Lá estava eu outra vez, tocando a campainha de alguém. Aquela porta não me causava boas sensações, mas ela foi aberta tão rapidamente que nem me deu tempo para pensar.
— Você demorou — Roy me puxou para dentro, fazendo a minha bolsa de colo cair sobre o chão. — Estou ficando louco !
— Roy ! — eu me abaixei e peguei a bolsa. Quando olhei para o chão, eu me dei conta de que diversas peças de quebra cabeças e pilhas de brinquedos faziam uma trilha pela casa. O quadro com a foto do Sr Donovan estava torto, e rabiscado com canetinha preta. Engoli a seco e o segui até a cozinha.
— Você quer refrigerante ? — ele perguntou, vasculhando a geladeira. Eu neguei com a cabeça.
— Você tem chá ou café ?
— Eu não fiz café, e muito menos chá — ele coçou a nuca.
— Tudo bem.
Roy bebeu um gole do seu refrigerante, e me guiou até as escadas. Ao atravessarmos o corredor, tudo parecia quieto e silencioso. Pelo menos parecia, até ele girar a massaneta da porta do quarto. Estava razoavelmente desordenado. Haviam montes de lençóis na cama, e um tapete velho e bonito. No centro dele, uma cadeira, com um garotinho em cima. Ele gritava ferozmente, mas a sua boca estava tapada com fita adesiva, assim como os seus pés e mãos
— Jesus, Roy ! Porque fez isso com ele ? — eu me ajoelhei na frente do garotinho, e puxei a fita de sua boca. Ele gritou ainda mais alto, me fazendo tapar os ouvidos, e pôr a fita de volta.
— Era o único jeito de mantê-lo quieto.
— É, e eu acho que não funciona — eu olhei ao redor, e procurei por algo que pudesse cortar a fita. As camadas estavam muito grossas para puxar. Encontrei uma tesoura no meio da bagunça, e comecei a cortar.
— Quer mesmo tirar ele daí ? — ele perguntou.
O garotinho soltou um grito abafado.
— Não grite ! Eu vou soltar você — disse eu. Ele continuou se remexendo na cadeira, e então, eu percebi o seu rosto era familiar. Aquela era a criança que atendeu a porta na primeira vez que eu fui até ali. Um garotinho de pouco menos que um metro, coberto de farinha, perguntou o meu nome. Eu lhe disse "Greta". O Sr Donovan o chamou como "Ryan". — Ryan, esse é o seu nome, não é ? Olhe, eu vou cortar a fita, mas você tem que me prometer que não vai gritar, certo ?
Seus pequenos olhos me encararam, ainda sem se mover.
— Você me promete ? — eu perguntei.
Ele fez que sim, e então, comecei a cortar a fita e soltar os seus braços e pernas. Ouvi Roy resmungar em desânimo, quando Ryan arrancou a fita da boca. A primeira coisa que a criança fez foi se enfiar entre suas pernas longas.
— Acha que pode bater em mim ? — ele riu, e o empurrou com a perna direita. Ryan correu para a porta e desapareceu no corredor, e então ele se virou para mim. — Meus parabéns, Greta ! Agora, ele vai mexer em cada maldito pedaço dessa casa.
— Não empurre mais ele ! Ele vai ficar irritado ! — eu gritei, antes de sair pela porta e começar à procurar, assim como ele.
Ryan não estava em qualquer um dos quartos, nem nos banheiros, nem na sala. Nós o encontramos no canto da cozinha, esparramado no chão.
— Levante daí e me faça um favor de parar de chorar ! Você não é um bebê — Roy se inclinou, e deixou o copo de refrigerante no topo da pia.
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Doce Greta
ChickLitGreta Stewart é uma jovem de dezessete anos , com uma vida simples e boas notas , mas tudo muda quando a mãe falece. Sem nada que os prenda na vizinhança, ela e o pai se mudam para Methuen ; uma pequena cidade em Massachusetts ; onde Greta é acolhi...