Capítulo 2

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Estava tomando meu café da manhã quando vejo o meu pai se aproximando

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Estava tomando meu café da manhã quando vejo o meu pai se aproximando.

— O senhor está ainda mais lindo hoje. —elogiei bebericando meu café, enquanto ele se sentava.

— Essa não vai colar comigo, querida. Então apresse-se para arrumar suas coisas.

Bufei revoltada. Confesso que achei que depois de uma boa noite de sono meu pai mudaria de idéia.

Mas devo dizer que me enganei redondamente. Ontem mal consegui dormir pensando nessa tal viagem.

Eu poderia me negar a ir e ficar sem os meus cartões de crédito por um ano, ou ir a tal fazenda e passar um mês.

Óbvio que preferi a fazenda, até porque sei que no máximo durarei uma semana antes do tal Afonso me mandar de volta para casa.

— Acredita que meu pai irá livrar-se de mim, Cida? —falei a empregada que estava servindo ao meu pai.

Ela voltou sua atenção para mim e sorriu debochada.

— Ele até demorou. —à olhei incrédula. — Você estava precisando de um bom castigo.

— Papai! A empregada está me maltratando!

Meu pai revirou os olhos.

— A Cida é quase da família e você sabe disso. E além do mais ela tem razão, eu deveria ter te dado um basta faz tempo.

— É um complô, só pode. —lamentei, bufando em seguida.

— Para de exagero, menina! —exclamou, Cida. — Séra apenas um mês!

— Em um mês tudo pode acontecer. —olhei para o meu da forma mais drámatica que pude. — Se eu morrer a culpa é sua, papai!

Ele me olhou como se eu fosse louca e passou a mão no rosto buscando paciência.

— O que poderia acontecer com você em uma fazenda, Cecília? —questionou em um suspiro impaciente e me olhou como se o que eu tivesse dito fosse um absurdo.

— Por exemplo. —comecei a pensar em algo. — Se eu for... Pisoteada por uma vaca até a morte? Ou mordida por mosquistos e pegar alguma doença?

Qual é? É dificil mas não é impossivel!

— Que garota mais afobada—declarou Cida. — Você deveria escrever um livro, idéias você tem de sobra.

— Ah, vá plantar batatas, Cida! —meu pai no mesmo instante me deu um olhar repreendedor.

— Já chega, Cecília! —esbravejou levantando-se da cadeira bruscamente. — Vá arrumar sua mala agora mesmo!

Levantei irritada e fui até o meu quarto batendo a porta com força de propósito.

Sentei na cama cruzando os braços.
Como irei sobreviver naquele fim de mundo? Fui até meu closet escolher as roupas que eu levaria para o meu martírio

Se é uma fazenda é melhor eu levar mais calças do que vestido.

Já com a mala devidamente arrumada resolvi sair do meu quarto para ver se e o meu pai mudou de idéia.

Esperança é a última que morre.

Vou até a sala e não vejo meu pai.

De acordo com ele, hoje não iria a sua empresa só para me levar até o aeroporto.

Grande coisa.

— Já arrumou as malas, menina? —ouço uma voz atrás de mim e dou pulo de susto.

— Quer me matar criatura? —levei a mão ao coração que batia acelerado e ela revirou os olhos. — E não é da sua conta!

— Mal educada. —cantarolou indo até a cozinha.

Voltei até o meu quarto, afim de tomar banho, quando termino escolho uma roupa que combina com o momento.

Preto.

Um vestido todo preto que ia até o joelho e um salto da mesma cor. Aliás coloquei várias roupas pretas na mala.

Ouvi uma batida na porta e fui abri-la.

— Porquê você está toda de preto? —meu pai franziu a testa enquanto entrava no quarto.

— Estou de luto de mim mesmo —resmunguei baixinho.

— Eu ouvi isso, Cecília!

Tive vontade de dizer que era para ouvir mesmo, mas tenho conciência de que minha condição não estava das melhores para irritá-lo mais ainda ou dessa vez ele irá me mandar para Marte.

— Vamos? —chamou pegando minhas malas. — Para quê três malas?

— Roupas de emergencia. —dei de ombro.

Depois de varias reclamações, ele chamou os seguranças para levarem minhas malas para o carro.

Quando saí do quarto avistei Cida chorando.

— Ai, menina. Eu não deveria, mas vou morrer de saudades. —veio até mim e me abraçou quase me partindo em duas. — Se comporte, veja se não arruma problemas.

— Está bem, está bem agora me solte. —pedi e ela se separou de mim a contragosto.

Apesar de Cida implicar comigo sei que gosta de mim, da maneira dela, mas gosta. Ela trabalha aqui até antes mesmo que eu nascesse.

— Vamos? —fomos interrompidas pela voz do meu pai.

— Se não tem jeito. —reclamei. — Vê se não fica entediada sem mim por aqui, Cida.

Mandei beijinhos para ela e segui meu pai até o carro. Nosso caminho até o aeroporto foi silêncioso, papai até tentou puxar assunto, mas o ignorei totalmente.

Sei que na cabeça dele isso é para o meu bem.

Mas em que mundo?

Os seguranças puxavam minhas malas pelo chão do aeroporto, enquanto eu me arrastava como se eu estivesse indo ao matadouro. E de certa forma eu estava.

— Pai, ainda está em tempo de mudar de idéia. —olhei para ele com o olhar desesperador.

Não acredito que isso está realmente acontecendo.

— Sinto muito, mas já está decidido. —tentou me abraçar, mas me afastei.

Então ouvimos o meu vôo sendo anunciado.

— Eu te amo, querida. Sentirei sua falta!

Queria dizer-lhe que também o amava, mas eu não podia, eu tinha que fazê-lo se sentir aos menos um pouquinho culpado.

Enquanto entrava no avião eu me perguntava o quê uma garota como eu vou fazer em uma fazenda?

Os Brutos também Amam [COMPLETO]Where stories live. Discover now