Em casa II...

394 28 0
                                    

Guinevere

(Entrei mas não havia ninguém na sala... Mas a luz da cozinha estava acesa... Ouvi vozes vindo de lá... Fui me aproximando lentamente, nem sei ao certo o que estava se passando na minha cabeça naquele instante... Antes que eu entrasse na cozinha... Minha mãe chamou...).

--- Guinevere? Estamos aqui...

(Meu coração estava acelerado... Minha mãe e o Camilo sentados a mesa olhando para mim... O que estava acontecendo? Fiquei parada, olhando sem entender nada).

--- Sente-se... -Falou o Camilo. (Ele estava com uma expressão de deboche... Mas assim o fiz, me sentei de frente pra eles...).

--- O que está havendo?

--- Ahh... Gui... Aconteceu uma coisa maravilhosa... Eu já até havia perdido as esperanças , mas hoje aconteceu o inesperado, eu não estou acreditando ainda, é como se tudo isso fosse um sonho.

(Dizia ela sorrindo e chorando ao mesmo tempo. Eu estava tão preocupada com o que seria, que eu nem percebi o óbvio).

--- Sua mãe está grávida. -Disse o Camilo.

--- O que? (Congelei... Não acredito que ouvi isso... Não havia palavras em minha boca, a saliva desceu espessa... Eu já não raciocinava mais... Via eles falando comigo, mas era como se algo tampasse os meus ouvidos para que eu não ouvisse o restante).

--- Viu amor... Falei que a Gui ia ficar super feliz com a notícia. -Ironizou ele. (Sua risadinha sínica me embrulhava o estômago).

--- Aí filha, estou tão feliz... Só eu sei o quanto eu queria ser mãe novamente; bem convenhamos, que devido a tantos remédios que eu já tomei, querendo ou não a idade também, talvez minha gestação seja de risco... Mas eu farei o possível para tudo dar certo... É o que eu mais quero... Agora sim tudo está completo, terei um filho do homem que eu amo. -Disse ela se virando e o beijando.

(Isso só pode ser um pesadelo).

--- Eu... Eu não estou me sentindo muito bem... Com licença... (Me retirei o mais rápido dali antes que eu desmaiasse... Fui para o meu quarto e me sentei sob a cama, tentando acreditar que aquilo não estava acontecendo, não agora que eu ia arrumar coragem pra contar tudo...).

--- Ué... O que houve com ela?!

--- Emoção...-Respondeu o Camilo.--- Vou lá falar com ela, ver o que está se passando, eu já volto.

--- Está bem.

(Vi a porta se abrir, o vi entrar e se aproximar...).

--- Você fez de propósito! (Falei o encarando).

--- Ora Gui... Algo tinha que ser feito, você estava ficando muito independente; emprego, namorado, sonhos (Sorriu)... Com certeza tentaria sair daqui... Ir para longe de mim.

--- E o que te faz pensar que eu não vou?! A minha vontade era de contar pra ela tudo o que você faz... (Eu sentia minha garganta fechar... A vontade de chorar era imensa).

--- Conta... Vai lá... Mas seria uma pena. Imagina só, que desgosto pra ela... (Sorriu)... Sua mãe come na palma da minha mão... Ela é completamente louca por mim... Agora, se vc quiser sair, pode ir, as portas estão abertas... Só já parou pra pensar? Algo acontecendo á ela ou ao bebê...

--- Você é um monstro! Como você tem a coragem de ameaçar minha mãe grávida de um filho seu? (Eu estava pasma... As lágrimas já escorriam timidamente).

--- Acho que você ainda não entendeu... Eu não me importo com a sua mãe ou com o bebê... Você é a única pessoa que realmente me interessa... -Falou se aproximando tentando tocar em meu rosto.

--- Tira a mão de mim... Você me enoja... (Me afastei para trás... Só havia maldade em suas palavras).

--- Bem, leve isso como um lembrete... -Disse se virando indo em direção a porta. --- Ahh...Já havia me esquecendo; a partir de hoje está porta ficará aberta, você não a trancará mais, veja isso como um castigo pela sua rebeldia... Boa noite, bons sonhos...(Piscou). -Ironizou e saiu levando consigo a chave do meu quarto.

(Enxuguei minhas lágrimas... Eu tinha que ser forte, tenho que pensar em algo, mas em que?!, Camilo é um homem de contatos, qualquer passo dado em falso, seria o fim... Ahh, minha mãe é uma tola mesmo, como ela não percebe, algo que está bem embaixo de seu nariz... Que ódio... Droga, não posso culpa-la; está louca por ele, que não enxerga um palmo á sua frente... E agora?!).

--- O que eu faço?! (De tanto pensar, chorar, especular...Acabei adormecendo, de uniforme e tudo).

TriânguloOnde as histórias ganham vida. Descobre agora