ANOS DEPOIS...

4.3K 314 27
                                    

Anos depois...

O som das águas batendo umas nas outras eram sons para me acalmavam. O ar frio e valente do reino de Albana dava uma ótima sensação de refrescância na pele. Anos se passaram desde que pisei no meu reino pela a última vez. Meus pais, após saberem tudo sobre o meu passado em Glinder, decidiram que seria melhor eu passar um tempo aprendendo em outros lugares. Aprendendo? Sim!

Agora que não sou virgem, os reis não iriam aceitar com facilidade casa-se comigo, então escolhi não se casar. Não podendo mais formar alianças através do meu casamento, estava na hora do meu reino parar de esperar um rei. Eu iria governar Albana, solteira. 2 anos de longos ensinamentos de como ser uma guerreira e ser uma rainha se passaram e eu estava pronta para receber minha coroa. Meus pais já estavam cansados e sem pulso firme para assuntos do reino, se tornando crucial a minha volta. Agora, encostada na madeira do barco olhando para o horizonte, penso sobre o que voltar para casa representaria. Arthur estaria na minha coroação? O que aconteceu com James, Carolina, Gabriel, Mery...? Faz alguns meses desde que parei de pensar em Arthur, e aceitei que o destino se enganou em nos juntar.

— Terra à vista!!

Ouço um dos piratas gritarem. Sim, piratas! Nesses anos não aprendi somente coisas boas, me envolvi em cada uma das aventuras que tinha direito. Parei de ser tão inocente quanto era, mas meu coração ainda era mole e flexível como a água.

— Você está de volta. — Diz o comandante Al para mim — Ainda dá tempo de damos meia volta. — Ri batendo em meu ombro
— Já estou me arrependendo de pedir sua ajuda — Digo rindo.
— Não se preocupe. — Fala com sorriso no rosto — Você já nos ajudou em grandes coisas. Não parece mais aquela menina medrosa. É uma honra te trazer até aqui.
— Obrigada comandante

Ele abaixa o seu chapéu fazendo reverência, virando as costas. Redireciono meu olhar para Albana. Sei que não estou voltando exatamente como os meus pais queriam, mas fiz o meu melhor. Olho para baixo vendo minhas vestes, que agora não são mais vestidos deslumbrantes e joias. Agora são mais fáceis de correr, confortais e ágeis. Botas e calças agora fazem parte das minhas roupas. Quem me visse, me chamaria de pirata, o que eu consideraria um elogio.

— Pelo menos agora vai se vestir como uma dama — Ana chega com os seus vestidos deslumbrantes.
— Nossa, está linda! — Sorrio.
— Por que ainda não está vestida? Já chegamos!
— Não irei trocar de roupa — Ando até as nossas malas.
— C-como? — Me acompanha — Você será coroada assim que o sol se por. Tem convidados de diversos cantos no palácio. Se você se esbarrar com algum deles antes que chegue em seu quarto para se trocar ... ou pior, se esbarrar com seu pai!
— Calma Ana! — Pego a mochila rindo — Não se esqueça que eu vou ser a rainha, já não importa mais o que pensam de mim, e sim o que eu penso deles.
— Você não tem jeito! — Diz me acompanhando.

Minutos depois, paramos em terra firme. Uma escada de madeira é colocada para nós descermos do barco. Ouço grandes gritos e aplausos vindo do outro lado.

— As pessoas chegaram para lhe receber! Por favor vá trocar de roupa — Ana insiste.
— Vamos fazer uma grande entrada então.
— Anya. — A interrompo com gritos.
— Amigos — Me viro para todos do barco — Por que não me acompanham e participam da festa? — Digo me curvando ouvindo, eles gritarem de felicidade — Al! Vamos! Você ficará ao meu lado.

Me direciono a escada de madeira com Ana e Al ao lado, e todos os 7 piratas atrás de nós. Ando até que sou visível a população. Todos param e me olham com suas bocas entre abertas. Ando sobre a escada olhando um por um. Todos assustados, esperavam uma princesa delicada e doce como eu era. Ouço um menino gritar e chamar meu nome, quebrando todo aquele silêncio e tensão. O olho de longe, ele estava nos ombros do pai, acenando para mim.

— Pelo menos seja gentil para não os assustarem — Sussurra Ana

A olho rindo e começo a acenar ao garoto, mandando-lhe beijos. Então todos voltaram a fazer barulho, me saldando e cumprimentando. Os piratas tentaram ser mais gentis que puderam, mas não estavam acostumados a serem tratados bem. Vejo de longe 2 cavalos postos para que eu e Ana fôssemos para o reino. Claro que meu pai não esperava que eu levaria amigos, então deixei os cavalos para algum camponês cuidar e fui andando junto de todos, ouvindo Ana reclamar quase todo o percurso e Al brigando com ela. Eles pareciam se odiar, mas sei que estavam completamente apaixonados. Ambos se preocupavam um com o outro e sempre trocavam olhares.

Chego aos portões do castelo, onde meu coração começa a bater mais rápido e intenso. Ouço barulho vindo da parte de dentro e já posso imaginar que os convidados estavam me esperando.

— Não vai desistir agora, vai? — Diz Al e ouço Ana bater nele para que se calasse.

Um sorriso convencido e confiante vem sobre os meus lábios e dou um suspiro. Aceno com a cabeça, e assim os piratas abrem os portões. Vejo todos os convidados tirarem seus sorrisos do rosto quando me olham, ando em frente, abrindo no meio deles um caminho em direção aos meus pais, sendo seguida pelos piratas que olhavam para os nobres como se fossem nojentos. Olho para a minha frente e vejo o rei e a rainha, sorrio ao ver seus olhares assustados. Chego próxima ao trono onde se sentavam, e me curvo com elegância.

— Pai ... mãe ... — Falo me levantando.
— Minha filha retornou! uma nova rainha Albana terá! — Diz meu pai se levantando com um sorriso no rosto. Após suas palavras, todos aplaudiram e gritaram pelo meu nome.
— Filha depois você irá me explicar, não vai? — Diz chegando perto de mim, sussurrando — Mas agora me dê um abraço.

Sorrio e lhe abraço forte, depois vou em direção a minha mãe que me recebe com lágrimas nos olhos pela saudade.

— Filha! Você está forte o suficiente? — Fica preocupada.
— O que houve mãe? — Sorrio.
— Ele está aqui. — Junta as sobrancelhas deixando seus olhos tristes.

Não a respondo. Apenas paraliso com suas palavras, ficando séria. Me viro para trás e os meus olhos buscam aquela pessoa, a qual lutei tanto para esquecer. Porém, percebo que nada adiantou, quando o vejo, entre todas as pessoas, parado, olhando para mim. Naquele minuto, parecia que cada noite em claro, nada valeu. Todas as minhas tentativas de ocupar a mente para parar de pensar nele foram em vão. Minhas pernas, agora fracas, estavam quase me derrubando.

— Pa-pai? — Digo trêmula ainda olhando Arthur nos olhos.
— Ele tinha que vir filha, muita coisa aconteceu quando você foi embora. Sinto muito. — Engulo seco.

O rei tirano Where stories live. Discover now