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Quando eu parei para abastecer na metade do caminho para o campus, enviei um SMS para Jack dizendo-lhe que eu decidi voltar mais cedo. Meu telefone tocou antes mesmo de eu sair para a interestadual. Jack. Eu respirei fundo e desliguei o rádio antes de atender.

— Você já saiu? Eu pensei que você fosse embora amanhã. Eu pensei que nós íamos conversar esta noite.

Eu suspirei, querendo bater a cabeça no volante, o que não era a melhor ideia dirigindo a mais de 100 km/h.

— Eu não entendo do que é que você quer falar, Jack. — Eu me perguntei se ele tinha sido cego para quantas vezes eu estava pronta e disposta a falar, e as inúmeras de chances que ele descuidadamente ignorou.

— Eu acho que eu cometi um erro, Rose. — Interpretando errado o meu silêncio atordoado, ele acrescentou: — Eu quero dizer Rosalie. Desculpe, acho que vai levar um tempo...

— O que você quer dizer com cometeu um erro?

— Nós. Terminarmos.

Fiquei em silêncio de novo, as palavras grudando em mim enquanto eu tentava entendê-las, engolindo-as em seco. Eu tinha evitado as fofocas do campus, tanto quanto possível, mas eu ouvi e vi o suficiente para saber que Jack não tinha sido nenhum santo nas semanas que passamos separados. Ele também não tinha falta de candidatas dispostas. Mas garotas dispostas a partilhar a sua cama não são iguais as garotas dispostas a suportarem o seu instável humor de merda, ouvirem seus exaustivos pareceres jurídicos, ou apoiarem os objetivos da sua vida, da maneira que alguém que ama você faria. Não, esse tinha sido o meu papel. E eu tinha sido demitida dele.

— Por quê?

Ele suspirou e eu imaginei o que eu sabia que ele estava fazendo, olhando para o teto, penteando o cabelo da testa e deixando a mão lá, cotovelo dobrado. Ele não conseguia esconder seus maneirismos habituais de mim, mesmo ao telefone.

— Por que eu cometi um erro, ou por que eu acho que foi um erro? — Eu sabia, também, que responder a uma pergunta com outra pergunta era a sua maneira de ganhar tempo enquanto ele considerava sua saída de uma situação problemática. — Essa conversa teria sido mais fácil pessoalmente...

— Nós estávamos juntos há quase três anos e você terminou comigo, mesmo sem... Não havia... — Eu estava esbravejando. Eu parei e respirei fundo. — Talvez não tenha sido um erro.

— Como você pode dizer isso? — Ele se atreveu a soar magoado.

— Ah, eu não sei! — Retruquei. — Talvez da mesma forma que você terminou tão facilmente em primeiro lugar.

— Rose...

Meus dentes rangeram.

—Não. Me. Chame. Assim!

Ele ficou em silêncio, e tudo o que eu ouvia era o ruído da estrada enquanto a minha caminhonete comia os quilômetros de nada entre a última cidade e a próxima. A maioria dos campos de ambos os lados da estrada estavam inativos, dada à época do ano, mas uma enorme colheitadeira verde estava fazendo o seu caminho através de um campo de algodão, e eu olhava para ela. Não importa o que aconteceu a qualquer indivíduo, a vida estava acontecendo em outros lugares. Na primeira vez que Jack me beijou, era lógico que ao mesmo tempo, outras pessoas estavam se separando. E na noite que Jack partiu meu coração, em algum lugar, talvez lá mesmo no meu dormitório, outras pessoas estavam se apaixonando.

— Rosalie. Eu não sei o que você quer que eu diga.

Em questão de segundos, eu tinha passado por uma cidade que ostentava um Shopping Center de tamanho considerável e pouco mais. Cada quilômetro me levava mais longe de Jack. Mais perto de Calum. Eu estava inquieta com a noção de que Calum era alguém para quem voltar, antes de perceber que ele havia sido aquela zona de segurança para mim desde o momento que nos conhecemos.

Jet Black Heart // cth Where stories live. Discover now