Are you lying?

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"You think that you can hide?

(Você acha que pode se esconder?)

You think that you escape?"

(Você acha que escapou?)

— No more cake

Era uma cena do mais puro desconforto. Não por minha parte, talvez, mas por todos os olhares dos familiares, vez ou outra julgando em sussurros ou apenas com seus olhares maldosos sobre a ruiva isolada, sentada num dos enormes sofás vermelhos da vovó.

Lá estava Sophia. Tinha apenas quinze anos nas costas, mas já parecia estar sendo totalmente julgada na família por ter sido pega após sua fuga com o namorado e, então, encontrada bêbada e sem noção alguma do que dizia. Isso era o que eles diziam, mas tanto eu, quanto ela, sabíamos a realidade sobre os animatronics, aparentemente.

Minha família não era tão conservadora fanática, mas, mesmo assim, uma "saída dos trilhos" faria com que todos te julgassem. Tanto que, quando minha mãe se casou com Jennie, meus avós sequer foram em seu casamento. Bem, a evolução mental devia ter melhorado, visto que voltamos a comparecer aos almoços em família há poucos meses.

— Ah, Jungkook! Você está tão magrinho, meu menino. Sua mãe e a brutamontes andam te alimentando direito? — minha vó perguntou, soando realmente preocupada com meu estado. Não era para menos, eu ainda estava com longas olheiras, pálido e um pouco mais magro, sem contar, claro, com os machucados.

— Vó, não a chame assim. Sabe que pode chateá-la.

— Tanto faz! Escute. — a velha senhora abanou-se com uma de suas mãos, então pareceu desistir de sua tentativa de passar o calor e a pousou em meu ombro. — Eu disse à sua mãe para voltar a incentivá-los a comparecer à igreja. Você e Yongsun já são adultos já! Veja só Sophia como exemplo. Foi só desviar-se por culpa do namorado e agora está cheia de espíritos.

Ok, talvez minha vó fosse um tanto conservadora fanática. Ainda tentávamos trabalhar com seus pensamentos. Mas como julgar uma senhorinha que, desde pequena, teve tantos temores colocados em mente?

— Tenho certeza que Soph está perfeitamente sã, vovó. Que tal a senhora ir para a cozinha? Vou conversar com ela.

— Ótima ideia, querido! Diga à ela que pare de repetir sobre seus pesadelos, ou a mandarei ao hospício!

Cocei a nuca e sorri forçadamente, aguardando enquanto minha avó, calmamente, mancava até a cozinha. Quando ela enfim sumiu de minha vista, soltei um suspiro, virando-me em direção à sala, local em que Sophia se encontrava sozinha.

— Você está bem? — murmurei, aproximando-me com cautela. Como se, sei lá, estivesse conversando com uma fera enjaulada. Não saberia dizer o porquê de minha apreensão inicial, mas talvez fosse pelo meu medo do que acabaria ouvindo de que Foxy estivesse atrás de mim realmente.

— Como eu pareço estar?

Sua resposta foi curta e grossa. Afiada. Parecia estar irritada diante do cenário em que nos encontrávamos, além de eu nunca ter conquistado seu respeito.

— Está com uma cara horrível, como sempre, então diria péssima.

— É, pela primeira vez na vida, nós temos algo em comum.

Revirei os olhos e me sentei no sofá em frente ao seu. Estava um pouco rasgado, culpa de Scurcles, o gato travesso, mas mantinha-se com a mesma nostalgia infantil. Poderia me encostar no assento e divagar por diversas horas sobre minhas memórias de lá, como quando o feitiço virou contra o feiticeiro e eu mesmo me machuquei com a agulha que havia posto para Soph se machucar. Ah, bons tempos, naquela época, a única coisa que me preocupava era ter a certeza em todas as manhãs de que estava bonito o suficiente para encontrar Olivia Sparks na escola, e em um plano maligno para infernizar minha prima durante a tarde.

You can't hide ໒ jjk + pjmWhere stories live. Discover now