Capítulo 32

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Quando vi Roy atravessar a praça, com um gorro e um pouco de interesse em torno dos olhos, eu sabia que ele não ficaria nada feliz. Talvez, porque estivesse esperando por algo diferente, ao invés de uma conversa.

— O quê ? Porque fez essa merda ? — questionou ele , quando contei sobre o encontro com o meu pai. Massageei as têmporas, calmamente.

— Eu estava assistindo o jogo do Orlando Magic...E então, resolvi falar sobre a Taverna.

— Que tipo de pessoa conta para os pais quando beija alguém ? — ele franziu o cenho , e acendeu um isqueiro, retirando do bolso um cigarro. — O meu pai nunca precisou saber da minha experiência com garotas.

— Bem , mas ele sabia. Todos na escola sabem — eu disse , um pouco desconfortável por vê-lo se referir a garotas. Isso é, depois de ter me beijado. — E eu e o meu pai não temos segredos , somos muito apegados. 

— Suponho que ele queira se apegar a mim, também ? — Roy inqueriu, e eu tomei o cigarro de suas mãos , jogando-o fora. A fumaça não me fazia bem. — Olha, eu não vou dizer não para você. Está enganando o meu pai, então não vai ser difícil enganar o seu — deu de ombros.

— E então é isso o que você quer ? Apenas enganá-lo ? — por algum motivo, aquilo fez a minha garganta apertar. — Por que é que me beijou na Taverna ?

— Porque você precisava — eu abri a boca. — Deveria me agradecer por isso.

— Eu não acredito que disse isso.

Ele havia notado como eu fiquei quando vi o Sean, era óbvio, mas...Dizer que eu deveria ter agradecido por ele ter me beijado, era como se eu não merecesse...Ser beijada por vontade própria. Seus ombros se encolheram.

— Se quiser que eu o conheça, por mim tudo bem.

— Faria isso ?

— Sim, claro — ele deu de ombros, e abriu um sorriso astuto. — É a minha namorada de mentira.

Eu não gostava daquele termo , mas não mencionei isso.

— Roy — eu chamei, arrancando a sua atenção. — Você disse que os seus pais achavam que você era uma pessoa de merda — lembrei. — Eles estão acreditando ?...Estão mudando a opinião sobre você ?

— Em parte — ele sentou-se sobre o banco , e eu também. Observei seus olhos assumirem uma dureza repentina. — Eu só preciso de um tempo para convencê-los de que eu não menti, e depois, terminamos com isso.

Ficamos por alguns segundos em silêncio.

— Viu só ? Eu e você estamos fazendo isso pelo outro — ele ergueu uma sobrancelha, para mim.

Acho que para ele, isso era a coisa mais próxima de uma amizade. Não era o mesmo para mim. Eu não partilhava dos mesmos pensamentos.

Fui surpreendida por suas mãos gélidas tocando em uma mecha do meu cabelo , e enrolando-a . Ele estava com o rosto próximo ao meu , e me analisava. — Não acha ? — e abriu um sorriso

— Claro.

Por um momento senti o seu hálito quente, que ainda cheirava à nicotina. Por um momento, imaginei como seria se tivéssemos mesmo um relacionamento.

As minhas mãos estavam geladas , a minha pulsação ameaçava acelerar e a minha saliva estava densa. Eram pouco menos de sete , e eu estava na casa do meu pai , preparando a mesa para o jantar. Ainda não acreditava que Roy estaria ali. Tínhamos preparado frango frito com salada de legumes e batata.

Doce Greta Onde as histórias ganham vida. Descobre agora