09 × um desejo difícil de engolir

689 56 150
                                    

Kakashi e Kalmia só não estavam mais chocados porque há um ano e quatro meses, Kakeru nasceu.

O choque de saber que eram gêmeas precisou ser dissipado quase que com urgência, pois haviam muitas outras informações a serem processadas. Antes de tudo, a doutora assegurou que Kakashi poderia continuar conversando com as filhas, pois nesta altura da gestação, elas já o ouviam.

─ Mas esta segunda, se vê pelo procedimento que ela é menor ─ aponta na tela. ─ Já mostra indícios de uma saúde delicada, dificilmente ela chutará quando a mais forte começar a chutar, esta é a que ficará sempre quietinha...

A médica ainda lhes passou muitas outras informações, aliviando Kalmia, alarmando Kakashi.

Quando chegaram em casa, ainda um pouco descrentes com a quantidade de crianças, a mãe de Kakeru o levou logo para escovar os poucos dentinhos. Ele achou muito estranho, pois não é sempre que a mamãe faz isso.

─ É o preço por você ter aceitado aquele pirulito ─ ela diz, fazendo-o rir.

─ Vem ─ Kakashi o pega do colo dela depois, indo tomar banho com o filho.

Todo o dia se passou como uma comédia romântica depois que Kalmia escutou as gargalhadinhas de Kakeru no banheiro com seu pai.

Apesar de se incomodar porque não causava o mesmo no menino, a profesora adorava ouvir aquele som que normalmente vinha seguido de alguma declaração atrapalhada da parte de Kakashi. Era adorável.

Às duas da manhã, o humor dela não estava em nada parecido com o de mais cedo, porém, a evolução da saúde e maturidade mental da esposa do Hokage está nisso:

─ Querido... ─ Kalmia o chama, empurrando levianamente o braço tatuado do marido.

Kakashi sequer se move, estava capotado desde às dez horas da noite, logo depois de terem jantado.

Sentindo como se um furacão de más emoções estivesse pronto para engoli-la, ela chora baixinho. Não porque estava muito triste, ou magoada, ou muito grávida, mas simplesmente porque não queria chorar.

Kalmia começava, gradativamente, a reconhecer sua fase de superação. Dissessem o que fosse, ela não estava mais afundada em depressão, ela sabia disso. Por isso, se sentindo tão impotente assim outra vez, é inevitável que os olhos se encham.

E mesmo assim, a mente trabalhada por Fith não cria uma barreia invisível entre Kalmia e Kakashi.

─ Kakashi... ─ ela o chama de novo, e como tivesse algum tipo de alarme no cérebro, que só soa se ela estiver, de alguma maneira, vulnerável, ele acorda, virando-se rapidamente em sua direção.

─ Desculpe por acordá-lo ─ ela sopra, ganhando toda a atenção que necessitava no momento.

─ O que foi? ─ quer saber com urgência, secando as lágrimas abundantes dela. ─ Que horas são? ─ procura seu relógio sobre o bidê. ─ Você tá bem? O que aconteceu?

─ Você não vai acreditar... ─ os olhos divagam como estivessem envergonhados, até o faz acender o outro abajur, ajudando a iluminá-la ainda mais.

─ Uh?

─ É que...

─ Apenas me fale. Você sabe como funcionam as coisas comigo, docinho...

─ Isso, isso mesmo ─ ela diz, rapidamete, circulando seus indicadores com certo nervosismo.

O ponto de interrogação é visível na testa de Kakashi.

─ É que... Ontem eu vi uma reportágem no mercado e.... Meio que eu não consegui dormir.... ─ diz, incerta.

─ E o que foi que você viu no mercado que não lhe deixou dormir? ─ instantaneamente aliviado, Kakashi ajeita alguns fios desgrenhados do cabelo dela, já certo de aonde aquilo iria chegar. O nervosismo desnecessário dela lhe dá vontade de rir.

GRITE Shippuden - Hatake KakashiWhere stories live. Discover now