- 𝘼𝙉𝙏𝘼𝙍𝙀𝙎; (𝘮𝘪𝘯𝘴𝘶...

By godhannie

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AVISOS
Prólogo | I can't forgive and I can't forget
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AGRADECIMENTOS + LIVRO FÍSICO
PRÉ-VENDA ABERTA!!!!!!!

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By godhannie

Ainda podia escutar Gahyeon gritando meu nome e tentando me impedir. Me deu ordens pra não ir atrás dele, depois praticamente implorou pra que eu não continuasse com isso e nos colocasse em perigo. Pude ver como sua voz tinha ficado fraca, como se eu estivesse prestes a entrega-la pra polícia. Tentei ficar mas não consegui. Meus pés me guiaram pra fora.

Meu coração dói tanto que eu nem consigo mais pensar direito. Gahyeon é minha irmã, a pessoa que mais amo no mundo, mas não consigo escuta-la no momento que eu mais precisava a ouvir.

Me sinto culpado dos dois lados, e todas as atitudes que tomo parecem erradas. Me aproximei de Jisung não só pra me inocentar, mas pra me livrar da culpa que sentia por ter matado seu irmão. Agora, não consigo deixa-lo ou me afastar dele, e não sei quando foi que perdi o controle disso.

Na visão da polícia, Gahyeon seria tão culpada quanto eu, e é por isso que tudo que faço também diz respeito a ela. Eu a entendo, eu desesperadamente a entendi quando ela me disse pra parar, quando disse que eu estava ultrapassando o limite e nos colocando em risco. Ela ficou brava e gritou, mas depois chorou como se eu estivesse tirando algo dela, condenando-a pra sempre e preferindo proteger Jisung do que minha única família.

Minha cabeça ferve e eu tenho a completa certeza que não sei o que estou fazendo, se é que um dia eu soube. Me senti tão mal que saí de casa sem dar ouvidos a ela, liguei o carro e comecei a dirigir por toda a cidade a procura dele.

Jisung não está em lugar nenhum, e isso é tão desesperador quanto pensar em Gahyeon presa. Na verdade, com Jisung meu coração pesava um pouco mais. Ele não está acostumado a ficar sozinho ou ter contato com outras pessoas, e provavelmente o mundo real o assuste e o traumatize ainda mais. Não posso deixa-lo sozinho, mas deixei minha irmã sozinha. As vezes o desespero é tão grande que quero soltar o volante e deixar o carro capotar.

Andei por toda a cidade, fui até sua casa antiga, lojas de conveniência ou qualquer outro lugar que ele pudesse ter ido se estivesse com fome ou sono. Ele não estava em lugar nenhum, mas decidi procurar pela praça perto da minha casa não esperando encontrar nada. Jisung era espero, não que eu tivesse duvidado disso, mas ele decidiu ficar por perto porque sabia que eu o procuraria longe.

Estava deitado embaixo de uma árvore. Enquanto crianças brincavam e pessoas faziam caminhadas em volta da praça, Jisung dormia serenamente no meio da grama como se estivesse acostumado a não ter colchão nenhum pra deitar.

Seus fios loiros voavam com o vento, e sua expressão parecia tão calma que eu podia jurar que ele era um anjo. Um anjo caído que decidiu dormir um pouco embaixo da brisa fresca, como um girassol brilhante no meio do orvalho. Era lindo, se não fosse triste também.

Respirei aliviado ao vê-lo, e até cheguei a sorrir. Não poderia dormir em paz sabendo que ele estava sozinho em qualquer lugar, e encontra-lo mais uma vez me faz sentir que tenho o controle das coisas de novo, ou melhor, a ilusão de ter o controle delas.

Me aproximei dele e agachei em sua frente. Suas bochechas estavam sujas de terra e seus cabelos tinham pequenas folhas de árvore. Apesar das circunstâncias, ele dormia tão tranquilo que era até difícil acorda-lo, mas precisava tira-lo dali antes que as pessoas que o olhavam acabassem o tratando mal.

- Ei - pigarreei nervoso e toquei sua bochecha - Jisung?

