado com ele. Ele pode ter se machucado feio e eu não quero ser o causador disso, apesar que já sou

— E vou. — Ele deu uma piscadela. — Até mais Louis!

Sorri de lado e acenei timidamente. Certo, ele foi a primeira pessoa que me tratou bem. Meus antigos vizinhos nem ao menos olhavam para o meu rosto e quando faziam isso, havia críticas em seus olhares. Mas com Logan foi diferente. Acho que não é tão ruim ficar nessa cidade. 

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