A Rendição

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— Capítulo 15 —

          A equipe de soldados do IPC saiu do prédio com os rifles apontados nas crianças, nas mulheres, no Cavaleiro e seus parceiros. Rose parecia a mais acabada de todas, exausta e sem ânimo para continuar. Já havia fritado muitos soldados com suas chamas, por isso sua energia mágica ainda estava se recompondo de um esvaziamento completo, e, aos poucos, seu estado Alpha retornava, impressionando Équis ainda mais pela beleza.

          O sol raiava fortemente sobre o ICS. A grama brilhava, refletindo toda a luz, e os bancos da praça, mesmo alguns depredados pelos homens do IPC, continuavam no mesmo lugar, fazendo parte de uma bonita paisagem. A fachada do Instituto na frente da fonte de água continuava forte e imponente, apesar da destruição ocasionada pela bomba.

          "Não se tratam de bombas quaisquer" havia dito Bia. "Elas têm um alcance de até dois mil metros. Parece que não são bombas construída à base de explosivos, mas com um poder de fogo diferente. Não sei dizer o porquê, mas me parece muito parecido com o nosso. Talvez eles estejam usando nossa energia como combustível para as bombas."

          A hipótese não era absurda. Afinal, o IPC ativou um gene da síntese sem a presença de Natto. Podia muito bem ter armazenado energia cósmica de uma outra forma.

          "Seja como for, precisamos desarmar as duas bombas" continuou Bia. "Caso o contrário, todo o prédio ou talvez tudo num raio de dois quilômetros possa ser destruído..."

          — Vamos. Ande de uma vez — gritou um dos soldados, dando uma coronhada na nuca de Natto depois que ele parou para tranquilizar uma das crianças. Havia uma verdadeira legião atrás dele, caminhando com as pessoas para fora do prédio. Ártemis e Équis, também algemados, caminhavam um pouco mais atrás.

          Apenas Rose não se encontrava ali. A garota havia se misturado entre os soldados e, então, sumido de vista.

          A legião composta por reféns e soldados chegaram no chafariz e ali estacaram, esperando o Nevoeiro e seus homens. Os inimigos vieram de longe, caminhando pela trilha até chegar na fonte. Água rebentava pela lança, formando um agradável arco no ar.

          Na grama, mais perto da floresta do que do prédio, havia algumas dezenas de veículos vigiando o encontro: tanques de guerra, jipes com submetralhadoras, carros de exército blindados. Uma convenção militar, ou uma invasão guerrilheira pronta para o combate.

          O Nevoeiro fez um sinal para que caminhassem mais um pouco, e os dois grupos subiram juntos uma pequena elevação, onde estavam cerca de dez veículos blindados e tanques apontando suas armas e canhões para o bando. Claro, o Comandante não queria ter mais problemas com os metidos a heróis.

          Porém, enquanto eles caminhavam, a cada passo, insurgia uma revolução nos reféns e no próprio Cavaleiro. Resolução que remontava a cerca de vinte minutos atrás.

          Antes de dar início ao seu plano, Natto subira no palco do refeitório e começara a discursar. Sua voz ecoava pelo metal nas paredes enquanto a plateia o observava com os olhos cintilando.

          — Eu aprendi uma coisa muito importante hoje, com a ajuda de vocês. Na verdade, a Rose, a Bia, o Équis e até mesmo minha querida parceira Ártemis vieram me ensinando isso durante o tempo que os conheci. Só que eu não queria perceber. Eu fui teimoso e apanhei. Derrubaram meu próprio instituto em cima de mim: meu sonho desmoronando sobre a minha cabeça. Eu nunca pensei que seria fácil conseguir o que almejo. Tudo que fiz foi construir minha fortaleza para ficar mais forte e carregar aqueles que precisam de mim. Porém, só isso, não basta. Nossos inimigos, aqueles que lutam contra nossos ideais, são muitos. E chegou a hora de mostrar a eles o quanto nós crescemos. Chegou a hora de contra-atacar.

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