Ele piscou os olhos algumas vezes, e depois os abriu por completo. Seus olhos castanho escuro refletiam o céu azul e as folhas da árvore, parecia surreal de tão bonito.

Jisung franziu o cenho e me olhou confuso, depois apoiou as mãos no chão e se sentou. Colocou a mão na cabeça e fez cara de dor, provavelmente seu corpo estava todo dolorido depois de passar não sei quanto tempo dormindo ali.

- Você está bem? - perguntei e ele acentiu de imediato, mas sua expressão entregava que ele estava mentindo.

- Preciso... - suspirou e olhou para os lados um pouco confuso - Preciso ir embora... Quer dizer, sair daqui. Eu não sei.

- Vamos - Me levantei e estendi a mão.

- Não - desviou o olhar - Não vou ficar na sua casa. Eu agradeço muito, mas não me sinto bem. Vou dar um jeito sozinho.

Ele se levantou e bateu a roupa toda suja de terra. Se virou pra ir embora sem me olhar nos olhos, fugindo de qualquer coisa que eu tivesse pra falar. Eu sabia que ele estava desconfortável com o que Gahyeon fez, mas eu não suporto a ideia de saber que ele não tem um lugar pra dormir.

- Jisung, espera - o puxei pelo braço - Vamos dar uma volta e comer alguma coisa enquanto pensamos nisso, pode ser?

Ele hesitou, mas depois de alguns segundos sorriu sincero e genuíno. Ele estava com fome, eu sabia disso, mas uma parte desse brilho no olhar foi por saber que eu não o deixaria ir embora tão fácil assim.

- Tudo bem - sorriu - Mas eu estou todo sujo, não quero entrar em nenhum lugar assim.

Pensei em dizer que ele poderia tomar um banho em casa, mas sabia que ele não estaria disposto a reencontrar Gahyeon tão cedo, e eu também não sei qual seria a reação dela.

Olhei para os lados pensando no que fazer, até que no meio da praça vi um carrinho pequeno de waffles com sorvete. Jisung ia adorar, e além do mais, havia um banco vazio e afastado onde ele gostaria de sentar pra comer.

- Vem comigo - peguei na sua mão e o puxei.

Enquanto andava até o meio da praça percebi como estava o tocando tão naturalmente agora, e ele não demonstrou nenhuma reação ruim. Engoli em seco quando senti um gelo no coração, como um lembrete de que isso não é uma coisa boa.

Haviam vários sabores de sorvete e opções de fruta. Os olhos de Jisung se arregalaram, sua boca ficou entreaberta enquanto ele olhava pra todos eles e tentava pensar em qual era mais gostoso.

O dono do carrinho disse todos os sabores pra ele, e seus olhos se arregalaram ainda mais. Fez um biquinho de pensativo, mas sua resposta nunca chegava.

- E então? Qual você quer? - não consegui disfarçar o sorriso enorme que eu tinha no rosto.

- São muitos - na verdade nem eram tantos assim, mas no mundo novo que Jisung conhecia, cinco sabores de sorvete significavam uma imensidão deles.

- Pode pedir quantos você quiser.

- Sério? - me olhou sorrindo como uma criança.

- Sério - sorri de volta.

- Então eu quero um de limão, outro de manga e um de... Morango é bom?

- Você nunca comeu? - acabei soando um pouco surpreso.

- Não.

- Sim, é bom. Mais dois de morango, por favor - Pedi ao homem e voltei a olhar para o rosto iluminado do garoto - Você vai gostar, tenho certeza.

Quando ficou pronto, minhas duas mãos não podiam carregar tanta waffle com sorvete até o banco da praça. Dividi com Jisung, mas ele estava tão empolgado que andou rápido até o banco e quase derrubou uma.

Ele se sentou, olhou eufórico para todas elas e tirou a de morango da minha mão. Pegou um pedaço da fruta nos dedos, olhou pra ela por alguns segundos e depois colocou na boca.

- E então? O que achou? - perguntei ansioso.

Ele arregalou os olhos e entrou em êxtase, mastigava rápido e me olhava como se tivesse realizado um sonho. Senti meu coração quebrar em vários pedacinhos. O que era só um morango pra mim, era um mundo novo pra ele. Me pego pensando no que aconteceu de tão grave pra que ele fugisse do mundo real por uma vida inteira.

