Reencontro...

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Guinevere

(Uma semana se passou… E junto com ela, as marcas que haviam ficado no meu corpo… Uma semana perturbada, onde eu mal conseguia dormir, me mantive em alerta o tempo todo; praticamente não saia do meu quarto. Não iria dar mais brechas para ficar naquela situação… {Suspirei}. Sempre que via o Camilo chegando mais cedo, eu corria para o quarto de hóspedes e o trancava, eu havia conseguido pegar a chave antes dele, então fiz daquele quarto o meu refúgio; mas quando não dava tempo de subir as escadas, eu me escondia no banheiro e ficava lá até minha mãe chegar… Tudo isso era preciso, pois nunca dava para saber o momento que ele ia atacar! Era como se de fato estivesse me caçando, esperando a oportunidade certa para dar o bote! Não sei até quando vou aguentar ficar nessa situação! Depois daquele dia, tentei achar outras maneiras de contar a minha mãe sobre ele, mas eu nunca conseguia, além da coragem que me faltava, havia o medo também. Medo da reação dela, não só por mim, mas pelo bebê também; sua gravidez é de risco, e pode ser perigoso, não quero que sofram nada... {Respirei fundo}... Irei esperar! Esperarei até o bebê nascer, daí eu conto tudo, e fujo com a minha mãe para bem longe daqui! Nunca mais ouviremos falar de Camilo… É tudo o que eu mais quero, estar livre... Finalmente livre).
~~ TRIMTRIMTRIM~~
(Ouço meu celular tocar, e olho a tela… "Carol"… Senti uma saudade na hora em que lembrei de sua voz, já faz algum tempo que não nos falamos…).
--- Carol…
--- Gui?! Está em casa?
(Eu queria dizer que não, pois sabia que quando ela faz essa pergunta, é porque vai vir aqui… E eu não estou muito afim de receber ninguém! Porém…).
--- Sim, estou…
--- Então faça o favor de descer aqui e abrir a porta para mim!
(Não acredito! Assim que disse isso, pulei da cama e olhei pela janela, e avistei um rosto mais que amigável! Não perdi tempo, saí do quarto às pressas, desci as escadas, e fui em direção a porta para recebê-la).
--- GUIIII. -Deu-lhe um berro quando abri a porta.
(E em seguida um abraço tão apertado, que pude sentir um de meus ossos estalando…).
--- Ai! 
(Senti muito a falta dela durante esses tempos, na verdade eu que fui a culpada dessa falta de diálogo, me isolei, não queria ver ninguém, nem falar com ninguém... Mas estava com muitas saudades de vê-la).
--- Óh céus... Finalmente, em dona Guinevere. O que houve? Foi abduzida? -Disse adentrando a minha casa.
--- Sempre estive aqui.
--- Guardada a sete chaves né?! Pois passou dias sem me ligar.
(Reparei que olhará para os cantos da casa).
--- Cadê sua mãe e o Camilo? - Perguntou com um tom de curiosidade.
--- Não estão… Foram em uma consulta.
--- Ah sim! Mas e o bebê? Está bem?
--- Sim, está.
--- Já sabem se é menina ou menino?
--- Ainda não… Minha mãe disse, que tem que esperar mais um pouco para saber.
(Tentei transparecer boa aparência, para que não notasse, minhas olheiras, meu corpo cansado, e minha pouca vontade de falar… Mas como sempre, foi em vão).
--- Gui? O que há? Está tão abatida.
(Aprendi a odiar perguntas, e conviver com mentiras… Vê-la ali, com um olhar curioso em minha direção, estava começando a me deixar incomodada).
--- Nada… É apenas preocupação com um futuro distante.
(Dei-lhe um pequeno sorriso de lado para disfarçar).
--- Não vá me dizer que ainda é por causa do Dylan?
--- Não! Quero dizer, sim.
(Às vezes eu esqueço que eu tenho que saber usar as palavras com a Carolina, ela é muito esperta, saca as coisas muito rápido).
--- Certeza?! -Arqueou a sobrancelha.
--- Sim! Eu ainda estou abalada com o que houve sobre o Dylan. (Menti).
--- Aí não, né Gui... Affs, pare com isso imediatamente, esqueça Dylan, esqueça o passado, esqueça tudo! (Respirou fundo). Faça o favor de sacudir essa poeira e vamos sair!
--- Sair? (A olhei sem "entender"). Para onde?
--- Pra qualquer lugar. Sério, você está precisando urgentemente respirar, ver pessoas, tomar um sol! Ande logo… (Me puxou). Vamos agora!
--- Calma… Não sei se é uma boa idéia... Não estou muito legal!
(Acho que nem sei mais ser uma pessoa social…).
--- Por isso mesmo, eu vim aqui Guinevere para te obrigar a sair, não estou te pedindo.
(Me senti encurralada... De fato eu precisava, mesmo sair, respirar, me desligar dessa casa e de todos… Mas estava receosa).
--- Não, Carol. Melhor não, vamos deixar para outro dia, não estou no clima.
(Me olhou de uma forma compreensiva).
--- Entenda, se não der um passo à frente, nunca estará no "clima"... Se a história com o Dylan ainda lhe chateia, amenize então. Faça isso e você verá como irá melhorar.
(Carolina sempre teve bons conselhos… É um tanto desbocada, mas sempre é bom ouvi-la).
--- Hum… (Eu estava tentando me convencer de que vai ser bom, eu preciso disso). Bem… Então eu irei.
--- Isso aí… Uffa, finalmente.
--- Mas espere! Tenho que avisar a minha mãe antes.
--- Avisamos ela no caminho, agora vamos logo, antes que você mude de idéia.
--- Mas afinal, para onde vamos?
--- Iremos a uma lanchonete que abriu aqui perto, acho que hoje é inauguração dela.
--- Hum.
(Será uma boa idéia?).

TriânguloWhere stories live. Discover now