Capítulo 12 - Hoseok

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— Hoseok, não...

— Ele está falando como se te conhecesse, tentando me atacar — ele sibilou, forçando o amigo a soltá-lo antes de ir até o garoto meses mais novo, que não pareceu afetado com sua aproximação brusca. Taehyung suspirou, cansado demais para dizer qualquer coisa antes de segui-lo. — É engraçado alguém como você dizer que eu devo tomar cuidado com minhas amizades, Jimin.

— Jura? Por que? — ele cruzou os braços, mantendo a expressão debochada enquanto movia o peso do corpo para a perna esquerda.

— Porquê você é a pessoa mais tóxica que já conheci na vida — respondeu, mantendo a cabeça erguida enquanto observava a expressão debochada do burguês hesitar. Jeongguk e Yoongi se entreolharam, como se perguntassem um ao outro se deveriam intervir. — Por anos você fez minha vida um inferno, utilizando de coisas que não posso mudar como minha aparência e questão financeira para me diminuir, até que eu finalmente entendi.

— O quê você entendeu? — a cabeça dele entortou levemente, como se assim conseguisse enxergar melhor o garoto mais velho.

— Que você é infeliz — explicou, movendo o olhar para a porta, para que assim não olhasse na direção do garoto. — Você é triste, vazio... Você precisa diminuir os outros para se sentir bem consigo, porquê você não se ama. Você precisa puxar os outros para baixo, e passar por cima deles para se sentir pelo menos um pouco no topo... — ele fixou seus olhos no meninos centímetros mais baixo, que colocara o braço na frente para impedir que os amigos fizessem algo. Ele queria que Hoseok continuasse falando, queria continuar ouvindo aquilo, e ninguém entendia o porquê. — Você é infeliz... e quer que todos sejam infelizes como você.

— Hoseok, acho que...

— Quão deprimente sua vida é, para tentar fazer de mim uma cópia fiel sua? — ele questionou, não se surpreendendo quando, após segundos de silêncio, a mão pequena do Park foi de encontro com seu rosto, jogando seu corpo para o lado. Taehyung o segurou instintivamente, apoiando o corpo quase do tamanho do seu no próprio peito enquanto assistia uma tristeza profunda assumir o rosto do garoto rico antes da inércia voltar, enquanto seus dois amigos acariciavam seus ombros, em uma falha tentativa de acalmá-lo. Hoseok se afastou, encarando o rosto bonito e sério do amigo antes de voltar a observar o garoto que não parecia culpado por agredi-lo; que, na verdade, não parecia sentir qualquer coisa. — Esse tapa só foi uma confirmação... de que eu estou certo.

— Chega. Por favor — Taehyung o puxou, arrastando-o para fora daquela sala e ignorando os chamados da professora, mandando voltarem para a classe. Hoseok nada disse, deixando-se ser puxado até a saída do prédio e entrada do campus, onde ficava o estacionamento.

— Você pode me soltar agora, Tae — o garoto disse, sentindo seu braço ser solto. Taehyung se afastou, abraçando o próprio corpo enquanto observava o prédio onde tinham aulas, pensando no quão imprudente foi. — Por que me tirou de lá?

— Porquê ele estava triste, e com raiva — explicou, se sentando na mureta que dividia o prédio do terceiro ano do estacionamento. Ainda sentindo os olhos de Hoseok em si, ele o olhou, sem entender. — Pessoas com raiva são impulsivas, e pessoas impulsivas são perigosas.

— Você me acha uma pessoa impulsiva? — ele perguntou, sentando-se ao lado do amigo. Diferente da postura perfeita do novato, Hoseok tinha sua coluna curvada, enquanto seus braços estavam apoiados na coxa, observando os próprios sapatos.

Taehyung não o respondeu a princípio, preferindo observar o céu com o clima fechado devido às suspeitas de tempestade. Ele sabia que não poderia ficar ali muito tempo, se não quisesse se molhar e dar defeito. Além de que Hoseok poderia ficar doente, também.

— Acho — disse, recebendo um olhar do amigo que poderia se passar facilmente por um garoto mais velho. Taehyung retribuiu o olhar, sem saber o porquê. — Sim, eu te considero uma pessoa impulsiva. Você sempre tomou atitudes de cabeça quente, e também nunca esperou uma confirmação antes de fazer qualquer coisa. Por exemplo, quando Jimin disse aquelas coisas sobre mim; você não me ouviu, só foi e rebateu. Agora... — seus olhos foram para a bochecha do humano, que estava avermelhada e levemente inchada. — Agora você tem a marca de um tapa no rosto.

— Valeu a pena — ele sorriu, deixando à mostra o sorriso em formato de coração. Taehyung negou com a cabeça, sabendo que era inútil discutir aquilo, antes de desviar o olhar. — Você é meu amigo, é meu melhor amigo nessa escola.

— Eu sou seu único amigo aqui — corrigiu, sorrindo quando ouviu o riso do outro.

— Certo, você é meu único amigo nessa escola — Hoseok assentiu. — Mas de qualquer forma... eu nunca permitiria que alguém falasse aquelas coisas sobre alguém, especialmente você.

— O quê ele quis dizer com... eu ter distúrbios alimentares? — perguntou, franzindo o cenho ao lembrar do discurso do garoto mais novo.

— Ele é um idiota, Tae. Jimin só pegou um monte de esteriótipos que pesquisou na internet e jogou em você, sem ter qualquer comprovação científica — ele negou, abaixando a cabeça novamente. — Ele está pouco se importando com essa temática; ele só queria te atacar, e me atacar. É um completo babaca que só prova como dinheiro não interfere em nada na vida de uma pessoa, principalmente se sua educação foi um lixo.

— Eu não sei — Taehyung sussurrou, se lembrando da visão de Jimin chorando no banheiro. — Ele parecia bem mal.

— Deve ter notado que é uma pessoa horrível — sibilou, ácido.

Taehyung não disse nada, apoiando as palmas da mão no tecido fino da calça em uma tentativa de relaxar, enquanto Hoseok observava tudo ao seu redor, em silêncio.

Então Hoseok teve uma certeza ao observar a maneira que Taehyung agia, enquanto recordava da forma como o Trio Amaldiçoado se portara enquanto ele extravasava tudo que manteve guardado por muito tempo:

Nada era tão simples como parece.

E Park Jimin era mais complexo do que todos acreditavam.

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