Capítulo 29 - Hoseok

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— Então? Por que me chamou aqui? — foi o que Namjoon perguntou logo que a garçonete se afastou, após terem anotado seus pedidos: para o Kim a clássica torta de limão com café, e Hoseok a torta de banana com canela, junto de chocolate quente. Era seu pedido corriqueiro, algo que nunca mudava quando visitava aquele lugar. Por que alteraria seu pedido, se sempre dava certo?

— Eu queria falar contigo — começou, puxando os dedos com precisão enquanto pensava em tudo que tinha acontecido naquela semana, e como as coisas pareciam encaminhar para algo que já não possuía mais controle nenhum —, sobre Taehyung.

— O que aconteceu dessa vez? Outra briga no meio do corredor que nem a última? Sinceramente, eu... — ele parou de falar ao notar que a garçonete retornava, agora carregando uma bandeja com as bebidas e doces. Hoseok adorava o atendimento ágil deles, por isso não hesitou em abrir um sorriso agradecido quando fora servido, antes dessa se afastar. Foi quando ele notou que Namjoon ainda lhe observava, dessa vez segurando a xícara de porcelana entre os dedos longos. — O que houve entre vocês?

— Nada. Nada grave, pelo menos — sorriu minimamente, cortando sua torta em pedaços iguais – ou tentando –, antes de morder uma parte generosa, pensando em como o doce combinava com o ácido. — Nós nos resolvemos.

— O que? — o seu melhor amigo perguntou em choque, antes de deixar o porcelanato apoiado na pires. — Contexto, por favor.

— Ai, Nam... acho que você tava certo naquele dia que conversamos pelo telefone — suspirou, cansado. Namjoon ainda o observava, com um mix de felicidade e preocupação. — Na verdade, sobre tudo.

— Eu sempre estou certo — brincou, embora Hoseok soubesse que ele falava a verdade. Namjoon estava sempre certo sobre tudo que acontecia em sua vida; era como ele o conhecesse melhor que si. Hoseok nunca tinha sido bom em autoconhecimento, sempre necessitando de um empurrão para entender de fato as coisas. Tanto que quando o Kim não o ajudou em algo, o Jung ficara dois anos sem se falar com o irmão – pelo menos sem que houvesse brigas desnecessárias e cruéis. — Mas sobre o que estou certo dessa vez?

— Eu não me afastei do Tae porquê ele era... o que era — sussurrou, evitando que qualquer pessoa pudesse ouví-los. Namjoon assentiu, compreendendo sua linha de raciocínio. — Eu me afastei dele porque ele me escondeu isso sem que houvesse motivos que eu compreendesse, me senti traído da mesma forma que ele sentiu-se no Natal, quando menti sobre amigos não se beijarem e tudo mais.

— É... você usou da ingenuidade dele para se livrar de um peso que não conseguia suportar — Hoseok sorriu antes de voltar a comer, gostando como o melhor amigo sempre entendia o que se passava por sua cabeça – sem sequer precisar explicar. — Então você notou que foi hipócrita, e...?

— E nos resolvemos — repetiu. — Conversamos sobre o quê sentíamos, desabafamos, nos beijamos e depois ele explicou como funcionava sua programação depois que sua bateria acabou.

— Ele descarregou na sua frente? — assentiu, dando um gole do chocolate quente. — Bem irresponsável.

— Parece que ele estava cansado por estar estudando sua missão que não me explicou ainda — ele não notou a careta que se formou no rosto de Namjoon —, e eu contei a ele sobre o motivo de ter sido expulso da Palan Haneul.

— Achei que tivesse contado no dia do primeiro beijo.

— Não — murmurou, comendo mais da torta de banana e, sem Namjoon notar, pegou uma fatia de seu doce de limão. — No dia do primeiro beijo eu contei da briga com o Jin, é diferente. Do Jin foi bem depois.

— Sim, eu sei.

— Então... ele sabe de tudo agora, e estamos bem. Bom, espero que sim — admitiu, formando um bico em seus lábios cheios. — Eu gosto muito dele, Nam. Muito mesmo.

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