Capítulo 13

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Alícia

Aqueles testes de gravidez positivos me tiraram o sono, eu também estou preocupada com a Rebecca, eu não sei como um bandido consegue fugir de uma cadeia que é vigiada vinte e quatro horas.

— Bom dia, Chloe! — lhe dou um abraço, beijando sua bochecha.

— Bom dia! A Rebecca está bem? Adam me falou que ela está no hospital.

— Ela teve uma crise nervosa, mas está bem, logo já está de volta — assentiu.

Vou para a minha sala e trabalho até a hora do almoço, caminho até o escritório do senhor Beaumont e peço para a secretária me anunciar, ele autoriza minha entrada e ele me pede para se sentar na cadeira em frente à sua mesa.

— Algum problema, senhorita Lamartine? — pergunta.

— Não, eu só queria saber se o senhor pode me liberar mais cedo, eu tenho uma consulta marcada para hoje à tarde — respondo.

— Tudo bem, está liberada. Lorenzo comentou que você passou mal ontem no hospital, é por isso que vai ao médico? — assenti.

— Obrigada, senhor Beaumont! — agradeço e saio da sua sala.

Por ter passado mal ontem e a enfermeira dizer que estou grávida, optei por fazer um exame de sangue para saber o que tenho e hoje vou ver o resultado, e com certeza não tem nada crescendo dentro de mim, foi apenas um erro naqueles testes e tudo vai voltar ao normal.

— Não vai sair para almoçar? — Lorenzo questiona ao me ver voltando para minha sala.

— Não, eu estou sem fome.

— Você não pode ficar sem comer, pode passar mal novamente.

— Eu estou bem e não vou passar mal de novo — entro na sala e tranco a porta.

Eu não queria conversar com ele, porque eu sei que Lorenzo quer fazer perguntas e se eu dizer que vou ao médico, ele vai querer me acompanhar. Quando faltava meia hora para a consulta, eu arrumei minhas coisas e sai da empresa depois de me despedir da Chloe, quando estacionei o carro em frente ao hospital eu entrei pela porta principal e avisei a enfermeira que eu já havia chegado e ela pediu que eu esperasse que o médico me chamaria logo.

— Como você está, senhorita Lamartine? — nos cumprimentamos com um aperto de mãos.

— Estou bem! O senhor já está com o meu exame em mãos? — me sento e ele faz o mesmo na cadeira atrás da mesa.

— Sim. Sentiu alguma coisa diferente de ontem para hoje? — ele abre o exame e tira as folhas de dentro do envelope.

— Não, nada fora do comum.

— A única alteração aqui do seu exame é o que nós já sabemos. Você está grávida! — ele fala.

— Como isso é possível? Eu sou muito cuidadosa nas minhas relações — passo as mãos pelo cabelo, nervosa.

— Em alguma você e o pai da criança não foram cuidadosos, mas isso não é o fim do mundo. Você tem uma excelente família que vai lhe ajudar nesse momento, eu os conheço há anos.

— Eu preciso ir! — me levanto já saindo do consultório.

— Espera, Alícia! Você tem que levar o seu exame!

— Joga fora! — penduro minha bolsa no ombro e saio do hospital, mas uma mão segura meu braço e eu arregalo meus olhos vendo Lorenzo — Me solta! Você está louco? — caminho até meu carro.

— Esse bebê que você está esperando é meu? — me viro para ele, o encarando.

— Não existe bebê nenhum, Lorenzo! Você está maluco! — cruzo os braços.

— É quase impossível um teste de gravidez dar positivo e a pessoa não estar grávida, ainda mais dois, e agora você veio ao médico e está nervosa como se tivesse recebido uma notícia que a abalou — ele me observa.

— Você não tem que se meter na minha vida, Lorenzo! Me deixa em paz!

— Você está grávida de outro cara e não quer me contar? — se aproxima.

— Se eu estiver grávida ou não, isso não é problema seu e sim, meu!

— Eu vou assumir o bebê! — falou.

— Eu não vou ter esse bebê, Lorenzo!

— Como assim não vai ter o bebê? — seus olhos escuressem.

— Ninguém pode me obrigar a ter esse bebê, eu não queria ter engravidado e me arrependo muito por não ter me cuidado! — sinto meus olhos arderem.

— Você está se ouvindo? Percebe o que está fazendo? Você quer matar uma vida que está crescendo dentro de você! Quantas mulheres sonham em ter um filho e não conseguem? E você está tendo essa oportunidade e quer acabar com ela? Eu não consigo acreditar nisso, Alícia! — esbraveja e eu percebo que ele está muito bravo.

— Ninguém entende! Eu nunca quis ser mãe e não quero ser mãe! Eu tenho uma carreira maravilhosa na empresa e um bebê nesse momento só vai atrapalhar tudo, eu ainda tenho sonhos e com uma criança nada deles vão se realizar! — engulo o choro, eu não vou chorar na frente dele.

— Como você é egoísta, Alícia! Você nunca ouviu alguém dizer que as melhores surpresas vem de repente? Sem aviso? Esse bebê só vai trazer alegria e orgulho para a sua vida! Olha para Rebecca, ela sim teve motivo para tirar o bebê dela porque aquele desgraçado que ela chamava de namorado não prestava nenhum pouco e mesmo assim teve a Analu que é uma garotinha maravilhosa e Rebecca ama a filha independente de tudo que passou. Você não pode fazer isso com uma vida que não tem culpa da nossa irresponsabilidade! — tenta me abraçar, mas eu não deixo.

Desativo o alarme do carro e entro já dando partida e saindo do estacionamento. Se estou grávida esse bebê é do Lorenzo e ele sabe disso, eu nunca dormiria com outro cara sem usar proteção e só foi duas vezes que esquecemos, mas foi o suficiente para acontecer isso. Cheguei em casa e joguei minhas coisas no sofá, fui direto tomar um banho e quando sai olhei para o quadro que Lorenzo me deu.

— Eu não vou ter esse bebê — sussurro e meu celular começa a tocar na sala, vou para lá e o atendo.

— Foi na consulta? — minha irmã perguntou.

— Sim e eu não estou grávida — minto.

— Ufa! Pelo menos você não vai fazer nenhuma besteira.

— Não, minha vida agora está de volta ao normal, sem empecilhos.

— Filho não é empecilho, Alícia! A Analu é a alegria da minha vida! — fala e eu tenho certeza que ela está sorrindo que nem boba.

— Eu não sou você, Rebecca! Agora eu vou desligar, estou cansada! Até amanhã! — me despeço e encerro a ligação, voltando para o meu quarto.

Pego o meu notebook e entro na página de buscas, digitando os riscos de fazer um aborto. Em todos os sites havia imensos textos e eu li todos, pode haver hemorragia e em alguns dizem que a mulher pode morrer durante o procedimento, ainda mais se é feito em um lugar clandestino. Abro a gaveta do criado-mudo e encontro o cartão de uma clínica, eu lembro de ter encontrado esse estabelecimento quando Rebecca ficou grávida, ela teve muitas incertezas até a filha nascer. Ligo e marco um horário para amanhã de manhã, hora com pouco movimento e ainda mais em um sábado. Não vai acontecer nada de grave!

Sentimento Inesperado | Trilogia Amores - Livro IIIWhere stories live. Discover now