- É muito bom - sorriu - Muito muito muito!

Eu ri do seu jeito fofo, e me senti feliz por ser a primeira pessoa a lhe proporcionar um momento como esse, onde ele descobre algo novo sem se assustar, onde ele vive um momento em que o mundo não o machuca.

Mas seu sorriso foi desaparecendo, e o gosto do morango não pareceu tão bom assim. Ele me olhou triste, como se algo estivesse errado e tudo não fosse tão perfeito assim.

- Queria que Chan estivesse aqui.

Meu coração disparou de novo, me fazendo sentir a culpa familiar me sufocando mais uma vez.

- Ele quem cuidava de mim, trazia comida pra casa mesmo quando não tínhamos dinheiro algum. Ele sabia que as coisas pra mim eram difíceis, que eu não conseguia lidar com as pessoas como ele. Ele que merecia comer morango pela primeira vez, não eu.

Continuei em silêncio. Sua voz era fraca e ele se perdia em pensamentos e memórias, buscando se agarrar no que ainda o fazia senti-lo perto. Não há como lutar contra isso. Mesmo quando preciso dizer algo, não consigo. Não me orgulho do que fiz, e não posso fingir o contrário.

- Ele era a única pessoa que eu deixava chegar perto, o único que podia encostar na minha pele sem me fazer sentir ameaçado. E agora, você me toca como se fosse natural entre nós, e eu não sinto medo algum. Isso é assustador.

Um calafrio percorreu minha espinha. Ele tinha razão, e me assustava tanto quanto ele. Gahyeon me alertou pra não ir longe demais, mas eu não sei quando perdi o controle de tudo. Agora ele confia em mim, e isso deveria ser algo bom já que ele não suspeitaria de alguém que confia. Mas como pode ser bom se eu o quero por perto, e isso também me assusta?

- Chan era o único que me via daquele jeito, em crise, e era o único que conseguia me acalmar. Mas com você é diferente, você não é meu irmão, não é nada meu. Eu não deveria deixar que você se aproximasse, mas aconteceu. Isso tudo me aterroriza.

Engoli em seco, e prometi que não deixaria que a culpa controlasse minhas emoções agora. Eu não podia dizer o que fiz, isso ia afasta-lo pra sempre e eu jamais ia me perdoar.

- É porque você confia em mim - disse - Você sabe que eu não te faria mal.

- Então, o que você quer? - sua voz se quebrou - Você precisa querer algo em troca. Eu nunca fiquei tanto tempo perto de alguém, e eu não tenho nada pra te oferecer. Não quero que me ajude porque sente pena de mim.

Respirei fundo, e juntei todas as minhas forças e os neurônios na minha mente pra me ajudarem a pensar nas palavras certas. Não queria mentir, isso seria tão doloroso quanto contar a verdade sobre o que fiz, mas ainda posso contar a verdade sobre o que sinto.

- Gosto de você e gosto de estar com você, Jisung - respondi - É só isso.

Ele suspirou ainda um pouco triste, mas se deu por convencido ao morder a waffle. Talvez só tivesse se convencido de que era melhor acreditar em mim do que não ter ninguém com quem contar.

- Eu preciso trabalhar - disse - Mas não sei se consigo com outras pessoas.

- Eu já disse que posso ajudar você.

- Você não tem obrigação, Hyung - sorriu fraco - Eu preciso fazer algo sozinho, minha vida é só ler seu romance e procurar meu irmão, mas agora preciso me sustentar.

- É isso! - me empolguei com a ideia que veio em mente - Se te faz sentir melhor, posso te pagar em troca. Você lê o livro e me diz o que acha, me fala sobre quais pontos eu preciso melhorar. Pode ser?

- Só isso? - ele gargalhou - Você realmente só quer minha opinião? Mais nada?

- É importante pra mim - respondi - Nunca ninguém deu tanta importância pra isso. Não é só a sua opinião, é a forma como você não tratou como banal a única coisa que gosto e sei fazer. Consegue me entender?

