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 flashback.

— O jeito que você fala me deixa confusa, Tae! — encarei risonha, sua face, que se transformava em uma careta.

  Taehyung ergue uma de suas sobrancelhas, analisando a bela pintura à sua frente.

  — Como o modo em que você explica seus poemas, senhorita Lee?! — ele faz uma voz engraçada, me fazendo sorrir. Bato em seu ombro, o empurrando.

  Taehyung agarra minha cintura, me sacudindo, enquanto sua roupa suja de tinta mancha meu casaco novo.

  — MEU CASACO, TAEHYUNG! — o solto, indignada. Ele ri da minha preocupação, jogando seus cachos bem feitos para trás.

 — Eu posso comprar outro, mais tarde. — ele segura minha mão. Seu toque delicado me faz olhar para seu rosto, tão lindo quanto qualquer arte no mundo. Esse sorriso que me tira do chão e me faz voltar, só para continuar vivendo, e admirando a beleza da vida. — Agora, venha.

  Com cuidado, ele me dirige até uma parte da pequena sala. A travessia é dificultosa, com os baldes de tinta e pedaços de papel no chão. Esse tamanco com certeza dificulta as coisas. Tiro-o, jogando-os pela sala.

  O contraste do sol com as janelas de vidro dão uma sensação de liberdade, principalmente com as variadas cores dos quadros de Tae. As pinturas de Taehyung trazem calma e paz, assim como sua presença. Mas uma é a que mais se destaca. Descubro o que Tae queria me mostrar quando vejo um quadro, extremamente magnífico, de um jasmim branco, a minha flor favorita, perfeita. Minha expressão pela primeira vez, condiz perfeitamente com o que estou sentindo, uma mistura de surpresa, alegria, vontade de chorar, utopia. Tudo o que tenho direito de sentir.

  — Tae, eu...

  — Shiu... — ele continua a me conduzir, mais perto do quadro. Sua mão levanta a minha, e como um pincel, sinto a textura da imagem. As pinceladas, totalmente sincronizadas ao meu toque, as partes mais grossas da pintura sempre trazem mais vida à elas. Sinto, como Tae me disse, os sentimentos que essa obra carrega. Agora sei o porquê de Taehyung amar ir a museus.

  Meu sorriso aumenta, me sentindo como uma criança, fazendo algo em que gosta. Nunca, mesmo sendo simples, havia experimentado algo como isso.

   — Tae... isso é lindo! — as palavras saem da minha boca, já que nem as penso. Eu não consigo, pela primeira vez discernir meus sentimentos.

  Com um arrepio, sinto a mão de Taehyung sobre meu ombro, mas ao invés de continuar lá, ele põe uma mecha da minha franja solta atrás da orelha. Ele beija minha testa, me fazendo encarar seu semblante.

  — Você é a obra de arte mais perfeita, Soyun.Taehyung sussurra. Por um momento, congelo pelas suas palavras. Minha barriga revira e vira, num compasso que não consigo acompanhar; porque meu coração e mente pensam somente no quanto eu amo esse homem, o quanto amei, e o quanto amarei, pelo resto dos meus dias.

  So... yun...? — volto à realidade, mais rápido do que sai. A figura de Namjoon aparece na porta, com uma xícara na mão.

  — Ah, sim, Namjoon. — me encaixo com as costas sobre a cadeira.

  — Seu chá. — ele estende a xícara no píres, enquanto se encaixa na cadeira da escrivaninha. — Fiz um chá de hortelã. Dizem que é muito bom para aliviar tensão.

  O aroma refrescante do chá entra pelas minhas narinas. Namjoon aprendeu muito bem meus gostos desde que chegou. E prova estar melhorando a cada dia.

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