Capítulo 67

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Lá estava eu outra vez, tocando a campainha de alguém. Aquela porta não me causava boas sensações, mas ela foi aberta tão rapidamente que nem me deu tempo para pensar.

Você demorou Roy me puxou para dentro, fazendo a minha bolsa de colo cair sobre o chão. Estou ficando louco !

Roy ! eu me abaixei e peguei a bolsa. Quando olhei para o chão, eu me dei conta de que diversas peças de quebra cabeças e pilhas de brinquedos faziam uma trilha pela casa. O quadro com a foto do Sr Donovan estava torto, e rabiscado com canetinha preta. Engoli a seco e o segui até a cozinha.

Você quer refrigerante ? ele perguntou, vasculhando a geladeira. Eu neguei com a cabeça.

Você tem chá ou café ?

Eu não fiz café, e muito menos chá ele coçou a nuca.

Tudo bem.

Roy bebeu um gole do seu refrigerante, e me guiou até as escadas. Ao atravessarmos o corredor, tudo parecia quieto e silencioso. Pelo menos parecia, até ele girar a massaneta da porta do quarto. Estava razoavelmente desordenado. Haviam montes de lençóis na cama, e um tapete velho e bonito. No centro dele, uma cadeira, com um garotinho em cima. Ele gritava ferozmente, mas a sua boca estava tapada com fita adesiva, assim como os seus pés e mãos

Jesus, Roy ! Porque fez isso com ele ? eu me ajoelhei na frente do garotinho, e puxei a fita de sua boca. Ele gritou ainda mais alto, me fazendo tapar os ouvidos, e pôr a fita de volta.

Era o único jeito de mantê-lo quieto.

É, e eu acho que não funciona eu olhei ao redor, e procurei por algo que pudesse cortar a fita. As camadas estavam muito grossas para puxar. Encontrei uma tesoura no meio da bagunça, e comecei a cortar.

Quer mesmo tirar ele daí ? ele perguntou.

O garotinho soltou um grito abafado.

Não grite ! Eu vou soltar você disse eu. Ele continuou se remexendo na cadeira, e então, eu percebi o seu rosto era familiar. Aquela era a criança que atendeu a porta na primeira vez que eu fui até ali. Um garotinho de pouco menos que um metro, coberto de farinha, perguntou o meu nome. Eu lhe disse "Greta". O Sr Donovan o chamou como "Ryan". Ryan, esse é o seu nome, não é ? Olhe, eu vou cortar a fita, mas você tem que me prometer que não vai gritar, certo ?

Seus pequenos olhos me encararam, ainda sem se mover.

Você me promete ? eu perguntei.

Ele fez que sim, e então, comecei a cortar a fita e soltar os seus braços e pernas. Ouvi Roy resmungar em desânimo, quando Ryan arrancou a fita da boca. A primeira coisa que a criança fez foi se enfiar entre suas pernas longas.

Acha que pode bater em mim ? ele riu, e o empurrou com a perna direita. Ryan correu para a porta e desapareceu no corredor, e então ele se virou para mim. Meus parabéns, Greta ! Agora, ele vai mexer em cada maldito pedaço dessa casa.

Não empurre mais ele ! Ele vai ficar irritado ! eu gritei, antes de sair pela porta e começar à procurar, assim como ele.

Ryan não estava em qualquer um dos quartos, nem nos banheiros, nem na sala. Nós o encontramos no canto da cozinha, esparramado no chão.

Levante daí e me faça um favor de parar de chorar ! Você não é um bebê Roy se inclinou, e deixou o copo de refrigerante no topo da pia.

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