Ele sorriu, fazendo meu coração acelerar mais uma vez. Não devia ter dito isso, mas foi mais forte que eu quando lembrei de como ele reagiu ao pegar o caderno nas mãos pela primeira vez.

- Eu jamais faria isso - sorriu - Mas quando foi que começou a gostar tanto de escrever?

Suspirei ao trazer de volta as memórias da infância. Meus pais rindo e queimando meus cadernos, me fazendo sentir preso em um mundo onde eu não era o centro de nada.

- Minha vida não foi tão boa quanto parece - ri nervoso - Meus pais criaram eu e Gahyeon de formas muito diferentes. Ela sempre foi a filha que eles sonharam em ter, era tudo diferente quando se tratava dela. Eu sei que ela tentava esconder e me fazer sentir amado, mas eu percebia. Me sentia sozinho, nada acontecia do jeito que eu queria. Eu precisava ter um mundo só meu, onde eu tivesse o controle de tudo, e onde eu pudesse ser quem eu quisesse ser.

Me senti culpado ao terminar de falar. Não devia ter feito isso, não devia ter me exposto tanto mas não percebi quando disse tudo. Muitas pessoas me fizeram aquela pergunta, mas Jisung parecia ser o único verdadeiramente interessado na resposta.

- Então, você é Minjae e Minjae é você - ele sorriu.

- Não é bem assim - ri - Ele é outra versão de mim.

- E quem é seu Jihoon? - brincou.

- Ninguém - desviei o olhar - Já amei alguém antes, mas agora não. Agora não amo ninguém.

- É exatamente isso que Minjae responderia - riu - E ele encontrou amor onde não esperava achar nada.

- É... - senti o ar tenso e nossos olhares não se sustentavam muito tempo - Mas Minjae não sabe que o ama.

- Mas Jihoon sabe que é amado - rebateu - Não é mais que o suficiente?

- Não - respondi - Minjae ainda não sabe o que sente, então ainda não há amor.

- Só porque você não vê não quer dizer que não exista - sua voz aumentou o tom.

- Nem tudo precisa ser visto.

- Como vai saber que ama se não vê por inteiro?

- Não é preciso - respondi - Amor não é sobre conhecimento.

- Mas é sobre conexão.

- Então talvez Jihoon devesse aprender mais sobre conexões.

- Ou talvez você precise amar alguém antes de escrever um livro.

Meu coração parou. O silêncio que se instalou entre nós parecia um vazio, e meu peito queria chorar assim como o sorvete que escorria e pingava da minha mão.

Não sabia o que tinha acontecido ali, e enquanto eu respirava ofegante tentava entender. Jisung interpretou melhor do que pensei, e talvez ter deixado ele conhecer uma parte tão exposta e vulnerável de mim tenha sido um erro.

Não era uma discussão sobre personagens, era sobre nós mesmos. Era sobre a forma como ele me vê como alguém distante, sempre escondendo algo, enquanto ele se doa inconscientemente e se assusta quando algo dentro de nós se conecta.

No final de tudo, não era sobre Minjae ou Jihoon. Era sobre Minho e Jisung, tentando encontrar uma definição para a batida acelerada em nossos corações que fosse menos assustadora do que a palavra amor.

E então, eu sinto o peso das palavras de Gahyeon muito mais forte agora. Ela está certa, eu fui longe demais, mas é um caminho sem volta. Não quero pensar no que pode acontecer no futuro, só quero estar ali com ele, enquanto fingimos ter raiva um do outro porque queremos desesperadamente estar perto sem motivo algum.

A dúvida acaba de uma vez por todas. Sou Minjae dentro de mim, e ele jamais destruíria quem gosta contando a verdade sobre o que fez. Jisung jamais saberia, e talvez com o tempo eu consiga conviver com a culpa. Algumas coisas precisam ser deixadas pra trás sem serem ditas.

- Vamos pra casa? - perguntei, sabendo que sua resposta era a mesma que eu esperava.

Ele se levantou e me seguiu, esquecendo tudo aquilo que aconteceu, assim como eu tentava esquecer o rosto de Bang Chan pra sempre.

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