16 × a volta no parque Senju

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─ Vem ─ o Sol mal havia atravessado as janelas do quarto quando Kalmia o puxou pela mão, forçando seu marido a ficar em pé perto das sete horas da manhã de domingo.

Ainda desatento, Kakashi para em pé apenas de cueca, espremendo os olhos pesados ao levar os fios prateados que caíam em seus olhos para trás.

─ Oh! ─ como um golfar de quem perde ou ganha o ar abruptamente, Kalmia arfa, odiando o fato de que ele ainda acordava se parecendo com um anjo.

─ Você é tão lindo... ─ fica na ponta do pé, beijando o rosto do marido que sorri sutilmente, querendo muito xingá-la por tê-lo acordado.

─ Vai ─ porém, não há tempo, Kalmia o empurra. ─ Se veste pra sairmos...

─ Bom dia, Kalmia-chan ─ fala como quem pergunta se a esposa não esqueceu de ao menos cumprimentá-lo. ─ Onde estão nossos filhos?

Ela ri, prendendo o cabelo enquanto ele escova os dentes, ambos em frente ao espelho do banheiro.

─ Com a Sakura e a Sarada ─ informa. ─ Hoje somos só nós... ─ tão imediatamente quanto o provocou, Kalmia se arrepia com a avaliação maliciosa sobre seu corpo.

A provocação se desvia quando Kakashi olha bem a bunda marcadinha da mulher dentro da legging de caminhada e franze o cenho, preocupando-a.

─ Que foi? ─ rebate, rapidamente. ─ Não quer passar o dia comigo?

Ele sequer ouve a bobagem que ela pergunta, e relativamente incomodado, questiona: ─ Não me leve a mal ─ pede. ─ Mas me diz que você não vai se exercitar na rua...

Kalmia franze o cenho, olhando-se de perfil no espelho.

─ Qual o problema? Ficou muito ruim?

Kakashi ri, perturbado.

─ Ficou ─ sopra, aproximando-se o suficiente para puxá-la, apertando bem as duas nádegas redondinhas em suas palmas. ─ Muito gostosa...

Kalmia morde o sorriso, sente o rosto esquentar ao flagrá-lo cuidando-a através do espelho.

Piscando lentamente, questiona: ─ O que quer dizer? ─ aproveita-se da pouca resistência dele para provocá-lo, fazendo-o imediatamente encarar seus lábios rosados.

─ Quer dizer que eu vou ter dificuldade pra me concentrar, mulher ─ os lábios se entreabrem com o antebraço dele agarrando sua cintura e puxando-a para grudá-la em seu peito. ─ Sem contar que eu sou um ninja renomado, não posso sair por aí arrancando os olhos dos civis.

Kalmia se arrepia.

─ Por que você faria isso?

─ Não me provoque ─ rosna, deixando-a morder o próprio lábio ao se afastar do banheiro. ─ Até um cego olharia uma coisa dessas.

Seguindo-o de longe, Kalmia gargalha. ─ Baka ─ xinga-o, assistindo servir-se de café e outras coisas.

Kakashi e a esposa tomam café juntos e não se demoram a sair. Fecham a casa e ele a olha de soslaio, pensativo com a forma em que ela lança os braços sobre a própria cabeça, aquecendo-se como quem está animada de simplesmente caminhar na rua num dia de sol.

Isso o faz rir.

Kalmia sequer percebe. Não vê que ele sorri sob a máscara, guardando as mãos nos bolsos enquanto caminha vagarosamente ao lado dela.

Kakashi a olha de perfil. Os cabelos presos num rabo de cavalo extenso, que bate no vão bonito da sua coluna, onde começa a curva extraordinária da sua bunda. Os braços parecem um pouco mais fortes, ele repara. Talvez fosse de tanto que eles carregam as crianças no colo, ou do tanto que ela tem treinado para seus musicais. Os seios fartos, desenhados de uma forma a deixar fluir a imaginação fértil dele, que se junta à lembrança crua do corpo quando nu...

Eram essas coisas que o faziam rir. Deliciado. Desta vez, porém, Hatake é flagrado.

─ Do que é que você rindo aí, hein? ─ brada, como quem o repreende, mesmo com um sorrisinho falso no canto dos lábios.

─ Nada, querida ─ mente, sorrindo com os olhos.

A faz rolar os olhos, começando, gradativamente, a corar sob seu olhar.

Eles até tinham o que conversar, e ainda queriam consolar mais um ao outro. Mas a verdade é que o silêncio entre eles era reconfortante. Kakashi e Kalmia andam um ao lado do outro, num ritmo favorável para os dois. Quando ela o sentia cuidando-a, conforme a respiração dela se acelerava e o peito começava a subir e descer com mais pressa, Kalmia queria sorrir.

Depois de tudo, ela devia ficar preocupada quando ele se silencia, mas nada poderia ser melhor pra ela, olhá-lo e perceber que depois de tantos dias, ele estava distraído, e ela estava sendo sua distração.

O pensamento a faz sorrir abertamente, com dificuldade pra respirar, toda corada, a faz parar e pará-lo também para acompanhá-la.

─ Que foi? ─ pergunta ele, tranquilo e sem uma gota de suor sequer. Faz Kalmia franzir o cenho falsamente frustrada.

─ Te amo ─ ela diz, apenas, e tenta voltar a caminhar na frente dele.

Arrepiando-a, e fazendo -a suspirar, Kakashi segura seu pulso, apertando um pouco a pele quente entre seus dedos enluvados.

─ Kalmia... ─ ele chama, e é suficiente para fazê-la lacrimejar.

Kalmia tem se sentido carente, e há dias queria um pouco da sua atenção. Mas, mesmo com isso, não conseguia exigir que Kakashi saísse de seu luto, ou quando está minimamente ativo, deixe de ficar com Kakeru ou Kaizuka para atendê -la.

Ela tem ignorado a saudade da sua aura, e o fato simples que explicita o quão triste fica a casa quando ele não está bem.

Por isso, o toque, o sopro, a intensidade do olhar cinzento dele ali, entre todas as pessoas bem no centro do Parque Senju... a faz lacrimejar.

─ Kakashi... ─ sopra, olhando o marido nos olhos.

─ Não faça isso ─ sopra num tom tão baixo quanto o dela, a carícia no rosto da esposa e a aproximação quente chama um pouco a atenção das pessoas. ─ Se você se emociona com mísero toque, significa que eu tô sendo um merda de marido pra você.

─ Você nunca foi um merda de marido.

─ Eu a deixei de lado, Kal...

─ Não pense coisas assim. Você não está faltando comigo. Não está me magoando. Não fale isso...

Sem conseguir refutá-la, mas sem consciência alguma para concordar com a esposa, Kakashi a abraça, como quem finaliza o assunto ali.

A verdade é que ele estava preocupado com o futuro. Ansioso pra saber como seria daqui pra frente. Ela, portanto, só pensa no agora, sempre louca pra voltar pra casa e estar com seus três amores.

Mesmo que a linha temporal entre eles volta e meia divirja, de alguma maneira, inevitavelmente, Kakashi e Kalmia estão sincronizados, unidos, os corações parecem presos por um akaito, ambos grudados pelo futuro dos seus dois filhos.

GRITE Shippuden - Hatake KakashiDonde viven las historias. Descúbrelo ahora