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  — É mais complexo do que eu imaginava. — Namjoon se senta na mesa, em frente à mim.

  — Sempre é mais complexo, Namjoon. — olho para baixo, observando o contraste das minhas unhas juntamente com o granito branco da mesa da cozinha. Minhas unhas conseguem ficar mais brancas do que o próprio granito.

  Apenas suspiro, voltando meu olhar para a cafeteira, em cima da mesa.

  — Eu só espero esquecer tudo isso. — morrer, foi o que quis dizer. Mas Namjoon ainda não compreendeu os sentidos das frases que eu falo. É melhor assim, eu acho, e espero estar certa.

  — Falar sobre isso machuca você, não é? — Namjoon questiona, separando as xícaras.

  Claro que falar do meu passado me machuca. Eu não tenho nenhum resquício de vida, desde que aprendi como ela é. Mas Namjoon precisava ouvir algumas coisas, apenas para não pensar que acabei com a minha vida apenas por não conseguir andar. Por isso que contei essa pequena parte da história para ele.

  Respiro por um momento, pensando se devo colocar uma pequena filosofia em minha resposta. Não, não nescessito.

  — Sim, Namjoon. Machuca muito. — respondo, olhando para a mesa, já que posso sentir a pena em seus olhos.

  Sinto o olhar de Namjoon tentar encarar minha alma, porque eu sei que, mesmo eu o desprezando às vezes, Namjoon quer o meu bem. Mas não há mais chances para mim, eu destrui tudo o que restava em mim. Eu estou morta.

  Ouço seu suspiro invadir a cozinha, bebendo um gole de seu café logo depois.

  — Eu... — Namjoon tenta, mas sua garganta prende. Apenas mais uma prova de que não há como sair da minha situação.

  — Meus braços doem, Namjoon. — comento, retirando esse clima estranho entre nós.

  Namjoon logo ergue sua cabeça, com a expressão preocupada de sempre.

  — Talvez você tenha que dar um tempo com sua cadeira de rodas, Soyun. — Namjoon aconselha, o que não faz sentido para mim. — Querendo ou não, ela também te cansa.

  — Você pensa que eu estou fingindo ser...

  — Não, Soyun. Você entendeu errado. — ele sorri, envergonhado. — Eu acho que, talvez, você não deveria fazer tanto esforço para se locomover. Eu estou aqui para isso, lembra?

  Sinto que preciso raciocinar para entender o que Namjoon quer dizer. Cheguei à conclusão de que não entendi.

  — O que você sugere? — pergunto, mais para questionar suas intenções, que deveriam ser minhas, mas Namjoon, como meu cuidador, é minha agenda também.

  Ele demora um pouco, pensando, enquanto encara a xícara de café na sua frente. Às vezes, eu tenho medo do que se passa na cabeça de Namjoon. Parei de confiar em pessoas muito felizes.

  — Hum... quem sabe, assistir um filme? Ou meditar, ler um livro. — seus olhos brilham por um momento.— Talvez, você possa me ajudar na cozinha! É uma boa idéia, não acha?

  Sinceramente, não. São todas, péssimas idéias.

  — Namjoon, nem está na hora do almoço, ainda. — arranjo uma desculpa. — E, eu não cozinho mais.

  — Então, quais das outras opções? — Namjoon se levanta depois de ter bebido seu café, enquanto penso.

  — Bem, há muito tempo que não leio um livro. — penso, lembrando da última vez que terminei um livro. Acho que foi a dois meses atrás.

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