Capítulo 11

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Era sábado a noite , e aos sábados a noite era uma regra para mim se afundar nos livros . Eu mantinha aquela tradição a alguns meses, talvez anos , e eu estava muito bem assim.

Eu gostava da maneira como eram descritos cada detalhe, cada costume, cada personagem nos livros antigos. Os homens com seus chapéus, em seus belos cavalos negros. As mulheres com seus vestidos de gala, de tecido francês em uma fina carruagem. Os jovens correndo para alcançar o trem, em uma manhã de segunda-feira. Mil novecentos e noventa e três não era lá muito histórico. Talvez algumas décadas antes. Talvez eu gostasse de como as cartas eram necessárias. Talvez eu fosse uma alma velha em um corpo jovem.

Não era uma obsessão. O fato era que , eu havia passado o dia inteiro revisando os conteúdos e adiantando deveres e trabalhos . Eu não podia deixar o meu futuro ir por água abaixo por simples detalhes. No final do dia, eu estava um pouco cansada e a Sra Hansen havia saído .

Eu estava horrorizada na indesejada ilha de Robinson Crusoe, quando o meu telefone tocou . Pensei ser o meu pai, receosa por eu ter ligado para ele recentemente. A Sra Hansen havia lhe arranjado um cargo maior na fábrica de Methuen . Agora, ele ganhava um pouco mais , talvez o dobro do que ganhava antes, e podia pagar o aluguel da nova casa e talvez viver um pouco. Eu sabia que o meu pai andara infeliz com o seu emprego anterior, e o fato dele não conseguir o suficiente para nos comprar algo novo .

Apertei o botão para atender, quando vi o nome de Bethany.

"Hey , Greta . O que está fazendo? "— a sua voz preencheu a linha.

"Hey , estou lendo um capítulo de Robinson Crusoe. Você está bem?"

"Robinson Crusoe?"

"Sim , é sobre um homem que passou vinte e oito anos em uma ilha" — sorri, e virei a página que levantou com o vento.

"Parece muito divertido" — ela murmurou com sarcasmo . "Escuta, estou escolhendo uma roupa para a festa do Niall . Eu te falei, lembra?"

"Sim" — eu respondi rapidamente. "Você quer ajuda?"

Bethany soltou uma risada curta .

"Não, tenho quase certeza do que vou vestir. Você não vai?"

Suspirei.

"Não..." — apoiei a cabeça no travesseiro.

"Por que não?"

"Porque...Não gosto de festas e...Tenho coisas para fazer."

"Ah , tipo passar a noite inteira lendo sobre Robinson Crusoé?"

"Não é apenas assim!" — eu defendi . "É uma autobiografia muito interessante."

"Eu sei , Greta . Só estou tentando dizer que...Talvez passar o fim de semana no seu quarto lendo, não seja bem a definição de interessante."

Suspirei outra vez , sabendo que era verdade .

Eu costumava considerar estar com o meu pijama no meu quarto, sozinha e lendo os meus livros favoritos uma forma muito divertida de passar o tempo . Mas eu sempre , sempre tinha  as mesmas programações e aquilo era um pouco tediante e repetitivo . Eu nunca parei para pensar que talvez estar sempre sozinha, não era muito divertido .

"E o que sugere que eu faça?"

"Vá a festa " — ela sugeriu animada . "Vai ser bom para você"

"Não para mim" — abanei a cabeça."Eu nunca fui em uma festa na casa de alguém do colégio, e não me parece tão interessante."

"Está me dizendo que nunca foi a uma festa?"

Doce Greta Onde as histórias ganham vida. Descobre agora