Capítulo 15 - Hoseok

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— Eu sei — ele assentiu —, mas já faz quase dois anos, Hobi. Você se machucou, SeokJin se machucou... e tudo por causa daquele garoto.

— SeokJin me machucou mais do que foi machucado, é injusto citá-lo agora — grunhiu, não evitando quando seus lábios se juntaram em um bico mal humorado. — Ele escolheu fazer o que fez... ele era o adulto da situação.

— Tudo bem, tudo bem... não vamos brigar, okay? As coisas já estão ruins demais para isso.

— Desculpe — sussurrou, voltando a beber enquanto folheava as anotações do amigo. — É só que eu odeio esse assunto.

— Está tudo bem — o homem sorriu. — Mas se te consola, SeokJin decidiu que ficará em casa hoje.

— Sozinho? Por que? — Hoseok franziu o cenho, estranhando a atitude do irmão. Desde que era adolescente, Jin odiava ficar sozinho. Ele era aquele tipo de pessoa que sempre precisava ter algum companhia, em uma tentativa falha de preencher algum vazio dentro de si.

Acontece que SeokJin nunca aprendeu que solidão era um sentimento que você era incapaz de controlar; mesmo entre trinta amigos, você continuaria se sentindo sozinho, porquê era quase como um estado de espírito. Talvez fosse por isso que atualmente, quase com vinte e seis anos, SeokJin só tinha um amigo, que o acompanhava desde que eram crianças solitárias e tímidas. JinYoung e SeokJin eram, de alguma maneira, parecidos entre si, então a relação funcionava bem no fim de tudo.

— Ele disse que quer tirar um tempo para si, pensar em algumas coisas... Ele até comprou um vinho e ingredientes para fazer fondue naquela máquina que compramos e nunca usamos — ele riu. — Eu sei que você não acredita nisso, mas seu irmão é uma boa pessoa, Hobi. Ele só é... inconsequente, e imaturo por ter arrumado briga com um garoto de dezesseis anos.

— Eu sei, appa. É só que eu não quero perdoar ele, para depois ter uma briga onde acabaremos jogando isso na cara um do outro. Não é certo, sabe? Eu quero aceitar suas desculpas quando eu tiver certeza de que o perdoei cem por cento, quando eu tiver certeza de que o rancor sumiu — explicou. — Eu sequer consigo manter amigos próximos dele, porquê tenho medo dele fazer o que fez novamente... Como posso o perdoar pensando assim? Não... é certo — repetiu.

— Só... faz o que você acha que é melhor para si, tudo bem? — Hoseok o olhou, erguendo uma sobrancelha em surpresa. — Eu sei que você se esforça todo dia para mostrar que é importante, que é inteligente... Mas você não precisa, Hobi. Você não precisa se provar; quem te conhece sabe quão importante você é, consegue ver como você é inteligente... Se não consegue enxergar isso, então o problema está na pessoa, e não em você. Hoseok, não se diminua para caber no mundo de alguém.

— Obrigado — sussurrou, pressionando seus lábios com força ao sentir finas lágrimas começarem a escorrer por seu rosto. — Obrigado por não desistir de mim, mesmo quando pensei que o faria...

— Eu nunca faria isso contigo, Hobi — ele respondeu, esticando o polegar para escorrer uma lágrima que deslizava pelos lábios do filho. Eram idênticos aos dela. — Eu sou seu pai.

— Sim. Você é — concordou, como uma tentativa de confirmar para si mesmo. Às vezes ele esquecia que o homem era seu pai, e se odiou um pouquinho ao confirmar isso.

— Agora termine seu café, e... Pare de estudar um pouco, descanse sua mente. É véspera de Natal, você deveria estar aproveitando, e não lendo todos esses papéis.

Código Binário | VhopeWhere stories live. Discover now