Capítulo 49

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Alícia

Dormir foi a coisa mais difícil essa noite, em nenhum momento as coisas que li saíram da minha cabeça. Raquel me mandou uma mensagem avisando que dona Ingrid queria conversar comigo, mas agora eu preciso ver se Pierre vai me liberar uns minutos antes do almoço.

— Preciso lhe pedir algo — Pierre me olha quando paro em frente à sua mesa.

— O que aconteceu?

— Posso sair antes para o almoço? Eu reponho o tempo perdido.

— Vai em algum lugar importante?

— Sim, mas eu não posso lhe dar detalhes.

— Não está fazendo nada de errado, né? — nego com a cabeça — Tudo bem, você pode ir.

— Obrigada! — agradeço, e saio da sala.

Eu avisei Lorenzo que ia sair e ele só me desejou boa sorte porque era a única coisa que poderia me falar, já que eu não faço a mínima ideia do que a dona Ingrid pode me dizer. Eu entro no antigo condomínio dos meus pais e vou direto para a pracinha, estaciono meu carro e já vejo Raquel sentada em um banco com dona Ingrid ao seu lado, respiro fundo e vou até elas.

— Oi, Raquel! — dou um beijo na bochecha dela — Oi, dona Ingrid! — me sento e abraço, ela retribui.

— Oi, Alícia! Como vai? — ela pergunta.

— Eu vou deixá-las sozinhas — Raquel se afasta, indo se sentar em outro lugar.

— Você leu o diário?

— Sim, eu quase não dormi à noite pensando em tudo que li. Vicent pode ser o filho do meu pai com a ex-namorada dele da juventude, ele tem uma mancha marrom perto do ombro igual a do meu irmão Noah, o bebê e o Vincent nasceram no mesmo dia e as horas são quase as mesmas e aí tem aquela parte do diário que a senhora diz que olhava para o bebê e não se via nele e também falou que uma família chorou por uma criança que não era dela.

— Vicent não é meu filho biológico com o Gregory, o nosso bebê de verdade tinha um problema no coração e o doutor disse que se ele não fizesse uma cirurgia poderia morrer, meu marido não queria um filho, o desejo foi só meu e nós nunca tivemos condições para ter tanto dinheiro para uma operação tão delicada. No dia que dei à luz Gregory conheceu Elaine e com a ganância dos dois eles trocaram os bebês, eu só soube que o a família do Vicent era os Clar's há oito anos, ele começou a me dopar quando o bebê era ainda pequeno e eu o ameaçava falando que ia procurar a família verdadeira do bebê. Por eu estar sem falar, ele me contou a história toda e ainda debochou dizendo que eu morreria sem ninguém saber de nada, e há cinco anos eu tomei coragem e parei de tomar os remédios que ele me dava, eu os escondia no sutiã quando virava para esconder o frasco no guarda-roupa. Minha sobrinha me ajudou muito e ela foi a que mais me incentivou a ser firme e encontrar a família biológica de Vicent, e no momento que lhe vi entrando pela porta da casa onde estamos morando fiquei com uma vontade gigantesca de abraça-la e eu agradeço à Deus por ele ter guiado Vicent para a B&B Cosmétiques.

— Quem é a sua sobrinha? — pergunto, fiquei curiosa para conhecê-la.

— Alícia, eu preciso levar a dona Ingrid agora, Vicent almoça em casa e Natacha já me ligou avisando que ele chega logo em casa — Raquel avisa e eu concordo com a cabeça, me despeço das duas e elas vão embora.

Me sinto totalmente angustiada e sem ideia do que fazer agora. Como a minha mãe teve coragem de fazer um coisa horrível dessas? Foi tudo por dinheiro? Ela amou o meu pai em algum momento ou só se casou com ele para ter todas aquelas coisas desnecessárias que sempre gostou de comprar? Eu não sei o que pensar!
Entro no meu carro e choro até cansar, meus olhos e minha garganta doem e eu só queria estar agora nos braços de Lorenzo, recebendo um cafuné no cabelo e pensando que tudo não passa de um pesadelo que estou tendo com os olhos abertos.

Sentimento Inesperado | Trilogia Amores - Livro IIIDonde viven las historias. Descúbrelo ahora