Capítulo 1

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Existiam dois reinos muito diferentes, um era Glinder e o outro Albana. O primeiro, valorizava a brutalidade e a guerra. O segundo, a passividade e os estudos. Há muitos anos eles lutavam um contra o outro, gerando grande trauma para mim, que, na época, não passava de uma criança. Ainda consigo lembrar de todas às vezes que me escondi nas masmorras para se proteger, pois, o reino de Glinder estava a porta de Albana, meu lar. O que esperar de dois reinos tão diferentes, se não a guerra?
Você consegue me ver? Na sacada do meu quarto, olhando toda aquela belíssima paisagem. O sol estava aparente, mas o vento frio escondia o calor que ele pairava na minha pele. Não parava de pensar em tudo que iria acontecer comigo a partir de hoje. O reino de Glinder, embora ainda houvesse muitos conflitos deixados por herança histórica com o meu reino, assinaram um tratado de paz depois da última guerra. Agora, foram pressionados a nos pedirem ajuda, pois estão com inimigos perigosos. Somente eu, a princesa de Albana, posso assegurá-los que estarão seguros, casando-me com o príncipe Gabriel e lhes oferecendo parte de algumas riquezas que possuíra e um exército treinado quando fosse necessário.
Não me incomodaria se fosse com outro reino. Já fui alertada que os meus pais usariam o meu casamento para alguma aliança política e promissora, mas nunca imaginaria que fosse com eles.
Sou tirada dos meus devaneios quando ouço três batidas na porta do meu quarto. Então, recomponho-me e vou abri-la.


— Querida, está quase na hora da viagem. — Fala minha mãe, rainha Elizabeth. Serena e calma.
— Mas mãe... - Digo já com o semblante triste e pronta para começar a suplicar clemência.
— Calma Anya. — Fala pegando na minha mão e me levando a cama para que nos sentássemos e conversássemos.
— Eu não sei se consigo mãe. – Tremo - todos lá odeiam os Albanos, o Rei Arthur já deixou claro que não estar feliz com essa união, só permitirá por precaução. Não consigo entender por que o meu pai aceitou essa união.
— Filha, não é somente eles que terão a nossa ajuda. Muitos reinos estão se revoltando um contra o outro, se um dia precisarmos da ajuda deles, teremos você como motivo claro para ajudarem.
— ­­­Entendo. — Falo, sem esperanças dos planos mudarem.
— Não fique assim, eles não são tão bárbaros, você nunca os viu! — Diz pegando meu queixo e levantando a minha cabeça.
— Não ouço outra coisa sobre eles mãe, sei que não os conheço, mas... — Então sou interrompida.

— Mas não tem opção. — Afirma, olhando para mim, forçando um sorriso para disfarçar a sua tristeza ao ver-me nesta situação.

Conversamos por um tempo, até que chegou a hora de ir ao encontro do meu destino. Então a minha melhor amiga e serva, Ana, começou a pentear os meus longos cabelos loiros, colocando as minhas vestes e perfumes da melhor qualidade que possuía em todo o meu reino.


— Está divina. — Diz, me olhando pelo espelho em que me encontro sentada em frente. Subo a vista e dou-lhe um sorriso fraco.
— Que isso minha amiga, eu estarei lá com você... — A interrompo.
— E é o único motivo que suportarei estar lá, — Ela responde-me com outro sorriso fraco.


Então o meu querido pai, rei George, bate na porta avisando que já estão todos nos esperando. Estremecendo, retiro-me dos meus aposentos, andando para fora do castelo. Chegando ao portão do castelo me encontro com o meu pai, que está garantindo com os soldados que tudo estava certo para a viagem, quando ele me olha e sorri. Nesse frágil momento meu coração da um aperto, pois sou uma das poucas pessoas que sabem a bondade deste homem, e o que ele fez para ajudar todos do seu reino.

Não o culpo por todo esse cenário. Pensar no melhor de todos e não ser egoísta, certamente era o seu perfil. Espero um dia ter a serenidade e a sabedoria deste homem. Retribuo com outro grande sorriso para que não fique preocupado com o que estou a sentir.


— Pai, sentirei saudades. — Digo descendo os degraus e indo aos seus braços para um abraço.
— Irei lhe visitar assim que puder a minha princesa! — exclama ao apertar o nosso nossos corpos.
— Espero que sim, então, partirei.— saio daquele aconchego e subo na carruagem, olhando uma última vez para eles.


Longa foi a viagem, mas estava acompanhada de Ana e as nossas conversas fizeram horas virarem minutos. Me aproximando da janela posso ver o reino.

— Nossa, é lindo! — digo surpresa e começando a ficar menos triste.
— É magnifico, princesa. — Ana fala, também com a boca entre aberta.

Quando a carruagem estava perto da localização final, pude ver um grupo de pessoas reunidas na frente dos portões do castelo Glinder e já pude adivinhar quem eram.

O rei tirano Where stories live. Discover now