Lembranças...

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Camilo

--- Senhorita Vanda?
--- Pois não, senhor Camilo?
--- Cancele tudo que ficou pendente para hoje. Estou indo para casa.
--- Sim senhor, aliás, sua esposa ligou e deixou recado, disse para o senhor retornar pra ela.
--- Ah sim, depois eu ligo, obrigado!
--- Sim senhor, uma boa tarde.
--- Igualmente senhorita Vanda. (Ahhhh finalmente... Irei o mais rápido possível para casa... Guinevere que me aguarde).

Guinevere

--- Humm... Essa blusa está estranha... Nossa... Faz tempo que não saio assim, nem sei mais que roupa usar... Humm... Acho que essa vai ficar bonita.
(Estava tão entretida, olhando as blusas no guarda-roupa, que nem ouvi o barulho da porta, ou passos na escada, simplesmente, quando dei por mim, lá estava...).
--- Por que toda essa produção?
(Me virei rapidamente ao som da voz).
--- Ca... Camilo?
(O susto que eu tomei foi tão grande, que a voz quase não saiu).
--- Surpresa! (Sorriu).
--- O... O que... Faz essa hora aqui? (Não conseguia parar de gaguejar... Ele nunca foi de chegar tão cedo assim).
--- Vim passar uma tarde maravilhosa com você... Podemos assistir um filme aqui mesmo no seu quarto, podemos abrir um vinho... (Sorriu). Agora que você já tem 18 anos, pode beber a vontade... -Disse ele adentrando o meu quarto e fechando a porta.
(Aquele gesto eu já sabia o que viria depois, mas mesmo assim eu não podia transparecer medo, é disso que ele gosta, de me ver com medo, mas também, não podia tirar ele do sério, era muito perigoso).
--- Estou de saída.
(Fiquei firme).
--- Percebi! Vai sair com o Dylan? -Perguntou ele, arqueando a sobrancelha.
--- Não. Vou sair com a Carolina. (Tinha que continuar firme).
--- Ahhhh Carolina, não suporto essa garota, sinto que ela é uma má influência, espero que ela não esteja colocando caraminholas nessa sua cabecinha, e nem você ter falado nada... -Disse ele colocando o paletó em cima da cadeira.
--- Você sabe que eu nunca falei nada pra ninguém... (Não ainda).
--- Boa menina, é assim que eu gosto, sigilo total... Aliás, você está linda, arrumada... Humm, cheirosa! É uma pena... Mas... Você não vai!
--- Eu vou sim!
(Exclamei).
--- Não... Você não vai e pronto. -Falou ele se aproximando.
--- Camilo, você não manda em mim. --- Ahh mando sim... Você é minha propriedade.
(A cada passo que ele dava, eu me afastava, até dar de encontro com a parede. Será que não havia mais escapatória?! Meu corpo tremia, meus olhos já estavam se enchendo de água, eu não queria viver esse pesadelo de novo, custei muito para esquecer, não quero me lembrar...).
--- Guinevere, relaxa, não é a primeira e nem será a última... Olha, se você colaborar dessa vez, tudo vai dar certo... Não precisarei te bater, te amarrar... Serei rápido. -Falou ele em um tom debochado.
(Meu suspiro saiu em forma de pedido...).
--- Camilo... Por favor...
--- Não consigo resistir a você, seu cheiro, seu jeito, é fascinante. -Disse ele quase em um sussurro.
(Vi ele desabotoando a camisa... Entrei em choque, me ver encurralada, com medo, fiquei sem reação).
--- Na verdade Gui... Eu não suporto a idéia de que você namora, ainda mais com aquele muleque, saber que ele te beija, te toca, é uma tortura. Eu só concordei com esse namoro, pra tirar as atenções que estavam voltadas para mim, os vizinhos já estavam começando a desconfiar, me olhavam torto, ouviam os seus gritos... Ahh... Eu esperei tempo demais...
(Com a camisa já aberta ele foi se aproximando. Senti suas mãos tocarem os meus braços e subindo lentamente... Me puxou da parede, e fincando sua mão por baixo do meu cabelo, o puxando; senti meu couro cabeludo arder).
--- Aaaaii, você está me machucando... (Escorreram algumas lágrimas... Me colocou junto ao seu corpo... E disse...).
--- Você se lembra como foi a última vez... - Perguntou ele.
(Não o respondi).
--- HEIN GUINEVERE, RESPONDA! - Gritou ele.
--- Camilo... (A expressão dele era horrível, me arrepiava a alma).
--- Você não entende né?! Eu faço tudo isso por amor...
(Olhei dentro de seus olhos, ali não havia amor, havia um monstro muito cruel, que se escondia atrás dessa palavra).
--- Isso não é amor... Camilo... Você é doente. (Saiu como um soluço).
--- Sou doente sim... Por você! Eu te amo Guinevere.
(Com a mão ainda presa em meus cabelos, ele se inclinou... Senti sua respiração ficando cada vez mais forte, seu ar quente, vindo de encontro com o meu rosto... Senti de novo a pior sensação da minha vida, quando seus lábios encostaram nos meus... Tudo voltou a minha mente, estava tão claro como o dia de hoje...).

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