GRITE Shippuden - Hatake Kakashi

19 × os assuntos que se há na Academia

No dia da admissão de Kakeru, Kakashi não admitiu, mas a verdade é que ele sequer conseguiu dormir à noite. Ele estava mais ansioso que o menino, e mesmo que quisesse ficar tranquilo, seguro quanto à decisão do filho de seguir seus passos, boa parte da razão de sua insônia se deu pela aflição de se ter um filho ninja. A preocupação de Kalmia é angustiante.

Todavia, já não havia meios de voltar atrás, embora nenhum dos dois tenha pensado nisso.

Era oito horas da manhã quando o Sexto Hokage pôs as mãos para dentro dos bolsos de sua calça, recostando-se na árvore bem em frente à Academia Ninja da Folha. E mesmo que tudo até ali tenha sido expectativa e uma excitação empolgante, logo antes de bem adentrar o local onde ele passaria quase todo o restante de sua vida, Kakeru engole em seco.

Extremamente desconfortável com todos aqueles olhares, cochichos, sorrisos, acenos. No fundo, queria que aquele dia fosse especial porque seu pai está o levando à escola, não porque o Sexto Hokage está visitando um lugar onde ele mesmo foi professor.

─ Eu venho buscá-lo? ─ sentindo algo muito, muito estranho dentro de si, Kakashi pergunta. As mãos permanecem no bolso, só assim ele consegue tentar passar por despreocupado.

E além de preocupado, quase não consegue esconder a semi-decepção quando Kakeru sopra: ─ Não precisa... ─ torce o lábio, olhando os próprios pés. ─ Deixa que eu vou sozinho...

─ Certo! ─ Kakashi diz. O tom ecoa vacilante. ─ Nos vemos mais tarde ─ Kakeru tem vontade de sorrir quando o pai pousa a mão sobre sua cabeça, como quem afaga seus cabelos, bagunçando-o. ─ Boa aula, amigo.

─ A-arigato...

Kakashi o deixa entrar sozinho, infelizmente percebe que sua presença estava o deixando completamente constrangido. Se as pessoas ao menos pensassem um pouco em como o menino se sentiria ─ pensa consigo mesmo, caminhando para longe da academia.

Kakeru entra na Academia e Kakashi imediatamente se preocupa.

Não queria que seu filho fosse um menino solitário. É do que mais tem medo em relação aos filhos. Mas, inevitavelmente, olhando o menino se afastar para dentro da nova etapa de sua vida, ele se via em suas costas, não era só o jeito, nem o cabelo prateado, ou o tamanho proporcional ao que ele media na época, Kakeru era em tudo parecido com seu pai, e em muito, isso o preocupava.

A primeira aula teórica de Kakeru tem como tema principal a Fundação de Konoha. E embora o sensei tivesse começado falando de Hashirama e Tobirama, as entrelinhas o levou a Madara, que o levou aos Uchihas e Obito e Sasuke sequer precisaram ser citados para Kakashi do Sharingan ser lembrado.

Mesmo que Kakashi já tenha pedido aos senseis que não tratassem ele com diferença ou exclusividade, volta e meia o assunto da aula era a Grande Sexta Sombra, um homem que marcou muitas gerações e agora atua como um pilar de Konoha.

Ouvindo tudo isso, Kakeru pousa a testa na mesa, escondendo-se do holofote que se acende em sua cabeça por causa do Hokage. Ele odeia, odeia muito essa atenção.

E, contrariando tudo o que ele havia planejado e pensado para seu primeiro dia de aula, ele volta pra casa muito frustrado, odiando profundamente ser filho de um homem assim.

Dentro da própria cabeça, o menino se repreende, se pergunta como pode pensar assim do seu pai, que só faz ajudá-lo e apoiá-lo, mesmo assim, é inevitável torcer pra que Kakashi não esteja em casa quando ele chegar. E é exatamente isso o que acontece.

─ Tadaima ─ diz, tirando o sapato na porta.

─ Bem-vindo, amor ─ Kalmia o recebe, já pondo o café do menino na mesa.