Three Empy Words • Shawmila

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Por Camila Cabello

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O que diabos o Shawn estava fazendo no meu ensaio?

Não era possível. Me recuso acreditar que isso estava acontecendo.

Abaixei a cabeça e tentei controlar minhas mãos agitadas, segurando firmemente na bolsa que estava pousada em meu colo.

Não sei por qual motivo eu me convenci de que nunca mais iria esbarrar com ele por aí. Que eu poderia fingir que ele nunca existiu se não o visse nunca mais. Mas eu fui idiota. É óbvio que eu o veria novamente. Nós estudamos na mesma escola, moramos no mesmo bairro. Claro que eu me esbarraria com ele por aí, uma hora ou outra.

Mas eu não imaginava que fosse aqui. Logo aqui. Agora eu não tinha certeza se conseguiria me manter confiante o suficiente para cantar, porque com ele ali na minha frente, meu corpo perdia qualquer índice de controle. É isso. Ele me deixava descontrolada, completamente instável. Eu sabia disso. E ele também sabia, e por isso estava com aquela expressão estampada na sua cara.

Meu rosto queimava feito fogo. Eu sentia ele estudar cada detalhe do meu rosto, do meu corpo. Eu não sabia dizer se eu gostava, ou se eu achava isso completamente desconfortável. Com a postura ereta e mãos levemente trêmulas, me forcei a me manter concentrada nas palavras que eram ditas na aula, porque eu não conseguia me focar normalmente. Eu estava tão nervosa que sentia que poderia ter um ataque de nervos a qualquer momento.

Tudo por culpa de Shawn. Sempre.

É sempre ele.

— ... Futuramente, quando os participantes estiverem confirmados, eu irei fazer duplas. Não duplas para cantar no festival, e sim para estudar e aprender juntos. — a professora se moveu, sentando-se sem uma cadeira que ficava na ponta da roda, fazendo com que ela pudesse encarar todos. — Primeiramente, para entrar na minha aula, eu vou precisar conhecer a voz de vocês. Vou pedir que cada um alcance uma nota básica, e em seguida, irei pedir para que cante o trecho de alguma música de minha escolha. As músicas não serão iguais para ninguém.

Respirei fundo, mesmo sabendo que eu já havia passado pelo teste, então isso não se aplicaria a mim. Mas agora, havia caído a ficha de que eu teria que cantar na frente de outras pessoas. Na frente de Shawn. E isso me fazia querer sair correndo desesperadamente.

Eu estava torcendo do fundo do coração para que ele não fosse aprovado, mesmo sabendo que isso era ligeiramente errado e antiético. Mas por favor, Deus sabe o que eu estou sentindo agora. Ele não podia ter aparecido aqui para destruir os únicos momentos em que eu tenho paz e posso me deixar levar através da música. Eu juro que estava tentando me recuperar no quesito da timidez, tentar ser mais aberta, porém todo o progresso que eu percorri até chegar aqui foi jogado no lixo quando eu vi Shawn sentado ali.

Porque ele é a fonte da minha insegurança. Todos os momentos fracos que minha mente me lista todos os meus defeitos, vem dele. Ele é a fonte disso tudo. Não digo que ele é o culpado pelo meu jeito introvertido, mas posso ser ousada o suficiente para o apontar como o maior causador (se formos desconsiderar todos os meus problemas familiares e minha infância problemática) de todas as minhas inseguranças.

É ele que me faz ficar todo dia na frente do espelho, procurando quais defeitos em meu corpo o fizeram desistir de mim. É por culpa dele que eu choro no banheiro, me perguntando o porque de eu não ser comum, como todas as outras garotas. É ele. É ele que faz eu me perguntar como eu fui capaz de deixar ir embora a única pessoa que demonstrou algum tipo de carinho por mim.