Sentimento Inesperado | Trilogia Amores - Livro III

Capítulo 14

Lorenzo

Estava tomando banho quando ouvi a campainha tocando, meu pai não vai escutar, ele está na estufa cuidando das plantas dele. Enrolo uma toalha na cintura e saio secando o cabelo com outra, desço as escadas e vou até a porta, a abro e Alícia me abraça forte, chorando.

— Alícia, o que aconteceu? — passo a mão em seus cabelos.

— Eu... — soluça por conta do choro.

— Calma, vem aqui — fecho a porta e a levo até a cozinha lhe sentando na bancada e encho um copo de água para ela — Me conta o que aconteceu?

— Eu estou grávida — bebe um pouco da água.

— Isso eu já sei, mesmo que você tenha dito que não ontem.

— Eu fui em uma clínica para tirar o bebê — sussurra.

— O QUE VOCÊ DISSE? — acabo gritando e ela arregala os olhos, assustada.

— O bebê ainda está dentro de mim! Quando cheguei lá tinha uma mulher na sala de espera e ela me contou que ia fazer um aborto pela segunda vez, era uma garota de programa, e também me disse que já perdeu várias amigas por causa dos riscos, então eu fiquei com medo e vim direto pra cá. Eu sou um monstro! Eu ia matar o nosso bebê! Ele não tem culpa de eu ser uma irresponsável! — seu choro fica mais forte novamente.

— Graças à Deus você não prosseguiu com isso e nós vamos cuidar do nosso bebê — a abracei beijando seus cabelos.

— Lorenzo, eu ouvi você gritando — meu pai entra na cozinha e olha para a Alícia — Elevou a voz para uma mulher? — me observa.

— Foi em um momento de nervoso.

— Não importa! Já se desculpou? — cruzou os braços, me olhando sério.

— Me desculpa — dou um beijo na testa de Alícia.

— O que está acontecendo? Está com algum problema, senhorita Lamartine? — ela olha para mim.

— A Alícia está com um problema, mas nós já estamos resolvendo.

— Ótimo! Eu vou sair e não precisa me esperar para o almoço, e Pierre não deve aparecer também, ele está com a Rebecca — diz e sai antes que eu faça alguma pergunta.

— Você não quer contar ao senhor Beaumont sobre a minha gravidez?

— Eu quero muito, mas vamos contar para as duas famílias ao mesmo tempo, para não ter aquele negócio de que contou para um primeiro e depois outro, falamos de uma vez.

— Eu posso contar para a Rebecca?

— Sim, porque eu também quero contar ao Pierre, ele vai ficar com um pouco de ciúmes, mas vai amar o sobrinho — ajudo ela a descer da bancada — Liga para o seu médico e vê se não tem horário para hoje, precisamos ver como o nosso bebê está.

— Eu acho difícil ter um horário para hoje, é bem em cima da hora, mas eu vou ligar — assente pegando o celular na bolsa.

— Vamos para o quarto, preciso terminar de tomar banho — aponto para a toalha na minha cintura.

— Eu nem prestei atenção que você estava só de toalha — colocou o celular na orelha.

— Uma beleza dessa na sua frente e você não nota? — saio andando para a sala com ela atrás de mim.

— Isso aqui eu notei — deu um beliscão na minha bunda.

Olho rindo para Alícia e ela pede silêncio com o dedo, alguém deve ter atendido do outro lado da linha. Por fora eu posso estar parecendo super tranquilo com a realidade de ter um filho, mas por dentro eu estou em pânico, pensando em como vai ser a minha vida desse dia em diante, ou melhor, nossa vida. Eu e Alícia vamos ter um laço eterno a partir de agora.