𝐶𝑎𝑝𝑢𝑡 𝑆𝑒𝑝𝑡𝑖𝑚𝑜𝑑𝑒𝑐𝑖𝑚𝑜

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04 de maio de 2020

Aquele grupo de amigos era, acolhedor, cortês, cordial, amoroso, polido, agradável e respeitoso. Menos quando o assunto era decidir o lugar onde iriam comer. Os seis amigos estavam parados ao lado do carro de Glimmer, carinhosamente apelidado de Magesty. Frosta adorava alfinetar a prima, sempre lembrando que esse nome era brega. E em todas as vezes ela era ameaçada de ser jogada para fora do carro em pleno movimento. Já haviam se passado alguns bons minutos, mas ninguém chegou em um consenso de qual restaurante eles iriam.

— Eu tenho uma ideia, não sei se vocês vão gostar. — Adora estava sentada no capô do carro, os braços cruzados e o rosto vermelho por causa do frio repentino que a noite trazia. — A gente pode ir naquele restaurante, eu não lembro o nome, mas foi a primeira vez que eu vi vocês depois que acordei.

— O Elberon?

Durante alguns segundos os amigos pareciam ponderar, não havia objeções sobre a escolha da amiga, então finalmente decidiram. Talvez eles não resistiram porque foi um pedido de Adora, com um fundo de sentimentalismo. Talvez Adora sabia que se ela pedisse eles fariam, e então eles poderiam ir logo e parar de perder tempo.

Comparado com a discussão de quase uma hora sobre qual lugar eles iriam, acomodar seis pessoas num carro foi como tirar doce de criança. Glimmer e Frosta eram as menores, então ficaram atrás, Sea foi dirigindo e Bow ao lado dele, por serem os maiores. Perfuma e Adora ficaram nas portas traseiras espremidas, e assim eles seguiram para o Elberon.

O estabelecimento era encantador, e não estava muito cheio. Os amigos logo encontraram uma mesa e começaram a sentar e escolher pedidos.

— Eu queria comer uma pizza. — Sea Hawk fazia cara de cachorro sem dono.

— Eu vou querer o especial.

— Eu racho a pizza com o Sea. — Adora se sentou ao lado do amigo.

— Eu também vou querer. — Frosta já estava olhando o cardápio de bebidas.

— Pois seremos nós quatro. — Bow se sentou ao lado direito de Hawk, de frente para Glimmer.

— Então vamo pedir duas?

— Pode ser.

Os pedidos foram feitos, e minutos depois as cervejas e drinks foram servidos. Perfuma não tinha pedido nada para comer ainda, não sabia como contar a Adora o que havia descoberto, mas decidira que seria naquela noite.

— E você Perfuma, vai comer o quê? — Os olhos de Adora brilhavam, a admiração da menina pela amiga mais velha era surpreendente.

— Acho que vou pedir alguma massa. — Ela sorriu sem graça. A outra loira estava tão radiante, sua necessidade de contar a verdade logo foi censurada pela vontade de preservar aquele sorriso por mais algumas horas.

Não era novidade que aquele grupo era barulhento, mas naquela noite específica eles estavam insuportáveis. Adora e Perfuma não viam a hora daquele pesadelo acabar, e eles voltarem para casa.

— Eu vou dormir com você sim! — Frosta tinha a voz embargada.

— Nem na minha casa seu pé pisa hoje, filhona. — Glimmer debatia com a prima, e mesmo que as duas estivessem lado a lado, não falavam baixo de jeito nenhum.

— Gente pelo amor, isso é um restaurante.

— Vamo embora por favor. — O rosto de Adora que antes estava vermelho pelo frio, ficou vermelho de vergonha.

— Mas ela não vai ficar lá em casa não.

— Vamo vê.

Após pagar a conta, todos saíram e voltaram para o carro de Glimmer, Bow então dirigiu para a casa de Sea Hawk. Eles escutavam música alta e cantavam a plenos pulmões. Assim que o carro parou, Sea Hawk desceu, Bow foi para o banco do passageiro e Glimmer reassumiu a direção. Ela faria questão de deixar a prima na porta de casa, mesmo com os protestos da mais nova.

Quando só restava Glimmer, Bow, Adora e Perfuma, a loira mais velha decidiu puxar o tão temido assunto.

— Sobre hoje... — Ela começou. — Adora, como você está?

Um breve silêncio pousou sobre o carro.

— Eu não sei ao certo, queria saber o que aconteceu, mas não sei se é a melhor coisa a se fazer.

— Bom, se você ficou mal só de encontrar essas meninas, como você ficaria se encontrasse a Babe? — Perfuma escolheu as palavras com cuidado.

Uma respiração profunda e o motor do carro eram os únicos barulhos naquele pequeno espaço.

— Eu já pensei muito sobre isso, no início fiquei com muito medo, e não queria ter esse encontro nunca. Mas hoje eu sei que eu preciso encontrar ela e me desculpar por tudo. — Adora fez uma pequena pausa. — Também devo desculpas a vocês, por esconder um relacionamento tão duradouro e por envolvê-los nos meus problemas.

Perfuma ponderou um pouco, e antes que pudesse tomar uma atitude, o carro de Glimmer parou bem em frente ao seu prédio. Antes que ela e Bow pudessem descer e ir para casa, ela chamou a atenção de todos.

— Espera um pouco, eu tenho que contar uma coisa. — Nenhum dos três entendeu, mas se viraram para prestar atenção na amiga. — Quando eu disse que ia resolver alguns problemas antes de ir pro auditório, eu me encontrei com alguém. Era amiga das meninas do Instituto.

Como se lançasse um feitiço todos no carro prenderam a respiração e ficaram paralisados, os olhos de Perfuma se demoravam poucos segundos nos amigos.

— Ela me disse, que o motivo das amigas dela terem sido rudes com a Adora, e consequentemente com a Glimmer, é porque uma amiga delas, Catra, namorava a Adora. E ela acabou sendo abandonada sem mais nem menos.

Glimmer encostou a cabeça no volante, Bow engoliu seco e olhou Adora de relance, essa tinha ficado pálida e seus olhos marejaram. Por longos minutos ninguém falou nada, havia somente o som da noite e das respirações pesadas.

— Catra. — Adora quebrou o silêncio. — Não me lembro desse nome. — Lágrimas não paravam de escorrer por suas bochechas.

— Ela me disse também que a Catra não foi apresentar o trabalho na Universidade porque não queria encontrar com você.

— Parece que ela guardou rancor, afinal. — A menina estava encolhida num cantinho do carro, os olhos fixos na janela.

— Agora você vai poder conversar com ela. — A voz de Bow que era sempre um pouco esganiçada agora era terna e aveludada, passava a sensação de carinho.

— Não faço ideia de como fazer isso.

— A gente sempre vai estar aqui pra te ajudar e te apoiar. — Glimmer finalmente falou alguma coisa.

O silêncio se manteve durante outros minutos. Glimmer mandou alguns olhares sugestivos para Bow e Perfuma, que logo se despediram e saíram do carro. As duas meninas restantes puderam enfim ir para casa.

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[tô com dó de escrever o encontro das catradora pq n quero ver a catra sofrer]

𝑗𝑎𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑚𝑒 𝑒𝑠𝑞𝑢𝑒𝑐𝑒𝑟𝑒𝑖 𝑑𝑒 𝑡𝑖Where stories live. Discover now